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Fala galera mochileira!

 

Venho falar da minha trip de bicicleta que realizei nas ultimas semanas pelo litoral do Uruguai.

Apesar dos medos iniciais e de desconfiança por todos as pessoas em volta, foi uma viagem sensacional, muito diferente de viajar de busão ou carro! O trecho é perfeito para quem quer estreiar no cicloturismo

 

Ressalto que o viés da postagem é o cicloturismo, pois antes de viajar encontrei poucos tópicos sobre esse estilo de mochilagem. Acabei aproveitando pouco os pontos mais turísticos, pois ficava somente uma noite em cada cidade, mas a vibe nômade compensou, e muito.

 

Antes que me perguntem, eu não tinha tanto preparo assim não! Eu fiz trechos de em torno de 50 km por dia, que era o que eu pedalava aos finais de semana na minha cidade. Então qualquer um pode, com um pouco de treino.

Tentei levar pouco peso, levei pouca coisa, mas os utensílios da bike e a barraca (levei para emergência, pois só havia um trecho em que não eu não tinha reservado hostel, como veremos adiante) acabaram por gerar grande volume. Consegui alforjes de 8 litros de cada lado emprestados, usei meu mochilão por cima com a barraca dentro (opção do mochilão foi boa, deu estabilidade, e pude por nas costas quando fiquei sem a bike), protegida pelo transporte cover, e uma mochila de ataque nas costas, com a bolsa de hidratação e utensílios da bike. Acho que ao todo tinha uns 16 km de bagagem, mas uma das bolsas dos alforjes estava reservada para o comida (foi uma boa opção também, conseguia acessar os alimentos (leia-se: banana!) durante os pedais sem esforço.

 

Meu bagageiro era de até 25 km, marca desconhecida (foto no final), mas vocês verão que mesmo com o pouco peso, deu merda!

 

Resumo:

Periodo: 25/07 a 03/08 ( 8 dias de pedal, um trecho por dia)

 

Trechos: Montevideo – Atlantida – Piriápolis – Punta del Este – Laguna Garzón – La Paloma – Cabo Polônio – Punta del Diablo – Chuy.

 

Gasto: R$ 1.000 (hospedagem em hostel barato, filando o “desayuno”, bananas de almoço e cozinhando no hostel a noite – a comida no Uruguay não é barata, mesmo com o câmbio de 1 real para 8 pesos, os preços são como de uma capital no Brasil, em todo trecho).

 

1º dia: Brasil (Pelotas) - Montevideo

Fui de busão para Montevideo para diminuir tempo de viagem e custos (no fim, percebi que foi uma boa, pois pude fazer trechos pequenos e não me cansei muito). Fui pela empresa TTL (R$ 160), de Pelotas, no sul do Rio Grande do Sul, porque da minha cidade (Santa Maria/RS) nenhuma empresa faz. Poderia ter ido direito para a fronteira ao invés de ir pra Pelotas, e ter pego ônibus de empresas uruguaias, a passagem sairia pela metade do preço, mas as empresa Turyl, do Uruguai, disse por e-mail que só levava bolsa. Minha passagem foi comprada com uma semana de antecendência da viagem, por indicação do atendente (muito educado e solícito), e já não havia mais para Domingo 24/07, então comprei pIMG_20160728_105307066.jpg.f6bb79e249941b92e96c06fd8d72302b.jpgara segunda (25/07, 23h30) (eles tem a linha Domingo, Segunda, Quarta e Sexta).

A viagem foi bem tranquila, tinha levado a nota fiscal da bike (como a minha eu comprei usada, o proprietário da loja me forneceu outra nota, o que me deixou tranquilo), mas nem sai do ônibus na Aduana, a própria empresa já faz o “permisso” para você na passagem, lá na migração. Tirei as rodas da bike e pus ela em uma caixa de carrinho de bebê, e as rodas em uma sacola, com proteção de plástico bolha nas partes delicadas (câmbios, freios e relação), ela foi deitadinha junto com as malas, chegou intacta.

Bom, cheguei no terminal Tres Cruces, em Montevideo, fui até o Hostel La Tatuceria (perto praça independência) caminhando para curtir o centro, e choviscava. O hostel é pequeno mas bem localizado, e tem espaço para bike. Fiquei o dia na cidade, sai pouco por causa da chuva.

 

 

 

2º dia (1º de pedal) – Montevideo – Atlântida (45 km)

Fazia um dia cinza, frio e ventoso, mas a chuva parou assim que sai, pela manhã. Passei na praça da independência para tirar umas fotos e segui pela “rambla” (espécie de calçadão, que me acompanhou até metade do caminho para Atlântida, as praias maiores todas tem uns 10 km disso, o que ajuda muito). Passei no Parque Rodó e atalhei pela Avenida Sarmiento para não precisar fazer uma volta pela Punta Carretas e segui pela Rambla (acabei não vendo o letreiro de Montevideo, que renderia uma bela foto). Depois da metade do caminho você pega a Av. Giannttasio, uma rodovia com acostamento ótimo algumas partes e ruim em outras. Parei em uma “marmoleria” para perguntar onde era a cidade, a cliente me informou que era uns 5 km dali, segui, chegando lá, adivinha? Meu hostel era longe do centro, em Fortin de Santa Rosa, exatamente onde tinha parado para perguntar! 10 km à parte, voltei e acabei tendo uma noticia boa: como o hostel estava fechado no inverno, o atendente me hospedou na cabana pelo mesmo preço. O hostel era muito legal, estilo rancho americano, dá pra ver o mar de lá, tem piscinas, La Ponderosa o nome, aconselho (foto). Não entrei na cidade, então não tenho condições de opinar.

 

3º dia: Atlantida – Piriápolis (55 km)

Me preparei para um dia pesado, passei na Aguia (construção em forma de águia, ficava do ladinho do hostel – foto) peguei a ruta Interbalneária 1B e depois a ruta 10, cansei um pouco, mas cheguei pelas 16h. E valeu: que cidade maravilhosa! Simples, pôr do sol lindo, tem um morros para subir, mas quis me poupar. Fiquei no Hostel de Los Colores, bem bom, limpo, grande, tinha até videogame (um Play 2, mas tá valendo para ver um filme). Não consegui explorar muito, era muito tarde, mas peguei um por do sol espetacular (foto).

 

4º dia: Piriápolis – Punta del Este (40km)

 

Deixei aquela linda cidade pela manhã pela Rambla Costanera, depois peguei a ruta 10 novamente e no meio da tarde estava em Punta del Este. Achei a cidade bem meia boca, sem graça, fiquei no Hostel del Puerto, bom hostel, então deu para pegar um pôr do sol legal no porto no fim do dia.

Nesse dia eu estava um pouco preocupado pois tinha previsão de chuva para o outro dia, e meu próximo destino era La Paloma, mas eu não sabia se dava para passar pelo litoral na parte da Laguna de Rocha. Então teria de fazer mais de 120 km em um dia contornando a laguna, como não achei nenhum hostel nas cidades do percurso, a barraca estava ali para me dar um lar na fria noite uruguaia (e, segundo a previsão do tempo, chuvosa noite).

Mas foi então que surgiu ele, o anjo, o salvador, o mestre dos mestres: Aníbal! Explico: Só tinha eu e ele no quarto do hostel ( e mais 3 brasileiros, no total, hospedados). Comecei a conversar com ele sobre a possibilidade de passar de bike pela laguna, pois ele era uruguaio. Eis que ele me dá uma boa noticia: ele tinha uma casa de inverno em Laguna Garzón, bem no meio do caminho. Nos primeiros 15 minutos de conversa ele já me ofereceu para acampar lá, depois de mais 10, ele simplesmente me ofereceu a chave de sua casa! Não é de se emocionar? Eu aceitei é claro, e fiz até a janta pro cara!

 

5º dia: Punta del este – Laguna Garzon (35 km)

 

Esse dia me senti cansado. Deve ter sido pelo fato de eu ter marcado de encontrar o Aníbal em sua casa as 12h, e ter saído quase 10h de Punta del Este! Foi puxado, e tinha muita subida. Sorte que ele me encontrou no meio do caminho e recolheu minha bagagem.

O trecho foi todo pela ruta 10, uma rodovia com pouco acostamento, bem perto do litoral. Ele morava no El Caracol, na beira da Laguna Garzón (onde tirei a tarde para ler o livro que ele escreveu e me deu – foto). Casinha bem simples, onde dormi na companhia de morcegos (dentro de casa mesmo), mas tava valendo! Ele me recebeu, e deixou a laguna em direção à Montevideo e me deixou na casa. Dormi mais um menos, os morcegos insistiam em defecar em mim, mas dormi!

6º dia: Laguna Garzón – La Paloma (45km)

Foi um trecho bem legal, estrada de chão até a ruta 9, quando então em um sobe desce até rocha, e depois o trecho é perfeito para cicilismo! Nesse dia senti que estava mais forte, fiz o trecho em umas 2h30 min. La Paloma é uma cidade que não gostei, achei pouca estrutura, choveu e não consegui fazer nada. Fiquei no hostel Ibirapita, um dos poucos da cidade, bem mais ou menos, cozinha minúscula, mas o quarto é grande. O bom foi conhecer o Vandré e o Tiago, cicilistas que participam do projeto “Sobre Rodas” (procure no Facebook, foto do perfil anexa, e siga lá!) Eles saíram de Brasilia, vão até Montevideo, e depois até o Alasca! Achei que minha trip sofreu uma desvalorizada depois de saber disso...

 

7º dia: La Paloma – Cabo Polônio (40 km)

 

Trecho muito tranquilo também, pela Ruta 10. Sem muito acostamento, mas pouco movimento e muito plano, deu pra manter um giro bom. Cabo polônio é um povoado cercado por areia, só se acesso por um caminhão 4x4. Os guris do Sobre Rodas passaram as dunas a pé, mas não aconselharam. Como eram somente 200 pesos ida e volta (uns 24 reais), deixei minha bike em uma sala privada que a moça da recepção da estação do caminhão me disponibilizou (cobrou, é claro, 70 pesos, achei barato e aceitei, não quis correr o risco, mas dava pra deixar amarrada no estacionamento, a estação tem uma estação boa, e o parque é mantido pelo governo nacional). Ali foi útil o mochilão, pois pus nas costas e consegui carregar os alforjes cheios.

O cabo é sensacional, tem lobos marinhos em toda a costa, atmosfera maravilhosa! Fiquei no hostel Viejo Lobo, bom para as condições do cabo, com água quente e wi-fi! Mas um brasileiro que estava lá me disse que o Lobo, administrado por um brasileiro, era melhor, e de fora parecia mesmo.

8º dia: Cabo Polônio – Punta del Diablo (50 km)

Esse trecho, pela ruta 10 e depois pela 9, tem um pouco mais de subidas, e achei mais monótono (talvez pelo fato de já estar em clima de despedida). Em Punta del Diablo fiquei no Hostel de la Viuda (top! Grande, limpo, pátio com churrasqueira, forno, cabana de jogos, cervejas e vinhos para vender, cozinha enorme). A cidade é pacata, fui até o farol na esperança de ver as baleias, só consegui a escuridão do retorno e me perder nas dunas. Mas o cenário das dunas é legal (vide foto).

 

9º dia: Punta del Diablo – Chuy (40 km)

 

Saí de Punta del Diablo, passei no parque Santa Tereza, é logo depois. Dei muita sorte, como em toda a viagem, pois o parque só abria na Quarta-feira, e sim, eu nem sabia disso, e era Quarta. O parque é legal, vale dar uma conferida no mirador de aves e na Fortaleza de Santa Tereza (fotos). O trecho final foi tranquilo, mas monótono. Cheguei em Chuy no meio da tarde, comi um “pancho” na barraquinha da esquina do Free Shop Neutral e aguardei me buscarem.

Era o fim da trip! Quando já comemorava e lamentava (ao mesmo tempo, isso mesmo), percebi que meu bagageiro havia quebrado! Realmente estava ouvindo um barulho estranho no ultimo trecho, acredito que ocorreu neste ultimo dia. Mas não me prejudicou. Como eu já disse, a sorte estava comigo.

 

Resultado: 1 tombo (inofensivo), nenhum pneu furado, nenhum problema mecânico, nenhum dia com chuva durante o trajeto (ô sorte), somente a sensação de ter feito uma viagem única e a vontade de repetir!

 

Qualquer duvida peço que postem por aqui mas me avisem por e-mail: guilherme.g.rodrigues@hotmail.com!

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Dai Leandro! Tem um conhecido meu que está reunindo um grupo para fazer argentina e Chile no início de setembro, uma semana só, se tiver interesse manda e-mail.

 

Forte abraço!

  • 1 ano depois...

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