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Conheci Machu Picchu em março de 2009 e de uma maneira inusitada, a noite. A empreitada deu tão certo que em abril voltei lá e fiz o caminho até a cidade sagrada de novo, uma aventura muito louca...

Eu estava viajando ja fazia dois meses de carro sozinho, entrei no Peru pelo Acre e logo me apaixonei pelo país, acabei ficando lá cerca de 40 dias(tive que pagar uma multa na saída do país, pois só possuia 30 dias de visto), a seguir vou relatar como conheci Machu Picchu sem nenhum turista, sem flash de cameras, sem japoneses pisando na grama e principalmente com uma lua cheia alucinante.

Cheguei em Cuzco e me hospedei no Pirwa Hostel(achei otimo hostel, 22 soles), lá conheci dois brasileiros gente boa, o Rafael de Floripa e o wago de SP, o wago trabalhava no hostel e já tinha ido uma vez para MP(pagando, de dia), ele falou que era possivel(tinha ouvido falar) entrar na cidade a noite pela mata, nos estavamos meio duros, então a ideia caiu como uma luva para os 3, e resolvemos pelo menos tentar, fizemos algumas ultimas pesquisas e combinamos de sair na manhã seguinte.

Compramos alguns mantimentos, buscamos o carro no estacionamento, carregamos, abastecemos o carro de gasolina boa e mai barata que a nossa(pouco menos de 2reais na epoca), e 10h da manhã seguimos rumo a Machu Picchu pelo vale sagrado, cruzando por varias ruinas incas, o dia inteiro na estrada(varias paradas no caminho para fotos), curvas e mais curvas, a distancia(em linha reta) era pouca, mas se tornava longa devida a grande quantidade de curvas, muitas), chegamos ao lugar mais perto que se chega de carro, uma hidreletrica logo depois de Santa Tereza(ou seria Santa Maria, não lembro direito), deixamos o carro num estacionamento em uma casa dum local(a unica casa ou estacionamento que tem ali, fica cerca de 4km da cidade mais proxima), e seguimos para Aguas Calientes, tinhamos duas opções, ir de trem(pagando a dolar), ou caminhar 10km pelos trilhos do trem(de graça), logico optamos pela segunda, chegamos em Aguas Calientes as 22h cansados, o caminho pelos trilhos do trem não é tão facil(fizemos ele a noite), apesar de ser plano, não tinhamos uma lanterna boa(só uma de cabeça de cerca de 20reais), mal enchergavamos as madeiras e algumas vezes(creio que cerca de 7), o rio Urubamba(que tem fortes corredeiras) passa por baixo dos trilhos que aí são vazados, num desses buracos não estava olhando para baixo e pisei em "vão", na hora foi um susto total pois não sabiamos se o rio estava em baixo, a marca resiste até hoje na canela, foi algus 2 3 dias com ela incomodando.

Chegamos, jantamos a 10 soles, procuramos um hostel por 10 soles tambem, foi dificil, mas achamos, dormiriamos só 4 horinhas. As 2:30 da madruga, despertamos, e seguimos rumo a cidade sagrada, numa caminhada ingreme por uma escadaria de pedras, a altitude pessou um pouco, mas 1h e meia depois chegamos abaixo do portão de entrada da cidade, ali pegamos a direita pela mata ingreme, sem luz para não despertar atenção, pois não sabiamos se tinha vigias(no portão não fica ninguem, dizem alguns, que na outra casa a da administração sim tem gente, cerca de 40 metros do portão), algumas escorregadas, adrenalina alta, fizemos até mais barulho do que pretendiamos, caimos, levantamos, ficamos meio sujos mas conseguimos chegar abaixo do muro de cerca de 2m de altura depois de 10min, aí já sabiamos onde estavamos, era só subir, não precisava nem pular só subir que já sairiamos logo depois do portão de entrada, um ajudando o outro conseguimos subir, caminhamos alguns metros meio agachados e quando levantamos a cabeça, nos deparamos com MACHU PICCHU, VAZIA, SEM TURISTA NENHUM GALERA(que tem uma diferença comparada com a multidão que entra quando a cidade abre), UMA LUA CHEIA INCRIVELMENTE LINDA QUE ILUMINAVA A CIDADE, maravilhoso, algo com certeza inexquecivel, impagavel, de uma certa maneira inexplicavel, baixada aquela emoção, rumamos para a montanha Machu Picchu, pois sabiamos que assim que a cidade abrise os portões o pessoal todo iria para a cidade e não para aquela montanha aí era só esperar o primeiro subir e já poderiamos descer, depois ninguem descofiaria que não tinhamos pago. Subimos a Montanha, largamos as mochilas, fizemos um lanche ainda de noite e ficamos esperando o amanhecer e a cidade abrir, uma espera incrivelmente prazeroza, sem pressa nenhuma, regada a "cigarros", isso tudo olhando a cidade centado num plato de pedra feito pelos incas, uma energia sinistra, foi muito bom...

As 5:30 a cidade abriu os portões para os turistas, e logo estava tomada, umas 2h depois alguem já tinha passado por nos rumo ao topo da montanha e nos já poderiamos descer para a cidade, que agora com os turistas não despertava tanta emoção, andamos bastante e fomos embora no longo caminho de volta. Descida até aguas calientes, comemos algo rapido, e caminhamos de volta pelos trilhos do trem mais 10km, chegamos quando estava começando a anoitecer, pegamos o carro brilhando(estava imundo antes), pois o tiozão da casa que ficou cuidando tinha se oferecido para lavar por 4 soles, pagamos 14 pelo estacionamento e pela lavada.

Seguimos rumo a Cuzco pelos cerca de 220km do caminho da hidreletrica até lá, dessa vez de noite, foi muito ruim pois as estradas são muito altas(o ponto mais alto esta acima dos 4.000m) então forma uma grossa neblina, que nem com o farol de milha e luz alta a visibilidade não passava de 2 3 metros, foi bem ruim mesmo, tinhamos dormido 4 horas e caminhado muito cerca de 30 e poucos km, estava morto de cansado e aquela neblina cansava mais ainda, andava a cerca de 20km/h, mas conseguimos. Chegamos em Cuzco as 2h e meia da madruga, 8 horas depois de sairmos da hidreletrica, 8 horas para fazer 220km, foi bem dificil, ainda tinha o risco iminente de pani seca, tivemos que parar em um posto e acordar o funcionario, aconselho levar tambem gasolina extra pois é dificil conseguir depois, nos haviamos levado e mesmo assim entrou na reserva e não achavamos posto. Mas no final "sempre" flui...

A segunda ida até Machu Picchu, teve uma troca, o Rafael que já havia voltado para o Brasil, deu lugar a Cacha(sera que era assim!?), Polonesa que trabalhava no hostel, mas foi uma aventura da mesma maneira, ou até um pouco mais assustadora, alucinogena(levamos e tomamos o San Pedro, cha alucinogeno de um cacto de mesmo nome, vendido no mercado publico de Cuzco, por 6 soles a porção individual, 1 porção = 6 horas bem loucas), porque na volta depois das mesmas coisas que haviamos feito na primeira vez, pegamos a estrada e nos topamos com o PARO, protesto feito por peruanos contra a privatização da agua, tivemos que ficar exatas 23 horas na estrada, pois eles fecham ela com enormes pedras colocadas com tratores, e não podiamos voltar tambem, pois logo em seguida haviam fechado atras tambem, sorte que tinhamos comida no carro e fogareiro.

Bom não vou relatar toda essa segunda vez, se alguem tiver o interesse de saber entre em http://mtv.uol.com.br/solamentevago/blog/anteriores/2009/4/19

Ou entre no site da mtv.com.br , depois blogs, e solamentevago.

O ainda teve um encontro na hidreletrica com 3 brasileiros de SP que viajavam em duas motos(3 em duas motos, lander 250cc), no estilo brasileiro, muita energia.

Tem que ter coragem... Tudo de bom a todos...

Obrigado, Rodrigo L. Thomé.

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