Membros Este é um post popular. Luiz Ricardo Prais Postado Janeiro 25, 2017 Membros Este é um post popular. Postado Janeiro 25, 2017 Acho que um dos pontos altos em minha vida foi ter colocado os pés nesse lugar, e com meus próprios olhos ver o que possívelmente será do planeta quando nós, humanos, partirmos dessa para melhor. Chernobyl é mesmo um local único e assustador. A vegetação descontrolada e livre, as paredes caindo, vidros quebrados, portas arrebentadas e objetos pessoais deixados para trás. Não apenas isso, Chernobyl é uma oportunidade única de vivenciar uma era congelada no tempo, a era soviética. Vamos aos fatos: • Chernobyl é o nome de uma pequena cidade (agora fantasma) localizada no norte da Ucrânia, muito perto da fronteira com a Bielorrússia. Próximo dali foi construída, ainda na antiga União Soviética (URSS), uma central nuclear. A cidade próxima deste local, e que de fato sofreu com a tragédia, é um pouco menos conhecida, e leva o nome de Pripyat. Ainda que não muito grande, em Pripyat viviam cerca de 50 mil pessoas, quando em 1986 um teste na usina deu errado, e um dos reatores colapsou, liberando altíssimas doses mortais de radiação por toda a área! Após o acidente, 3 dias depois as pessoas tiveram que sair às pressas de suas casas, por odem do governo, sem nem mesmo saber o motivo. Muitos pensavam que voltariam após alguns dias. Mas não foi bem isso o que aconteceu… Conhecendo o inimigo: a radiação Existem 3 tipos de radiação, conhecidas como radiação alfa, beta e gama. Os dois primeiros tipos são partículas sem muito poder de penetração, e que são barradas por poucos milímetros de proteção, como chumbo. A radiação gama, por outro lado, tem altíssimo poder de penetração, sendo necessária por vezes uma placa de chumbo de até 10 cm para contê-la. Por esse motivo, a primeira recomendação no tour é: UTILIZE ROUPAS QUE CUBRAM TODO O CORPO! Utilize camisas de manga longa, calças compridas e um calçado fechado, como bota. É óbvio que isto não barra toda a radiação incidente, mas pelo menos dos dois primeiros tipos você estará “a salvo”. Mas não se preocupe! O tour é seguro e bem feito. Na verdade, mesmo em uma radiografia (raio-x) ou um voo de longa duração recebemos uma certa dose de radiação. Então vai sem medo e curta esse lugar peculiar! Como chegar a Chernobyl? Simples: com um tour! Esta é a única maneira legal de se entrar na área. Apenas agências de turismo autorizadas e credenciadas pelo governo ucraniano têm permissão para realizar esta atividade. Em geral, todos os tours partem da capital ucraniana, Kiev. Na minha ida contratei o tour de 1 dia da companhia Chernobyl Tour (https://chernobyl-tour.com/english/). Na altura, fui no mês de agosto (alta temporada) e paguei cerca de USD 100,00 por todo o processo. Neste preço estava incluso o transporte de ida e volta, autorização para entrar na área e guia. Por falar nisso, a guia do tour era muito bem informada e prestativa. Sem dúvidas recomendo esta empresa. Feito isso, pé na estrada! Chernobyl possui 2 zonas de exclusão, uma de 30km e uma de 10km, contados a partir do marco zero, ou seja, a usina nuclear (ou o que sobrou dela). Cada uma das zonas é um posto de controle, vigiado pelo exército ucraniano, e este será seu primeiro contato com o local. Logo na primeira zona, a de 30km de distância, a van parou e descemos todos para que fosse feita a verificação dos passageiros. Nesse momento, checaram nossos passaportes e tudo mais, incluindo a autorização da agência para realizar esta atividade. Detalhe: brasileiros não precisam de visto para visitar a Ucrânia Passado pelo primeiro controle, seguimos em frente, agora já dentro da zona fantasma! Digo fantasma, pois desde o acidente em 1986, não há mãos humanas que façam a manutenção do local, e assim a natureza foi tomando conta. Prédios e casas foram abandonados, sofrendo com o tempo. Abaixo, uma foto de um antigo mercadinho soviético que ali existiu. Nem produtos, nem pessoas, nem nada. Só as marcas sombrias do que um dia foi uma próspera civilização. Quando estava lá, por vezes me sentia mesmo em outro lugar. Um cenário pós-apocalíptico, talvez. É realmente impressionante! Continuando o caminho pela estrada, chegamos na entrada da antiga cidade de Chernobyl! Sabe o que é interessante? Ainda moram pessoas lá!!! Cerca de 500 trabalhadores estão morando nesta cidade. Estas pessoas estão encarregadas de, em turnos, construir o novo galpão de contenção de radiação da usina, pois o antigo está vazando. Certamente estes são trabalhadores mais bem pagos, por razões óbvias. Ainda assim, como disse, no acidente a cidade de Pripyat foi muito mais afetada, pois está mais próxima da usina, e é para lá que seguimos. Após andar mais um pouco com a van, chegamos na última fronteira, a zona de exclusão de 10 km. Deste ponto em diante é terminantemente proibido passar a noite. Nesta área a radiação é de fato muito maior do que na cidade de Chernobyl em si! Difícil de acreditar, mas Pripyat é mesmo o local mais afetado, embora o acidente leve o nome de “Chernobyl”. Aqui as coisas ficam estranhas! Não são apenas casinhas e supermercados abandonados, é uma cidade inteira! Uma cidade inteira, com ruas, prédios, avenidas e praças tomadas pelo tempo. Uma história que está aos poucos se apagando com o passar dos anos. Vazio, apenas. Só se ouve o vento. O vento que corta os vidros quebrados das janelas. Na escola, ou o que sobrou dela, não se aprende mais nada. Livros espalhados pelo chão e cadeiras velhas apodrecendo nos dão uma aula importante da nossa fragilidade perante a natureza. Nas paredes da escola, o antigo sonho soviético de conquistar o espaço vai desbotando na solidão. A partir daí estávamos andando a pé, explorando a assombrosa e quieta cidade de Pripyat. Nos deparamos com uma antiga creche abandonada, que sem dúvidas é um lugar peculiar. Quando você pensa que está só, tem sempre uma boneca velha malvada te espreitando. Ou mesmo um coelhinho de pelúcia que às pressas foi deixado para trás. Continuamos nosso caminho, e aos poucos vamos encontrando ruas e paredes que perderam a batalha nesta cidade. Na cidade, um dos locais que mais marca presença é um antigo parque de diversões, que sequer chegou a ser inaugurado. Estes brinquedos nunca viram a diversão. Na frente, um campo de futebol que já não mais vê partidas e momentos de descontração. Em alguns lugares, o medidor já nos dá os alertas dos perigos. Obs: este contador pode ser alugado no tour por cerca de 6 ou 7 dólares, e no final do dia você ganha um certificado de visita constando a sua dose de radiação recebida. (Um belo de um souvenir para colocar na parede!) Seguindo em frente, entramos em um velho prédio. Lá, uma cena arrepiante: máscaras de gás utilizadas pelos corajosos heróis que prejudicaram suas vidas tentando conter a radiação. Ao fim do tour, passamos em frente à usina nuclear, que deu origem à tudo isso. Uma oportunidade de registrar o momento único na vida. Ao final do dia, voltamos em direção à van e regressamos para Kiev. Chernobyl é um lugar a se conhecer, e seguindo as instruções de segurança é seguro. Há, de fato, radiação, mas nada tão absurdo se vc evitar determinados lugares por lá. Na verdade, recebemos muito mais dose de radiação em uma viagem intercontinental de avião, do que em um tour por aquela região. Podem ir tranquilos. Por fim, fica aqui uma imagem que traduz este relato. 7 Citar
Membros Amanda Sfair Gonçalves Postado Janeiro 25, 2017 Membros Postado Janeiro 25, 2017 Luiz, tudo bom? Fiquei muito interessa pelo seu relato a Chernobyl, não saiba que era possível entrar nas cidade e conhecer.. mas pra mim as fotos não estão aparecendo. Será que é só comigo? Só consegui ver o mapa e a ultima foto. =( Citar
Admin Silnei Postado Janeiro 25, 2017 Admin Postado Janeiro 25, 2017 Sensacional o relato, as fotos e a experiência, Luiz. Demais! Amanda, vc tá vendo através do APP ou da web? Vc me manda um print de como aparece pra vc pro e-mail webmaster@mochilabrasil.com.br ? Pra gente ver aqui se é um bug só com vc ou algo do site. Nós testamos com navegação anônima e as fotos aparecem ok . Citar
Membros Eduardo E. A. Postado Janeiro 25, 2017 Membros Postado Janeiro 25, 2017 Muito top! :'> :'> Citar
Membros Amanda Sfair Gonçalves Postado Janeiro 25, 2017 Membros Postado Janeiro 25, 2017 Estou vendo pelo site. Tentei pelo Chrome e pelo Mozzila, já mando por email para vocês! Obrigada! Sensacional o relato, as fotos e a experiência, Luiz. Demais! Amanda, vc tá vendo através do APP ou da web? Vc me manda um print de como aparece pra vc pro e-mail webmaster@mochilabrasil.com.br ? Pra gente ver aqui se é um bug só com vc ou algo do site. Nós testamos com navegação anônima e as fotos aparecem ok . Citar
Admin Silnei Postado Janeiro 25, 2017 Admin Postado Janeiro 25, 2017 Já vi aqui o que é. O Facebook barra o acesso a url das fotos hospedadas lá pra alguns usuários. Então as fotos que estão no blogspot aparecem ok pra todos e as do Facebook não. É isso. Citar
Membros Amanda Sfair Gonçalves Postado Janeiro 25, 2017 Membros Postado Janeiro 25, 2017 No que eu te mandei o email recebi a notificação da sua resposta Silnei! Depois tento de outro computador então! Obrigada! Já vi aqui o que é. O Facebook barra o acesso a url das fotos hospedadas lá pra alguns usuários. Então as fotos que estão no blogspot aparecem ok pra todos e as do Facebook não. É isso. Citar
Membros Wilson Iwazawa Postado Janeiro 26, 2017 Membros Postado Janeiro 26, 2017 Muito foda! Deu vontade de ir ver ao vivo. Citar
Membros diogon Postado Janeiro 27, 2017 Membros Postado Janeiro 27, 2017 A N I M A L Que relato simplesmente sensacional. Citar
Membros linda-paula.norbim Postado Fevereiro 21, 2017 Membros Postado Fevereiro 21, 2017 Parabéns pelo relato!! De fato é uma história muito interessante e jamais pensei que houvesse oportunidade de isso ser vivenciado!!! Gostei muito do seu relato. Citar
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