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Não tenho dúvidas que a caminhada pelas cumeeiras é uma das travessias mais bonitas e exigentes do Rio Grande do Sul. Exigente pela inclinação das trilhas de subida e descida e os 30 quilômetros, percorridos em dois dias. Bonita, pela vista que se tem dos cumes e cristas das montanhas e dos cânions Josafaz e Pedras Brancas. Em todo caso, um ótimo programa para o final de semana, de fácil logística e relativamente barato (gastamos R$ 120, com transporte de ida e volta de Porto Alegre e resgate ao fim da trilha).

 

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Não indico o trekking para quem tem medo de altura, pelos vários penhascos pelo quais se passa. Vale lembrar que há muitos bois e porcos soltos e selvagens em cima do morro. Mas já fiz inúmeras trilhas por lá e nunca tive problemas, porém não custa ficar atento. Ah, um GPS é indispensável, pois há vários trechos sem trilha. O offline, do celular, já serve. Porém, teste antes e verifique se está funcionando sem internet, leve um reserva e não o utilize para tirar fotos, para não correr o risco de ficar sem bateria.

 

O relato é uma versão menos técnica de outro relato, que postei em https://apenomundo.com/2016/06/09/caminhada-pelas-cumeeiras-rs-um-trekking-pela-crista-das-montanhas/ . Quem pensa em fazer a travessia, dê um bizu no site, onde há mapas, GPS Track e algumas outras orientações. No “A pé no Mundo” também há relatos de outros trekkings feitos, como a Ferrovia do Trigo, o Pontal de Tapes e travessias na região do Vale do Josafaz.

 

 

1º dia – Morro do Forno ao Cânion Pedras Brancas

 

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Planejamento e mochilas arrumadas, saí sábado, com mais dois amigos, de Porto Alegre, às 7h. Pegamos um ônibus para Morro do Forno. Depois de passar por Osório, Terra de Areia, Três Cachoeiras, Morro Azul, Morrinhos do Sul e Pixirica, chegamos no centro do vilarejo pelas 10h30min. A ideia era tomar um café antes de pegar a trilha, que fica a pouco menos de um quilômetro de onde o ônibus nos largou, mas os botecos da volta só vendiam cerveja e cachaça.

 

Já li um relato de pessoas que foram “barradas” no meio do caminho, já que o acesso à montanha é por dentro de terras particulares. Essa foi a segunda vez que fiz esse trekking e todos os moradores que conversei, nas duas oportunidades, sempre foram muito cordiais, inclusive dando dicas do caminho. Inclusive, encontramos um morador de moto que comentou que havia outra trilha de acesso, por fora da montanha, sendo que queríamos acessá-la “pelo meio”.

 

Tivemos um pequeno erro de percurso, passamos cerca de 200 metros o potreiro que devíamos subir (na outra vez, fizemos o caminho contrário, já estava um tanto escuro quando descemos e não deu pra prestar tanta atenção). Esses 200 metros nos custaram mais de uma hora e nos forçou a descer e subir dois baita barrancos. Demos sorte dos riachos que cortam os potreiros estarem secos. Então, muito cuidado com o acesso, que é logo após passar a última casa, no fim da estrada, quando ela se fecha em uma trilha.

 

A subida, que já é muito íngreme, ficou mais cansativa ainda com o perdido que demos. Pelo caminho certo, se entra oficialmente na trilha em cerca de uma hora de subida. Levamos mais de duas.

 

Em direção ao cume

 

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Após chegar ao topo do potreiro – no final, a subida é muito íngreme, forçando a caminhar em zigue e zague -, entra-se em um mato aberto. A vegetação é rasteira e com muitos espinhos, já sabíamos disso e dessa vez fizemos a trilha de calça, poupando as canelas de muitos arranhões. A mesma vegetação vai ser encontrada na trilha do Gerivá. Logo, a trilha vai abrindo e percebe-se que já se está subindo pela crista da montaha: precipício pros dois lados.

 

A parte mais tensa é subir por uma pedra, quando já se está a 2\3 da subida, a 700 metros do nível do mar. Também não há água durante a subida, o que força a levar mais peso. Quem fizer, deve redobrar a atenção no momento de subir pela pedra. É uma pequena escalaminhadadinha e, no mais, sem muitas dificuldades técnicas, há sempre lugar para calçar o pé e a mão. Mesmo assim, atenção nesse trecho. A vista faz com que tudo valha a pena.

 

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Lá em cima, após subir uns 800 metros em três, quatro quilômetros, há uma cabana em que foi canalizada água e pode se encher os cantis. Ganhar o topo leva entre três e quatro horas. Encontramos um pessoal assando uma carne na cabana. A aproximação foi meio tensa, pois deram um "tiro" de aviso, segundo eles só "pra brincar", teriam nos confundido com amigos que estavam para subir. No mais, olho no olho, foram simpáticos. Batemos um papo rápido e seguimos até o próximo ponto, o Cânion Josafaz.

 

A partir daí, estamos nos Campos de Cima da Serra e a água deixa de ser uma preocupação, já que é território de diversas nascentes, como o rio Mampituba. A trilha segue mato fechado, é preciso ter muito cuidado nesse ponto com a navegação, pois são várias trilhas que cruzam e é muito fácil de se perder. Alias, é preciso ter cuidado na navegação até o Cânion Josafaz. Saindo do mato, é campo aberto e não há trilha, a dica é seguir o curso contrário de um rio que desagua no fim do mato.

 

É preciso atravessar o rio Josafaz para chegar até uma estrada, por onde segue-se o trekking. A travessia é por cima de algumas pedras, de forma que não é necessário molhar os pés.

 

Do Cânion Josafaz até o Cânion Pedras Brancas

 

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O cânion Josafaz é um dos maiores do sul do Brasil e todos já o vimos no mapa algum dia. Ele é o culpado pela “entrada” que Santa Catarina faz no mapa do Rio Grande do Sul e delimita a divisa mais ao sul entre os dois estados. A partir daí, a trilha segue por uma estrada cheia de pedras e bem embarrada, muito utilizada por jipes e motos. Mas é um caminho tranquilo até o Cânion Pedras Brancas, onde a dica é acampar.

 

2º dia - Do Pedras Brancas até a Rota do Sol

 

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Por mais de uma hora, o trekking segue por estrada, pelos campos de cima da serra. O único ponto crítico é um banhado que atravessa a estrada. Ali não tem chororô: é tirar as botas e atravessá-lo. Todas as vezes que passei pela estrada, tentei encontrar um caminho mais seco, passar por cima de pedras ou pedaços de paus, sempre perdi um baita tempo nessa brincadeira e no fim encharquei as botas.

 

É preciso sair da estrada ao chegar em dois galpões e um portão. A trilha vai seguir por dentro de uma floresta de araucárias e desembocar em outra estrada, que se deve seguir por mais meia hora, no mínimo. É preciso ter cuidado para saber o momento certo de sair da estrada, pois a trilha do Gerivá começa a uns 100 metros dali. Seguindo reto por essa estrada, pega-se a descida pela Serra do Barreiros, que também levará até a Rota do Sol.

 

A descida pela trilha do Gerivá

 

A trilha do Gerivá começa em um mato de araucárias (a última travessia foi há pouco mais de um mês e o chão era um "tapete" de pinhãos), depois segue por mata atlântica, percorrendo e atravessando um pequeno riacho. Quando menos se espera, percebemos que estamos novamente em uma crista de montanha. Precipício pros dois lados. Alguns metros de caminhada e o mato abre e temos uma bela vista de diversos cânions, com a Rota do Sol ao fundo. A trilha segue por uma encosta, subindo e descendo por três montanhas até guinar em direção a rota do sol.

 

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De certa forma a encosta é perigosa, mas há vários vídeos no youtube de pessoas fazendo a trilha de moto! Basta procurar pela trilha do Gerivá. Logo que se sai da encosta da montanha, se passa por mais um riacho. Esse é o último ponto de água até a descida, não deixe de encher o cantil se estiver com pouca água ou muito sol.

 

Aí é só descer. Vários trechos são bem inclinados. Tenha cuidado onde coloca a mão, principalmente no verão, que muitas aranhas vão pegar um sol nas pedras da trilha. Não que seja difícil ver as aranhas gigantes que vivem no morro, mas fique atento mesmo assim!

 

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A trilha acaba a poucos metros da rota do sol. Pedimos um taxi de Terra de Areia e de lá, pegamos um ônibus de volta a Porto Alegre. Também é possível atravessar a Rota do Sol e esticar a trilha por mais 30 quilômetros, subindo na Vila Bananeiras e terminando em Barra do Ouro, em Maquiné.

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