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Saudações, povo da mochila.

 

O relato que segue refere-se à uma viagem realizada há um ano atrás (ontem exatos 365 dias que finalizei o Circuito O!). Devido à correria da vida e uma promessa de que parte dele sairia em uma revista de escalada e montanhismo, acabei não publicando antes. Apesar de possíveis mudanças nos preços e regras de visitação, possui uma série de informações relevantes em um texto que lembra um diário sobre essa viagem de 26 dias (de 25/12/2015 a 18/01/2016) passando por Ushuaia, Punta Arenas, Puerto Natales, El Chaltén, El Calafate e ainda uma curta passagem por Buenos Aires. Foram mais de 200 km de trilhas percorridas, sendo o objetivo principal da viagem o circuito O em Torres del Paine. Para ajudar na coleta de informações pelo amigo leitor, aquelas que considero chave ou relevantes estão em negrito.

 

O relato está dividido em quatro partes: I- Informações Gerais; II- Ushuaia a Puerto Natales; III- Torres del Paine - Circuito O; IV- El Calafate, El Chaltén e Buenos Aires. Caso deseje informações mais objetivas ou não deseje ler a totalidade das palavras e devaneios deste que vos escreve, sugiro ler somente a Parte I e esta planilha resumo, além da Seção “Dicas”, da Parte III.

 

PARTE I - INFORMAÇÕES GERAIS

Lembro de quando ouvi sobre e vi imagens da Terra do Fogo pela primeira vez em uma reportagem do Globo Repórter. Tinha uns 12 ou 13 anos e o nome Terra do Fogo me pareceu misterioso, místico, atiçando minha curiosidade. Depois de muito tempo habitando minha mente, a viagem começou a tomar forma. Inicialmente programada para acontecer no final de 2014, uma mudança de emprego e de cidade resultou no adiamento por um ano, mas todo o roteiro já estava traçado, sendo necessário apenas atualizar o orçamento e buscar algumas informações adicionais. A essa empreitada, juntaram-se dois amigos do grupo Trekking Brasília: Luzardo Alves e João Paulo Marques

 

Passagens

Como minha família passaria o Natal em Campinas, acabei comprando diferentes trechos de voo: Brasília-São Paulo (ida e volta, Gol), São Paulo-Buenos Aires (ida e volta, TAM), Buenos Aires-Ushuaia (ida, Aerolíneas Argentinas) e El Calafate-Buenos Aires (ida). Os trechos São Paulo-Buenos Aires e El Calafate-Buenos Aires foram adquiridos por pontos, sendo o primeiro um generoso e bem-vindo presente de meu pai que estava com vários pontos acumulados e nenhuma perspectiva de usá-los no curto prazo. O trecho Buenos Aires-Ushuaia custou R$ 850,00.

 

Dinheiro/Câmbio

Optei por levar dólares, alguns reais e cartão de crédito. Quando comprei as passagens, o dólar estava na casa dos R$ 3,40 e para meu desespero começou a disparar. Atento às projeções pessimistas, e que se concretizaram, fiz questão de comprar dólares assim que possível e consegui comprar a R$ 3,80. Embora muitos recomendem realizar câmbio em Buenos Aires, essa não era uma opção viável dentro de nosso itinerário. Graças às decisões do Macri de acabar com o controle cambial, a cotação oficial do dólar estava US$ 1,00 = AR$ 13,00, nenhuma discrepância significativa da paralela. No dia 25/12 o real estava bem valorizado ante ao peso (R$ 1,00 = AR$ 4,50). Se fosse possível prever, teria levado reais e ficaria uma manhã apenas para cambiar. Nos dias seguintes, entretanto, o real começou a cair. Na região patagônica, levar dólares ou reais seria equivalente pois o câmbio era R$ 1,00 = AR$ 3,50 e US$1,00 = 12,50 a 13,50. No Chile o câmbio estava em média R$ 1,00 = CH$ 180 e US$ 1,00 = CH$ 650 a 700.

 

Mochila

Fui com minha Curtlo Mountaineer 60+15 velha de guerra. Excelente mochila. Para uma viagem como essa e para realizar o circuito O de forma autônoma recomendo no mínimo uma mochila de 60 Litros. Como fui com câmera DSLR, duas objetivas e tripé, os 15 Litros a mais foram muito úteis. Nessa viagem apliquei uma dica que li no livro Manual de Trekking e Aventura, do Guilherme Cavallari para proteger a mochila no avião: colocá-la em um saco. Eu usei um saco plástico grosso, mas pode usar um saco de fertilizante ou de batata. São leves e você pode guardá-lo dobrado na mochila. Como algumas companhias aéreas ou não fornecem mais sacos plásticos para embalar a mochila ou fornecem sacos de litragem pequena, recomendo fortemente para proteger tanto a mochila quanto a capa de chuva.

 

Transporte Terrestre

Entre as cidades, viajamos por empresas de transporte, mas é completamente possível fazer essa viagem de carona. Conheci várias pessoas que estavam viajando dessa forma e constantemente revia na próxima cidade alguns cidadãos que vi à beira da estrada. Se o amigo leitor dispuser de tempo e vontade, acredito que valha muito a pena não apenas pela economia, mas pela própria experiência em si

 

Disponibilizo aqui link para planilha com o roteiro executado, preços, itens levados. Se tivesse mais alguns dias teria ido a Los Antiguos e a Chile Chico.

 

PARTE II - USHUAIA A PUERTO NATALES

O voo para Buenos Aires partiu de São Paulo. Antes do embarque aproveitei para passar no posto médico do aeroporto para ter um parecer sobre um calombo que surgiu na minha coxa esquerda, mas que era apenas uma inflamação dos folículos pilosos, exigindo apenas uso de um antiinflamatório (Profenid 100mg ). Esta é a segunda vez que faço uso dos serviços médicos dos postos dos aeroportos e deixo a dica ao amigo leitor. O atendimento é bom e gratuito.

 

Na sala de embarque encontrei o Luzardo. Partimos de São Paulo no dia 25/12, às 18:30, com uma hora de atraso e chegamos às 20:10 em Buenos Aires, onde encontramos o João. Aproveitamos para fazer câmbio de US$ 100,00 no aeroporto. Luzardo e João pegaram um táxi para dar uma volta em Puerto Madero e eu fiquei no aeroporto. Comi um lanche extremamente caro no piso superior, AR$ 126,00 por uma baguete e uma sprite, e depois fui descansar. Às 4:00 fizemos o despacho das malas e às 5:35 o avião decolou.

 

USHUAIA

26/12. Cheguei em Ushuaia às 9:10. João e Luzardo chegaram cerca de 20 minutos depois. Pegamos as malas, um mapa no balcão de informações e, após apreciar por uns minutos a bela cadeia de montanhas que guarda a cidade, tomamos um táxi para nos levar até o Hostel Antarctica ao custo de $115. Recomendo fortemente o Hostel Antarctica. Ambiente legal, equipe atenciosa e acolhedora, boa estrutura e café da manhã reforçado. Destaque para o fato de que o hostel fornece ovos e o hóspede prepara à sua maneira. A diária estava $260 e o público é variado, viajantes solitários, casais jovens e idosos, famílias, uma das quais me permitiu praticar o alemão durante uma boa conversa.

 

Para esse dia não havíamos planejado nada. Por sugestão do recepcionista do Hostel, acabamos comprando o passeio para a Laguna Esmeralda por volta das 11h, ao custo de $250, ida e volta. Recomendo. É uma trilha leve e o lugar é realmente belo. Quando retornamos ao estacionamento, havia ainda 1h até nosso transfer chegar. Para nossa surpresa, uma senhora que realiza transfers por outra empresa nos viu e ofereceu transporte, de graça e ligou para a outra empresa, e ainda ganhamos croissant e café. De volta à cidade aproveitamos para fazer compras no mercado e garantir nossa janta e almoço para os próximos dias, por preço bem mais em conta que os dos restaurantes.

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27/12. Domingo. Grande parte das lojas e mercados fechados, o que impediu-nos de comprar a passagem para Punta Arenas. Cedo pela manhã fui efetuar o pagamento do passeio do Beagle Channel (Islas de los Pájaros, Lobos, Farol e descida na Isla Carello) o qual reservei antecipadamente por email com a Canoero (http://www.catamaranescanoero.com.ar/principal.htm) para as 15:30 daquele dia. Aproveitei para pedir desconto, visto que seriam 3 pessoas e consegui baixar de $750 para $700. $50, não muito no total mas já ajudava em alguma coisa. Dei uma caminhada na cidade ainda adormecida e voltei ao Hostel para encontrar os piás e ir ao Presídio.

 

Presídio. O ingresso custou $150. Já há bastante informação disponível sobre o Museu, me limitarei a dizer que eu gostei e acho um passeio bem válido para se conhecer a história de Ushuaia e da navegação. Detalhe para os mapas e cartas náuticas antigas e a seção dedicada aos Yamanas, povo original da região, já extinto.

 

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Beagle Channel. Escolhi o horário da 15:30 por conta da luz começar a perder intensidade nesse horário e não estourar as fotos. No fim, com o tempo nublado ficou ainda melhor. Enquanto esperávamos a partida, Luzardo resolveu brincar que seria fácil fazer novos amigos brasileiros. Ao falar alto “Brasil? Alguém?”, atrás dele havia um brasileiro, Daniel, com o qual fizemos amizade e trocamos ideias sobre os planos de viagem. Ele estava viajando solo, de moto, e iria também para Torres del Paine. Acabou que combinamos dele nos informar por email se as lojas de aluguel de equipamento estariam abertas no dia 01 de janeiro e o preço dos equipamentos. O passeio do Beagle Channel também é bem conhecido e há muita informação disponível a respeito. É um passeio bem tranquilo, padrão, mas vale a pena. O lugar é realmente bonito e instiga a imaginação. O tempo estava fechado e o vento frio. A descida na Isla Carello é interessante para se conhecer o ecossistema e imaginar como os nativos sobreviviam na região. Voltamos à Ushuaia depois das 18 horas.

 

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28/12. Acordamos cedo para garantir as passagens para Punta Arenas. Pensamos em adiantar 1 dia e sair de Ushuaia em 29/12, para chegar em Puerto Natales no dia 31. Depois de rodar todas as agências de viagem (não existe uma rodoviária com balcões das empresas), tivemos que voltar ao planejamento original e compramos para o dia 30/12. Minha recomendação ao amigo leitor é que compre as passagens para Punta Arenas assim que chegar em Ushuaia, se seu planejamento não for flexível.

 

Cerro Martial. Como perdemos a manhã, resolvemos deixar o Parque Nacional para o dia seguinte e fomos ao Cerro Martial. Nos juntamos a outra brasileira, Clara, e pegamos um táxi até a entrada ($135). A vista é bacana e o lugar vale uma visita se você tiver tempo, mas não consideraria um must-see. Pegamos um táxi por $120 até o centro de Ushuaia. Sinceramente, acho que teria valido mais a pena dedicar esse dia ao Parque Nacional, pernoitando lá e subindo o Cerro Guanaco, pois achei um dia pouco para o Parque.

 

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29/12. Parque Nacional Tierra del Fuego. Tiramos o dia para o Parque. Saímos no ônibus das 10 e pouco, mas recomendo sair no primeiro transfer. O custo foi $370 ($270 transfer + $100 tarifa Mercosul). Fomos até o Correio del Fin del Mundo, para em troca de alguns dólares - 2 ou 5, não lembro ao certo - obter o carimbo no passaporte. Lá vimos a lancha sendo carregada com cartas e postais e deixando a margem do lago. Fizemos a Senda Costera, que margeia a Bahia Lapataia. Entretanto não fomos até Puerto Arias, indo somente até a Laguna Negra e retornando no penúltimo ônibus.

 

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PUNTA ARENAS

30/12. Ushuaia-Punta Arenas. Saímos cedo para pegar o ônibus para Punta Arenas. Os ônibus saem de um pátio na Av. Maipú, entre as ruas 25 de Mayo e Fadul. Nosso ônibus saiu às 5:30. Viagem longa mas com belas paisagens, clipes de músicas românticas e de sofrência que fariam Pablo sentir inveja, e passagens de fronteira com guardas mais preocupados com seu Whatasapp do que com as imagens do Raio X. Chegamos em Punta Arenas perto das 18h e fomos providenciar Câmbio. Há duas casas de câmbio próximas ao ponto de parada do ônibus. Na verdade, ficam na mesma quadra/rua (Colón) da oficina da Bus Sur. Câmbio feito, fomos providenciar a passagem para Puerto Natales na Bus Sur, ao custo de $6.000. Ao lado do balcão da BusSur há um balcão de empresa de turismo. Nosso plano era fazer a Pinguinera clássica (ilhas Marta e Magdalena), entretanto o atendente nos ofereceu o passeio do Pinguim Rei, dizendo que era mais completo, sendo possível avistar lobos marinhos e baleias. Enquanto a Pinguinera custava $35.000, o passeio do Pinguim Rei custava $60.000 ($12.000 são pagos na entrada da reserva). Com certa relutância mas confiando no vendedor, acabamos comprando o passeio do Pingüim Rei, que na verdade, se mostrou não um passeio mais completo, mas um completamente diferente da Pinguinera e da propaganda feita. Explicarei nos próximos parágrafos.

 

Saímos da BusSur e fomos em direção ao hostel que havíamos reservado, o Samarce House. Depois de andarmos alguns bons minutos e não encontrarmos, resolvemos pedir ajuda em uma lavanderia. A dona da lavanderia foi bastante solícita, tentando inclusive ligar para o hostel, sem sucesso. Ao ver a foto da fachada do Hostel, ela percebeu que se tratava de uma casa ali perto e descobrimos que o endereço na internet estava errado. O Hostel fica, na verdade, na Av. España, 940. Ao chegarmos achamos o local com cara de abandonado, uma perfeita casa para um filme de suspense ou terror, mas o lugar é aconchegante e limpo. O café da manhã é reforçado, servido, pelo menos num dos dias que lá ficamos, pelo próprio senhor Samarce, um sujeito simpático e conversador. A diária lá custou $11,000. Recomendo!

 

Deixamos as malas e pegamos um táxi ($2000) até a zona franca, pois pensávamos em comprar alguma coisa, mas só compramos o gás para Torres del Paine. Confesso que esperava maior variedade de marcas e produtos, mas algumas coisas realmente valem a pena lá, como por exemplo, as barracas Doitê. Aproveitamos e fomos ao mercado ao lado comprar a janta e suprimentos para Torres del Paine, e saímos de lá no fim do expediente. A essa hora há poucos táxis e poucos ônibus. Felizmente demos sorte de encontrar um taxista ainda no estacionamento e voltamos até o centro da cidade ($2350). De lá seguimos a pé até o Hostel e por lá ficamos.

 

31/12.

Eram por volta das 7:30 quando o ônibus que nos levaria à pinguinera chegou. Fomos muito bem recepcionados pelo motorista e dono da agência, um sujeito bonachão, simpático e divertido, e o guia. Passamos buscar os demais participantes e aí seguimos. Como mencionei acima, este é um passeio completamente diferente do oferecido pelo vendedor, e completamente diferente da Pinguinera das ilhas Marta e Magdalena. O passeio foca em dois temas: a história do povo Selknam, um dos povos originais da ilha e exterminado pelos colonos, e no Pinguim Rei. É de fato interessante, mas passa-se muito mais tempo na van do que qualquer outra coisa. Cruza-se novamente o Estreito de Magalhães e retorna-se à Isla Grande de Tierra del Fuego, em direção ao município de Porvenir, onde há um pequeno mas interessante museu. Lá o guia contou sobre a história da região, realmente interessante, mas pesada e sanguinária e não consta nas páginas oficiais do Chile. O povo Selknam foi exterminado com direito à caçada e troca de orelhas, cabeças e seios por dinheiro, tendo a última representante falecido nos anos 60 ou 70. De lá segue-se para a Reserva do Pingüim-rei, com uma parada em uma panificadora, onde comprei uma deliciosa empanada por $1000. A partir daí é estrada e mais estrada, até chegar na reserva, que é privada. O pinguim-rei (Aptenodytes patagonicus) está voltando a colonizar a região da Bahia Inútil após ter sumido devido à caça e captura. Os bichos são realmente belos, sendo a segunda maior espécie de pinguins, atrás apenas do pinguim-imperador, (aquele do filme Happy Feet). Ao contrário da pinguinera clássica, aqui há cercas que delimitam a área onde o turista pode ficar, sendo impossível o contato direto com os animais, o que é positivo para não prejudicar a recolonização e não influenciar o comportamento ou saúde dos animais De lá, retorna-se para Punta Arenas, cruzando novamente o Estreito, o que dessa vez foi recompensador pelos vários golfinhos-de-commerson (Cephalorhynchus commersonii), com seus saltos e mergulhos sincronizados. Minha opinião sobre o passeio: É um passeio interessante, mas caro. Se o amigo leitor dispõe de tempo e dinheiro, ou quer muito ver essa espécie, que vá, pois é uma oportunidade única de vê-la. Caso tenha apenas um dia, como nós, e seu objetivo é chegar mais perto dos animais e tirar selfies, o passeio das ilhas Marta e Magdalena valerá mais a pena, além de ser $25.000 mais barato, um dinheiro que faz falta numa viagem. (http://www.pinguinorey.com/index.php ; http://turismoselknam.cl/)

 

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Retornamos a Punta Arenas próximo das 20 horas. Depois de tomar banho e descansar um pouco, começamos a pensar no que faríamos na noite de Reveillion. Decidimos por jantar e depois ir para a festa de virada na avenida. Entretanto, não foi fácil encontrar restaurantes aberto e com mesas disponíveis, pois os poucos necessitavam ter feito reserva. Acabamos encontrando o Submarino Amarillo, na Colón, e por lá ficamos. O local é um bar e restaurante, e também hotel, com temática rock´n´roll clássica e recebe apresentação de bandas. Pedi um salmão com purê de batatas e uma coca-cola, ao custo de $11.700. Indico o lugar.

 

Saímos do bar rumo à concentração de pessoas. O clima no local estava agradável, bastante familiar. No microfone, o mestre de cerimônia animava o público, perguntando volte e meia quem iria “carretear hasta las 5 de la mañana”, ao que o povo respondia alegremente. Depois da contagem regressiva, dos fogos e da comemoração, uma banda local animou a festa, tocando inclusive IlarilariÊ. Para nossa surpresa e contrariando o discurso anterior, às 1h da manhã a música cessou, o mestre de cerimônia encerrou a festa e o povo foi para as suas casas. Voltamos ao hostel, arrumamos as mochilas e dormimos.

 

PUERTO NATALES

Partimos de Punta Arenas rumo a Puerto Natales no ônibus das 10 da manhã e chegamos por volta das 13:30. Assim que desembarcamos, fizemos o que todos devem fazer de imediato: providenciar o translado até o Parque Nacional. Apesar de termos planejado iniciar o circuito pela manhã do dia 02, decidimos pegar o ônibus das 14:30 para Torres del Paine, pois ainda precisávamos comprar mantimentos. Tomamos essa decisão tranquilamente pois durante a viagem de Ushuaia para Punta Arenas um holandês que havia feito o O confirmou que, mesmo indo ao parque no ônibus das 14:30, era totalmente possível completar o primeiro trecho ainda com luz. Conseguimos por $12000 negociando na Via Paine (O preço normal é $15000). Negociando desconto em outra empresa, me responderam sarcasticamente que se eu não quisesse comprar não teria problema, pois os ônibus sempre partem cheios, outros comprariam. . De lá caminhamos até nossa hospedagem, Hostal San Augustin, o qual não recomendo. A diária custa $13.500, com café da manhã fraco. O lugar não é ruim, é limpo, confortável, mas o tratamento é péssimo. Além disso, só faltava cobrar para respirar. Cobravam $500 ou $1000 pesos por dia, por mala no locker room. Existem opções melhores, como por exemplo, o Lili Patagonicos, no qual fizemos reserva para quando regressamos do Parque e o qual recomendo fortemente. O preço é $12.000 em quarto com 4 camas e banheiro, café da manhã bastante reforçado, wifi. Ótima estrutura e atendimento. Além disso, o locker room é gratuito e nos permitiram deixar o resto da bagagem lá enquanto percorriamos o Circuito O, obviamente com pagamento de 50% da diária. Lá eles também alugam e compram bons equipamentos para trekking por um bom preço.

 

Almoçamos no Restaurante Marítimo ($9.250 o prato principal mais bebida). Lá também é servido menú completo por $4.000. Recomendo, assim como recomendo outro restaurante, o Carlitos, que serve um Menu mais saboroso e reforçado por cerca de $5.000 se não estou enganado.

 

Depois do almoço no dia 01, fomos até a Kallpamayu, loja na qual reservamos por email a barraca que levaríamos para Paine. A loja é boa e foi uma das que me passou mais confiança. Pegamos uma Doité Aconcágua para 3 pessoas, por $ 6.500,00 o dia (depois de negociar). A barraca era grande o suficiente para nós três e seria uma boa casa para os próximos 7 dias, além de que dividiríamos o peso.

 

No dia 02 pela manhã aproveitamos para comprar o restante dos mantimentos e eu aproveitei para comprar um capacete de escalada também na Kalpamayu, pois o preço estava compensando. Para quem está procurando equipamentos, os preços são bem convidativos. Almoçamos no Carlitos e às 14:30 partimos para o Parque.

 

CONTINUA...

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PARTE III - TORRES DEL PAINE - CIRCUITO O

Caminhar mais de 120 km não é uma decisão lógica. A ideia de percorrer a pé uma distância pouco menor que a de de São Paulo até Taubaté ou do Rio de Janeiro até Volta Redonda, traz vários “mas” e “ e se” para se pensar. De qualquer forma, decidindo racional ou irracionalmente, o Circuito O foi o Clímax do mochilão e a maior trilha que percorri de forma autônoma até então.

 

Na tarde do dia 02 pegamos o ônibus na rodoviária de Puerto Natales e seguimos por 2h30min até o Parque. Conforme nos aproximávamos do Parque, a força dos ventos que lá sopram tornava-se perceptível na sua ação na vegetação, nas nuvens de poeira que se moviam rapidamente na paisagem e também no chacoalhar do ônibus em determinados momentos. Chegando na Portaria da Laguna Amarga, demos entrada no parque, pagamos os $18.000, assistimos o vídeo instrutivo e fomos reservar nossa vaga para os campings Italiano e Torres. Essa reserva pode ser feita no escritório do CONAF, em Puerto Natales, mas quando fomos, este estava fechado. Nossa sorte foi que a reserva era para dali a 5 e 6 dias, caso contrário, não seria possível reservar por causa da alta procura. Cantis carregados, mochilas nas costas, uma foto para registrar o dia e iniciamos nossa marcha.

 

1º Dia: Laguna Amarga-Serón (16 km)

Se me pedissem para escolher uma palavra para descrever o primeiro trecho, seria vento. Muito vento. Durante a primeira parte do trajeto, um vento constante soprava das Torres, muito forte a ponto de me desequilibrar diversas vezes. Graças aos bastões de caminhada evitei diversas quedas, mas era impossível manter uma linha reta na caminhada. Felizmente, cerca de uma hora depois, o vento diminuiu. A medida que caminhávamos, a grandiosidade dos cursos d´água e a beleza da vegetação iam aumentando. Quando contemplei o Rio Paine, me detive durante alguns minutos para que meus olhos captassem e minha mente gravasse aquela visão majestosa. Mal sabia eu que aquela era apenas a primeira de várias epifanias que viveria ao longo da caminhada. Continuamos a caminhada, passando pelos campos cobertos de flores capitulares brancas, à semelhança de margaridas, que de tão numerosas, davam a aparência de os campos estarem cobertos de neve.

 

A luz começava a perder intensidade, e ainda não havíamos alcançado o acampamento. Fomos ludibriados diversas vezes ao pensar que ele estaria na mancha de vegetação em frente, e chegamos a nos questionar se ele não teria passado desapercebido. Num de nossos curtos momentos de descanso e indagação, Pablo, um italiano nos seus 24 anos de idade nos alcançou. Conversávamos a base de portunhol e italiano, até que foi possível uma comunicação decente. Resolvemos seguir juntos. Pouco tempo depois alcançamos o acampamento Serón. Eram quase 22h e começaram os primeiros indícios do anoitecer. Sentamos, esticamos as pernas por um momento e em seguida montamos nossa barraca. Para a janta, um belo macarrão com atum sem molho, e chá mate para acompanhar. Estranhamente nosso fogareiro não pegou – antes que comecem as críticas, testamos o fogareiro no dia anterior a trilha - e tivemos que emprestar de um grupo composto por dois italianos e uma coreana chilena, com os quais fizemos amizade. O período entre me deitar e o amanhecer foi um coma de algumas horas devido ao cansaço.

 

2º Dia: Serón-Disckson (18 km)

Pela manhã do dia 3, saboreamos uma deliciosa granola com leite em pó, acompanhada de chá e café, cardápio que nos acompanharia durante todo o circuito. Felizmente nosso fogareiro voltou a funcionar. Levantamos acampamento e prosseguimos em nossa caminhada. A caminhada do segundo dia é longa e cansativa, em ascensão por cerca de 9 km. A subida é gradual nos primeiros quilômetros, aumentando o desnível cerca de 4,5 km depois do Camping Serón. A caminhada, no entanto, é recompensadora, brindando os olhos do andarilho com belas paisagens desde o início, em especial após a conquista do Paso del Viento, cuja recompensa é a visão do Lago Paine, guardado por uma impressionante cadeia de montanhas ao fundo.

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De lá, continua-se em descida, numa caminhada mais leve, mas não menos cansativa e não poucos sobe e desce, cercada por lagos, descampados, manchas de floresta andina, picos nevados e vislumbres de glaciares. Após 8h horas de caminhada e já no entardecer, a visão do Camping Dickson além de reconfortante, é fabulosa, evocando um bucolismo perdido que mesmo o mais exigente dos viajantes aceitaria passar uma noite lá. Após um momento de descanso, preparamos o acampamento, tomamos banho (gelado, diga-se de passagem) e preparamos um risoto pronto, sem adicionarmos qualquer tempero, visto que não fizemos questão de trazer nenhum tipo, decisão esta que foi lamentada amargamente nos dias seguintes! Aqui me chamou a atenção uma dupla de senhores norte americanos, aparentemente entre 55 e 65 anos. Mais tarde descobri que eles também estavam percorrendo o Circuito O de forma autônoma, o que me gerou o desejo de amadurecer com energia semelhante. Após a janta fui apreciar as belas paisagens, que com o anoitecer ganhavam uma beleza a mais. No lago havia um grande bloco de gelo, desprendido do Glaciar Dickson e que se deslocava lentamente e partia-se, como num processo estrondoso de reprodução. Retornei ao acampamento e o céu escurecia aos poucos. Aproveitei para fazer algumas fotos e apreciar a noite-que-não-é-noite por alguns minutos, contemplando os feixes de luz alaranjados que sobreviviam atrás dos cumes, persistentes como a criança teimosa que não quer dormir. Essa teimosia, porém, não tomou conta de mim e pouco tempo depois adormeci.

 

3º Dia: Dickson-Los Perros (11 km)

Se antes de iniciarmos o Circuito pensávamos em ir direto do Serón ao Los Perros, ou direto do Dickson ao Paso, no 3º dia essa já não era considerada uma opção sã, tanto pelo fato de desejarmos apreciar a paisagem quanto pelo fato de ser fisicamente muito exigente. Tomamos nosso café da manhã, desmontamos acampamento e seguimos rumo ao Camping Los Perros. Este dia é de ascensão, saindo-se de 210 m rumo a 570 m de altitude, e novamente de belas paisagens, percorrendo-se o vale por onde corre o Rio Los Perros e com a floresta andina marcando presença. Sim, é fato que nossos bosques tupiniquins tem mais vida, mas a monotonia e o silêncio das matas patagônicas tem um charme e um mistério tão fascinantes quanto. Um dos momentos mais gratificantes deste dia é a visão limpa da Cordilheira Paine. Após esse momento, as paisagens não mudam muito e o entretenimento passa a ser ruminar pensamentos, procurar respostas e reencontrar lembranças, agradáveis e desagradáveis, que levam a tomar decisões. Entre um pensamento e outro, algumas interrupções para apreciar a beleza singela de uma flor ou a sutileza de movimento de uns poucos pássaros que decidem se exibir. A medida que nos aproximávamos do Glaciar Los Perros a subida ficava mais íngreme e o terreno mais pedregoso. No topo, a visão do glaciar e seu lago, não tão impressionante quanto o vale mais adiante. Mais alguns quilômetros e estávamos no Camping Los Perros, um perfeito cenário para um filme de terror com seu bosque uniforme, árvores esparsas e nenhum subosque. Ainda era cedo quando chegamos e, apesar do vento gelado, o sol brilhava forte, atraindo os caminhantes para uma área descampada coberta de grama, onde deitavam e eram absorvidos pelo cansaço. Com esse que vos escreve não foi diferente. Após esse lapso de tempo a opção era alimentar-se novamente de risoto – dessa vez, reforçado com atum - e depois dos cuidados necessários de limpeza e higiene, adormecer.

 

4º Dia: Los Perros-Grey e o famoso Paso John Gardner (14 km)

Quarto dia. Amanhecer de uma noite mais fria. As atividades já eram previsíveis: tomar café, escovar os dentes, desmontar acampamento. O tempo estava bom, a temperatura estava agradável e as expectativas altas, dado as inúmeras descrições do “trecho mais difícil de todo o circuito”, da impiedade e força dos “ventos cortantes”, combinadas com os elogios ao “visual mais impressionante”. Após o tradicional e importante momento de alongamento dos músculos, retomamos a caminhada por um caminho discreto entre as árvores, que dada a inclinação desde os primeiros metros, já fornecia uma prova dos quilômetros que viriam a seguir. O trecho segue em ascensão, sob as árvores na maior parte do tempo. Nesta primeira parte, havia vários pontos com lama densa, um belo convite para encardir as botas, e passamos por apenas uma pequena mancha de neve, de alguns poucos metros quadrados.

 

Durante alguns minutos, dois pássaros iam a frente, a poucos metros de mim, com curtos voos em diagonal de uma árvore ao lado direto da trilha para outra do lado esquerdo. Um gracioso zigue-zague, como se fossem dois anjos guiando-me ao paraíso. Os anjos acabaram indo embora, cabendo a nós terminar a subida. Chegando ao fim dela, sentimos a força do vento assim que deixamos a proteção das árvores e resolvemos fazer uma pausa. Poucos minutos depois, a dupla de senhores norte-americanos nos alcança, decidindo também parar e recuperar o fôlego, de forma que apenas trocamos poucas palavras. Fôlego recuperado, seguimos, ora à frente, ora atrás, ora ao lado da dupla, percorrendo a segunda parte do trajeto em um terreno pedregoso e bastante exposto ao vento intermitente. Seguindo a sinalização dos canos laranjas, prosseguimos, numa subida menos íngreme, cortada por alguns córregos com água límpida que era coletada com as canecas que ficavam sempre à mão. Meus músculos estavam aquecidos e minhas pernas me levaram num ritmo forte e fui seguindo mais à frente do grupo, mas olhando repetidamente para trás, apreciando a paisagem que se descortinava e ficaria lá.

 

Prossegui, até chegar ao ponto em que a inclinação aumentava drasticamente. Fiz uma longa pausa, respirei e aguardei os meus colegas de caminhada ficarem ao alcance da vista. Então iniciei a subida num passo mais lento. Cada ponto alto que alcançava revelava outro ponto ainda mais alto a ser alcançado, numa espécie de brincadeira de mau gosto da montanha, tal qual o garoto traquinas que aponta o laser na frente de um sapo, fazendo-o seguir o ponto de luz sem nunca capturá-lo. Até que, depois de uma dessas subidas um gélido e forte vento bateu em minha face e meus olhos vislumbraram o gigante de gelo que o soprava, o Glaciar Grey. O vento era forte, ruidoso, cortante, vindo de encontro a nós. Constatei que vestir a segunda pele e luvas foi uma sábia decisão, diminuindo a perda de calor e poupando energia. Uma pausa de alguns minutos para contemplação e fotos e seguimos, agora em descida, em direção ao gigante de gelo. Depois de descermos uns bons metros e estarmos mais protegidos do vento, paramos para repor as energias, com o tradicional pão com salame e geleia. O gigante de gelo nos acompanhava, à direita, e as árvores nos protegiam do seu sopro gelado. Cerca de uma ou uma hora e meia depois, chegamos ao Camping Paso.

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Mochila tirada das costas, esticar as pernas. A temperatura estava mais alta e a segunda pele não era mais necessária. Aproveitamos para fazer um chá mate para recobrar as forças e acabamos encontrando novamente o Pablo, nosso amigo italiano, o qual ficaria por lá neste dia. Nós, depois de terminado o chá e recobradas as forças, continuamos rumo ao Camping Grey. O caminho continuava sob a sombra da floresta andina, com poucas mudanças na paisagem, até o momento em que se começa a ver o Lago Grey. A medida que o lago se torna mais visível, o cenário fica mais impressionante e a grandiosidade da paisagem fica ainda mais evidente quando se observa os pequenos humanos remando em caiaques em direção ao glaciar. Chegamos ao Camping Grey perto das 20:30, cerca de 10h depois de deixarmos Los Perros e encontramos nossos outros amigos italianos, com os quais conversamos um pouco, inclusive sobre a incrível mudança de cenário, perceptível até para o mais desatento campista: como este é um dos pontos do Percurso W, a quantidade de visitantes é muito maior, assim como o número de barracas, o que dificultou encontrar um lugar para dormir. Na cozinha o espaço disponível era inversamente proporcional ao número de visitantes. Nesta noite a janta foi mais reforçada, com direito a sopa como entrada, seguida de risoto com atum como prato principal. Infelizmente tanto a cozinha quanto os banheiros fecham às 21:30, de forma que tivemos que escolher entre jantar com calma e não tomar banho ou jantar apressadamente e tomar banho. Acabamos escolhendo a primeira opção, mas dormimos satisfeitos.

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5º Dia: Grey-Italianos (17,5 km)

Nas horas iniciais da manhã as montanhas que cercam o Camping Grey ganham uma tonalidade bela. A grama e arbustos ainda apresentavam resquícios de orvalho e os músculos amanheceram mais enrijecidos que nos dias anteriores. Acordei cedo para tomar um banho. Segundo as informações coletadas na internet e disponíveis no local, o refúgio teria chuveiros com água quente, o que não correspondeu à realidade. Mas com o corpo relativamente acostumado às temperaturas mais baixas do local e ansiando por uma limpeza, a possibilidade de um banho, mesmo que frio, é algo a se agradecer.

 

Enquanto desmontávamos nosso acampamento, chamou-me a atenção uma família germânica com uma composição um pouco inesperada para o local em questão (ou não tão comum de ser ver nas terras de cá): Pai, mãe, uma filha aparentemente entre 12 e 14 anos, e uma bebezinha de não mais de dois anos de idade. Se precorriam o O ou W, não posso afirmar, mas definitivamente me convenci de que há muita ideia pré concebida sobre ter filhos, viagens e trekking e fiquei imaginando como seria se todas as crianças e adolescentes pudessem ter contato com atividades outdoor desde pequenos. Talvez teríamos cidadãos que valorizassem o igualmente o natural e o tecnológico, que soubessem ver o mundo de outra forma que não a mostrada em televisores e computadores e que percebessem que é possível sobreviver e se relacionar sem muitos luxos. Thoreau já dizia que a maioria dos luxos e ditos confortos da vida, são não somente dispensáveis, como constituem obstáculos para a elevação da humanidade. Claro que esta é uma frase para ser usada com moderação.

 

Depois dos devaneios filosóficos e da família germânica partir, com a mãe carregando a bebê em uma mochila-cadeirinha e o pai e a filha mais velha levando o restante dos suprimentos e equipamentos, fechamos nossas mochilas e continuamos a caminhada. Pularíamos o camping Paine Grande e seguiríamos para o Italianos. O tempo estava bom e o sol brilhava forte sobre nós. Poucos metros após deixarmos os limites do Camping Grey, fomos surpreendidos e agraciados com o aparecimento de um Zorro (Lycalopex culpaeus) na trilha, vindo em sentido contrário. Animal e humanos, parados, menos de 10 metros de distância, encarando-se por alguns segundos, até que o animal caminhou silenciosamente para fora da trilha, em direção às árvores alguns metros à nossa direita, permitindo algumas fotos até sumir na mata. Uma cena simples, mas para mim, magnífica. Continuamos caminhando.

 

A trilha durante este trecho é mais aberta, cortando uma vegetação mais esparsa e acompanhando o lago Grey. A grandiosidade do glaciar continua imperando na paisagem e a quantidade de caminhantes nos dois sentidos assusta em um primeiro momento, pois na parte mais remota do circuito O chegamos a ficar horas sem ver outras pessoas. Mas como se diz, o ser humano é adaptável. No caminho entre os Camping Grey e Paine Grande, uma das passagens míticas é a enorme ponte pênsil sobre um alto despenhadeiro. De um lado, a cordilheira Paine, de onde corre uma cascata nascida do gelo. Do outro lado, o fim do Glaciar Grey, e abaixo, queda livre. Outro ponto que vale a pena mencionar é uma elevação localizada após o Mirador (considerando o sentido Grey-Paine Grande), que é possível atingir através de uma leve escalaminhada e de onde se tem uma vista impressionante.

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O céu estava particularmente interessante durante todo o trecho até o Paine Grande. As nuvens pareciam formar padrões e sequências, as quais tentei capturar através de minha câmera. No Camping Paine Grande, o qual atingimos cerca de 2h45min depois de deixarmos o Grey, a arte no céu era semelhante, recebendo, contudo, um toque de mestre com a adição das cores do Lago Pehoe na parte inferior do quadro. Chegando ao Paine Grande senti uma ponta de arrependimento de não pernoitar ali. Não pelo cansaço, mas pela singularidade do lugar, combinando campos, lago de água azul turquesa e a montanha Paine Grande tão próxima.

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Como havíamos feito reserva para o Italianos e seria impossível alterá-la e estávamos economizando pesos, não haveria outra opção senão seguir para lá. Enquanto ruminava meu leve descontentamento, ouvimos dois rapazes falando em português e puxamos conversa enquanto consumíamos nosso almoço. Eram dois mineiros que acabavam de completar o W, em três dias e estavam exaustos. Pouco depois, surge um casal de gaúchos com os quais cruzamos algumas horas antes e que também finalizaram o W. Almoço encerrado, pernas descansadas e conversa encerrada, seguimos rumo ao Italianos. Nos primeiros quilômetros, cruzamos com um casal de idosos, possivelmente acima de 70 anos, que caminhavam na mesma direção que nós. Seguiam acompanhados de um outro casal mais jovem, possivelmente filho e nora ou filha e genro, e possivelmente pernoitando nos refúgios, visto que não levavam cargueira. Mais algumas centenas de metros percorridas, paradas para passagem de caminhantes no sentido contrário e chegamos nas proximidades do Lago Sköttsberg, quase lançados ao chão por rajadas de vento repentinas que cessaram minutos depois. Nos quilômetros seguintes a esse trecho o número de caminhantes que encontrávamos foi diminuindo, assim como o nosso ritmo. Já era o quinto dia e corpo começava a dar sinais de cansaço. Os 7,5 km do Paine Grande até o Italianos já não eram “apenas” 7,5 km. Convém destacar que, contrariando o que os dois mineiros citados anteriormente nos disseram, este trecho não apresenta tantos pontos de água limpa até a metade do trecho, a partir de onde a situação melhora. Apresenta vários pontos de água, mas a maioria com muitas partículas e matéria orgânica.

Após o Lago Sköttsberg a trilha segue pela floresta andina na maior parte do tempo, e é possível avistar algumas cachoeiras. Chegamos ao Italianos por volta das 18h, cruzando o Rio Francês, com suas águas rápidas e violentas, por uma ponte pênsil. Preenchemos o livro de registro, montamos a barraca e fomos à área de cozinha, juntando-nos aos demais caminhantes, cujos rostos expressavam sentimentos compartilhados por todos ali: satisfação e fadiga. Reencontramos nossos amigos italianos e compartilhamos um pouco mais de tempo e histórias. Terminada a janta meus dois colegas se puseram a descansar e eu fui apreciar o pôr do sol das 22h e bater algumas fotos. A temperatura caiu um pouco mais, o corpo precisava relaxar e convenci-me a deitar. Já havíamos conquistado cerca de 76,5km do circuito e o outro dia seria o mais intenso de todos, pois faria o ataque ao Mirador Britânico e prosseguiríamos rumo ao Camping Torres, ou seja: 31 km em um único dia.

 

6º Dia: Italianos-Valle del Frances-Torres (31 km)

Planejei acordar às 4h para tomar um café e seguir rumo ao Mirador Britânico. Nenhum dos companheiros de caminhada estava muito animado em ir junto, dado o cansaço. Meu despertador soou, e quando coloquei a cabeça para fora da barraca, havia um escuridão densa, acompanhada do som de fortes ventos. Decidi voltar a dormir e iniciar a caminhada uma hora depois. Assim que despertei novamente, me arrumei, peguei uma barra de chocolate, bastões de caminhada, água, lanterna, câmera, kit de primeiros socorros e segui morro acima. O dia já estava clareando, não sendo necessário utilizar lanterna. Como normalmente evito trilhar sozinho em lugares desconhecidos, algumas indagações sobre a necessidade daquilo me vinham a mente. A vista lá de cima era a única razão da decisão.

 

A trilha se apresentava íngreme desde o início, e as pernas cansadas, embora sentissem a exigência física da inclinação, pareceram mover-se por vontade própria depois de um tempo. Possivelmente fui a primeira pessoa a percorrer o trecho naquele dia, minha única companhia eram meus pensamentos e o estrondo do deslocamento do gelo do Glaciar Francês, estrondos altos como de trovão. Acredito que cerca de 40 minutos depois alcancei o Mirador, onde parei por alguns minutos para contemplar a enorme paleta de corres do horizonte, a qual, imagino eu, nenhum grande mestre da pintura jamais possuiu igual. Prossegui, ainda sob às árvores mas por um relevo mais regular, permitindo um ritmo mais rápido de caminhada. Certo tempo depois, a floresta acabava e uma imensa clareira descortinava-se. Lá estava eu. Um pequeno e solitário intruso num imenso vale cercado por paredes de rocha sob um céu cinza. Um quadro de imponência, tão hostil quanto belo. Parei. Meus olhos marejavam. Após a emoção e recobrados os sentidos, comecei - como aspirante a escalador - a imaginar como seria escalar aquelas paredes, embora esta seja uma possibilidade ainda distante para mim. Detive-me por uns 15 minutos até retomar a caminhada. A trilha voltou a entrar na floresta e pouco tempo depois estava no Camping Britânico, onde uma única barraca laranja estava armada. Prossegui e pouco tempo depois estava no alto do Mirador Britânico. Uma leve garoa começava a cair e o céu ficava mais fechado. Permaneci alguns minutos no topo da pedra mais alta naquela área, contemplando e desfrutando da satisfação de ter feito o percurso em 1h50min mesmo com as pernas cansadas.

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Despedi-me do local e do horizonte e iniciei o retorno. Passei novamente pelo Camping Britânico e a barraca continuava lá, solitária, sem nenhum sinal de seus habitantes. Quando já tinha percorrido dois terços do trajeto de volta cruzei com as primeiras pessoas naquele dia. Cheguei ao acampamento 1h40min depois da descida. Meus colegas de caminhada tinham recém acordado. Tomamos café, desmontamos acampamento e iniciamos a marcha às 11h. As negras nuvens que vi no Mirador Britânico pareciam ter se dissipado e seguimos com tempo bom, apreciando a beleza do Lago Nordenskjöld à direira e a imponência do Monte Almirante Nieto à esquerda. Às 13 horas atingimos o Camping Los Cuernos onde fizemos uma pausa de menos de 1 hora para comer um macarrão instantâneo e descansar as pernas.

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Continuamos a marcha e caminhamos, caminhamos, caminhamos, na esperança de chegar até a famosa bifurcação do “atalho” ao Camping Chileno. Depois dela, percebemos que um atalho pode representar não necessariamente um caminho sem dificuldades, pois nesse caso, tratava-se de uma redução no tempo e exigência física. Redução, não eliminação. O caminho é sinuoso, com muitas variações no terreno. A partir do momento em que se avista o Refúgio Torres, prossegue-se apenas para cima, com ganho de 300m de altitude, e a partir de determinado ponto, vê-se os vários caminhantes indo e vindo de Las Torres e do Chileno. Atingimos a confluência do caminho ao Chileno e passamos a ser mais três caminhantes na multidão. Este trecho tem uma beleza singular, beirando o precipício por onde, centenas de metros abaixo, corre o Rio Ascencio. Era por volta de 19:30 quando chegamos ao Camping Chileno, agradecidos e cansados. O Camping Chileno é uma local onde, apesar de bucólico, no fundo de um vale e ao lado do rio, só a necessidade me faria pernoitar. Hordas de visitantes barulhentos e pouca área remota para acampar, de forma que não diferiria muito de acampar no quintal de sua casa. Felizmente ficamos lá por apenas 40 minutos. A luz já dava sinais de que, como todos os dias, voltaria a se recolher. Felizmente, ainda tínhamos tempo, confiando na informação do mapa de que em uma hora e meia chegaríamos ao nosso destino. Porém, confesso que não imaginava que o caminho já iniciaria com inclinação aguda. Três coisas nos motivavam: a falta de recursos para mais um pernoite em camping pago, a reserva efetuada para o Camping Torres e certeza de que valeria a pena pernoitar a uma hora de caminhada da base das Torres.

Já demonstrávamos irritação. O dia havia sido cansativo, as distâncias longas e a essa altura, pareciam ainda mais longas. Ao passo que encontrávamos poucos caminhantes retornando das Torres, não encontrávamos ninguém indo na mesma direção. Como a trilha segue por sob a floresta, tínhamos a impressão de estar muito mais escuro do que realmente estava, e, contra o meu desejo de respeitar as regras do parque, em minha mente já cogitava a possibilidade de acampar em algum lugar no meio do caminho caso não chegássemos até as 23 horas e rascunhava as desculpas caso fossemos abordados por um guarda-parque.

 

Felizmente, 1h30min depois de deixarmos o Chileno, vislumbrei pontos de luz em meio a uma mancha de floresta à frente e a placa apontando ao Camping Torres. Com pouco diálogo, apenas comemoramos e nos parabenizamos. Armamos a barraca no único lugar disponível, preparamos a janta e fomos dormir. Aqui cabe destacar a inusitada chegada de uma escocesa perto da meia noite, cujo sotaque impediu que eu e qualquer outra pessoa compreendesse a maioria de suas palavras. A mulher parecia querer entender como funcionava o camping. Como os guardas já haviam encerrado o expediente e ninguém podia compreendê-la, ela se limitou a tirar o saco de dormir e bivacar na porta da cabana dos guardas. O detalhe é que a temperatura estava baixa, e caiu muito mais à noite. Depois de presenciar esta cena, recolhi nosso equipamento de cozinha, e deixei tudo preparado para o dia seguinte, pois pretendia assistir ao nascer do sol nas Torres, saindo às 4:15. Era meia noite, estava exausto e só pude pensar em deitar.

 

7º Dia: Torres-Torres del Paine-Laguna Amarga (17 km)

Incômoda. Esse seria o adjetivo para qualificar a última noite em Torres del Paine. A temperatura estava mais baixa que as outras noites, o solo abaixo da barraca duro e irregular e os músculos pareciam não relaxar. Pouco mais de 4 horas depois de ter me deitado, o despertador toca e me ponho em pé, assim como outros campistas. Vagarosamente me arrumo, pego minha mochila, câmera e tripé e me junto à procissão na penumbra, salpicada por pontos brancos das lanternas dos peregrinos e sob a guarda de algumas centenas de estrelas que ousavam brilhar na noite que não é noite.

 

Meu ritmo estava lento devido ao cansaço das pernas, que não haviam descansado o suficiente para prover firmeza e velocidade nesse trecho de apenas uma hora segundo o mapa. Uma hora, mas em ascensão. Acabou se tornando uma hora e vinte minutos. Ao chegar na base das Torres me juntei aos vários outros peregrinos, todos ávidos por ver o espetáculo das torres avermelhadas ao nascer do sol. A temperatura ainda era baixa, os que não corriam de um lado para o outro em busca de um clique, encolhiam-se em busca de abrigo. Até mesmo a escocesa que bivacou ao lado da cabana dos guardas, que diga-se de passagem deve ter chegado bem cedo ao local, estava recolhida em seu saco de dormir.

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Me sentei e aguardei. À medida que os raios de sol surgiam no horizonte, a cor das Torres, do lago, enfim, todo o local ganhava novas cores, mais quentes e saturadas. As pontas tingiram-se de um alaranjado forte, contrastando com o cinza da base. Infelizmente as condições climáticas e astronômicas não possibilitaram o tingimento total das Torres, mas mesmo assim, fiquei satisfeito. Mais alguns minutos e o amarelo predominou no local e a temperatura aumentou, revigorando meu corpo cansado e arraigado às pedras, enquanto meus olhos fitavam cada detalhe do local para tentar gravá-lo por completo em minha memória. Um pouco mais tarde, João e Luzardo chegaram.

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Aproveitamos as Torres por mais alguns momentos e às 8h iniciamos a descida, chegando ao acampamento às 9h. Após o café da manhã e desmontar acampamento, assinamos o livro de registro, presenciamos o guarda-parque dando lição de moral em um turista israelense que queria deixar seu lixo no camping, e deixamos o local às 10h. No trajeto de volta, muita movimentação no sentido contrário, várias paradas para passagem dos séquitos de turistas montados em cavalos e a gravidade ajudando a ganhar velocidade na descida até o Refúgio Las Torres. Em determinado ponto do trajeto, uma mulher me para e pergunta se tenho água para ela e para suas filhas adolescentes. Digo que sim e pergunto se não traziam água, ao que ela responde que já tinham bebido toda água e esperavam encontrar pontos de água por todo o caminho. Ofereço mais água e sou obrigado a avisar que só visualizei um ponto de água, de potabilidade duvidosa, até o Chileno. Despedimo-nos e prossigo na descida. Por volta das 12:50 estávamos no Las Torres.

 

Segundo as informações, o ônibus para a Portaria Laguna Amarga sairia às 14h, e nosso ônibus para Puerto Natales sairia de lá Às 14:30. Diante disso, uma pergunta veio a minha mente: “Por que não chegar lá caminhando e completar todo o percurso só com as pernas? São só mais 7km” Embora o consenso geral seja de que chegando em Las Torres o percurso estaria finalizado, rendi-me a um excesso de purismo e literalidade, somado à vontade de realizar o feito - talvez até um pouco de vaidade - e às 13h parti. Diversas vezes olhei para trás para guardar a paisagem na memória até afastar-me por completo. Às 14:10 cheguei em Laguna Amarga e deparo-me com várias pessoas, inclusive meus companheiros de caminhada que optaram por ficar. Descuro então que João me seguiu no início, tentou me chamar mas eu estava disparando. Pegou uma carona com algum carro. Luzardo, que ficara a esperar o ônibus, contou que um ônibus saiu às 13:30, um dos três que passaram por mim na estrada. Alguns minutos mais tarde, ônibus para Puerto Natales chegou e às 14:30 partimos. Era o fim. Quilômetros de trilhas e espetacular beleza ficavam para trás sob a guarda das Torres, eternas e inabaláveis, tal qual as lembranças dessa peregrinação.

 

Retornando a Puerto Natales providenciamos a passagem para El Calafate, só conseguindo para o ônibus das 14:30. De lá fomos rumo ao Hostel deixar as mochilas, e em seguida devolver a barraca. Creio que comemos alguma coisa antes de retornar ao hostel para, depois de um bom e demorado banho quente, sermos absorvidos pelas camas. Feliz é quem sabe valorizar um banho quente e uma cama macia! Mais tarde fomos comemorar com uma boa parrillada no Don Jorge.

 

Dicas

- Tanto o circuito W como O são exigentes fisicamente. Embora não exijam muitos conhecimentos técnicos e as trilhas sejam auto guiadas, não seja tolo: prepare-se fisicamente para aproveitar o máximo a experiência e não se frustrar. Meu treino é constante e inclui correr e ir de bicicleta ao trabalho (até 2x na semana, cada) e fazer trilhas sempre que possível. Se você nunca fez trilhas longas com pernoite, sugiro fazer algumas para conhecer melhor seu corpo e se acostumar com a atividade (Aqui no Brasil temos a Petrópolis-Teresópolis, Serra Fina, Marins-Itaguaré, além das trilhas na Serra do mar paranaense!).

 

- Uma bota de qualidade e amaciada, uma boa mochila e boa barraca são obrigatórios, assim como uma headlamp (lanterna de cabeça). No verão, as temperaturas não são tão baixas e um saco de dormir com temperatura de conforto -5º é suficiente. Bastões de caminhada são opcionais, mas muito úteis para poupar seus joelhos. É possível comprar e alugar excelentes equipamentos por um bom preço em Puerto Natales (alugamos na Kallpamayu, Calle Prat 297).

 

- Conheça seus limites e necessidades e escolha bem seus alimentos, certificando-se da quantidade certa (nós deveríamos ter levado mais comida). Prefira alimentos com menos sódio para reduzir a desidratação, embora água em Paine não seja problema. Esqueça o miojão.

 

- Leve dinheiro em espécie para pagar a entrada do Parque e os campings pagos. A maioria dos campings vende, por preços bem elevados, comida e bebida e alugam equipamentos, o que é útil em caso de emergência. Existe a possibilidade de reservar as refeições e leitos nos refúgios. Informações e preços podem ser encontrados nos sites http://www.fantasticosur.com/ e http://www.verticepatagonia.com/

 

- Para contemplação e menor desgaste, minha recomendação é percorrer o circuito O em no mínimo 8 dias. O tempo de permanência no Parque fica a critério do viajante e de seu condicionamento físico. Conheci um polonês que realizou em 5.

 

- Dependendo das condições climáticas, é possível que o Paso John Gardner esteja fechado. Certifique-se ao chegar no Parque.

 

- A água do parque é potável e há vários pontos de água ao longo da trilha. Além de cantil ou garrafas abastecidas, ter uma caneca à mão é uma boa ideia.

 

- É terminantemente proibido fazer fogo e só é permitido cozinhar nos refúgios e nas áreas destinadas à essa finalidade. Essa regra é observada a risca pelos guardas e desobedecê-la implica na expulsão do Parque, uma pesada multa de até 2 milhões de pesos e possibilidade de três anos de prisão.

 

CONTINUA...

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PARTE IV - EL CALAFATE, EL CHALTÉN E BUENOS AIRES

09/01. Depois de caminhar 130km movido a granola, leite em pó, atum, macarrão e risoto instantâneo, acordar e ter um verdadeiro manjar para o café da manhã é de encher a alma de prazer e euforia. Comi o quanto pude, e devo ter bebido mais de um litro de suco. Era necessário. Foi uma manhã de descanso. Almoçamos novamente no Marítimo, onde conhecemos um casal oriundo de Anápolis (GO), Johnatan e Natália, os quais reencontraria no aeroporto de Buenos Aires.

Partimos para El Calafate às 14:30, chegando as 20:20. Não tínhamos reserva e nosso plano era tentar comprar o Big Ice Trek para dali um dia, mas o escritório da Hielo y Aventura já estava fechado (Não fizemos reserva antecipada por conta das taxas do cartão e da flutuação do câmbio à época). Partimos em busca do El Ovejero (indicação de um chileno que conhecemos em Paine) para ficar uma noite, e no meio do caminho encontramos nosso amigo italiano Pablo que procurava o Hostal Guerrero. Como o El Ovejero ($130 em domritório-container) estava lotado, voltamos ao Guerrero ($100). Ambos não servem café da manhã e possuem wi-fi e água quente, mas o El Ovejero, no qual fiquei posteriormente, é muito melhor. O Guerrero é uma hospedagem bem simples, um tanto precária e suja e o público não é de viajantes ou mochileiros. Recomendo apenas em caso de necessidade, como o nosso, avaliando a relação Preço x Vagas disponíveis.

 

10/01. Fomos cedo (7:30) até a Hielo y Aventura reservar o Big Ice Trek, sem conseguir desconto mesmo pagando em dinheiro vivo. Esse foi o passeio mais caro de todos, totalizando $2.700 somando translado e ingresso. Como o Big Ice era para dali alguns dias, a opção era ir para El Chaltén. Saímos do escritório e fomos comprar as passagens para El Chaltén, que custaram $840, ida e volta. Partimos depois do almoço.

 

Él Chaltén

Chegamos em Chaltén às 16h sob sol forte e temperatura média, sem reservas. Saindo da rodoviária começamos a percorrer a pequeno povoado em busca de um local para dormir mas a maioria dos hostels ou pensões baratas estavam lotadas. Enfim, encontrei um hostel com placa “Hay vagas”. Hostel Ahonikenk, quarto coletivo, sem café da manhã, cozinha liberada e água quente por $130. Ficamos por lá. O local não é o mais organizado nem com a melhor estrutura, o que fica evidente na sacola plástica usada para substituir a corda da descarga da privada). Também não é o mais espaçoso nem o mais limpo, mas isso se deve mais ao comportamento dos hóspedes, pois limpam o local uma vez ao dia e trocam a roupa de cama a cada saída de um hóspede, felizmente. No fim, tem um clima bem agradável e divertido. Destaque para o fato de que, por ser junto a um restaurante, constantemente oferecem batata-frita ou restos de refeição como pizza, filé, saladas, macarrão o que é uma verdadeira dádiva ao viajante que retorna de um dia de trilha ou que está com pouco dinheiro para comida. Viajantes mais exigentes ou que primam muito por conforto e luxos talvez não gostem, mas para quem está com orçamento apertado ou é mais desapegado ou quer aprender a desapegar, eu recomendo. Acredito que 85% dos hóspedes eram israelenses. Apesar de muitos dos que lá estavam serem barulhentos e folgados, acabei interagindo bastante com alguns deles e pude aprender algumas coisas em hebraico e divulgar as belezas e destinos do nosso Brasil.

 

Embora as paisagens de Paine tenham me impressionado mais, gostei muito de Chaltén, além de que foram dias de descanso e reflexão. Como já havia me despedido de meus companheiros de viagem, a partir do terceiro dia, nas trilhas me encontrava acompanhado unicamente de meus pensamentos, o que também foi valioso. Dividir momentos com amigos é bom e precioso, mas momentos esporádicos de solidão voluntária são, ao menos para este que escreve, importantes e produtivos.

 

Confesso a você, amigo leitor, que deveria ter pesquisado melhor a respeito de Chaltén, pois assim poderia ter optado por levar minha barraca e percorrido todo o circuito de trilhas desfrutado dos campings gratuitos. Nesse caso, porém, não desfrutaria do banho quente do Hostel. Coisas a serem consideradas, mas nada impede uma nova ida a Chaltén em algum momento futuro. Quanto às atrações de Chaltén, dediquei minha atenção a:

 

11/01. Chorillo del Salto e Mirador Los Condores: apesar de situados em direções opostas, é possível fazê-los em um único dia. Trilha sem dificuldades. Chorillo del Salto é uma cachoeira sem graça, que não impressiona quem já viu as nossa cachoeiras do Planalto Central. O Mirador proporciona uma vista bastante bela, principalmente ao entardecer em noites com lua.

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12/01. Laguna de los tres (Base do Fitz Roy): imperdível. Para quem não tem preparo será um pouco puxada. Neste dia um gringo empolgado mergulhou nas geladas águas do lago, sendo aplaudido pela multidão. Vale a pena explorar a área, descer e caminhar margeando o lago até ter uma visão de uma queda d´água e do outro lago, bem abaixo do nível do lago principal. No caminho de volta da Laguna, cruzei com um grupo de escaladores que, presumi, tentariam conquistar o Fitz Roy ou outra montanha ali. Dias depois, já no Brasil, descubro ao ler algumas notícias que um deles era Iñaki Coussirat, grande escalador que infelizmente veio a falecer devido a um bloco de pedra que o atingiu durante a escalada do Fitz Roy. Em 31 de janeiro, os brasileiros Waldemar Niclevicz, Eduardo Mazza e Branca Franco conquistariam a famosa montanha;

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13/01. Loma del Pliegue Tumbado: em minha opinião, a melhor e mais exigente das trilhas que percorri em Chaltén. Chega a 1.490m de altitude e proporciona uma vista espetacular da região e da maioria das montanhas. Percorri só, pois Luzardo e João já haviam retornado a Calafate, visto que retornariam antes ao Brasil.

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14/01. Laguna Torre: percorri a trilha até o Mirador Maestri. Confesso que depois da trilha do Pliegue Tumbado, o visual não me impressionou, mas vale para registrar mais alguns quilômetros de trilha e ver o Cerro Torre de perto.

 

Ainda que as trilhas sejam bem demarcadas e mesmo que você pernoite na cidade, fazendo apenas bate-volta, SEMPRE LEVE ÁGUA, COMIDA E LANTERNA (eu ainda levo sempre um cobertor e apito de emergência), e planeje bem o horário de saída e regresso com base no seu condicionamento e nas horas que o sol nasce e se põe, ainda mais se estiver sozinho.

 

El Calafate

15/01. Na tarde do dia 15/01 peguei o ônibus das 13h rumo a El Calafate, chegando por volta das 16h. Fui direto para o El Ovejero, onde havia feito reserva para o dormitório-container via pelo Hostel World, o que me permitia utilizar a cozinha. Gostei muito do local, que abriga um restaurante, hostel, área para motor-home, camping e dormitório-container. Devo destacar ao amigo leitor, que é uma boa opção de hospedagem para o viajante em contenção de despesas e que é capaz de se virar em pequenos espaços. O dormitório-container abriga dois beliches, reduzindo em muito o espaço de circulação e para alocar as mochilas, tanto é que minha opção foi alocá-la embaixo do beliche. Os banheiros são externos, atendendo também aos campistas, mas limpos e com chuveiro quente. A cozinha é limpa mas poderia ser melhor equipada. Tudo isso por $130. Mais barato, só o Hostel Guerrero, sobre o qual já emiti meu parecer.

 

Para quem quiser comprar lembranças, há uma espécie de rua dos artesãos, onde há coisas muito belas à venda. Para comida, sugestão boa e acessível é o La Fonda. O San Pedro, onde jantei nesta noite, é bom e não é caro ($189 por um cordeiro com papas + bebida). Bons sorvetes, na Acuarela Helados Artesanales, e bons alfajores, na Koonek. Bom câmbio no restaurante Casimiro. Fique atento aos horários, algumas lojas fecham aos domingos.

 

16/01. Big Ice: Acordei cedo e andei alguns metros até o escritório da Hielo y Aventura. Saímos com atraso de cerca de meia hora. A viagem até o parque é repleta de cenários tipicamente Patagônicos, que a essa altura já não despertavam mais a euforia da novidade, mas mesmo assim era um presente para os olhos. Após entrarmos no parque, fomos levados até a área das passarelas e depois de aproximadamente uma hora regressamos ao ônibus para irmos aos catamarãs, nos quais cruzarmos o lago para iniciar a caminhada até o Glaciar, uma trilha fácil. Mais a frente, colocamos os crampones e iniciamos a caminhada sobre o gelo. Minha opinião: vale muito a pena, os equipamentos são bons, os guias são bem capacitados e um Glaciar é um ambiente único e que nunca veremos em terras tupiniquins, salvo vivamos alguma nova era glacial. Quanto à exigência física, superestimam a dificuldade. Em minha opinião, impor uma idade limite de 50 anos é uma tremenda bobagem visto que há pessoas mais velhas que com condicionamento físico impressionante. Quanto ao valor, poderia ser mais barato, mas como lá não há concorrência e nós turistas pagamos, tende a ser sempre assim. Devido ao alto valor do passeio até ponderei realizar o ice trek no Glaciar Viedma, em Chaltén, mas acabei optando pelo Perito Moreno por ser um gelo mais puro, apenas por isso. Se sua intenção é só saber como é andar sobre o gelo, pode optar pelo ice trek em Chaltén, ou mini trekking em Calafate. Em Chaltén também oferecem o Viedma Pro, um pouco mais caro que o Big Ice, mas que possibilita escalar em gelo com uso de piolets. Como pretendo fazer curso de alta montanha em 2017, decidi poupar o dinheiro.

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Retornei do passeio por volta das 20h e passei no mercado comprar ingredientes para a janta e almoço do dia seguinte. Ao voltar ao Hostel, reservei na recepção o translado para o aeroporto ($100, um táxi custaria $250). Lembrando que se o tempo não estiver apertado, uma carona é totalmente possível!) e tive uma boa conversa com dois neozelandenses, um rapaz e uma garota, com os quais dividi o quarto naquela noite. Além de trocar informações e aprender um pouco sobre seu país vendi o botijão de gás que sobrou de Paine, pelo preço de custo obviamente. Mais tarde fui preparar a minha janta conversando com um pessoal da Irlanda, que volte e meia repetiam que eu não tinha a mínima cara de brasileiro.

 

17/01

Mais uma noite bem dormida e de descanso para o corpo. Acordei relativamente cedo, tomei café, ainda finalizando alguns dos mantimentos de Paine e fui dar uma caminhada pela cidade. Fui até a Superintendência do Parque Los Glaciares, mas a seção que conta sobre Darwin estava fechada. Fui até a Laguna Nimez, belo local que emana paz e tranquilidade, mas desanimei de pagar o ingresso para ficar pouco tempo. Me contentei em apreciar o local a partir do calçadão. Se dispuser de tempo, creio que vale a visita, em especial para conhecer as aves da região. Voltei ao hostel, preparei novamente um macarrão, aproveitando o restante do molho preparado na noite anterior. O transfer chegou e fomos ao aeroporto. Lá, os minutos passavam, uma imensa fila se formava e o balcão continuava vazio, talvez o pessoal estivesse tirando “la siesta”. Mala despachada, embarque realizado, rumo a Buenos Aires

 

Buenos Aires

Durante os preparativos para o desembarque em Buenos Aires, converso com duas senhoras porteñas que me fornecem dicas para chegar até a área do Obelisco, onde situava-se o hostel no qual fiz reserva. Utilizei o ArBus, que custou apenas $30. O trajeto é repleto de voltas mas vale a pena pelo preço, mas acabei chegando no Obelisco um pouco mais tarde do que gostaria. O hostel no qual fiquei foi Obelisco Suits. Optei por ficar por lá pela proximidade do aeroporto e dos pontos turísticos principais, visto que gostaria de percorrê-los a pé. O hostel é bom, mas nada espetacular. Quartos grandes, café da manhã médio, bons banheiros. Entretanto, a noite foi barulhenta (ão posso afirmar que sempre será assim) e quente, muito quente. O quarto, infelizmente não tinha ar condicionado.

 

Já estava tarde e eu precisava jantar. Saí só pelas ruas da região sem levar nenhum pertence, todavia tenho quase certeza que poderia ter sido assaltado. Virando uma esquina, um grupo de 4 homens sentados na calçada, pouco a frente. Escondendo minha desconfiança e receio, caminho normalmente. Ao passar pelo grupo, percebo que um deles levantou e começou a me seguir. Graças ao bom Deus havia uma dupla de policiais na esquina à frente e pude seguir tranquilo até chegar na região mais movimentada. Acabei voltando para a avenida principal e jantando no Burguer King.

 

18/01

Levantei cedo para comprar o ticket do ArBus, em uma pequena banca na esquina da Carlos Pellegrini com Lavalle (não há nenhuma placa indicando Airbus ou algo do tipo. O ponto onde o ônibus para é mais abaixo, próximo ao Hotel Panamericano). Feito isso, parti para meu tour a pé. O dia estava quente e o sol forte. Circulei pelas ruas da cidade porteña, indo a San Telmo, Plaza de Mayo, Casa Rosada e Puerto Madero. Depois de imergir no isolamento e na beleza da paisagem patagônica, foram horas estranhas e de pouco fascínio, tanto que não bati fotos. Pra falar bem a verdade, achei a cidade sem graça e serviu mais para saciar a curiosidade e para marcar mais uma cidade no check-list. Estou me convencendo de que cidades não me impressionam tanto quanto uma montanha ou uma mata preservada. Voltei ao Hostel, e antes de subir, almocei duas fatias de pizza e uma coca cola em uma pizzaria ao lado. Check-out feito, embarquei no ônibus, das 13:42 se não me engano. No aeroporto, uma grande confusão por causa de um protesto de funcionários de uma companhia aérea argentina. Sigo meu caminho. Às 15:05 deixo o solo da cidade porteña rumo às terras tupiniquins. Faço conexão em São Paulo, desembarcando, felizmente, no mesmo terminal onde deveria embarcar para Brasília. Mais algumas horas e próximo às 22h chego ao planalto central, reecontrando minha amada.

 

Sentimento de gratidão por 26 dias de sol e nenhum acidente, pelas amizades feitas e experiência vivida. Gratidão misturada com o estranhamento do ambiente urbano e com a saudade de poder olhar o horizonte sem obstáculos, sem cercas ou construções, temperadas com a vontade de continuar caminhando por esse imensa casa que chamamos de Mundo.

 

Se você chegou até aqui, fico feliz que tenha lido e desfrutado do relato em sua totalidade. Até a próxima!

  • Amei! 1
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Parabéns pelo relato e viagem, muito legal!

Adorei as dicas da lanterna, cobertor e apito, pois são coisas baratas e simples de levar, eque fazem toda a diferença nas trilhas. Imprevistos acontecem, é melhor estar preparado.

Anotei todos os restaurantes, caso sobre algum peso para gastar na minha viagem.

Sobre a Kallpamayu, vc se lembra mais ou menos os valores de locação de anorak e calça impermeável? Tá osso de comprar aqui.

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Parabéns pelo relato e viagem, muito legal!

Adorei as dicas da lanterna, cobertor e apito, pois são coisas baratas e simples de levar, eque fazem toda a diferença nas trilhas. Imprevistos acontecem, é melhor estar preparado.

Anotei todos os restaurantes, caso sobre algum peso para gastar na minha viagem.

Sobre a Kallpamayu, vc se lembra mais ou menos os valores de locação de anorak e calça impermeável? Tá osso de comprar aqui.

 

RENATAT, obrigado pelo feedback :) Você vai quando?

 

Sobre os itens, recomendo muito ter, e ainda um kit básico de Primeiros Socorros

 

Sobre lanternas de cabeça, pra comprar considere a quantidade de lúmens, alcance do feixe e durabilidade da bateria. Recomendo ler esses artigos:

http://www.outdoorgearlab.com/Best-Headlamp/Buying-Advice

http://www.backcountry.com/explore/how-to-choose-a-headlamp

http://www.rockandice.com/gear-guide-tips/how-to-choose-a-headlamp

 

Atualmente uso uma BlackDiamond Spot. Trouxeram pra mim dos EUA e saiu por um ótimo preço. Das nacionais, as da AZTEQ são uma boa escolha. Creio que na Kallpamayu eles tem excelentes produtos por preços muito melhores que os daqui, até por Puerto natales ser zona franca. Lá em P Natales também tem a La cumbre e a Balfer.

 

Segue abaixo os preços de aluguel de quando fui, bom confirmar se eles alugam anorak e calça. Contato Kallpamayu: Alex - lamaddera@hotmail.com - Tel 2415891/Cel 92568594

image_26144.jpg.3b38d91d372dc969b03ffbcacbea8fbf.jpg

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Ótimo relato! Obrigada por compartilhar conosco.

Já está na minha lista de lugares a serem desvendados.

Vou deixar seu relato salvo para quando chegar a hora de fazer esse percurso, pois possui muitas dicas boas.

Fiz a Carretera Austral agora em outubro de 2016 e fiquei encantada com as maravilhas da Patagônia Chilena. Quero muito conhecer esse trecho mais ao sul. ::Cold::

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Ótimo relato! Obrigada por compartilhar conosco.

Já está na minha lista de lugares a serem desvendados.

Vou deixar seu relato salvo para quando chegar a hora de fazer esse percurso, pois possui muitas dicas boas.

Fiz a Carretera Austral agora em outubro de 2016 e fiquei encantada com as maravilhas da Patagônia Chilena. Quero muito conhecer esse trecho mais ao sul. ::Cold::

 

Obrigado Manueli, que bom que foi útil!

 

Vá mesmo....Legal ter feito a Carretera Austral! Essa tá na lista também! Percorreu toda ela?

  • 1 ano depois...
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Boa tarde Samuel, grande trip e grande relato amigao... Minha trip de 27 dias de pela Patagonia esta chegando tb... Gostaria d tirar duas dúvidas com vc amigo mochileiro... Vc disse no inicio do relato que se tivesse tempo teria ido presumo às marbles caves... Como faço pra chegar la? conheçe alguma agencia? a logistica? Estarei indo de Chalten pra la ou de Calafate n sei por onde seria mais perto... Tenho tentando achar alguma agencia pra enviar email sei la mas n consigo... e meu embarque é dia 1 de Março mas essa etapa da viagem seria só pro dia 24 de Março... Sobre o passeio pra laguna esmeralda vc o pagou... Ele e um passeio q tem q ser pago obrigatoriamente ou pod ser feito por conta como o Cerro Martial... Segue meu roteiro abaixo... Abraços.

 

         
01\03\2018   hora voo Rio (Galeão) Ushuaia
02\03\2018     Ushuaia (chegada às 18:00) Ushuaia (fotografar a noite) (1 diária)
03\03\2018     Ushuaia Ushuaia (2 diária)
04\03\2018     Ushuaia Ushuaia (3 diaria)
05\03\2018     Ushuaia  Ushuaia (4 diaria)
06\03\2018     Ushuaia (bus as 5 da manha) Punta Arenas (12 hs de viagem) 1 diaria
07\03\2018     Punta Arenas  Punta Arenas  2 diaria
08\03\2018     Punta Arenas (bus as 7 ou 8 da manha) Porto Natales (chega as 10 hs) 1 diaria
09\03\2018     Porto Natales  Torres Del Paine 1 dia ( Camping Seron)
10\03\2018     Torres Del Paine Torres del Paine Torres Del Paine 2 dia (Camping Dickson)
11\03\2018     Torres Del Paine Torres del Paine Torres Del Paine 3 dia (Camping Perros)
12\03\2018     Torres Del Paine Torres del Paine Torres Del Paine 4 dia (Refugio Grey)
13\03\2018     Torres Del Paine Torres Del Paine 5 dia ( Camping Paine Grande)
14\03\2018     Torres Del Paine  Torres Del Paine 6 dia (Camping Francês)
15\03\2018     Torres Del Paine Torres Del Paine 7 dia (Camping Chileno)
16\03\2018     Torres Del Paine Torres Del Paine 8 dia X Puerto Natales
17\03\2018     Puerto Natales x El Cal x Chalten El Chalten
18\03\2018     El Chalten El Chalten
19\03\2018     El Chalten El Chalten
20\03\2018     El Chalten El Chalten
21\03\2018     El Chalten El Chalten
22\03\2018     El Chalten El Chalten
23\03\2018     El Chalten  El Chalten
24\03\2018     El Calafate Caverna de Mármore
25\03\2018     El Calafate El Calafate
26\03\2018     El Calafate El Calafate
27\03\2018   hora voo El Calafate Rio
  • 6 meses depois...
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Parabéns pelo post! As fotos ficaram muito bonitas e as informações são bastante úteis, no entanto, tenho uma dúvida e gostaria de saber se vcs poderiam me ajudar.

Pretendo fazer o circuito O das Torres de Paine ano que vem, porém, o sistema de reservas dos acampamentos da Conaf encontra-se indisponível no momento. Sendo assim, gostaria de saber se é obrigatório ter a reserva nos acampamentos da Conaf (el paso e italiano) para entrar no parque e começar o percurso, ou somente é obrigatório para pernoitar nesses acampamentos.

Porque se não for obrigatório ter reserva nesses dois acampamentos, pretendia passar direto por eles durante o dia, pernoitando no próximo acampamento. 

Desde já agradeço.

  • Silnei featured this tópico

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