Colaboradores fernandobalm Postado Fevereiro 25, 2017 Colaboradores Postado Fevereiro 25, 2017 Considerações Gerais: Não pretendo aqui fazer um relato detalhado, mas apenas descrever a viagem com as informações que considerar mais relevantes para quem pretende fazer um roteiro semelhante, principalmente o trajeto, alguns preços, acomodações, meios de transporte e informações adicionais que eu achar relevantes. Nesta época eu ainda não registrava detalhadamente as informações, então preços muitas vezes vão ser estimativas e hotéis e meios de transporte poderão não ter informações detalhadas, mas procurarei citar as informações de que eu lembrar para tentar dar a melhor ideia possível a quem desejar repetir o trajeto e ter uma base para pesquisar detalhes. Sobre os locais a visitar, só vou citar os de que mais gostei ou que estiverem fora dos roteiros tradicionais. Os outros pode-se ver facilmente nos roteiros disponíveis. Os meus itens preferidos geralmente relacionam-se à Natureza e à Espiritualidade. Informações Gerais Minha viagem foi pelas montanhas da Índia, partindo de Nova Déli, passando por Haridwar e Rishikesh, depois indo pelas montanhas do Estado de Uttarakhand, pelas montanhas dos Himalaias, Caxemira e Punjab. Foram 44 dias, sendo 2 dias de voo, 40 dias na Índia e 2 dias de parada em Munique (1 na ida e 1 na volta). O objetivo foi espiritual. Foi necessário visto para entrar na Índia. Eu o consegui pessoalmente no Consulado da Índia em São Paulo (http://www.indiaconsulate.org.br). Na minha última viagem em 2015 existia a possibilidade de fazer todo o processo remotamente. Não foi necessário visto para entrar na Alemanha, mas havia exigências para entrada nos países da Zona Schengen, como seguro internacional de saúde de 30.000 euros, o que eu consegui gratuitamente com o cartão de crédito. Era necessário certificado internacional de vacina contra febre amarela para entrar na Índia. Na primeira vez em que se tomava a vacina eram necessários 10 dias para ela passar a fazer efeito. Como já tinha tomado a vacina em 1997, alguns dias antes de ir tomei a dose de reforço gratuitamente no setor de vacinas do Hospital das Clínicas. No dia em que a tomei senti febre (não medi) e mal estar no corpo ãã2::'> . A moeda da Índia era a rúpia. A moeda da Alemanha era o euro. Levei dólares e euros em espécie que haviam sobrado de viagens anteriores. A língua e o alfabeto na Índia eram diferentes dos nossos. Mudava-se de língua conforme a região, o que fazia a comunicação mais difícil, posto que boa parte da população não falava inglês, principalmente no interior. Em Munique muitos falavam inglês, além do alfabeto igual facilitar tudo. Achei os preços na Índia muito mais baixos do que os de São Paulo, embora na minha última viagem em 2015 tenha achado que subiram proporcionalmente ao que eram nesta em 2008. Em Munique achei os preços bem maiores do que os de São Paulo, mas na média das cidades europeias que conhecia. Na Índia fiz a maior parte dos deslocamentos de ônibus ou veículos rodoviários e poucos deslocamentos de trem (https://www.irctc.co.in, https://www.makemytrip.com/railways, http://www.indianrailways.gov.in, http://www.indianrail.gov.in) porque nas montanhas não existiam muitas ferrovias. As estradas nas montanhas pareceram-me perigosas, pois eram estreitas, não tinham acostamento, em boa parte não eram asfaltadas e ficavam ao lado de penhascos íngremes (tipicamente de um lado um precipício e de outro uma montanha), o que fazia a velocidade dos ônibus ser baixa. Foi impressionante a quantidade de mulheres (provavelmente desacostumadas a viajar) que passaram mal nos ônibus nas montanhas e foram para o último banco, onde geralmente eu ficava, pedindo para trocar de lugar e ficarem na janela para poderem vomitar. Em Munique fui e voltei do aeroporto e transitei por alguns pontos da cidade de metrô. Em toda a viagem pela Índia houve bastante sol e calor nas partes mais baixas e razoável frio (para um paulistano) nas montanhas mais altas. Peguei duas nevascas, uma numa montanha em Kedarnath e outra no caminho para Leh. As temperaturas para o meu gosto estiveram altas nas partes mais baixas, como Nova Déli, Haridwar, Rishikesh e Amristar, chegando próximas a 40 C ou talvez até passando. O calor estava muito forte e chegou a me incomodar, trazendo uma sensação de cansaço durante as horas mais quentes do dia. Nas montanhas as temperaturas provavelmente chegaram abaixo de zero em algumas ocasiões, principalmente à noite. Em Munique, apesar da ida ser no verão, perto de meio dia estava cerca de 20 C. A volta foi no outono e a temperatura chegou a perto de 6 C no entardecer. Sofri muito menos com a altitude do que em viagens anteriores para lugares altos. Descobri que havia farmácias em lugares remotos que forneciam doses de oxigênio para quem estivesse precisando (imagino que não fosse nada barato). Mas as nevascas, a que eu não estava acostumado, colocaram-me em situações difíceis. Na Índia e em Munique a população de uma maneira geral foi muito cordial e gentil. Não tive nenhum problema direto com extremismo na Caxemira, embora tenha havido um episódio na estrada que não ficou claro e que pode ter sido algum tipo de ação terrorista, mas que não me atingiu diretamente. As paisagens agradaram-me muito, principalmente de locais naturais como montanhas, rios, vegetação, etc., ainda mais quando vistas do alto de montes ou locais elevados . Os templos e locais religiosos também agradaram-me muito . Em especial na Índia gostei muito do Rio Ganges em Haridwar e Rishikesh , das montanhas dos Himalaias e das outras cadeias ::otemo::, de Shimla , Leh , Dharamsala e do Templo de Ouro . Em Munique gostei especialmente das construções, parques e paisagens verdes, e do Parque Olímpico . Na Índia, nas partes baixas tomei água mineral. Nos Himalaias resolvi confiar na água e tomei água natural, às vezes de cachoeiras no caminho, o que creio revelou-se acertado. Mas quando voltei às partes baixas, resolvi continuar a beber a água ofertada em restaurantes . Um mês depois, já em São Paulo, após febre e intensa dor abdominal num dia, descobri que estava com hepatite A . Assim como na viagem de 1999, vários comerciantes faziam preços maiores (o dobro ou mais) para estrangeiros do que para locais. Em Nova Déli achei que o trânsito continuava caótico, muito mais do que o brasileiro, mas melhorou em relação a 1999, quando eu havia estado lá. Achei que retiraram alguns animais que antes havia nas ruas, além de estarem construindo ruas bem melhores. Nas montanhas, como geralmente as cidades eram menores, o trânsito era menos intenso, mas com o mesmo estilo. Em Munique o transporte público pareceu-me muito bom. Nas montanhas da Índia achei a pobreza muito menor do que nas áreas baixas, principalmente as que havia conhecido em 1999. Eu fui para áreas diferentes das anteriores, sendo Nova Déli a única cidade que já conhecia. Porém, mesmo nestas áreas, pareceu-me que a miséria continuava muito maior do que a do Brasil. Em Munique achei a cidade bem equilibrada, sem a riqueza extrema de outras que conheci, mas bastante confortável para seus habitantes. Porém conheci apenas áreas centrais e turísticas. Pareceu-me que a Índia continuava muito mais segura do que o Brasil, principalmente nas montanhas, apesar da imensa miséria. O único ponto que me preocupou foi o terrorismo na Caxemira. Quando estava no meio da viagem, já nas montanhas, vi nos jornais que havia ocorrido um atentado em Déli (acho que foi uma bomba), com vários mortos. Antes de sair do Brasil tinha visto que haviam ocorrido alguns semelhantes nos últimos meses. A segurança em Munique pareceu-me boa, mas por paradoxal que seja, levei um susto na estação de metrô logo pela manhã e depois encontrei sangue fresco numa praça turística central. Houve vários templos em que não pude entrar por não ser jain ou muçulmano. Encontrei poucos brasileiros na Índia nesta viagem (em 1999 também havia encontrado poucos). Só me lembro deles em Dharamsala. Em Munique não encontrei brasileiros diretamente, mas ouvi pessoas falando em português com sotaque do Brasil na rua. Gastei na viagem perto de US$ 2.450,00, sendo aproximadamente US$ 450,00 com a Índia, US$ 40,00 com Munique e US$ 1.960,00 com as passagens aéreas e taxas de embarque para ir e voltar a SP. Sem contar o custo das passagens aéreas e das taxas de embarque o gasto foi de US$ 490,00. Mas considere que eu sou bem econômico. A Viagem: Minha viagem foi de SP (aeroporto de Guarulhos) a Nova Déli em 23/08/2008 pela Lufthansa http://www.lufthansa.com/br/pt/Homepage), com conexão em Munique. O voo saía às 12:50 e chegava às 05:30 horas do dia seguinte em Munique. Depois saía às 20:20 de Munique e chegava às 7:10 do dia seguinte em Nova Déli. A volta foi de Nova Déli a São Paulo em 04/10/2008 pela Lufthansa. O voo saía às 09:00 e chegava às 13:45 e Munique. Depois saía às 21:45 e chegava às 05:13 em São Paulo. Nas paradas em Munique aproveitei para visitar a cidade. Paguei parcelado em 5 vezes com cartão de crédito. Dos US$ 450,00 que gastei com a Índia, cerca de US$ 50,00 foram com o visto e o resto foi na própria Índia com despesas de alimentação, hospedagem, transporte e outros gastos, incluindo cerca de US$ 20,00 com compras para trazer para o Brasil. Sem contar o custo do visto, o gasto foi de cerca de US$ 400,00 em 40 dias (média de US$ 10,00 por dia). Mas considere que eu sou bem econômico. Fui a pé de casa até a Estação de Metrô Tatuapé para pegar o ônibus da EMTU para o Aeroporto de Guarulhos. No caminho pedi a uma guarnição do Corpo de Bombeiros para usar o banheiro, que gentilmente me atendeu, e depois passei numa feira perto da Avenida Salim Farah Maluf e comprei 2 pasteis por R$ 3,00 para café da manhã. Quando abri o pacote vi que haviam 3, mas como já estava bem adiante e atrasado, resolvi deixar para lhes pagar o erro na volta. Quando voltei à feira, no sábado seguinte ao meu regresso, a atendente me disse que não tinha sido um erro, mas sim uma promoção, quem comprava 2 levava 3. Aproveitei e comprei mais 2 . No voo conheci um rapaz brasileiro com fisionomia japonesa com quem comentei que tinha achado estranho que quando havia estado em Frankfurt e tentado perguntar às pessoas em inglês, muitos me disseram que não entendiam. Ele me disse que os alemães não gostavam muito de falar inglês, principalmente os mais velhos. Quando cheguei ao aeroporto de Munique e estava olhando para o monitor com as informações do voo, fui abordado por um agente da segurança alemã, talvez da polícia federal, que me pediu os documentos e perguntou qual meu propósito na Alemanha. Após eu explicar e ele ver meu visto para a Índia, liberou-me sem problemas. Após passar pela imigração encontrei uma mexicana que também pretendia visitar a cidade e conversamos um pouco sobre as diferentes possibilidades. Eu decidi ir de metrô, pois pareceu a opção mais barata e com rapidez bem aceitável. Achei interessante haver carros que no Brasil seriam considerados de luxo e alto padrão, como Mercedes e BMW, como táxis no aeroporto. Na saída do aeroporto em direção à estação, que era em frente, vi no telão que estava sendo realizada a final do vôlei masculino nos Jogos Olímpicos de Beijing entre Brasil e EUA e estava 1 set a 1. Na saída de São Paulo eu havia conseguido ver o término da partida de vôlei feminino em que o Brasil ganhou dos EUA e conquistou o ouro. Era domingo 24/8, muito cedo e a estação estava vazia. Após ficar um tempo tentando entender que bilhete deveria comprar, vi um aparente africano aproximar-se de mim por trás. Assustei-me . Ele parecia um pouco alterado, trôpego, tanto que cambaleou após passar por mim, que devo tê-lo atrapalhado em seu caminho. Tentei sair da direção em que ele andava, escorreguei e quase caí. Aí vi que havia 2 policiais ou seguranças atrás de nós. Aproveitei e perguntei para eles sobre o bilhete e eles me indicaram a melhor opção para ir e voltar (se bem me lembro era um bilhete que dava direito a ilimitadas viagens naquele dia). No trem confirmei em inglês com um homem se estava no caminho correto para a estação Marienplatz. Ele respondeu que sim. Após me sentar e começar a apreciar a paisagem, o telefone do homem, que estava em outra fila de bancos, tocou, ele atendeu e começou a falar em português. Após ele desligar, falei com ele rindo "Você é português?", o que ele respondeu dizendo que sim e me perguntando se eu era brasileiro, o que eu respondi dizendo que sim. E completei "Que coincidência! E eu conversando com você em inglês!" . Ele respondeu "Não é coincidência não. Este mundo cá que é pequeno." Depois, antes de descer ainda me deu instruções mais detalhadas de onde seria a estação. Para as atrações de Munique veja http://www.destinomunique.com.br/category/ponto-turistico, http://muniqueturismo.tumblr.com e http://www.imagensviagens.com/munique.htm. Os pontos de que mais gostei foram as casas e construções típicas :'>, incluindo as igrejas, prédios públicos e estação :'>, os monumentos , os parques verdes , um dos quais com macieiras com frutos maduros para se comer, o Parque Olímpico , com todas as suas instalações para esportes, a área verde no entorno do rio e a exposição de carros da BMW :'>, vários dos quais eu nunca tinha visto. Após descer na estação central fui dar uma primeira volta na cidade, motivado pelos monumentos e construções que me chamaram atenção e dirigido por um guia de bolso que havia levado. Quando estava numa rua um pouco mais deserta vi aparentemente razoável quantidade de sangue no chão, não empoçado, mas espalhado. Já eram perto de 9 horas e fui avisar um profissional de socorro, talvez um bombeiro, que quando voltou comigo para ver o que era disse "É sangue fresco". Depois de deixá-lo verificando a situação, enquanto conhecia pontos próximos à estação ferroviária central, ouvi pessoas falando em português com sotaque do Brasil. Após visitar as construções, monumentos e igrejas, fui visitar um parque na área central. Chamou-me a atenção a temperatura estar por volta de 20 C perto de 14 hs, o que achei baixo para o verão (pelo menos para o nosso ). Depois de almoçar no Subway e visitar alguns outros pontos e monumentos, fui dar uma volta no entorno do rio, com sua enorme e bela área verde. Por fim voltei ao aeroporto para pegar o avião para a Índia. Cheguei em Nova Déli bem cedo na 2.a feira 25/8, fiz os trâmites da imigração, troquei US$ 400,00 por rúpias no Banco do Estado da Índia (https://www.sbi.co.in), fui até o guichê dos táxis particulares, com quem havia tido problemas em 1999, só para rever se continuavam lá , tomei um ônibus para a área central, que já conhecia de 1999, chamada Connaught Place, onde sabia que havia o escritório de turismo do governo e locais baratos para ficar hospedado. Em 1999 havia pego um táxi no aeroporto durante a madrugada e entrei numa grande encrenca. Desta vez fui de ônibus durante o dia e tudo correu bem. Fiquei hospedado perto da Praça de Connaught Place e fui ao escritório de turismo do governo para obter informações. No caminho um homem abordou-me convidando-me para ir ao seu escritório de turismo e dizendo que era do governo. Eu, que já conhecia esta história da outra viagem, agradeci, sorri para a sua insistência, e continuei na procura do verdadeiro escritório governamental. Lá a atendente deu-me informações sobre as montanhas, deu-me folhetos sobre o itinerário e me falou para não ir a Caxemira (devido aos problemas de terrorismo). Com as informações fui até a estação de trem. No caminho encontrei uma moça turca, e começamos a conversar enquanto andávamos na mesma direção. Quando ela disse ser turca, eu lhe disse que havia sido padrinho de casamento de Carlos Zimmermann e Camila, que haviam passado parte de sua lua de mel na Turquia, incluindo uma visita ao local do final de existência de Maria, mãe de Jesus, que ela disse ser seu povoado de origem. Ao se despedir perguntou-me se já havia estado na estação e me falou que a estação era muito tumultuada. Na estação pedi informações no setor de atendimento a estrangeiros e, quando o atendente me deu uma informação diferente da que havia visto no mural, levantei e fui revê-la no mural. Quando voltei ele estava irritado e me perguntou se achava que ele era mentiroso. Fiquei sem jeito. Comprei uma passagem para Haridwar, na classe mais barata que havia com direito a assento, conforme orientado pelo atendente. Depois ainda fui dar uma passeio na praça central, minha conhecida, fiquei contemplando alguns de seus pontos, dei uma pequena volta pelo miolo central de Connaught Place e pesquisei alguns preços. Como já conhecia Nova Déli de 1999 não era meu objetivo revisitá-la, mas apenas rever os pontos de que mais havia gostado e conhecer alguns outros específicos. Para as atrações de Nova Déli veja http://www.360meridianos.com/2012/06/o-que-fazer-em-nova-delhi-india.html, http://viagem.uol.com.br/guia/india/nova-deli/o-que-fazer/index.htm e http://www.ci.com.br/guia-mundo/paises/india/cidades/nova-deli. Os pontos de que mais gostei, incluindo ambas as viagens, foram poder ver os costumes indianos (animais, roupas, modo de ser, etc.) , os templos , contruções :'>, monumentos :'>, parques :'>, o Portão da Índia :'>, o Templo Flor de Lótus , o Memorial de Gandhi e um local de oração com uma magnífica enorme estátua de Shiva (provavelmente em mármore branco), com uma cobra em sua cabeça por onde saía uma torrente de água ::otemo::. Aproveitei a curta estadia em Déli e cortei o cabelo por Rs 20,00 (20 rúpias), o que acho que dava um pouco menos de 1 real. Na 3.a feira 26/8, ainda dei um passeio por alguns pontos nos arredores do hotel pela manhã, comprei água mineral e algumas bananas. No almoço um indiano sentou-se comigo e começamos a conversar. Depois de um pouco de conversa disse sobre mim "Um homem simples, uma comida simples, ...". e eu completei "uma vida simples". No início da tarde peguei o trem e durante a viagem conheci um italiano, chamado Emiliano, que se surpreendeu com a minha idade (na época 39), achando que eu aparentava cerca de 25 a 29, e com quem fui procurar hotel para ficar. Ele falou que achava que estava gastando muito e, como eu disse que sempre procurava locais baratos, ele resolveu ir comigo. Durante a procura muitas pessoas ofereciam-nos serviços ou bens e eu respondia "dhaniavad" (obrigado), o que os fazia desistir. Emiliano chamou-as de "as palavras mágicas". Logo começou a chover forte e nos abrigamos em um hotel. Emiliano falou que sempre tinha desejado ter uma experiência com as monções. Achamos um hotel por Rs 200,00 (200 rúpias) e ele ficou satisfeito, pois era bem mais barato do que os em que havia estado. Mas eu ainda fui procurar por opções mais baratas sem sucesso. Voltei e fiquei hospedado no mesmo hotel dele. Depois fui dar um pequeno passeio na cidade, obter informações turísticas, comprar alimentos e jantar. Ao saber dos preços, o atendente do hotel disse que eu havia pago o dobro do preço que ele pagava por uma maça. Emiliano riu e disse que, sendo estrangeiros, não iríamos conseguir os mesmos preços dos nativos. Para as atrações de Haridwar veja https://en.wikipedia.org/wiki/Haridwar e http://wikitravel.org/en/Haridwar. Os pontos de que mais gostei foram as cerimônias no Rio Ganges ::otemo::, os templos e a enorme estátua de Shiva . Durante passeios em Haridwar num dos dias fiz um rasgo em minha camisa num arame farpado. Durante a noite descobri que o hotel, que pela aparência era razoável, tinha pulgas na cama. Isso me incomodou durante a noite, mas não inviabilizou meu sono, principalmente depois que eu dei uma limpada geral no colchão e nos lençóis. Na 4.a feira 27/8, após tentar obter informações de como ir para as montanhas, pude visitar amplamente a cidade e fiquei bastante tempo na orla, visitando os inúmeros templos e assistindo as cerimônias. À noite, com a iluminação artificial, o fogo e as velas, pude assistir o ritual de colocar pequenos flutuantes com velas e flores para descer o rio (http://goindia.about.com/od/spiritualplaces/ss/Ganga-Aarti-In-India.htm) . Achei magnífica a cerimônia visualmente e espiritualmente. Pareciam muitos pontos luminosos descendo o rio e as margens estavam iluminadas por tochas e pela iluminação pública (https://www.google.com.br/search?q=haridwar&es_sm=122&biw=1366&bih=681&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0CAYQ_AUoAWoVChMIiuONmK64yAIVySKQCh0jWAes#tbm=isch&q=candle+ganga+haridwar&imgrc=5SknKwFJtvN0uM%3A e https://www.google.com.br/search?q=haridwar&es_sm=122&biw=1366&bih=681&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0CAYQ_AUoAWoVChMIiuONmK64yAIVySKQCh0jWAes#tbm=isch&q=candle+ganga+haridwar&imgrc=eRnQbORs40OvWM%3A) . Falei com o atendente do hotel que havia pulgas na cama, achando que ele iria tomar uma providência. Mas ele apenas me deu um lençol novo sorrindo. Eu me decepcionei, mas resolvi não perder tempo procurando por outro hotel. De qualquer modo a noite foi bem melhor, pois sabendo das pulgas, fiz uma limpeza prévia e tomei precauções, o que praticamente as eliminou. Na 5.a feira 28/8 fui passear por um outro lado da cidade. No meio do dia voltei ao hotel e reencontrei Emiliano, que não via desde 2 dias antes, quando havíamos chegado. Ele havia passado mal do estômago e ficado em repouso. Houve nova chuva e parte do teto do hotel abriu-se, bem no quarto em que eu estava. O dono ofereceu-se para me mudar de quarto, mas eu procurei causar o mínimo de incômodo para ele, pois ele já havia tido prejuízos. Na 6.a feira 29/8, após dar uma passeio final pela cidade, apreciar a enorme estátua de Shiva, despedi-me de Emiliano, feliz por vê-lo bem melhor, e peguei um ônibus para Rishikesh. Lá fiquei hospedado num hotel afastado 2 Km da região central por Rs 200,00, que ficava às margens do rio, de frente para uma reserva florestal na outra margem. O proprietário tinha vivido na Itália e conseguia compreender um pouco de português, tanto que quando falei das pulgas do hotel anterior ele entendeu a palavra pulga, que eu não sabia em inglês. Até brincou dizendo que poderia comprar algumas se eu quisesse. Para as atrações de Rishikesh veja http://wikitravel.org/en/Rishikesh, https://www.lonelyplanet.com/india/uttarakhand-uttaranchal/rishikesh, http://www.euttaranchal.com/tourism/rishikesh.php e http://www.haridwarrishikeshtourism.com/rishikesh.html. Os pontos de que mais gostei foram as cerimônias no Rio Ganges , as pontes, os templos (principalmente os dos prédios) e a área verde :'>. Se bem me lembro, ainda não existia a estátua de Shiva sentado que construíram depois. Nos 2 dias e meio que fiquei lá fui conhecer os templos, tanto os térreos como os em edifícios, as pontes, o Rio Ganges, os Ghats (degraus ritualísticos na beira do rio) e alguns ashrams, incluindo atividades de meditação e yoga que alguns disponibilizavam. Num dos dias, quando voltava da visita em direção ao hotel, passei por duas mulheres com saris, que começaram a voar com o vento. Uma vaca, que estava atrás delas, ao ver os véus voando, ameaçou dar-lhes uma cabeçada. Tentei espantar a vaca e ela foi embora. Perguntei à mulher se ela estava bem, mas ela não conseguia parar de rir (acho que pela vaca e por eu falar em inglês com ela). Conheci um português no hotel que estava um pouco debilitado, e ficava boa parte do tempo em seu quarto, recuperando-se. Ele me falou das viagens para as montanhas. Disse-me que tinha ido até Joshimat e que não tinha tido coragem de ir além, pois as estradas eram precárias e estreitas. Nas palavras dele "faziam passar 2 ônibus (quando se cruzavam) num local em que nem dava para passar 1". No domingo 31/8, meu último dia lá, quando estava me trocando e escovando os dentes chegou uma mulher (de uns 40 a 50 anos) para ver se ficava no hotel e acho que se assustou com a cena e foi embora quase correndo. Não consegui ver nenhum veado na reserva, o que o dono do hotel disse que talvez pudesse, na beira do rio tomando água, pela manhã ou entardecer. Depois de tomar café e passear um pouco ainda, fui para a estação de ônibus para seguir para Kedarnath, pretendendo passar por Gaurikund. Peguei um ônibus que me levou até Rudra Prayag. A estrada foi estreita e sinuosa com precipícios. Em Rudra Prayag precisava pegar um outro transporte (ônibus, jipe ou algum outro) até Gaurikund, mas só havia lotação naquele momento. Um homem tentou ajudar-me, mas como o preço era maior do que o do ônibus, optei por conhecer a cidade e passar a noite lá, pegando o ônibus no dia seguinte. A cidade pareceu-me pequena, com típico modo de vida indiano. Nela havia um dos 5 locais de confluência dos rios Alakananda e Bhagirathi, que formavam o Ganges. Havia um templo com uma escada que levava a um local privilegiado de observação da confluência, na beira dos rios, porém com correnteza bem forte. Fui até lá e fiquei observando e contemplando por bastante templo. Nisso chegou uma família e um rapaz tirou os calçados e colocou pés e pernas nos rios. Perguntei a uma mulher, que parecia ser sua mãe se não era perigoso e ela respondeu que era muito perigoso com a fisionomia carregada . Na 2.a feira 1/9 peguei um ônibus que me levou até Gaurikund. A estrada era mais estreita e mais sinuosa com precipícios ainda maiores. Em Gaurikund a altitude era de quase 2 mil metros, mas não senti nenhum incômodo com falta de ar. Havia farmácias que tinham oxigênio para quem precisasse, uma novidade para mim que não tinha visto em outros locais mais altos. Conheci um rapaz indiano que me recebeu muito bem e deu informações sobre o local. Depois fui dar um passeio, conhecer o povoado, incluindo o templo, a pequena caverna, apreciar a paisagem montanhosa, o rio e a vegetação. Conheci um garoto que queria conversar bastante. Depois de algum tempo disse-lhe que era hora de ir embora, mas ele queria continuar conversando sobre o ocidente e estrangeiros. Tentei despedir-me delicadamente e parti. Parei um pouco a frente para meditar, mas acho que ele me seguiu e, vendo que eu havia parado, pediu que eu fosse embora. Acho que ficou chateado. No caminho de volta ao povoado, no entardecer, vi um carro caído na margem do rio. Havia muita gente na estrada vendo o ocorrido. Encontrei o rapaz que me havia recebido muito bem, perguntei se as pessoas do carro estavam bem e ele me disse que sim. Não havia água totalmente quente e a temperatura era razoavelmente baixa. O chuveiro não esquentava muito, mas mesmo assim tomei um meio banho. Jantei um chow mein, que apesar de saboroso e não estar ardido, mostrou-se desastroso no dia seguinte. Na 3.a feira 2/9 peguei a estrada para Kedarnath. O caminho precisava ser feito a pé, pois a estrada basicamente era um grande escadaria. Eram cerca de 16 Km de extensão e 1500 m de subida . Havia pessoas que eram carregadas em uma espécie de liteira. Havia pessoas velhas, com problemas de mobilidade, mas acho que havia outras que eram ricas e optavam por este serviço. Sinceramente fiquei chocado de ver quatro homens carregando uma liteira (que imagino ser pesada) naquele caminho, principalmente para pessoas que não precisavam, mas de qualquer forma não deixava de ser uma fonte de renda para eles, embora eu achasse muito sacrificante. O caminho me pareceu muito belo e peguei água em alguns pontos, que parecia limpa, apesar de fria. Já perto do fim, deu-me um desarranjo intestinal, provavelmente fruto do jantar e tive que rapidamente achar um canto para fazer cocô, senão teria saído na calça. Tive sorte por estar num local deserto. Como estava totalmente despreparado, acabei precisando usar várias folhas para me limpar. Cheguei no meio da tarde, achei um local para ficar e fui conhecer o povoado. No entardecer subi numa montanha próxima para ver o pôr do sol. Lá encontrei um agricultor no fim do dia de trabalho. Mesmo sem falar sua língua, pelo olhar pudemos conversar sobre a beleza e a espiritualidade daquele espetáculo da Natureza. Depois dele se despedir de mim, de contemplar e meditar, desci e fui jantar. No hotel em que fiquei não havia chuveiro quente e a temperatura era ainda mais baixa, menor do que 10 C e às vezes chegando a perto de 0 C. Era necessário pedir para esquentar uma panela de água no fogo. Eu estava me portando de modo indolente diante destes banhos nesta temperatura, que contrastava com o forno que tinha pego em Déli, Haridwar e Rishikesh. Para as atrações de Kedarnath veja http://wikitravel.org/en/Kedarnath, http://uttarakhandtourism.gov.in/utdb/?q=kedarnath, http://www.mapsofindia.com/uttarakhand/travel-to-kedarnath.html e http://www.holidify.com/places/kedarnath. Os pontos de que mais gostei foram o templo, as paisagens naturais ::otemo::, principalmente das montanhas e Vasuki Tal . Na 4.a feira 3/9 eu decidi ir a Vasuki Tal (http://bedupako.wikifoundry.com/page/Vasuki+Tal), um lago no topo de uma montanha nevada alta, local de peregrinação, a 8 Km da distância e cerca de 4200 metros de altitude. Não havia indicações na trilha e me disseram para ir subindo e procurar a entrada lá em cima. Quando subi a primeira parte da montanha, achei uma área quase plana com muitas possibilidades de caminho. Procurei alguma entrada, mas não cheguei a conclusão nenhuma. Vi uma possível trilha, nela segui, mas desisti, pois achei que não era a correta. Resolvi voltar para ver se encontrava alguém (até ali, em mais de 1 hora, não havia visto ninguém). Estava pessimista quanto a encontrar a trilha com sucesso. Porém, quando voltei para o início da área plana, encontrei 4 camponeses ou pastores sentados reunidos conversando. Fiquei surpreso de estarem ali e perguntei por Vasukki Tal. Indicaram-me o caminho, que era muito próximo ao que havia tentado e desistido. Segui o que disseram e encontrei uma entrada lá na frente que deu acesso à próxima parte da trilha. Segui em frente e cheguei a uma elevação, uma passagem entre montanhas, que após passada, permitia ver o lago. Pareceu-me que a trilha estava desaparecendo e resolvi, por via das dúvidas, marcar um ponto na montanha, caso eu perdesse a trilha. Desci pelo meio das pedras e percebi que havia uma trilha, não muito fácil de identificar. Achei a paisagem magnífica , o lago, a montanha, a vista lá de cima, todo o ambiente natural. Para minha surpresa novamente, havia um grupo de 3 pessoas lá apreciando o ambiente. Pareciam turistas. Fui dar uma volta no lago. Estava com ligeira dor de cabeça, provavelmente devido à altitude e talvez à hipoglicemia (havia comido pouco no café da manhã) e pressão baixa. Mas isso não me impediu de apreciar e desfrutar muito do ambiente. Fui dar uma volta no lago. Parei a 1/4 para meditar, subindo numa elevação e apreciando sua superfície e a paisagem ao redor. Após ficar um tempo meditando, andei mais um pouco e cheguei à metade. Caí em meditação novamente. De repente ouvi o grupo de pessoas me chamando e fazendo gestos para irmos, apontando para trás de mim, o que parecia ser uma tempestade se aproximando. Estava tão feliz meditando que lhes disse que iria depois. Eles se foram e eu continuei meditando. Assim que acabei de meditar fui dar a volta no que faltava do lago e aí me dei conta do tamanho da tempestade que vinha . Resolvi então lentamente voltar, porém, ao começar a andar, percebi que estava mole, provavelmente devido aos fatores que citei anteriormente, agora acentuados. Quando estava quase no fim da margem do lago, perto de retomar à trilha para voltar começou a nevar bem fraco. Porém, repentinamente a neve foi engrossando e rapidamente ficou média e forte. Passei a ter hipotermia leve também , pois não estava preparado para aquilo, apesar de agasalhado. A neve cobriu a trilha e agora eu não conseguia visualizar por onde ela ia. Eu achei que a situação estava se complicando, pois não conseguiria passar a noite lá em cima, com temperatura talvez caindo a menos de -20 C. Minha roupa só aguentava até -5 C. Por outro lado, sem a trilha, andar por uma montanha nevada, cheia de pedras cortantes, não era um boa escolha e eu poderia escorregar, cair, machucar-me muito e até quebrar um membro. Mas a situação ainda não era desesperadora. Foi quando caiu um raio bem perto de mim . Aí realmente eu achei que a situação havia saído de controle e que talvez eu não sobrevivesse. Pensei nas várias faces da minha vida. Tive até saudade do trabalho . Mas conversei com Deus para que o curso dos fatos seguisse o seu destino, independentemente de mim. Se tivesse que ser minha morte, que assim fosse. Ali era um pára raios natural e ficar seria temerário. Tentar voltar para o lago e me esconder em algum ponto provavelmente inviabilizaria que eu tentasse descer mais tarde, pois a neve cobriria todo o caminho com a intensidade que estava e eu, fraco do jeito que estava, não conseguiria ficar andando para lá e para cá. Tentar ir em frente seria muito arriscado, principalmente sem a trilha, além do que mais para frente existiam precipícios altos, que em caso de queda, provavelmente seriam a morte. E a neve tornava o caminho muito mais escorregadio, ainda mais com um tênis de pano como o meu. Decidi ir em frente, mesmo sem a trilha e arriscar. Fui em direção ao ponto que havia marcado na vinda. Depois de alguns escorregões e arranhões andando por cima da neve pelas rochas , achei a trilha, o que muito me alegrou . Segui-a sem cair mais e bem mais rapidamente do que andando fora dela. Quando cheguei ao ponto mais alto, a elevação onde ficava a passagem pela qual havia vindo, achei que estava muito fraco e tonto, e tive que tomar uma decisão difícil. Ir em frente assim mesmo e correr o risco de queda na trilha estreita lateral à montanha, lisa com a neve, com precipícios que variavam de alguns metros a centenas de metros, ou ficar ali por algum tempo para tentar minimamente recuperar as forças e depois descer. Ali era o pior lugar possível para eu parar, pois como ponto mais alto, era o local natural de queda dos raios. Decidi arriscar e parar, pois se caísse, mesmo que fosse num trecho não muito alto, e quebrasse uma perna, acho que não conseguiria descer toda a montanha. Fiquei cerca de 5 minutos respirando profundamente, o que melhorou consideravelmente minha tontura e fez retornar boa parte das minhas forças. Poucos segundos após eu pensar que era hora de ir, pois já tinha tido muita "sorte", caiu um raio muito perto . Não deu nem para contar os segundos entre o clarão e o barulho (não chegou a 1 segundo). Esperei uns poucos segundos para não er atingido por alguma descarga secundária, levantei e rapidamente comecei a descer, sem correr, mas andando o mais rápido que eu podia. Senti que a nevasca tinha piorado bastante fora da proteção das rochas da passagem. A cada cerca de 30 segundos eu precisava virar o guarda-chuva, pois ele ficava carregado de neve. Mas consegui ir, percebi os raios se afastando (na realidade mais eu me afastando deles), passei por uma segunda passagem, mas agora já bem mais distante dos raios e comecei a descida mais íngreme, no meio da qual a nevasca, agora muito mais forte, porque estava na encosta descoberta da montanha, com enorme ventania, transformou-se em chuva. Cheguei lá embaixo feliz porque estava vivo ! O céu estava bem encoberto. Fui tomar banho. Pedi o panelão com água quente e tomei banho cantando. estava tão feliz por ter conseguido descer que nem me importei mais com o frio. No final virei o panelão com parte de água fria mesmo e nem me importei ! Depois de almoçar no meio da tarde e esperar a chuva parar ainda subi na mesma montanha do dia anterior, que ficava próxima à cidade e o céu estava voltando a ficar sem nuvens e exibir seu espetáculo magistral de pôr do sol. Nem parecia que havia existido uma nevasca. Na 5.a feira 4/9, ainda passeei um pouco pela cidade e seus arredores, conheci um indiano que era engenheiro de computação em Bengalore e estava fazendo uma viagem espiritual à região e fui visitar o templo, que tinha estado fechado boa parte dos dias e horários anteriores em que eu estava no povoado. Ainda pensei em doar um cobertor para um sadu que me havia pedido desde a noite anterior, mas aí vi que ele já tinha um cobertor e queria doação de dinheiro para comprar lenha ou algo semelhante. Sempre tenho reservas a dar dinheiro e acabei ficando sem doar. À tarde retornei para Gaurikund a pé. Lá passei a noite. Na 6.a feira 5/9, um rapaz indiano, aparentemente aleijado, pois ficava no chão, que sabia falar inglês muito bem, ajudou-me com informações sobre ônibus e rotas. Outros viajantes estrangeiros, ao me verem falando com ele, creio que perderam a desconfiança e também passaram a falar com ele. Revi o rapaz indiano que me havia pedido para sair dos arredores de sua casa dias antes, no escritório de ônibus provavelmente de seu pai. Cerca de 6 horas da manhã, peguei um ônibus com direção a Badrinath. Precisei passar antes por Rudra Prayag novamente (que era um ponto de confluência e integração) e depois por Joshimat, onde não fiquei, apenas dei uma rápida olhada. No fim do dia cheguei em Badrinath, onde fiquei hospedado num hotel ao lado da rodoviária. Deixei algumas roupas para lavar com eles, incluindo uma camisa social com gola e botões que havia levado para visitar o Paquistão (Lahore) e parecer com um local. Para as atrações de Badrinath veja http://www.euttaranchal.com/tourism/badrinath.php, http://uttarakhandtourism.gov.in/utdb/?q=badrinath, http://wikitravel.org/en/Badrinath e https://www.kannadigaworld.com/special/dream-destinations/10813.html. Os pontos de que mais gostei foram os templos :'>, as paisagens naturais , as cavernas , os rios e a vista de pessoas retiradas do mundo vivendo nas montanhas com simplicidade e espiritualidade . Nos quase 2 dias que estive em Badrinath visitei o templo principal e alguns menores nas montanhas, passei por cavernas históricas ligadas ao Mahabarata, com registros de 5 mil anos atrás, apreciei a paisagem natural, principalmente montanhas, rios, cachoeiras, cascatas, represas (ou lagos), gargantas e vegetação, vi sadus vivendo no meio das montanhas, só com a roupa do corpo, preparando shapati (semelhante a pão árabe, típico da Índia), conheci a última vila da Índia antes da China (Tibet), onde havia uma inscrição numa Casa de Chá que dizia "A Última Casa de Chá da Índia". Quando voltava da vila, vi uma cerimônia ritualística, uma espécie de procissão, com sacerdotes paramentados, muitas pessoas seguindo e altares com images. Sem querer, num dos trechos fiquei bem no caminho dela, numa passagem estreita, e um dos sacerdotes ficou muito bravo comigo, mas depois percebeu que eu somente um visitante desnorteado. Em outra ocasião, enquanto caminhava por trilhas na vegetação, conheci um oficial (parecia um coronel) do exército, que falando bem inglês, conversou um pouco comigo sobre a região e a cultura, também querendo saber sobre minhas origens. Quando voltei ao hotel, o dono estava muito bravo, pois eu saí de manhã sem pagar, pois ele não estava (talvez estivesse dormindo ou ausente). Falou muita coisa nervosamente em sua língua e eu nada entendi, mas captei a mensagem de que ele estava descontente. Tentei explicar em inglês, mas não adiantou. Paguei-o e ele serenou alguns instantes depois. Perguntei-lhe sobre minhas roupas e ele disse que ainda não estavam secas. Na manhã seguinte, antes de sair perguntei pelas minhas roupas e eles foram pegar. Algumas ainda estavam úmidas e a camisa social, que havia sujado anteriormente devido à mala pegar um pouco de chuva, neve ou ficar em local úmido com terra, tinha uma enorme marca bem nos primeiros botões, talvez devido a uso inadequado de ferro de passar ou de alguma técnica de lavar. Fui até ele, mostrei-lhe, perguntei como poderia resolver aquilo e pensei comigo que ele havia feito um escândalo somente porque eu atrasei algumas horas para pagar as diárias e agora tinha destruído uma camisa que custava bem mais que as 2 diárias, sendo que perder a camisa não era o principal, mas sim ficar sem uma camisa adequada para ir ao Paquistão. Mas tudo bem, resolvi deixar para lá e me contentar com a tentativa inútil dele de pedir para sua empregada fazer algum procedimento para resolver o problema. Era domingo 7/9 e peguei um ônibus para Ghangaria. Nele conheci Cesar, um espanhol que estava viajando pela região, formado em História. Ele viajava há alguns meses e nem sabia que era domingo, pois para ele não fazia diferença. Enquanto conversávamos dentro do ônibus, ele me perguntou sobre o meu itinerário e eu citei minha intenção de ir a Lahore no Paquistão. Ele me disse que os passageiros indianos ao lado haviam ficado aborrecidos ao ouvir a palavra Paquistão, que tem sonoridade inconfundível, e que não conversavam mais com ele. Sugeriu-me para tomar cuidado, pois havia uma guerra entre os dois países. os passageiros, não entendendo a nossa língua (estávamos conversando em portunhol) poderiam ficar mais preocupados ainda, imaginando coisas. Algum tempo depois o ônibus parou. A estrada estava bloqueada devido a um deslizamento de terra. Depois de esperar algum tempo, desci e fui lá ver. Na parte mais crítica, havia um lodo na estrada e era necessário passar por elevações ou rochas para não emporcalhar os calçados. Numa delas, um militar (aparentemente um oficial) ficou irritado porque eu estava demorando a passar. Foi aí que percebi o risco real da situação , pois aquela montanha poderia estar instável e voltar a desabar a qualquer momento. Voltei ao ônibus, avisei que iria andar a pé o restante do caminho até a entrada da trilha para Ghangaria, e fui. Foram alguns quilômetros na estrada, entrei na trilha em Govindghat e depois caminhei mais cerca de 12 km na trilha até o povoado. Lá pesquisei alguns hotéis, escolhi um e fui dar um passeio pelo povoado, onde pude ver bem próxima uma magnífica cachoeira, com uma paisagem de montanhas espetacular ao fundo . Um inglês perguntou porque eu não havia trazido minha namorada e ficou espantado quando disse que não tinha uma. Depois perguntou se era caro vir ao Brasil e achou barato quando lhe falei que o mais caro provavelmente seria o preço da passagem aérea. Para as atrações de Ghangaria veja http://www.euttaranchal.com/tourism/ghangharia.php, https://www.goibibo.com/travel-guide/india/destination-ghangaria/ e https://www.tripoto.com/travel-guide/ghangaria. Os pontos de que mais gostei foram Hemkund Sahib , o Vale das Flores e a magnífica paisagem natural, principalmente a grande cachoeira e as montanhas . Nos quase 2 dias que fiquei lá, passei bastante tempo admirando a cachoeira que conheci logo no início, fui ao local de peregrinação Sikh Kemfund Sahib (https://en.wikipedia.org/wiki/Hemkund), ao Vale das Flores e aos pontos de interesse religioso do povoado, sempre aproveitando para apreciar a paisagem natural no caminho. Alguns visitantes estrangeiros contaram-me admirados como os peregrinos sikhs subiram a trilha para Hemkund Sahib com chinelos num dia que estava nevando. A vista lá de cima era maravilhosa e os locais religiosos também . Os sikhs acolhiam muito bem os visitantes, mesmo não sendo da sua religião. Quando fui ao Parque Nacional do Vale das Flores, também admirei muito a paisagem do caminho e encontrei Cesar voltando com uma amiga quando eu estava indo. As flores e as formações rochosas pareceram-me muito belas :'>. Num determinado ponto vi um pequeno urso , que ao me ver saiu correndo. Aí fiquei um pouco preocupado e peguei algumas pedras para o caso de encontrar algum outro que resolvesse me atacar, o que teria eficiência altamente duvidosa. Numa das noites encontrei uma médica inglesa de férias que já havia estado no Brasil a passeio e conversamos por algum tempo. Na última noite reencontrei Cesar e jantamos juntos. Ele falou das perspectivas para seu futuro, como havia desistido de ir para os Estados Unidos depois de ser entrevistado para ser professor em alguma área problemática e o entrevistador lhe perguntar como ele se imporia frente a alunos rebeldes (provavelmente uma realidade distante do seu meio europeu). No fim da noite encontramos amigos deles de origem indiana radicados no Canadá que estavam de férias e conversamos sobre nossas experiências de viagem. Eu ainda estava tentando descobrir como ir a Tabo diretamente, sem ter que voltar e passar por Rishikesh. Na 3.a feira 9/9, após o café, peguei a trilha de volta e fui até Govindghat (https://en.wikipedia.org/wiki/Govindghat), o povoado de entroncamento com a estrada. Lá havia um grande templo Sikh e eu fui visitar. Pude falar com um guru e lhe perguntar melhor sobre os sikhs, que eu conhecia superficialmente. Ele me explicou os princípios básicos da religião Sikh e sua história, como a igualdade entre as pessoas, sem castas nem distinção de direitos entre sexos, o Deus único, o vegetarianismo, não cortar cabelos, o uso da adaga, os gurus e o Livro Sagrado. Como sempre receberam-me muito bem , com grande hospitalidade e ofertando comida, que educadamente recusei. Depois de algumas horas lá, agradeci-lhes, despedi-me e fui para a estrada para pegar um ônibus. Como havia ficado bastante tempo lá, resolvi passar a noite em Joshimat e pegar o ônibus para Rishikesh no dia seguinte, com destino final a Shimla. Assim pude aproveitar e dar um pequeno passeio em Joshimat, de que gostei, conhecendo seus templo e o povoado. Era bem maior do que os outros, mas não tinha as vistas tão espetaculares, pois ficava em altitude bem menor. Na 4.a feira 10/9, após o café da manhã peguei um ônibus para Rishikesh e só cheguei no fim da tarde devido à baixa velocidade nas rodovias. Em Rishikesh peguei outro ônibus para Dehradun, em que cheguei já perto de 8 ou 9 horas da noite. Lá, com preços acima dos das localidades anteriores, principalmente porque o assistente do motorista do ônibus sugeriu que eu ficasse numa área de hotéis caros, demorei algum tempo para encontrar um local para dormir por um preço que achasse aceitável. Depois de consegui-lo ainda saí para jantar e depois voltei para dormir. Na 5.a feira 11/9, logo de manhã peguei um ônibus para Shimla. O caminho foi bonito com a subida das montanhas. Cheguei lá no início da tarde. Hospedei-me perto do centro. Quando procurava pelo hotel mais barato, um rapaz (provavelmente associado a um hotel ou que recebia algum tipo de comissão de um) ofereceu-me uma vaga por um determinado preço, mas como eu recusei, fez-me um gesto obsceno. Uma das minhas calças estava descosturando atrás na coxa e uma viajante alemã avisou-me. Para as atrações de Shimla veja http://wikitravel.org/en/Shimla, http://hpshimla.nic.in/sml_tourism.htm e http://www.holidify.com/places/shimla/sightseeing-and-things-to-do.html. Eu gostei muito de Shimla . Os pontos de que mais gostei foram a multiplicidade religiosa , com templos de várias religiões , as paisagens naturais e a arquitetura preservada da época do domínio britânico :'>. Logo de início na 6.a feira 12/9 fui até o órgão governamental responsável por dar autorização especial de viagem para quem vai a Tabo, inicialmente o ponto principal da minha viagem. Conversei com os funcionários e, apresentando todos os documentos e pagando a taxa, concederam-me a autorização, que era necessária por se tratar de área de fronteira e haver tido problemas no passado (e talvez até hoje) com a China. O aparente chefe da repartição, após me receber em seu gabinete, caçoou de mim perguntando se o meu chinelo era local adequado para ter a bandeira do meu país, mostrando que a bandeira da Índia ficava em destaque na sua mesa. Bem, foi o fabricante do chinelo que a pôs lá, além do que servia para identificar que eu era brasileiro. Nos quase 4 dias que lá fiquei, pude visitar vários templos, sendo interessante como havia templos cristãos, fato que não é comum nesta área da Índia. Em especial gostei muito de uma visita a um templo hindu no topo de um morro, onde conversei bastante com um brâmane, provavelmente pertencente àquele templo. Quando me viu ele me ofereceu almoço, o que educadamente recusei, e começamos a conversar sobre a religião hindu e a Índia. Aprendi um pouco sobre a mitologia hindu e gostei de ver a visão bastante espiritualizada dele, pois muitos que eu conheci só queriam pedir doações e falar de rituais. Surpreendeu-me ele dizer que achava a influência ocidental benéfica e ser favorável ao fim das castas, pois os brâmanes geralmente são os que mais se beneficiam materialmente da sua existência. Mas achei que ele tinha uma visão bem mais ampla e espiritualizada . Num outro episódio, fui conhecer a cachoeira Chadwick, com sua água gelada. Havia nela um indiano (se bem me lembro de turbante, barba e bigode) nadando e brincando com os vários turistas que lá estavam. Eu então me habilitei a entrar na água, nadei pelo poço e fui até a queda de água. Não fiquei muito porque a água era muito fria, provavelmente vinha em parte de degelo das montanhas. O indiano, quando eu já estava saindo, disse-me sorrindo "Tudo o que você precisa é de um uísque" :lol:. Enquanto eu secava e admirava a paisagem, fiquei sentado na lateral, encostado em algumas pedras, perto de 2 moças da Letônia, cujo nome original eu não sabia (Latvia) e passei vergonha. Depois, quando fui mais a frente para ver a cachoeira mais de perto novamente, percebi que estavam tirando fotos e tentei sair da frente para não atrapalhar, mas disseram que queriam que eu ficasse e me mostraram que já haviam batido algumas fotos comigo na paisagem antes, sem que eu tivesse percebido. Então fiquei quieto e deixei que tirassem mais as fotos que desejassem. Na 2.a feira 15/9 de manhã peguei um ônibus para Tabo. Conheci um rapaz no ônibus que mostrou grande interesse em conversar para conhecer sobre o Ocidente a praticar inglês. Dei-lhe uma cópia do encarte de turismo da Folha de São Paulo para que ele visse as fotos, dizendo-lhe que estava escrito em português. Depois de algum tempo ele me perguntou se aquele "inglês" era americano ou britânico por 2 vezes. Durante este percurso que teve vários trechos, algumas mulheres passaram mal e foram para o último banco, onde eu estava, pedindo para trocar de lugar e ficar na janela, pois estavam passando mal e queriam poder vomitar. No início eu pedi que vomitassem e me deixassem na janela para poder apreciar a paisagem, mas depois resolvi trocar com elas, pois era muito melhor para elas ficarem na janela. Mais para frente saí do último banco, pois percebi que era inviável ficar lá, com tantas mulheres passando mal nas estradas das montanhas. O trajeto foi muito belo. Passou por paisagens montanhosas espetaculares. Alguns chamavam-nas de paisagem lunar. Realmente havia muitos trechos muito secos, em que só havia rochas. Mas havia alguns poucos outros com vegetação e água. Havia vistas espetaculares a partir da estrada, tanto das montanhas altas, como dos vales e desfiladeiros. Passei por vários povoados nos distritos de Shimla, Kinnaur e Lahul & Spiti e cheguei a Tabo no fim da tarde. Lá fiquei hospedado numa espécie de hotel associado ao monastério principal, que me foi apresentada por um monge. Ainda pude dar uma volta rápida para conhecer um pouco do local, chamando-me atenção uma espécie de acampamento de pessoas com traços tibetanos e nepaleses, semelhante ao que conhecemos como acampamento dos sem-terra no Brasil, porém num clima muito mais frio. Conheci uma espanhola que havia conseguido arrecadar fundos e estava fazendo um projeto de aulas e um restaurante associado ao mosteiro. Ela queixou-se de como os monges não lhe davam muito espaço para participar das decisões. Para informações sobre o Estado do Himalaia (Himachal Pradesh) veja http://hptdc.nic.in. Para as atrações de Tabo veja http://www.nativeplanet.com/tabo/ e https://www.lonelyplanet.com/india/himachal-pradesh/tabo. Os pontos de que mais gostei foram o mosteiro ::cool:::'>, uma espécie de jardim em quadras com plantação de macieiras ::cool:::'>, as paisagens naturais do entorno ::cool:::'>, as cavernas ::cool:::'> e a população local ::cool:::'>. Na 3.a feira 16/9 de manhã fui conhecer o mosteiro. Achei interessantes os templos, pinturas, estátuas e monumentos históricos, incluindo thankas (pinturas em tecido). Ao seu redor havia cavernas históricas usadas pelos monges para meditação e práticas religiosas. Um pouco mais a frente havia uma espécie de jardim, com muitas macieiras e várias maças no chão. Fiquei bastante tempo lá apreciando a paisagem, que destoava do resto do trajeto seco até chegar a Tabo. Conversei com o responsável que me deu informações e me disse que não poderia pegar as maças que estavam no chão para comer, pois elas eram do jardim. Depois fui dar um pequeno passeio na região, voltei a passar pelo acampamento, agora indo mais a fundo e vendo como era extenso e chegando depois até perto do rio. Na volta conheci Rhina, a dona de uma dhaba, que na região era uma espécie de lanchonete ou restaurante muito simples, que estava em dificuldades para criar seus filhos e perguntou se eu conseguiria patrocínio para seus filhos serem criados. Tentei falar com os monges, mas não me pareceram sensibilizados (achei até que de certo modo ironizaram o meu tentar falar "obrigado" em hindi). Fui à biblioteca, falei com uma europeia (acho que era belga) que lá estava e ela me disse das dificuldades das pessoas na Índia e que seria difícil conseguir algo específico para ela. Enfatizou que achava as montanhas onde estávamos muito mais saudáveis socialmente do que as áreas baixas, onde achava haver muito mais pobreza (algo com que concordo - imagino que nas montanhas, devido ao clima e meio ambiente, não se consegue sobreviver em pobreza tão extrema). Por fim, antes de ir embora, voltei a passear pelo jardim de macieiras e depois fui lanchar na Dhaba da Rhina, que me fez uma paratha (espécie de pão sírio com batata) caprichada com tamanho dobrado, pela qual decidi pagar-lhe mais do que o preço normal. Ela ficou feliz por eu ter-me importado com ela e ter tentado, apesar de não ter conseguido o que ela havia pedido. Lá também encontrei novamente a espanhola que estava no meio do dia de trabalho e conversamos um pouco. À tarde peguei um ônibus para Kaza. A viagem foi relativamente rápida, com paisagens espetaculares novamente. Passamos em uma vila elevada isolada no alto de uma montanha. Dormi em Kaza e no dia seguinte, 4.a feira 17/9 bem cedo, peguei um ônibus para Keylong. Nem tive tempo de conhecer kaza. Apenas pude apreciar a paisagem da viagem e um pouco da paisagem da cidade à noite e no amanhecer, ainda meio escuro. Quando procurava hotel, achei um bem mais barato, mas que achei que estava um pouco abaixo do aceitável e acho que o dono se ofendeu um pouco comigo, pois achou que pelo preço eu aceitaria aquela hospedagem. A viagem até Keylong demorou o dia inteiro e passou por duas passagens nas montanhas, Kunzum Pass (4.550 m de altitude) e Rohtang Pass (3.990 m de altitude). Em uma delas estava bem frio, com paisagem nevada e forte vento, relembrando-me as áreas mais frias de Kedarnath e Badrinath. As paisagens foram espetaculares ::otemo::. Cheguei à noite em Keylong, hospedei-me num hotel e planejei conhecer a cidade no dia seguinte, mas aí descobri que havia um ônibus que sairia para Leh no dia seguinte de madrugada (ou à meia noite, algo assim), com previsão de chegada na noite do mesmo dia, e resolvi ir e depois voltar para conhecer Keylong, algo que acabou tornando-se inviável. Uma viajante que eu havia conhecido havia recomendado Leh, o que me fez tomar esta decisão. Depois de jantar e antes de dormir achei uma lan house e consegui falar com minha mãe por telefone (se bem me lembro via skype, com uma linha de qualidade precária). Depois de uma noite curta e mal dormida, 5.a feira 18/9 fui para o ônibus que sairia para Leh. Entrei, tomei meu lugar e esperei a saída. O assistente do condutor ofertou-me gentilmente chá ::cool:::'>, que primeiramente recusei, mas depois aceitei. Havia alguns poucos passageiros. Saímos e depois de pouco tempo subiram 2 espanhóis. Logo a seguir paramos e ficamos longo tempo parados. Era a passagem Bara-lacha la (4.890 m), onde a estrada estava totalmente congestionada por caminhões que não conseguiam passar. Acho que alguns estavam encalhados na neve e na lama. Depois de muito tempo, chegamos ao ponto do estrangulamento maior da estrada, em que um caminhão estava meio na estrada e meio no acostamento, que era do lado de um pequeno abismo. O motorista do caminhão, orientando o motorista do ônibus, gritava para que ele viesse. Este por sua vez acelerava bastante para escapar do lodo e da neve, com muito cuidado para não bater no caminhão que estava metade na pista, nem na fila de caminhões na pista contrária. Quando passamos pelo caminhão metade na pista, acho que o ônibus ficou a menos de um palmo dele (quase deu para sentir o espelho retrovisor dele no meu nariz na janela) ::ahhhh::. Em algum momento foi necessário colocar correntes nas rodas do ônibus, pois a estrada estava coberta de neve. A perícia do motorista impressionou-me ::otemo::, pois ele conseguia ir relativamente rápido em pistas estreitas, com muitas curvas, cheias de neve e lodo, ao lado de enormes desfiladeiros. Em vários trechos ele precisou ir e vir várias vezes e manobrar bastante para conseguir passar. Cruzamos duas passagens altas, Nakli La (4.950 m) e Lachalung La (5.065 m). Devido à demora neste trecho e à estrada estar em condições precárias em certos trechos devido à nevasca, atrasamos muito e tivemos que passar a noite em Pang (cerca de 4.650 m), um acampamento de tendas no meio do caminho. Eu não esperava por isto :shock:. Lá não havia casas, apenas barracas de acampamento no meio da neve. Ficamos numa barraca pertencente a 2 mulheres de aproximadamente 30 anos em que já estavam 2 hóspedes americanas de cerca de 50 a 60 anos. Elas gentilmente procuraram encontrar um travesseiro seco para mim, o que não foi fácil, pois quase tudo estava úmido ou molhado. Somente havia sopas prontas, itens semelhantes a pães sírios e biscoitos para comprar. Não havia aquecimento. Disseram que estávamos no meio de uma nevasca e talvez tivéssemos que passar mais um dia ali, talvez mais uma semana. Eu fiquei meio irritado com a situação, pois ninguém tinha me avisado desta possibilidade :shock:. O motorista das americanas percebeu (acho que era parente de alguma das donas da barraca) e me falou que deveríamos agradecê-las por estarem lá. Depois do jantar as americanas deixaram quase toda a sopa no prato sem tomar para ser jogada fora. Eu vi e numa atitude instintiva, mas altamente imprudente, tomei uma colher para evitar desperdício ::putz::. Mas aí pensei que isso poderia ser perigoso, pois nunca se sabe as condições de saúde de ninguém. Uma das donas viu e pareceu achar absurdo, não pelo risco que eu poderia estar correndo, mas porque provavelmente estava deixando de comprar produtos dela devido a isso. Quando alguns já estavam acomodados para dormir, as donas pediram que levantassem, pois havia risco de a neve acumulada no teto da barraca estar muito pesada e colapsar a estrutura, provocando um desabamento. Surgiu a possibilidade de dormir no ônibus, o que os espanhóis me sugeriram para não fazer, pois disseram que na tenda pelo menos havia mais calor. Quando perguntei se poderia, o motorista das americanas, que a esta altura já estava irritado comigo, disse-me sorrindo que eu dormiria no ônibus. Pensei bem e decidi ir mesmo, pois o assistente do motorista do ônibus também dormiria lá. As donas me deram um cobertor para passar a noite. Foi uma noite fria ::Cold::, um pouco mal dormida, mas até que bem razoável, em vista do que poderia ter sido. Na 6.a feira 19/9, após acordar e ir tomar café, fui dar uma volta no acampamento para ver as outras barracas, encontrar outros locais para fazer compras de alimentos e descobrir se havia condições de mudar, caso tivesse que ficar mais dias. Passei por algumas e encontrei uma venda com uma mulher de cerca de 50 a 60 anos, que me atendeu muito bem. Na volta encontrei um dos espanhóis que me disse que iria procurar por outros locais para ficar porque tinha passado mal a noite na barraca. Quando voltei ao ônibus, um indiano que estava fazendo a viagem estava todo encolhido, passando frio ::Cold::, e me disse que não tinha previsto aquela temperatura e não havia trazido roupas para frio. Fui então pedir para uma das donas da barraca um cobertor emprestado para ele, explicando que ele estava passando muito frio, pois não tinha trazido roupas para aquele clima. O rapaz não tinha consumido produtos dela nem dormido em sua tenda. Ela me disse para pegar em outra barraca por alguma razão referente a seus cobertores e porque eu conseguiria facilmente. Isso realmente me irritou. Eu fui até a mulher da venda, que me emprestou prontamente o cobertor e o levei até o rapaz. Na volta perguntei para as donas da barraca quanto era pelo que havia consumido, perguntei se não cobrariam o cobertor que me emprestaram durante a noite nem a água para lavar os pés, ao que responderam que não. Paguei-as pelo jantar e café da manhã. Depois de fazer isso, fui dar mais uma volta nos arredores e vi que haviam feito um boneco de neve (completo e grande) ::cool:::'>, algo que nunca tinha visto ser feito pela população, sem ser pela televisão. O tempo parecia melhorar e disseram que poderíamos sair ainda naquele dia. Quando disseram que realmente iríamos, fui devolver o cobertor para a mulher da venda e aproveitei para comprar alguns biscoitos dela, posto que não desejava comprar mais nada da barraca em que havíamos ficado. Quando voltei, para minha enorme surpresa o ônibus já havia partido ::ahhhh::. Saí correndo atrás dele. Havia um comboio de veículos e eu fui correndo ao lado deles até que o ônibus me viu e parou para eu subir. O assistente do motorista disse-me que sabia que estava faltando alguém :lol: . Embarquei ofegante, mas feliz por estarmos indo. Fomos por um caminho totalmente coberto de neve. Por incrível que pareça começamos a subir. Vi uma manada de cabras da montanha (eu acho, devido aos chifres) pastando (ou tentando) no meio de uma enorme camada de neve e um camponês acompanhando-as. Fiquei pensando como era possível sobreviver num local daqueles :o. Logo mais a frente, parou o comboio. A passagem não era possível no ponto mais alto devido ao lamaçal e à neve. Era Taglang La (5.328 m), dita na placa como a segunda passagem motorizada mais alta do mundo (medições mais acuradas dizem que é a 11.a - http://devilonwheels.com/top-12-highest-motorable-passes-roads-world/). Alguns utilitários Land Rover 4x2 não quiseram tentar passar. Então fomos tentar com o ônibus. Apesar da perícia do motorista não conseguimos. Percebi gestos e palavras dos outros veículos que aparentemente significavam que era absurdo um ônibus tentar passar. Depois eles decidiram tentar e também não conseguiram. Decepcionou-me a enorme possibilidade de termos que voltar e passar a noite em Pang novamente :(. Aí chegou um carro com um militar (parecia ser oficial - talvez coronel). Este provavelmente era 4x4, tentou, patinou bastante, mas conseguiu. Após passar, parou, desceu do carro e fez sinal negativo com a cabeça. Então resolveram tentar trabalhar no trecho pior para tentar viabilizar a passagem. Depois de algum tempo pediram para os utilitários 4x2 tentarem. Eles patinaram, mas conseguiram. Aí fomos nós novamente, patinamos, mas conseguimos também :D. Achei que tínhamos escapado e conseguiríamos chegar a Leh. Começamos a descer e o caminho começou a fluir bem. Porém, de repente, o trânsito parou completamente. Havia um deslizamento de terra à frente, o que inviabilizava totalmente a passagem. Agora a situação era bem pior. Não conseguíamos ir para a frente, por causa do deslizamento, e não sei se conseguiríamos voltar, pois a passagem estava em estado precário :(. Lamentei por somente ter comprado alguns pacotes de biscoito, pois se tivesse que passar a noite ali, provavelmente iria ficar com fome. Abri um pacote, acho que por pura ansiedade. Após cerca de meia hora parados, apareceu do nada uma escavadeira ::otemo::. Todos começaram a rir com aquele fato inesperado, pois não havíamos visto ninguém nem nada trabalhando em nenhum dos outros pontos ruins da estrada. Em poucos minutos a escavadeira limpou e liberou completamente a pista. Atrás dela havia vários trabalhadores com picaretas, britadeira, pás e demais ferramentas. Eles pediram carona no nosso ônibus para ir até um ponto mais a frente. Pensei comigo que estávamos salvos, pois qualquer problema eles tinham ferramentas para resolver, a menos que fosse algo muito grande. Daí para frente o caminho fluiu bem, depois de descermos bastante, já sem neve, deixamos os trabalhadores onde pediram (e a estrada já estava bem razoável neste trecho). Logo a seguir o motorista tirou as correntes dos pneus e depois paramos para um pequeno descanso e lanche para quem quisesse. Fui cumprimentar o motorista pela sua perícia. Disse-lhe com gestos e entonação de voz (posto que não falava inglês), que era talvez o melhor motorista que havia conhecido. Ainda encontramos as americanas numa parada do caminho, comentamos sobre a dificuldade do caminho e a felicidade por termos conseguido. Elas me disseram que não retornariam por Srinagar, pois para elas seria muito perigoso e para mim talvez não fosse tanto. No final da tarde chegamos a Leh, com temperatura bem mais razoável (perto de 15C a 20C). Lá despedi-me dos companheiros de viagem, desejei felicidades aos espanhóis e fui procurar por um hotel. Fiquei na área central turística, porém algumas ruas atrás da principal, onde consegui preço melhor. Para as atrações de Leh veja http://www.leh.nic.in/pages/tourism.html, http://wikitravel.org/en/Leh, https://en.wikivoyage.org/wiki/Leh, https://www.lonelyplanet.com/india/jammu-and-kashmir/leh e https://en.wikipedia.org/wiki/Leh. Gostei bastante daqui ::otemo::. Os pontos de que mais gostei foram a paisagem natural ::otemo::, principalmente as montanhas, os templos ::cool:::'>, a população ::cool:::'> e o santuário de jumentos ::cool:::'>. Fiquei até a 2.a feira à tarde. Neste período fui conhecer os locais naturais, os templos e monastérios (interessante a diversidade religiosa existente aqui), as construções e monumentos históricos, o santuário de jumentos, que fornecia um abrigo para os jumentos velhos ou perdidos, apreciei o pôr do sol do alto de montes em local com vista privilegiada ::cool:::'> e visitei demais pontos de interesse. Aproveitei para meditar em locais isolados nas montanhas e também participei de um mantra em um templo ::otemo::. Num restaurante com comida tibetana em que jantei fui servido pelo filho pequeno dos donos. Após na primeira noite não lhe dar gorjeta extra, por achar que não precisava e por seus pais serem os donos, na 2.a fui atendido pela mãe. Quando perguntei a um muçulmano se poderia entrar para conhecer uma mesquita, ele me perguntou se eu pretendia rezar, ao que respondi que não, apenas visitar. Então ele me disse para não entrar. Anteriormente em outro local, quando havia feito a mesma pergunta a outro muçulmano, ele me perguntou se eu era muçulmano, eu respondi que não, mas que acreditava em Deus, comum a todas as coisas, o que ele completou dizendo o Deus Único, de todos, e me convidou a entrar sorrindo. Originalmente pretendia voltar para Keylong, para conhecê-la e depois passar por Lahore no Paquistão. Mas as condições da estrada inviabilizavam a viagem. Fui me informar no local de onde saíam os ônibus e carros, reencontrei o motorista das americanas, que estava dizendo aos outros turistas que não era possível ir pela estrada e que pegassem um avião para Déli. Como ele provavelmente estava aborrecido comigo pelo ocorrido na viagem de vinda, disse-me que eu não poderia ter privilégios por ser europeu. Não queria ir por Srinagar, por conhecer sua fama de anti ocidentalismo e atentados, mas não quis pagar o preço muito mais alto para voltar para Déli e perder completamente a sequência da viagem, pois sairia totalmente do itinerário. Na 2.a feira, 22/9, à tarde, peguei um jipe de lotação (completamente cheio) para Srinagar. Antes da viagem conheci um passageiro do Camboja, que falava de como achava a Índia atrasada, particularmente em relação aos costumes da população, principalmente sanitários, como fazer necessidades nas ruas. Conheci também um jovem indiano que havia ido para Leh trabalhar no verão e estava voltando para casa desempregado. Os 2 não se deram muito bem durante a viagem, conforme era de se esperar. Viajamos durante a noite toda. Paramos no meio para refeição e banheiro. Fui espremido e foi altamente desconfortável ::dãã2::ãã2::'>. Chegamos a Srinagar na 3.a feira 23/9 de manhã. Eu estava preocupado em não ficar muito em público para não ser alvo de atentado ou hostilidade. Ao chegar tentei rapidamente conseguir um transporte para Jammu, para onde havia decidido ir para conhecer Vaishno Devi (https://www.maavaishnodevi.org). Alguns operadores de turismo local tentaram me convencer a ficar para conhecer a região, mas eu preferi não arriscar e peguei o ônibus para Jammu. Pouco depois do início da viagem o trânsito parou completamente e as pessoas comentaram que poderia ser devido a um atentado ou ataque de terroristas paquistaneses. Fiquei preocupado. Precisava sair do ônibus para fazer xixi, mas ninguém tinha saído. Depois de um tempo, quando algumas poucas pessoas saíram, saí e tive que fazer xixi na estrada escondido atrás da roda do ônibus, com receio de algum atirador no alto das montanhas. Depois que o exército liberou a passagem, o trânsito se normalizou e prosseguimos viagem. Parte do tempo sentei ao lado de um indiano que parecia se sentir bem por estar falando com um estrangeiro ocidental. Parecia querer mostrar isso aos colegas. O motorista parecia-me estar indo muito devagar e achei que iríamos chegar muito tarde. Paramos no meio da tarde para descanso e alimentação. Depois de retomarmos a viagem, o motorista começou a correr amalucadamente. Não sei se ele tomou algo ou percebeu que estava muito atrasado, mas começou a correr mais do que o razoável. Como começou o trecho de serra, cheguei a temer pela nossa segurança ::ahhhh::, mas acabamos chegando sem problemas. Em Jammu, procurei por vários hotéis, posto que os preços pareceram-me maiores do que em localidades anteriores. Numa das últimas tentativas, já cansado, perguntei ao dono, após ele dizer o preço que me interessou, se poderia ver o quarto "May I see" e ele entendeu "A.C." (ar condicionado), ao que respondi de modo um pouco ríspido que não era aquilo. Ele então disse que não tinha vagas, eu fiquei decepcionado por não conseguir e por ter sido rude com ele. Voltei e fiquei num dos hotéis que havia visto logo no começo. Depois de jantar, alguns rapazes indianos quiseram conversar, provavelmente por eu ser estrangeiro. Conversamos um pouco e, sem eu esperar, deram-me o abraço típico de sua cultura, que eu parcialmente rechacei. Depois pensei que não estava bem, pois isto não era uma atitude típica minha. Acho que o cansaço havia me afetado :(. No dia seguinte, 4.a feira, 24/9, fui a Vaishno Devi. Era necessário subir uma longa trilha até chegar lá (várias horas de caminhada - perto de 13 Km ::quilpish::), mas acho que havia outros meios como helicóptero. No caminho vários peregrinos saudavam com "Jai Mata Di" que me disseram ser a citação da trindade (Brahma, Vishnu, Shiva), mas que pode ser interpretado como uma saudação à Deusa Mãe Toda Poderosa. Gostei do trajeto, principalmente da vista lá de baixo a partir das montanhas ::otemo::. Achei os vários pontos de parada interessantes, incluindo templos pequenos, cavernas e paisagens naturais. Para entrar nos templos principais havia muita gente. Fiquei até preocupado, pois se houvesse algum tumulto poderiam morrer pessoas pisoteadas ou esmagadas, como é costume vermos nos noticiários pela TV aqui no Brasil. Mesmo assim fui visitá-los. Num deles, não podia entrar com dinheiro. Era necessário deixar a carteira em algum lugar. Até tentei ir com ela, mas me barraram na entrada e disseram para eu deixar nos armários com cadeado que disponibilizavam. Fiquei muito preocupado, pois se minha carteira fosse extraviada e eu ficasse sem dinheiro, estaria encrencado. Mas mesmo assim fiz o que foi sugerido, conheci o templo e depois peguei minha carteira de volta do armário, que estava como a tinha deixado. Depois de visitar os vários templos e pontos de interesse, e de apreciar muito a vista, resolvi descer no final da tarde. Já estava escurecendo e a vista agora era diferente, mas igualmente bela com as luzes noturnas ::otemo::. Desci revigorado, apesar de um pouco cansado fisicamente. Na 5.a feira 25/9 fui para Dharamsala. Cheguei no início da tarde. Logo de cara quando perguntei a uma ocidental sobre onde ficar, ela me disse que era interessante eu subir para McLeodGanj, onde a maioria dos viajantes ficava e onde ficava o núcleo de atividades do budismo tibetano. Subi e me hospedei lá, numa região de viajantes estrangeiros. Para as atrações de Dharamsala veja http://wikitravel.org/en/Dharamsala, https://www.lonelyplanet.com/india/dharamsala e https://en.wikipedia.org/wiki/Dharamsala. Gostei bastante daqui ::otemo::. Os pontos de que mais gostei foram os templos (incluindo a igreja cristã) ::otemo::, os locais religiosos ::cool:::'>, as paisagens naturais ::otemo::, os thankas (pinturas religiosas em tecido) ::otemo:: e o clima espiritual entre as pessoas ::otemo::. Fiquei pouco mais de 3 dias. Pude visitar calmamente templos budistas, o complexo onde ficava o Dalai Lama, a igreja anglicana e outros locais em que faziam cultos. Num dos dias à noite fui participar de uma prece (pooja) em forma de mantra num monastério, que era aberto ao público ::cool:::'>. Num dia de manhã fui conhecer o complexo em que ficava o Dalai Lama e aproveitei para ouvir parte de sua palestra. Vi pelo telão, porque para ver pessoalmente era necessário fornecer o passaporte num dia para que registrassem (e talvez fizessem algum tipo de verificação) e liberassem a entrada no dia seguinte. Achei as galerias de arte com thankas um espetáculo à parte ::otemo::, com os mais variados tipos, tanto em conteúdo como em cores, textura e tamanho. Elas permitiam visitação gratuita. As paisagens naturais, principalmente montanhas, vegetação, cachoeira e caminhos também foram um espetáculo à parte ::otemo::. Foi possível também visitar os prédios administrativos do Estado Tibetano no Exílio, chefiado pelo Dalai Lama. Na parte baixa, no último dia explorei os arredores e vi também locais religiosos hindus, algo que não havia visto na parte alta. Na 2.a feira 29/9, perto da hora do almoço, peguei um ônibus para Amristar. Cheguei lá no meio da tarde e me hospedei num hotel que ficava num prédio antigo, não muito longe do ponto de chegada dos ônibus. Fui dar uma volta pelos arredores do hotel e conhecer um pouco da cidade e seus atrativos. Para as atrações de Amristar veja https://www.makemytrip.com/travel-guide/amritsar/places-to-visit.html, http://wikitravel.org/en/Amritsar, https://en.wikipedia.org/wiki/Amritsar e https://www.holidify.com/places/amritsar/sightseeing-and-things-to-do.html. Os pontos de que mais gostei foram o Templo de Ouro ::otemo::, os outros templos ::cool:::'>, o Jardim Jallianwala Bagh ::cool:::'> e outros locais religiosos e históricos. Na 3.a feira 30/09 fui fazer um passeio completo pela cidade, com ênfase no Templo de Ouro dos Sikhs (http://www.goldentempleamritsar.org/). Gostei bastante dele ::otemo::. Havia muitos ambientes diferentes, que se harmonizavam com a piscina central e a arquitetura. Havia muita gente. Era servido almoço gratuito ::cool:::'>, mas não comi, por achar que não deveria consumir algo que poderia faltar para os mais necessitados, que muitas vezes se sacrificavam para vir de longe fazer peregrinações e estavam com recursos limitados. Havia também várias exposições históricas, contando suas origens e seus episódios mais marcantes, incluindo o massacre ocorrido em 1984 e, citando vingança, o assassinato posterior de Indira Gandhi. Passei também por outros templos sikhs, hindus e muçulmanos. Fiquei também um bom tempo no jardim onde o General Dyer atirou na multidão quando do período de luta de independência do Reino Unido, em que havia monumentos e a história era contada em detalhes ::cool:::'>. Durante uma das noites, levantei da cama meio dormindo e percebi que minha mala estava entreaberta, com algo dentro, do tamanho de uma pílula grande. Sem raciocinar direito, levei-o a boca e depois joguei fora ::putz::. Voltei para cama, mas mesmo meio dormindo pensei que havia feito uma enorme besteira de levar algo desconhecido à boca (era o meu instinto inconsciente de não desperdiçar comida :lol:). Talvez isto tenha sido a causa de cerca de 30 dias depois eu descobrir que estava com hepatite A. Durante os jantares aceitei a água ofertada como cortesia nos restaurantes. Isso também pode ter causado a hepatite ::putz::. Estava perto de Lahore no Paquistão, mas devido ao atraso ocorrido em virtude da nevasca e da estrada interditada, acabei não tendo os dias necessários para dar um passeio lá :(. Na 4.a feira 01/10 de manhã peguei um trem para Nova Déli. Cheguei no meio da tarde e fui procurar um hotel. Como cheguei na Estação Déli, descobri que existia um outro local em que costumavam ficar turistas estrangeiros, incluindo mochileiros, chamado Paharganj. Era no caminho para o Connaught Place. Resolvi ir até lá e, se não encontrasse algo que desejasse, prosseguiria para o Connaught Place. Porém lá havia muitas opções de hospedagem, concentradas numa área com ruas estreitas e muitas lojas. Gostei ::cool:::'>. Achei várias opções baratas e resolvi ficar lá. Na 5.a feira 02/10 era aniversário de nascimento de Gandhi, de quem eu muito gosto. Descobri pela televisão um grande evento com várias atividades, que iria ocorrer numa praça de Déli que eu não conhecia. Aproveitei para passar o dia lá, assistir as atividades e conhecer o local. Interessante como o povo indiano, especialmente hindu, cultua Gandhi. Havia notado isso desde minha primeira viagem. Até ao atenderem o telefone, muitas vezes falam Gandhiji, ao invés de alô. Aproveitei também para conhecer algumas ONGs locais de diferentes tipos, como orfanatos, instituições para mulheres surdo-mudas. Tentei ir ao escritório da UNICEF, mas não o encontrei. Na 6.a feira 03/10 fui conhecer outras ONGs locais e fazer algumas pequenas compras. No início da viagem havia pesquisado um pouco na área do Connaught Place. Agora fui há várias lojas em Paharganj mesmo, onde havia muitas e com os melhores preços. Comprei um guarda-chuva, uma calça esportiva (que tenho até hoje), um par de chinelos e um par de tênis. Comprei produtos muito baratos (a maioria custou menos de 1/3 do valor encontrado no Brasil), porém, exceção feita à calça, a qualidade era precária e duraram pouco. Já havia comprado um lenço de seda (de boa qualidade) que uma amiga havia encomendado poucos dias antes em uma das cidades por que passei. Durante os jantares também aceitei a água ofertada como cortesia no restaurante. Isso também pode ter causado a hepatite ::putz::. Num dos dias, havia uma espécie de feijão com muita especiaria. Eu comi tudo em primeiro lugar com a boca ardendo, para deixar o prato limpo para poder saborear o resto. O atendente viu e achou que eu havia gostado e colocou mais uma concha cheia ::essa::, pois a repetição geralmente era gratuita na Índia. Eu olhei com cara de agradecimento decepcionado, com esforço redobrado comi tudo novamente em primeiro lugar, mas fiquei atento para não ser colocada mais repetição :lol:. Num dos jantares conversei com um europeu (acho que era francês) recém chegado e procurei dar-lhe informações para ajudá-lo em sua primeira viagem à Índia. Ele me falou que tinha ouvido que as pessoas mentiam para vender, o que ele achava que provavelmente era para a sobrevivência, e que as notícias diziam que os atentados eram geralmente em mercados no fim do dia. No final dos dias geralmente ia a templos próximos do hotel. Num templo hindu em que começou uma celebração, ficaram bravos comigo porque num pequeno intervalo saí do local onde estava para ir ver outra parte. Não percebi que o intervalo era curto e a movimentação iria atrapalhar ou ser considerada desrespeito. Foi possível também visitar um templo jain. Antes de ir embora ainda fui tentar doar minha calça um pouco descosturada e meu tênis velho para mendigos. Após verificar a situação da calça um deles não aceitou, mas outro a seu lado ficou bravo e falou para ele aceitar. Sempre fico na dúvida nesta situação para não ofender ninguém. Mas prefiro correr este risco do que jogar no lixo, porque já vi muita gente usar coisas em situação pior. No sábado 04/10 fui fechar a conta no hotel e fui surpreendido com uma taxa de serviço de 10% de que não haviam falado. Acho que ao me verem com aquelas compras, grandes em volume mas de baixo valor (se bem me lembro, tudo custou cerca de US$ 20,00), decidiram cobrar a taxa. Tentei argumentar, mas não adiantou e acabei pagando. Atrasei-me um pouco e acabei pegando não o melhor ônibus para o aeroporto. Tinha feito a conta para terminarem todas as rúpias, mas ainda sobrou o suficiente para pegar um rickshaw e conseguir percorrer o resto do caminho. Ainda ofereci 1 dólar ao motorista para complementar o que poderia eventualmente faltar em rúpias. Ele, que havia concordado em diminuir o preço porque eu não tinha mais rúpias, ficou feliz com o dólar, que tornou o pagamento correto. No aeroporto, perguntei ao atendente sobre o tempo em Munique. Ele me disse que era instável e eu peguei o guarda-chuva para levar junto com a bagagem de mão. Aí ele comentou sorrindo que não chovia dentro do avião :lol:. Eu expliquei que iria passear pela cidade e precisaria do guarda-chuva. A viagem até Munique foi muito bela. Passamos por partes da Ásia que eu nunca tinha visto do alto durante o dia. Sobrevoamos o Afeganistão e provavelmente Irã e Turquia. Muito interessante ver como o Afeganistão era árido e montanhoso, realmente um local aparentemente bastante inóspito. Um padre que viajava ao meu lado comentou sobre este problema, a questão da pequena população, do terrorismo e do ópio. O Irã, por sua vez, pareceu seco até um certo ponto (uma linha, que poderia ser um rio ou canal ou semelhante) e depois tornou-se muito verde. A vista da Turquia lembrou-me as fotos das viagens de balão exibidas em roteiros turísticos, só que bem mais do alto e por uma extensão muito maior ::otemo::. Ao chegar a Munique no início da tarde fui para o Parque Olímpico (http://www.olympiapark.de/en/olympiapark-munich), onde havia ocorrido as Olimpíadas de 1972. Antes porém, vi um Salão de Exposições da BMW próximo, com entrada gratuita e fui apreciar os carros. Vi carros que nem sabia que existiam e nunca tinha visto antes ::cool:::'>. Depois atravessei a avenida e fiquei passeando pelo Parque Olímpico, que me pareceu muito belo ::otemo::. Até peguei algumas maças em árvores e no chão, que me serviram de almoço ::cool:::'>. O parque era bem grande, com equipamentos para muitas modalidades, amplas áreas verdes e sua torre emblemática. Passei a tarde toda lá. No fim do dia pretendia ir conhecer o estádio do Bayern e a Oktoberfest, mas achei que só dava tempo para um. Parecia estar havendo um jogo do Bayern e eu decidi ir para a Oktoberfest. Parecia um grande parque de diversões com muita bebida e comida e alguns espetáculos em locais fechados. Mas estava um pouco frio, cerca de 6 C, o que para os alemães parecia irrelevante, pois vi vários com muito pouca roupa, acho que já embalados pela bebida. Comprei uma caneca de recordação para o Carlos Zimmermann na barraca dos Zimmermanns. Pretendia experimentar uma cerveja, mas o menor copo era de 500 ml e com aquele frio eu certamente iria sentir muita vontade de ir ao banheiro durante bastante tempo, inclusive quando estivesse em trânsito para o aeroporto, o que me fez desistir. Peguei o voo de volta conforme previsto e cheguei em São Paulo no domingo 05/10 de manhã, ainda em tempo para votar para prefeito. Citar
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