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Pantanal terá maior enchente em dois séculos, prevê Embrapa


MariaEmilia

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João Arruda / de Cáceres

 

[align=justify]Caso as precipitações continuarem nas próximas semanas , o Pantanal Matogrossense deverá ter uma das maiores enchentes dos últimos dois séculos. A previsão é da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com sede em Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Em Cáceres, cidade margeada pelo rio Paraguai, o principal formador da planície pantaneira, o nível da lamina da água captada pela Marinha do Brasil, saltou de maneira assombrosa de 3,80 metros registrados no domingo passado, dia 16, para 4,73 metros na quinta-feira, 22 - uma elevação de quase um metro em altura e no volume de água.

 

O pico da cheia no Pantanal, em função da quantidade de chuvas, deve ser antecipado para abril. O alerta para maior cheia pantaneira dos dois séculos tem como base o Modelad, modelo estatístico de previsão criado em 2008 pela Embrapa Pantanal para monitorar as cheias e vazantes do rio, com base na régua de Ladário, em Mato Grosso do Sul.

 

Apesar dessa repentina subida em Cáceres, a cota de alerta para o município estabelecida pela Defesa Civil de Mato Grosso, é de 5,40 metros. Diante dessa situação, a Marinha, passou a coletar dados do nível do rio em dois períodos (manhã e tarde). Entre a terça e quarta passada o major Ramão Correia Barbosa, atual comandante do Corpo de Bombeiros em Cáceres, manteve a maioria da tropa em prontidão nos bairros mais afetados com as chuvas. O oficial permaneceu de prontidão entre as 18 horas até o amanhecer, dentro do bairro Cohab Velha, onde se verifica maior índice de alagamento.

 

Apesar do volume da água ter se estabilizado, a corporação dos bombeiros vem se mantendo em alerta, segundo seu comandante, ele revela que não quer ser pego de surpresa conforme ocorreu em janeiro de 2007, quando várias famílias ficaram desabrigadas. Com o crescimento da água na régua da Marinha, a água da Baía acaba represando o escoamento dos canais – dos Fontes, Sangradouro e do Renato – que em tese serviriam para drenar a cidade, sem quase nenhuma gravidade o setor urbano acaba tendo um refluxo dos canais para os bairros.

 

“A cidade é totalmente plana, as águas descem pelos canais, mas não tem força para romper o volume do rio e da baia que margeia Cáceres. Com isso ocorre o fenômeno do refluxo, diante dessa constatação, venho mantendo contato com os membros da Defesa Civil, com o Comando do Exercito e da Marinha, para uma eventual ação, porém os dois últimos dias de estiagem deixa a população sobretudo dos bairros mais baixos, mais tranqüila”- observa o major Ramão Correia.

 

Se na cidade paira a preocupação nas fazendas situadas dentro do Pantanal, os pecuaristas já estão efetuando a evacuação das invernadas mais baixas para a parte firme, milhares de cabeças de reses estão sendo movimentadas para as pastagens mais firmes. Dados Instituto Defesa Agropecuária (Indea), apontam o município de Cáceres com um rebanho de cerca de 1,5 milhão de cabeças, sendo a maioria das fazendas no Pantanal.

 

Mas nem tudo é motivo de espanto. A cheia vem proporcionando um espetáculo a parte aos moradores de Cáceres. Com elevação das águas, a cidade que é cercada por extensa baias se verifica diariamente o fenômeno raro, a Tapagem - que significa a descida de camalotes, plantas aquáticas como aguapé, orelha de onça e capim se desprendem descendo mansamente rio abaixo em grandes quantidades. Essa atração tem até homenagem com nome de rua em Cáceres.

 

De acordo com relatos no historiador da Academia Matogrossense de Letras, Natalino Ferreira Mendes, esse fenômeno foi decisivo para Cáceres durante a Guerra do Paraguai (1864-1870), o acumulo desses camalotes na baia de Gaiva e Uberaba mais sul de Cáceres não permitiu a subida da flotilha paraguaia que tomou Corumbá e pretendia tomar Vila Maria do Paragaui antigo nome de Cáceres.[/align]

 

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