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37º dia

Dia 12 de janeiro de 2017

 

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Quando acordei ainda chovia, continuei deitado, estava quentinho. Fiquei por mais de uma hora lá esperando a chuva passar, enquanto isso ia comendo e olhando no GPS o caminho que faria nos próximos dias. Quando voltei para a estrada já passava das 9 horas, uns 500 metros de onde acampei tinha uma choupana e nela um ciclista tinha acampado, passei por ele e continuei descendo a temida Estrada da Morte que eu não via nada de demais, quanto a perigo. A estrada é bonita, corta um paredão de montanha quase vertical e em alguns pontos o precipício passa dos 400 metros. Por ser cedo eu não passei por ninguém na estrada até chegar a cancela onde é feita a cobrança de 25 bolivianos, fica aproximadamente no km 25, para poder chegar até Coroico. Analisei comigo se compensava descer e resolvi que voltaria para não precisar pagar a passagem e também porque economizaria umas 2 horas de viagem. Na volta agora subindo pelo lado do morro fui parando para fazer umas filmagens das cachoeiras e ja desciam alguns grupos de ciclistas que insistiam em desrespeitar a mão inglesa e algumas vezes quase bati em alguns deles. Chegando novamente na choupana, parei para tirar uma foto e o ciclista vendo que eu vinha do Brasil veio conversar comigo, era um mineiro estudante de engenharia civil que tinha largado os estudo e saiu andando pelo Brasil, tinha percorrido MG, RJ, SP e MS. Quando entrou na Bolívia comprou uma bicicleta e já tinha ido até o Peru na companhia de um cachorrinho que ele acho perto da divisa do Brasil com a Bolívia. Era uma bike simples e ele ficava em uma barraca para 4 pessoas, era a terceira vez que estava andando pela estrada da morte. Ele é mais um daqueles que se revoltaram com o sistema e se jogaram no mundo, tem delírios sobre um mundo sem dinheiro e sobre viver apenas do que a terra dá, mas ainda gasta o dinheiro que a família manda do Brasil.

 

Abaixo uma sequência de fotos das estrada da morte

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A Estrada da Morte não me impressionou em nada, nem em beleza nem em perigos, era só mais uma estrada de montanha sem asfalto. Voltei então para a rodovia, fui em direção a Coroico para ver um túnel 5 km a frente e depois voltei para seguir para La Paz. Na entrada de La Paz a estrada vira uma viela em meio a construções que no Brasil seriam favelas e vai descendo, quando cheguei no "fundo do poço" o centro de La Paz eu perguntei para um policial como fazia para ir em direção a Oruro e ele me apontou uma avenida próxima, segui sempre por ela. Esta avenida sobe o buraco e chega em El Alto e de lá vai direto para Oruro, uma estada muito boa e duplicada onde dava pra fazer render, pois era uma reta só. Parei em uma daquelas barraquinhas de beira de estrada e comprei um saco de pipoca que na verdade é um macarrão frito e parece pipoca e umas frutas para a noite e café da manhã. Segui até Caracollo onde peguei a I4 que me levaria até o Brasil. Esta rodovia esta sendo duplicada e em vários trecho há desvios, segui até antes de subir a cordilheira e em um pequena vila parei para abastecer, já estava na reserva daquela gasolina que eu trazia do Peru, após abastecer o frentista me cobrou o valor bomba, dava 39 bolivianos, dei 50 e mandei ficar com o troco, ele perguntou porque estava dando, ai falei pra ele que em outros locais era cobrado 3 vezes o valor da bomba para estrangeiros e ele não sabia disso. Ele ficou muito contente com a gorjeta.

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De volta a estrada passei por um campanário não terminado de uma igreja do ano de 1600 em uma vila a 4.000 metros de altitude, depois dessa vila ainda subi mais na cordilheira e o frio do fim de tarde na cordilheira já começava a castigar, vi que não conseguiria descer a montanha antes de anoitecer e mesmo estando a 4.300 metros resolvi acampar lá na altitude pela última vez na viagem. Acampei ao lado da rodovia, atrás de uma área onde era depositadas pedras que seriam utilizadas na duplicação.

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Quilometragem do dia: 380 km

Quilometragem acumulada: 12.760 km

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  • 8 meses depois...
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Cara, simplesmente espetacular os seus relatos. Juro que tinha horas que eu saia do ar e ficava imaginando como foram os seus dias, o que tu sentia, a liberdade de estar de moto, a neve caindo e você cortando ela.

Bom, parabéns e espero que você nos presentei com o restante da sua viagem.

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