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Estrada-Real-2016-06-254.jpgA ideia de fazer a Estrada Real surgiu há pouco tempo e em poucos meses me dediquei para conhecer e esmiuçar tudo o que existe na internet sobre o assunto. Obviamente a principal fonte foi o site do Instituto da Estrada Real que apresenta um grande volume de informação. Como não conhecia ninguém que já havia feito viajei nos vídeos do youtube, onde cada grupo apresenta sua forma de percorrê-la.

 

Outra questão que me surgiu foi qual parte fazer. Como tinha 3 semanas de férias e queria dispor de 2 para percorrer o trajeto escolhido, decidi fazer todo o Caminho dos Diamantes (Diamantina à Ouro Preto) e parte do Caminho Velho (Ouro Preto à Passa Quatro). A escolha por Passa Quatro foi baseado na logística, pois como já conheço muito bem a cidade tenho contatos e amigos lá que poderiam me apoiar.

A ideia original era de fazê-la sozinho. Porém, próximo da partida meu amigo e parceiro Paulo Toledo conseguiu uma semana e se juntaria a mim em Ouro Preto.

 

Então esse foi meu plano: Fui de carro de São Paulo à Passa Quatro e no dia seguinte consegui um motorista (Geraldo) que foi comigo até Diamantina. De lá ele retornou com meu carro até Passa Quatro, onde cheguei 13 dias depois pedalando.

 

Meu roteiro

 

A Estrada Real me surpreendeu de várias formas. A começar pela beleza, pois por mais que sonhei com a viagem não imaginava que teria tantas paisagens e cidades tão bonitas. Outra surpresa foi pela dificuldade, pois também não imagina tantas subidas longas e íngremes além de longos trechos de asfaltos no início do Caminho dos Diamantes. A terceira e última surpresa foi o grande número de trilhas e “single tracks”. Em meus sonhos seriam praticamente longas estradas de terra. Mas a surpresa foi muito boa com grande concentração de trilhas principalmente no Caminho Velho.

 

Um fato que me preocupava seria como sorrir nas selfies estando sozinho. Mas isso foi tão fácil, pois estava tão feliz por estar ali curtindo tudo aquilo, quase que exclusivamente, que gargalhava facilmente na hora de registrar as belezas do caminho.

 

Não vou entrar em detalhes da história da Estrada Real, mas apenas comentar sobre a dificuldade de se estabelecer essa rota. Isso é bastante polêmico e cada entidade ou estudioso tem sua definição de onde ela passa. Por comodidade e segurança eu preferi seguir o caminho definido pelo Instituto Estrada Real que a demarcou com totens e disponibiliza o tracklog no site para ser utilizado em GPS (tipo off road). Desta forma eu fiz 100% do percurso sem nenhum erro. No final do artigo eu listo uma série de dicas úteis para quem deseja percorre-la.

 

Dia 1 – 12-06-16 - Diamantina – Serro

 

Estrada-Real-2016-06-012.jpgAcordei bem cedo e aproveitei a primeira hora de luz num domingo de céu fechado para fotografar o sossego do centro histórico de Diamantina. Após desejar feliz dia dos namorados por telefone à minha esposa, comecei minha jornada com a foto da largada em frente a uma das igrejas da cidade.

 

No começo tudo é novidade, o peso da carga na bike, a dificuldade em segurá-la nas decidas e principalmente move-la morro acima. A meta do dia seria de 63km e o trecho era composto de estradão de terra batida, estradas asfaltadas ou sendo preparadas para o asfalto.

 

Adorei passar por São Gonçalo do Rio das Pedras na hora do almoço e ver uma dupla de músicos se apresentando ao ar livre num dia lindo e ensolarado.

Na passagem por Milho Verde conheci a pequena capela que foi capa do álbum Caçador de Mim de Milton Nascimento.

 

De Milho Verde até Serro praticamente já está tudo asfaltado e cheguei às 15:30h com bastante tempo para fotografar a charmosa cidade que dá nome ao mais tradicional queijo mineiro. Após a limpeza da bike, um bom banho e uma deliciosa pizza para celebrar o primeiro dia.

 

Pouso – Pousada do Queijo

 

Dia 2 – 13-06-16 – Serro – Conceição do Mato Dentro

 

Estrada-Real-2016-06-074.jpgNeste dia houve uma virada no tempo com garoa que praticamente me acompanhou o dia todo trazendo frio, desconforto e molhando muito a estrada e a mim.

 

Também predominaram longos trechos de asfalto e muitas subidas fortes, principalmente até Tapera. Meu plano original seria dormir em Tapera, mas como cheguei às 14h, decidi esticar até Conceição do Mato Dentro onde cheguei cansado e molhado às 17:30h após pedalar 88km.

 

A recompensa veio com uma boa pousada e um rodizio de pizza acompanhado de vinho chileno.

 

Pouso: Pousada Palito

 

Dia 3 – 14-06-16 – Conceição do Mato Dentro – Itambé do Mato Dentro

 

Estrada-Real-2016-06-158.jpgMais uma vez o tempo ameaçava chuva, porém ficou só na ameaça e com muito frio. O trecho inicial (~5 km) foi de asfalto e a seguir de terra até Itambé. Apesar do trecho não ser tão duro quanto o dia anterior, eu estava muito cansado e o pedal simplesmente não rendia. Até tinha planos de ganhar mais um trecho no percurso, mas já estava tendo dificuldade de cumprir com o planejado que seria chegar em Itambé.

 

Após um delicioso almoço em Morro do Pilar, me arrastei no período da tarde para chegar em Itambé por volta das 16h. Parei no Café com Arte da Andréa que me recomendou a pousada Portal do Itambé, onde pude fazer a primeira lavagem de roupas.

 

A atração da noite foi quase ficar sem jantar, pois não havia nenhum restaurante aberto na pequena cidade. A salvação foi no bar do Sr Adalto que quase sempre tem como preparar um prato para os famintos como eu. Ele conseguiu que me preparassem uma deliciosa macarronada com carne de búfala.

 

Pouso: Portal do Itambé

 

Dia 4 – 15-06-06 – Itambé do Mato Dentro – Cocais

 

Estrada-Real-2016-06-174.jpgDeste dia em diante o tempo estaria perfeito. Frio com serração pela manhã e logo abria o sol e um calor agradável tanto para pedalar como para curtir os belos visuais das baixadas ainda com serração. O problema foi que não esperava que ainda estaria tão frio dentro da serração e tirei a maior parte da roupa logo na primeira subida. Conclusão: passei frio quase que a manhã toda. Mas já não havia tantas subidas e o dia fluía perfeito.

 

Ainda era 11h da manhã quando um carro parou ao meu lado e me convidou para conhecer seu restaurante em Ipoema. Chegando lá as 11:30h, decidi conhece-lo, pois era o mesmo local que carimba o passaporte. Diante de uma comida muito bem apresentada e um local muito agradável, decidi almoçar mais cedo e curtir ainda mais minha viagem solitária.

 

No final da tarde já chegando em Cocais, minha bike começou com um estalido no cubo traseiro que me deixou preocupado. Pelo som parecia que algo poderia arrebentar a qualquer momento. Num giro pela pequena cidade escolhi uma pousada muito boa e que oferecia um jantar divino e mais uma vez acompanhada de vinho.

 

Pouso: Pousada e Restaurante Vila Cocais

 

Dia 5 – 16-06-16 – Cocais – Catas Altas

 

Estrada-Real-2016-06-274.jpgApós um delicioso café da manhã e com um dia frio e ainda com muita serração parti bastante preocupado com os estalidos. Minha opção seria achar uma oficina em Barão dos Cocais, onde cheguei às 10h. Consegui chegar na Cycle Sports onde fui muito bem atendido pelo Richardson. Apesar de minha insegurança inicial ele mandou muito bem na limpeza do cubo e acabou dando uma geral na transmissão toda.

Com o problema resolvido, comi um lanche rápido e parti para tentar fechar o dia sem atrasar o planejado. Me surpreendi com o tamanho de Santa Bárbara e com a beleza do caminho até Catas Altas. Um dos pontos altos deste trecho é a passagem pelo aqueduto, que é muito fotografado por todos os viajantes.

Já de cara me apaixonei por Catas Altas e a Igreja de N Sra da Conceição e suas ruas de pedra. Nem fiquei tão bravo após perder um tempo enorme procurando por uma pousada indicada no site e perceber que estava fora da cidade e fechada.

 

Voltei para o centro e numa loja de bike recebi a indicação da pousada dos Guarás, simplesmente excelente. Após me hospedar, rapidamente botei um tênis e voltei para a praça para aproveitar a linda luz do final de tarde. Fiz muitas fotos da igreja e das casinhas da praça.

 

Mais uma vez fui surpreendido pelo jantar no restaurante La Violla que tem simplesmente centenas de cervejas artesanais e uma cozinha excelente.

 

Pouso: Pousada Guarás

 

Dia 6 –17-06-16 - Catas Altas – Ouro Preto

 

Estrada-Real-2016-06-326.jpgMais um maravilhoso dia de sol, friozinho e ainda com serração nas baixadas para valorizar as minhas fotos. Impossível sair de Catas Altas sem fotografar a igreja e a praça de diversos ângulos. Ainda pelo caminho muitas paisagens bonitas com uma formação rochosa muito grande próxima da cidade.

 

Uma das frustações do dia foi entrar em Santa Rita Durão e embora todos me viam indo em direção ao distrito de Camargo e Bento Rodrigues, que foram destruídos pela enxurrada de lama da Samarco, ninguém me avisou da interdição. Ou seja, eu sabia da interdição, porém não sabia que o contorno estava antes de Santa Rita. Conclusão: pedalei 7 km até dar de cara com uma grade na estrada de onde a única opção era voltar até a cidade e contornar pelo asfalto, perdendo mais de 1h nisso tudo.

 

O duro é que daí até Mariana foi tudo asfalto e a maior parte sem acostamento, obrigando-me a tomar muito cuidado. No caminho também passei por outros aterros da Samarco e deu para ter a dimensão do impacto que a extração de minério causa ao meio ambiente.

 

A passagem por Mariana foi rápida, apenas para carimbar o passaporte e fotografar as principais igrejas. Uma coisa que me estressa nessas cidades históricas é o assédio dos guias que incansavelmente tentam te fornecer informação do local ou oferecer pousadas.

 

O trecho até Ouro Preto não foi nada melhor. Muitas subidas, estradas estreitas com muito transito e o cansaço do dia se tornava evidente. A chegada em Ouro Preto também foi muito estressante. Quase impossível pedalar com uma bike pesada com alforje, ruas muito estreitas, piso todo irregular e muito morro. Fui direto à praça Tiradentes onde fiz meu último carimbo do Caminho dos Diamantes e peguei meu certificado no Instituto Estrada Real. Com isso concluído, decidi me informar sobre pousadas no centro de informações ao turista, que fica no mesmo prédio.

 

Em Ouro Preto, meu parceiro Paulo Toledo começaria a me acompanhar na viagem. Comemoramos sua chegada num bom restaurante com bom vinho, pois não teríamos grandes opções nos próximos dias.

 

Pouso: Pousada Solar do Carmo

 

Dia 7 – 18-06-16 - Ouro Preto – Congonhas

 

Estrada-Real-2016-06-400.jpgPor ser o primeiro dia do Paulinho no time, tivemos um pequeno atraso para arrumar as coisas na bike e partimos às 8:30 após as tradicionais fotos da partida na praça Tiradentes. O sol já estava agradável e nossa única preocupação era não sermos atropelados ou exprimidos pelos carros nas ruas estreitas.

 

Uma das surpresas foi pegar estrada de terra logo cedo, pois imaginava que teríamos muito asfalto no dia. Maior surpresa ainda foi ter uma grande diversidade de terreno com várias estradinhas sombreadas e até alguns single tracks. O primeiro dele, nós pulamos, pois me lembrei das recomendações de outros grupos, que seria muito pesado e praticamente um eterno empurra bike. Decidimos então seguir pela estrada de terra. Já no próximo acabamos entrando, mas também mais empurramos do que pedalamos. Porém, era de apenas 3,7 km, enquanto o anterior era de 18 km. Uma cidadezinha muito charmosa no caminho foi São Bartolomeu.

 

Um dos problemas do dia foi o cubo dianteiro da bike do Paulinho que começou a ranger. O plano original era dormirmos em Lobo Leite, mas somente após chegarmos lá, fomos informados que não havia pousadas. A solução foi pedalarmos mais 12 km até Congonhas.

 

Lá, através da ajuda de alguns ciclistas, miraculosamente conseguimos que um mecânico abrisse sua oficina para ver o cubo. Além de lubrifica-lo, fez a sangria do meu freio traseiro, que a esta altura estava muito baixo e praticamente sem efeito.

Enquanto ele revisou as bikes tomamos banho e jantamos. Conclusão, bikes revisadas em pleno sábado à noite e sem atraso no cronograma.

 

Pouso: Hotel Max Mazza (mediano)

 

Dia 8 – 19-06-16 – Congonhas – Casa Grande

 

Estrada-Real-2016-06-424.jpgCom as bikes teoricamente em ordem, partimos morro acima para visitar o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, onde estão as esculturas dos 12 profetas de Aleijadinho. Depois de quase morrer na subida valeu o visual da cidade e ver que as obras estão bem preservadas, agora com vigilância 24 horas por dia.

 

Os problemas do cubo voltaram e a sensação era de que algo estava sendo moído internamente. Pela primeira vez encontramos um grupo de bikers da região que nos acompanharam até Entre Rios e nos indicaram um lugar maravilhoso para almoçar. Enquanto fui carimbar o passaporte, o Paulinho tirou seu tradicional cochilo pós almoço. O problema de um almoço bom é encarar as subidas logo em seguida.

 

A tarde foi ao mesmo tempo linda e pesada, estávamos cansados e o barulho na roda nos atormentava. Chegamos em Casa Grande às 17 h e mais uma vez fomos informados que não havia pousadas na cidade. A única opção seria a pensão de Dona Irene. Fomos então conhecer o local e ficamos surpresos que apesar da simplicidade tinha um bom banho quente, comida caseira deliciosa e o melhor de tudo: a hospitalidade de uma família. O único problema é que a casa ficava em frente a um bar onde jovens inconsequentes escutavam no último volume a p. do pancadão no som automotivo. Isso era a última coisa que eu poderia esperar numa pacata cidade do interior de Minas. O som era tão alto que atrapalhava nossa conversa na cozinha da casa, incrível.

 

Após o jantar nos reunimos na cozinha ao redor do fogão de lenha tomando chá de hortelã da própria horta para prosear e planejar o dia seguinte.

 

Pouso: Pensão de Dona Irene

 

Dia 9 – 20-06-16 - Casa Grande – Tiradentes

 

Estrada-Real-2016-06-471.jpgComo a bike do Paulinho já não tinha mais condição de rodar, nosso plano foi pedir ao genro da Dona Irene para levá-lo de carro até São João del Rei para arrumar a roda enquanto eu seguiria o plano original até Tiradentes.

 

O dia seguiu com serração por quase toda manhã e mais uma vez tirei a roupa antes do tempo e acabei passando frio. O que atrapalhou foi o fato de estar levando mais de 1 kg de água nas roupas lavadas mas não centrifugadas, devido a um problema na máquina de Dona Irene.

O dia foi bem variado, estradão, trilhas em meios a eucaliptos e até travessia de rio com direito a molhar os pés logo cedo.

Passei por Lagoa Dourada e provei o famoso rocambole, mas não morri de amores. Para minha surpresa há um grande número de empresas que produzem móveis de madeira de demolição e artesanatos, tanto em Lagoa como em Prados. Quase chegando a Tiradentes passa-se por Bichinho, uma pequena vila com uma enorme concentração de artesões.

A grande surpresa do dia foi chegar à Tiradentes por volta das 16h com uma linda luz de fim de tarde. Antes de ir para a pousada, decidi rodar de bike pela cidade e fotografar o máximo que pude antes do sol baixar demais. Me encantei com a cidade. Ela está muito bonita, bem preservada, com excelentes pousadas e restaurantes e ainda mantendo o clima das pequenas cidades históricas de Minas.

Finalmente encontrei o Paulinho com uma roda nova na bike e o problema finalmente resolvido. Para comemorar, tomamos um chope artesanal na praça central. À noite tivemos um jantar e vinho excelentes.

 

Pouso: Pousada do Ó

 

Dia 10 – 21-06-16 – Tiradentes – Capela do Saco

 

Estrada-Real-2016-06-540.jpgCansados da correria dos dias anteriores colocamos como meta não pedalar mais de 60 km. Aproveitamos então para fazer um café mais preguiçoso e sair mais tranquilos. Saímos às 9h e após carimbar o passaporte na praça central fomos até São João del Rei sacudindo a manhã toda em estrada de paralelepípedo. Após mais um carimbo e de conhecer as principais igrejas partimos para um trecho perigoso de trilha com muitas subidas e descidas com pedras soltas. Foi aí que o Paulinho tomou um pequeno tombo que lhe custou uma luxação no dedinho da mão esquerda. Embora minha recomendação foi de voltar pra procurar um médico, ele decidiu seguir em frente. Somente em São Sebastião da Vitória é que arriscou passar em uma UPA num médico Cubano que lhe recomendou dipirona e B12 para seguir viagem :-)

 

Após São João del Rei começa o que considero o maior perigo de toda a Estrada Real: os mata-burros longitudinais, ou seja, a roda da bike pode facilmente cair no espaço entre os trilhos. Há duas formas de cruzá-lo: conservadora: passar bem devagar com os pés no chão ou ousada: transversalmente. Na maior parte do tempo eu ia de ousada.

O caminho foi show, repleto de single tracks e estradinhas sombreadas até Caquende, onde pegamos a balsa para cruzar a represa de Camargos e chegar na pousada de Capela do Saco por volta das 15 h.

Já na pousada, dei uma geral nas bikes e pude mais uma vez lavar as roupas, desta vez com centrifugação. O jantar foi servido na própria pousada e estava excelente.

 

Pouso: Pousada Reis

 

Dia 11 – 22-06-16 – Capela do Saco – Estação Traituba

 

Estrada-Real-2016-06-561.jpgHoje foi o primeiro dia realmente light. Após um café simples partimos para Carrancas. As primeiras horas foram bem tranquilas com poucos aclives mas ao cruzar a serra as subidas com pedras apareceram. Mesmo assim, chegamos em Carrancas as 11:30 h e seguindo uma dica do site do Instituto Estrada Real procuramos pelo Thomas na pousada Carranca que teria uma indicação de pouso em Traituba. Neste trecho, o problema são as grandes distância entre os pontos de parada. Ou se faz 60 ou 90 km. A indicação do Thomas era uma hospedagem na fazenda de seu tio Roberto na estação de Traituba há 27 km de Carracas. Embora ele tenha dito que as instalações seriam simples, não tínhamos ideia do que nos esperava.

Fizemos um almoço demorado no restaurante Recando saboreando uma deliciosa truta. Carimbei o passaporte na Eco Adventure e partimos tranquilamente para um pedalzinho de 27 km.

Ao chegarmos na fazenda nos demos conta que o simples na verdade era extremamente simples, e além disso, muito mal conservado e deixando tudo a desejar em termos de higiene. Tudo era extremamente desorganizado e com ar de abandono. A cozinha não tinha a menor condição de uso e até eu, que não sou nojento, me preocupei em jantar naquele lugar.

Só nos restou encarar, tomar banho num banheiro cheio de roupas sujas dependuradas, comer um frango caipira, que até estava bom, mas feito numa panela de cerca de 100 anos, que não dava pra identificar a última vez que foi lavada. Finalmente dormir sem lençol em uma cama com um estrado todo irregular.

Neste dia conhecemos o Jeferson, também hospedado lá e que estava fazendo todo o trajeto (Diamantes e Caminho Velho) caminhando. Gente muito boa ele e batemos altos papos.

 

Pouso: Estação Traituba

 

Dia 12 – 23-06-16 – Estação Traituba – Caxambu

 

Estrada-Real-2016-06-581.jpgApesar de tudo, a noite foi boa e dormimos bem. Durante o café, bem simples por sinal, tivemos altos papos com o Sr Roberto, que apesar do isolamento, está totalmente antenado na política e nas notícias do mundo. Partimos as 8:30h para o que viria a ser mais um dia bem light. O relevo estava bem mais amigável e o pedal rendia bastante. O tempo deu uma virada e pegamos uma chuva bem leve e passageira. Fizemos um lanche muito bom numa padoca em Cruzília, onde aproveitamos para conhecer o Museu do Cavalo Manga-larga, onde carimba-se o passaporte.

Ainda passamos por Baependi para carimbar o passaporte na igreja de Nhá Chica e ainda deu pra chegar em Caxambu as 15:30h. Encontramos uma pousada bem legal e ainda deu tempo para visitar o parque das Águas e tomar um chope num fim de tarde bem tranquilo. Pra fechar o dia com chave de ouro fomos comer uma pizza na Agostini Pizzaria – maravilhosa.

 

Pouso: Pousada Águas de Caxambu

 

Dia 13 – 24-06-16 – Caxambu – Passa Quatro

 

Estrada-Real-2016-06-660.jpgEsse dia nos enganou totalmente. O que deveria ser um dia longo, mas tranquilo, se transformou no dia mais difícil de toda viagem. Como a classificação mediana de dificuldade dos trechos pelo site do Instituto Estrada Real, achamos que seria fácil. E realmente foi até Pouso Alto, onde fizemos uma longa parada para almoço. Porém, daí pra frente começaram várias subidas que baixavam nossa média a medida que o dia ia avançando. O trecho Pouso Alto – Itanhandu surpreendeu muito com o número de subidas e até com uma travessia de rio com bastante água. Para ajudar, faltando cerca de 20 km para completar o dia, o bagageiro do Paulinho quebrou e tivemos que repartir o peso entre a mochila dele e meu alforje. No estresse do dia, acabei pulando o carimbo do passaporte em Itamonte e tocamos direto para Itanhandu. De lá até Passa Quatro foi bem tranquilo, pois é 100% plano e eu já conhecia bem o caminho. O problema é que já havia escurecido e o pedal foi feito com lanterna nos quilômetros finais.

A ideia seria fazer uma foto de fechamento da viagem na estação de Passa Quatro, mas como já estava escuro, decidi por fazê-la na Harpia, uma excelente loja de equipamentos esportivos da cidade.

Encerramos a viagem com um jantar e um bom vinho no restaurante Antônio.

 

Pouso: Pousada São Rafael

 

Conclusão: Fiquei extremamente feliz com o sucesso total desta viagem. Todo meu planejamento funcionou perfeitamente bem e apenas fizemos alguns ajustes, já previstos, nas quilometragens diárias e nos pontos de pouso. Até mesmo os problemas nas bikes não atrasaram a programação.

 

Dicas

 

A Estrada Real não é recomendada para iniciantes, pois a altimetria é respeitável e oferece bastante dificuldade.

A orientação apenas pelo totens pode causar confusão, principalmente dentro das cidades, onde eles inexistem. A navegação por GPS usando o tracklog do Instituto Estrada Real funcionou perfeitamente.

Pense muito bem no que levar. Eu preferi prezar pelo conforto e paguei um preço alto pelo peso. Em anexo você encontra minha planilha com tudo o que levei, o peso de cada item e o que realmente utilizei. Logicamente isso varia para cada pessoa e pela época. Lembre-se que fui no inverno e não poderia negligenciar nas roupas.

Também nesta planilha (em outro TAB) estão as distâncias, velocidade média e tempos. Isso dá uma boa ideia da dificuldade dos trechos.

Nesta viagem priorizei pedalar e conhecer apenas as cidades que passava ou dormia. Para realmente aproveitar todos os atrativos dos caminhos é necessário dispor de mais tempo.

Como tenho uma bike full suspension, o bagageiro Thule é o único que existe para este tipo de bike. Ele funcionou bem, porém o conjunto acabou sendo pesado demais e não foi feito para o sacolejo de nossas estradas de terra. Tive que utilizar duas aranhas para tentar prender as bolsas e evitar um indesejável barulho no mesmo. Outro fato é que como há muito minério de ferro na região ele se acumulou no ímã que tenta prender as bolsas e acabou danificando-as um pouco.

 

 

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Excelente relato e fotos também. Parabéns. Fiz esse trecho, embora com menor quilometragem em relação às suas.

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