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Gente, uso o mochileiros para planejar as minhas viagens desde 2007 (como membro, desde 2008). Algumas dúvidas minhas já foram respondidas aqui e postei umas dicas também, mas é a primeira vez que vou deixar um relato de viagem. Nunca fiz antes porque não consigo ser muito detalhista com valores e informações de viagens, sou mais com experiências, impressões... Mas dessa vez consegui anotar algumas coisas e, como num geral, os relatos e dicas sobre a África são mais escassos (que Europa, EUA/Canadá e América do Sul, pelo menos), talvez o meu relato possa ser útil pra alguém. Como meu namorado não pôde ir comigo, viajei sozinha, mas em Pretoria fiquei na casa de um amigo, que fez os passeios da região comigo. Vamos lá:

 

ROTEIRO (Cape Town – Victoria Falls – Johannesburg/Pretoria)

20/04/2016 – saída de São Paulo

21/04 a 26/04 – Cape Town

26/04 a 29/04 – Victoria Falls

29/04 a 04/05 – Johannesburg/Pretoria

04/05 – volta pra São Paulo

 

PASSAGENS:

Comprei todas as passagens juntas, pela South African Airways, por R$ 3.695,46 (com as taxas). Os trechos foram:

São Paulo – Cape Town (conexão em Johannesburg)

Cape Town – Victoria Falls (conexão em Johannesburg)

Victoria Falls – Johannesburg

Johannesburg – São Paulo

 

Hospedagem:

- Na parte Johannesburg/Pretoria fiquei na casa de um amigo que mora em Pretoria.

- Cape Town: fiquei no Atlantic Point Backpackers, em Green Point, em quarto feminino de 8 camas. Gostei bastante, o quarto era espaçoso, o albergue era limpo, a localização era boa (dava pra ir a pé pro Waterfront e fiz alguns passeios que saíram de lá, então foi bem prático), tinha free wifi, café da manhã (bem simples) incluso, o staff foi atencioso e prestativo quando precisei. A diária foi de 265 rands, totalizando 1325 rands os 5 dias. Fiz a reserva pelo hostelworld e paguei 15% antecipadamente (U$ 13,92), ficando o restante para pagar no hostel (1126,25 rands).

- Victoria Falls: fiquei no Shoestrings Backpackers. Dos relatos que li aqui, acho que a maioria (ou talvez todo mundo) que foi a Vic Falls ficou lá. No hostelworld só aparecia ele e um outro albergue, mas a localização dele parecia melhor, mais perto das cataratas (e todos falavam que dava mesmo pra ir a pé pra lá) e tal. Vi algumas pessoas até comentando do barulho, porque o Shoestrings é um albergue de festa, e lembro de uma menina que o achou meio sujinho, e ela não se considerava fresca. Como Victoria Falls não tem tantas opções de hospedagem, e a maioria é cara (tem tipo uns resorts na beira do rio, dá pra ver os animais da varanda) e tinha a praticidade de ir andando pras cataratas, decidi arriscar e ficar lá. Foi uma relação de amor e ódio, e se me perguntarem se eu o indico pra alguém, eu realmente não sei. Vou explicar: o quarto era horrível, meio apertado, abafado, o ventilador de teto parecia que ia cair e era de potência fraca, o banheiro era horrível, mal cuidado, em alguns o chuveiro era só o cano, não tinha a ducha, muita coisa meio que no cimento mesmo, não tinha cortinas nas janelas e eu tinha que me contorcer pra trocar de roupa sem alguém lá fora ver, e tudo com a aparência de sujo. Se eu levar em consideração só o quarto e os banheiros, FOI O PIOR ALBERGUE QUE JÁ FIQUEI NA VIDA! E eu já estive em uns 30, pelo menos, e não me considero uma pessoa fresca também. No primeiro dia que cheguei odiei tudo, chorei (houve outros problemas que vou explicar depois) e pensei seriamente eu ir pra algum outro hotel ou mesmo um dos resort, ainda que tivesse que gastar mais do que deveria (e tinha!) pra ficar em algum lugar minimamente decente. Depois da péssima primeira noite eu me acalmei e fui descobrindo as coisas legais do Shoestrings... Tinha um restaurante que, apesar de bem simples, era bem legal (inclusive vinha gente dos resorts comer lá e dizia que era a melhor comida da cidade!), o bar deles era legal, tinha uma agência de turismo em que dava pra reservar os passeios, um espaço grande e bem natureza, dois cachorros super fofos (o Mojo e o Morgan), gente tocando violão o tempo todo e um ambiente bastante favorável a fazer amigos. O Shoestrings é um centro de lazer em Victoria Falls, que é uma cidade bem pequena, e todas as noites pessoas de cidades vizinhas (até da Zâmbia) vão curtir lá. Me deu a impressão de que eles passaram a faturar mais com o bar e restaurante e acabaram descuidando da parte da hospedagem. Fui acostumando um pouco e relevando os problemas, e no fim acabei curtindo o tempo que fiquei lá. Mas eu realmente não sei se recomendo, o quarto e o banheiro eram HORRÍVEIS! A diária no dormitório (quando fiz a reserva no hostelworld o quarto era de 8 camas, mas quando cheguei lá eram 4 na verdade – e em duas das três noites fiquei sozinha) era U$ 15, paguei U$ 5,40 na reserva e U$ 39,60 lá.

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SEGURO VIAGEM:

Comprei online, da assist card (graças a deus não precisei usar!). Não lembro a categoria, mas acho que foi o segundo ou terceiro mais simples. Foi uns R$ 360,00.

 

DINHEIRO:

Comprei 10.900 rands na cambio store, aqui em São Paulo (como ficava ruim pra buscar lá no horário comercial, paguei pra entregarem), em 2 partes: primeiro comprei 6.000 rands com a cotação de R$ 0,3420, e com o IOF e a taxa de entrega (se eu não me engano, R$ 30 ou R$ 40) ficou tudo R$ 2.082,00. Depois comprei 4900 rands com a cotação de R$ 0,3060, tudo por R$ 1.535,10.

Eu tinha também uns U$ 200 que tinham sobrado de uma outra viagem e pra essa comprei mais até completar completar U$ 1.000, que foi o que levei. Acho que gastei mais ou menos R$ 3.000,00, um pouco menos até, pra comprar esses dólares (eu gosto de comprar na prime cash, que fica na Liberdade, em São Paulo. Geralmente é a melhor cotação e já incluem o IOF. Pena que lá não vendem rands...).

Resumindo: levei U$ 1.000, 10.900 rands e um cartão de crédito por segurança (que só usei 2 vezes). Somando o que gastei com as passagens, a compra de moeda e o que paguei no cartão e antecipadamente nas reservas dos hostels, gastei mais ou menos uns R$ 10.400 nessa viagem. Mas sobraram uns U$ 400 (que já estão reservados pra outras viagens!) e uns 1.000 rands (que usei pra comprar várias lembranças no aeroporto), então os gastos da viagem mesmo foram menores que R$ 10.000,00. Não gastei com hospedagem em Joburg/Pretoria e, apesar de ser uma pessoa econômica e sem muitos luxos, comi bem e não me privei de muitas coisas financeiramente.

 

1º dia – 20/04: o voo estava previsto para sair às 18h, decolamos um pouco depois. Foi bem tranquilo, pouquíssimos balanços, teve um anúncio de atar cintos por conta de turbulência quando já estávamos perto de pousar, e mesmo assim foi superleve. Não estava totalmente cheio, eu que estava sentada lá no fundão (na antepenúltima fileira) fui sem ninguém ao lado (o que tornou a viagem mais confortável). Serviram jantar e café da manhã. O jantar eu gostei, o café da manhã era sul-africano (uma mistura de linguiça, ovos, tomate, batata... Não curti, não). Achei o voo bom, num geral. Engraçado que sou alta e achei o espaço entre as poltronas razoável – dentro da realidade, e uma brasileira baixinha que conheci depois achou apertado e desconfortável.

 

2º dia – 21/04: pousamos um pouco depois das 7h30. O meu voo pra Cape Town era às 9h10, com o embarque começando às 8h40. A fila da imigração era GIGANTE, parecia a dos EUA, só que não tinha ninguém da companhia aérea pra passar na frente as pessoas que tinham conexão. O pessoal do aeroporto foi bem grosso com um monte de gente. Fiquei mais de 1h na fila, depois tinha que pegar a bagagem e despachar de novo, antes de embarcar. Só que ninguém sabia dizer onde eu deveria despachar a mala. Um senhor falou pra eu pedir ajuda de um pessoal que estava de laranja. Achei que eles trabalhassem no aeroporto... Fui lá e um cara me ajudou. Ele pegou a minha mala e começou a correr pelo aeroporto, eu atrás quase caindo e morrendo (tenho asma, corro 10 metros e fico sem ar). Depois de correr o que pra mim pareceram 100 km, chegamos ao check in e despachei a mala às 8h45, ufa! Aí o cara me cobrou pelo serviço. Eu só tinha notas altas (tanto de rand quanto de dólar), por sorte tinha também 3 notas de um dólar, que dei a ele (que não gostou muito e reclamou. Só pedi desculpas e expliquei a situação. Tinha acabado de chegar, não tinha dinheiro trocado e achei que trabalhasse o aeroporto). Corri pra embarcar, outra fila pra passar no raio-x, mas por sorte o voo atrasou uns 20 minutos, então deu tempo (e eu pude descansar um pouco).

Durante praticamente todo esse segundo voo o céu esteve encoberto e rolaram umas turbulências (nada muito forte). Apesar de amar viajar, eu morro de medo de avião e fico tensa nessas situações, mas estava tão cansada (eu não consigo dormir em voos, então estava virada) que acabei relaxando. Fechei os olhos e tentei descansar o máximo. Antes de pousar deu pra ver um pedaço de False Bay. Pena que o tempo estava um pouco ruim, deve ser linda a vista com o tempo aberto (PS: Por indicações de amigos, eu estava sentada na poltrona A, pois desse lado se tem a melhor vista ao pousar em Cape Town).

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No aeroporto fui a uma loja da Vodafone e comprei um chip com um pacote de 250 mega pra usar a internet. Custou 164 rands. Havia pacotes desde 100 mega até 5 giga, eu acho. Como no Zimbábue não iria funcionar, e em Joburg/Pretoria eu estaria com o meu amigo (teria internet na casa dele e era fácil pegar táxi com ele), achei que o de 250 seria suficiente (e foi mesmo, até “sobrou”). Antes de viajar, esse meu amigo e uma conhecida que viaja a trabalho pra Cape Town com frequência me disseram que um táxi do aeroporto pra Green Point custaria por volta de 250 rands e que eu não deveria pagar mais que isso. O transfer do hostel era 300 rands, então preferi pegar um táxi por conta própria. O vendedor da Vodafone me disse que conhecia uns motoristas que faziam essa corrida por uns 260 rands e chamou um pra mim. Era um rapaz de origem indiana, simpático, falou muito do Brasil. No meio da corrida fui só confirmar o preço e ele falou que era 350 rands. Apesar de tímida e discreto eu não disfarcei o meu espanto, expliquei que já tinha pesquisado e que essas corridas saíam por uns 250 rands e que o conhecido dele que me indicou o táxi falou que eu pagaria no máximo 260 rands. Eles disse que o menino devia ter se enganado e que essas pesquisas deviam ser antigas e tal. Protestei um pouco e fechamos por 300 rands, mas eu fiquei meio bolada com isso.

Cheguei ao hostel por volta das 13h e o check in era às 15h, mas como o quarto em que eu ia ficar já estava limpo, me deixaram entrar. Tomei banho, dei uma leve descansada enquanto mandava mensagens pra família e amigos aí resolvi sair pra almoçar. Passei na recepção pra pegar algumas informações e foi como um balde de água fria. Eu tinha pesquisado e sabia que a África do Sul era como o Brasil, um pouco perigosa. Mas todo mundo falou bem da região de Green Point e em Joburg, que parecia mais perigosa, inclusive tendo “ilhas de circulação”, eu estaria com um amigo, então não estava insegura em viajar sozinha. Sabia também que o transporte público lá não era muito bom e que haveria uma certa dificuldade na locomoção, mas nada muito grave. Só que aí a menina da recepção começou a fazer mil restrições, falou pra eu não andar sozinha à noite em hipótese alguma, que eu deveria pegar táxi pra tudo, blábláblá e eu comecei a me sentir insegura. Pra piorar, o tempo não estava muito bom e a previsão era a mesma pro dia seguinte (uma sexta), só começando a melhorar a partir de sábado. E Cape Town é linda, mas é uma cidade que é melhor curtida com o tempo bom.

Enfim, decidi arriscar e fui andando pro Waterfront (era tão perto!), basicamente uma reta de uns 700 metros. A rua não era muito movimentada e isso me deixou um pouco receosa, mas cheguei lá de boa. O local é bem legal mesmo, vários restaurantes, lojinhas, tem um shopping, apresentações na rua. Já eram umas 15h e pouca e na maior parte dos lugares as pessoas pareciam estar já bebendo. Fiquei meio sem graça e acabei comendo no McDonalds (e me senti frustrada e derrotada por isso). Não estava chovendo, mas o tempo estava encoberto e em só um momento, acho que durou 1 minuto mais ou menos, deu pra ver a Table Mountain. Dei mais umas voltas por lá e depois fui andando pra Sea Point. Minha conhecida que sempre viaja a trabalho pra Cape Town tinha me dito que lá eles abordam bastante as pessoas pedindo dinheiro, mas que era só eu ficar tranquila e dizer não que iam embora. No caminho até Sea Point fui interpelada em diversos momentos. Me mantive calma, falei que não tinha nada e continuei andando em todas as vezes. Talvez pelo que a menina da recepção tenha falado, comecei a ficar com medo e me senti muito triste por estar sozinha. Comecei a me questionar se realmente valia a pena ter feito essa viagem... Eu sabia que estava em um lugar maravilhoso, mas comecei a pensar que eu não conseguiria aproveitá-lo como queria e sonhava, tive a sensação de que havia muitas “restrições” pra uma mulher sozinha viajando por lá, e o tempo fechado não estava colaborando e sim, me deixando mais deprê. Dei uma volta no Sea Point promenade, vi o “óculos do Mandela”, em um momento deu pra ver um pedaço da Lion’s head (tudo encoberto). Já eram umas 17h e pouca, ia começar a escurecer e achei melhor voltar pro hostel. Fui andando o tempo todo com uma vontade de chorar, um aperto no peito e um nó na garganta. Eu já tinha mochilado 3 vezes sozinha pela Europa e América do Sul. Viajar sozinha me fez muito bem até, porque eu era extremamente tímida e insegura, e só comecei a me tornar mais confiante depois de ter me aventurado por conta própria. Mas minha última viagem sem companhia tinha sido em 2010. Desde então estou sempre acompanhada, só que dessa vez meu namorado não pôde vir comigo. Como meu lema é “não é ruim viajar sozinho, o ruim é deixar de viajar”, eu escolhi o destino e fui. Mas nessa volta pro hostel eu tava muito mal mesmo, questionando demais se tinha feito a escolha certa de ir sozinha pra África. Felizmente percebi depois que estava errada nos meus questionamentos, a viagem valeu MUITO a pena.

Quando cheguei ao quarto conheci a Tatiana, uma brasileira de Fortaleza que tinha vindo no mesmo voo que eu (São Paulo – JNB, o voo dela pra Cape Town foi outro). Pior é que nós estávamos sentadas até próximas e nos vimos (ela é a baixinha que achou desconfortável). Acabamos nos tornando bastante amigas e mudamos a viagem uma da outra. Ela teve alguns problemas no aeroporto de Johannesburg e tava se sentindo meio pra baixo também. Conversamos um tempão e começamos a planejar alugar um carro pra irmos até Cape Point. Não sou uma pessoa muito religiosa, mas tenho certeza de que Deus colocou a Tati (e também a Karin, que vai entrar no meu relato daqui a pouco) no meu caminho pra fazer a viagem maravilhosa.

Eu tava bem cansada, não tinha dormido nada, mas tentei me manter acordada até umas 21h, pra me adaptar ao fuso. Depois disso dormi.

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3º dia – 22/04: acordei cedo, tomei banho e fui para o café da manhã. Conheci a Karin, uma suíça que havia chegado na noite anterior, quando eu já estava dormindo. Ela tinha passado 2 semanas como voluntária em um parque em Zanzibar, na Tanzânia, cuidando de animais, e tomamos o café juntas. Depois ela foi procurar uma lavanderia e eu e a Tati fomos até o waterfront e lá compramos o ticket pro bus city sightseeing. Olha, eu sempre fui um pouco preconceituosa com esses ônibus, mas em Cape Town foi uma ótima opção, uma mão na roda. Nos levou a vários lugares, e como compramos o passe de 2 dias (280 rands), que inclui ainda uma uma viagem no sunset bus e no harbour cruise (um passeio de barco no canal do waterfront). Pegamos a linha azul e fomos até Kirstenbosch, o jardim botânico da cidade. O ingresso foi 55 rands e ele é considerado um dos mais lindos do mundo. E é mesmo, apesar de o tempo não ter ajudado. Almoçamos no Moyo, um restaurante com uma decoração super legal lá no jardim botânico. Comi uma espécie de sanduíche com pão de abóbora, espinafre, gorgonzola e o famoso biltong, uma espécie de carne seca muito popular na África do Sul (vi no Zimbábue também). Existem vários tipos de biltong (de avestruz, kudu, porco etc.), mas acho que o mais comum é o de carne bovina, que era o do meu sanduíche. No sanduíche, aliás, achei uma delícia, mas quando comi puro depois não curti muito. O almoço (com a bebida e a gorjeta) custou 132 rands.

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Pegamos o ônibus novamente, que agora continuaria o caminho passando pela entrada de Constantia (uma região com vinícolas), Imizamo Yethu (uma favela bem famosa da cidade) e pelo litoral (Hout Bay, Camps Bay, Clifton, Sea Point), voltando pro waterfront. Depois de passarmos por Imizamo começou a chover bem forte. Deu até pra ver as praias, mas foi uma decepção, hehe. Quando chegou no waterfront continuamos no ônibus pra irmos até os museus do centro da cidade. Indo na direção do centro, o trânsito parou completamente por causa da chuva. A maior parte dos museus fechava às 17h. Quando deu 16h, como nada andava (não era que estivesse lento, simplesmente não andava!) e nem adiantava pegar um táxi, desistimos e resolvemos voltar a pé pro hostel.

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Tomamos banho e saímos pra comer algo no Hudson’s, um bar e restaurante perto do hostel. A Karin foi com a gente e aí nossa dupla tornou-se um trio. Comi um hambúrguer bem gostoso e fiquei no refrigerante, deu uns 100 rands (com a gorjeta). Voltamos pro albergue e cama, na esperança de que a previsão de tempo se concretizasse e o tempo melhorasse a partir do dia seguinte.

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4º dia – 23/04: acordamos cedo e o tempo já estava bem melhor, dava pra ver o azul do céu . Fomos pro waterfront pra pegar a linha vermelha do bus city sightseeing, que deixa na Table Mountain. No mesmo lugar onde havíamos comprado o passe do ônibus, compramos o ticket pro cable car da Table Mountain (240 rands), a fim de evitar a fila do guichê de lá. Chegando lá realmente as filas estavam grandes, tanto pra comprar o ticket quanto pra subir. Como nos 3 dias anteriores o tempo tinha estado bem ruim, parece que nessa manhã foi todo mundo desesperado pra Table Mountain (no café da manhã no hostel tava todo mundo falando que ia pra lá). Acho que ficamos uns 40 minutos na fila. Apesar de o tempo estar bom, uma parte da Table Mountain ainda estava encoberta: a que dava vista pro centro da cidade, pro porto. Essa região não deu pra ver direito, às vezes a névoa ficava mais fina, aí dava pra ver o contorno da cidade, e apenas isso. Mas no resto da montanha não havia nuvens e deu pra ver a parte das praias e do Cape Point. E é tudo realmente lindo! Tem umas trilhas lá em cima, andamos uma parte, mas como a Tati estava com o pé ruim, decidimos voltar.

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Quando descemos, a Tati foi pra um estádio onde ela ia assistir a um jogo de rúgbi (dica pra quem se interessa: no shopping do waterfront tem um guichê que vende tickets pros jogos) e a Karin e eu pegamos o ônibus turístico novamente. A Karin ia voltar pro waterfront porque ela precisava comprar algumas coisas e eu ia ficar em Camps Bay, pra passear e almoçar por lá. Foi maravilhoso ver as praias com o tempo bom. O mar azul de um lado e as montanhas de pedra do outro... Como é linda a cidade do cabo! Pelas fotos e pelos relatos de uns amigos eu já sabia que era linda, mas ainda assim fiquei surpresa com aquela paisagem maravilhosa. Lembro que uma vez li uma matéria em que internautas do mundo todos escolheram as cidades mais lindas do mundo, e o Rio e Cape Town foram as campeãs. E eu concordo, pois ainda não vi nenhuma cidade grande que misture tão bem o mar, as montanhas e arquitetura como essas duas, apesar de um milhão de problemas que as mesmas têm. Mas sendo até sincera (e como carioca é difícil admitir isso), acho que a Cidade do Cabo ainda consegue ser um pouco mais bonita que o Rio.

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Dei uma volta na praia, sentei numas pedras pra admirar a paisagem (a vista da Lion’s Head me lembrou muito a que se tem do Arpoador) e agradecer a Deus por estar ali vivendo aquilo (e pensar que 2 dias antes eu estava toda chorosa me questionando sobre a viagem). Depois fui procurar um lugar pra almoçar. Na Victoria Road, avenida da praia, há vários restaurantes. Entrei numa espécie de mini shopping e lá no segundo andar, de frente pra praia, almocei no Phuket Thai Restaurant, de comida asiática. Além de tailandesa, tinha também comida chinesa, japonesa e indiana. Comi uns bolinhos de peixe frito e uns rolls de salmão. O almoço custou (junto com a limonada e a gorjeta) 94 rands.

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Peguei o ônibus e voltei pro waterfront pra comprar os tickets pra Robben Island pro dia seguinte. Nossa intenção (minha e da Tati, a Karin ia voar de parapente no dia seguinte) era visitar a ilha de manhã, almoçar, ir ao centro e fazer o sunset bus às 17h. Quando cheguei na estação pra comprar os bilhetes, os dos horários das 9h e das 11h já estavam esgotados, e os das 13h estavam quase acabando. Se fôssemos no das 16h, não conseguiríamos fazer o sunset bus (o nosso ticket pra esse passeio era válido só pra 3 dias, e domingo era o limite – fora que na segunda íamos pra Cape Point e na terça de manhã eu já ia embora, então nem pagando avulsamente eu conseguiria fazer o tour do pôr do sol). Comprei o das 13h (que retornava ao waterfront às 16h), o valor do bilhete era 300 rands (inclui o barco e o passeio na ilha).

A minha intenção era pegar agora o ônibus da linha azul pra ir até o Mariner’s Wharf (Hout Bay), já que no dia anterior eu vi essa praia sob chuva. Mas eu não tinha me atentando que o último ônibus da linha azul a saia do waterfront às 15h40, e já tinha passado das 16h!

Voltei pro hostel e descansei um pouco. Nesse dia era o aniversário da Tati, e ela tinha feito uma reserva num restaurante que ela viu em um programa no Brasil: o Gold Restaurant. Depois que nos conheceu, ela ligou pra ela e perguntou se poderia incluir mais 2 pessoas na reserva, e assim fomos comemorar o aniversário de uma amiga super querida que eu conhecia há 2 dias (essas coisas incríveis fazem as viagens valerem muito a pena)! Vou ser sincera, o Gold é daqueles restaurantes bem pra turista mesmo. Me lembrou o Plataforma, no Rio, com suas apresentações performáticas s e danças. A gente pagou 520 rands cada uma (incluindo a gorjeta) e teve direito a uma aula de tambor, a degustar 14 pratos típicos de diversos países africanos (em pequenas porções que no final nos deixaram quase explodindo) e a ver as apresentações de dança (e participar delas!). Apesar de bem turistão, foi muito legal. Algo que eu nem tinha planejado e que se tornou um dos momentos mais marcantes da viagem. Quando as mulheres das performances vieram puxar a gente pra dançar na primeira vez, fiquei morrendo de vergonha (eu ainda sou bem tímida). Depois pensei que eu não veria a maior parte daquelas pessoas de novo e acabei me soltando mais. Dançamos muito! Quando souberam que era o aniversário da Tati vieram trazer uma dose de uma bebida especial (a farra foi tão grande que nem deu pra perguntar o nome) e o restaurante todo cantou parabéns pra ela. Havia uma mesa com umas 10 crianças e adolescentes franceses super empolgados, que se juntaram a nós. Embora o pessoal das apresentações tenha feito as pessoas de todas as mesas dançarem, nós 3 e as crianças francesas éramos as mais empolgadas. Foi bem divertido e inesquecível pra Tati!

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Tínhamos ido pro restaurante de táxi, mas como não era tão longe do hostel e estávamos em 3, decidimos arriscar e voltamos a pé, ainda embriagadas de alegria e com os rostos pintados, cantando e dançando pelo caminho. Três felizes loucas!

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5º dia – 24/04: de manhã cedo eu e a tati pegamos um táxi pras ferinhas do centro: Greenmarket square e St Georges Mall. Como muitos já deram a dica por aqui, os artigos são mais baratos que no waterfront. Eu comprei umas poucas lembrancinhas, porque prefiro comprar no fim, tanto pra não ficar carregando peso durante a viagem quanto pra gastar o que sobrou (se sobrar, hehe). Havia souvenirs bem interessantes, só que o ruim é que eles ficam abordando as pessoas sem parar, perguntando quanto querem pagar. Fomos andando pro Castle of Good Hope, que era ali perto, mas não chegamos a fazer a visita (por falta de tempo)... Vimos só as partes externas.

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Pegamos um táxi até o Cape Quarter Village, um shoppingzinho perto do Bo-Kaap, um bairro meio indiano de casas coloridas. Vimos umas casinhas, mas acabamos não explorando o bairro também por falta de tempo. Aí rumamos mais uma vez para o waterfront, para fazer o harbour cruise. Eu nem tava dando muito por esse passeio, fiz mais porque estava incluído no passe de 2 dias do ônibus turístico e porque a Tati queria. Mas foi bem legal. É um passeio de 20 minutos só, vai pelo canal até uma parte do porto, onde há várias focas. Elas ficam aglomeradas lá porque os navios soltam gelo com restos de peixes, que são disputados pelas focas e por várias aves. Eu gostei muito de tê-las visto.

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Voltamos e fomos procurar um lugar pra comer. Paramos no Quay Four, que é bem famoso lá no waterfront. Como tínhamos pouco tempo, pedimos as 2 fish and chips, que julgamos ser mais prático e rápido pra servir. Ás 12h55 ainda estávamos pagando a conta (uns 150 rands pra cada uma)e tivemos que correr muito pra conseguir chegar a tempo de embarcar pra Robben Island, eu com aminha falta de ar e a Tati, com o pé ruim. Fomos as últimas a entrar no barco, aliás, quando chegamos nem tinha mais fila, já estavam todos no barco e, segundo o cara que validou os bilhetes, mais 30 segundos e teríamos perdido a viagem. Ainda bem que conseguimos, porque a Robben Island era um dos lugares que mais queria conhecer na cidade (junto com a Table Mountain e Cape Point). A viagem dura cerca de 30 minutos, um pouquinho menos, e como é em mar aberto balança bastante. Em alguns momentos passamos por várias ondinhas e foi engraçado escutar todo mundo rindo e fazendo gritinhos de montanha-russa (mas eu tenho o estômago fraco e fiquei enjoada).

Ao chegar à ilha somos divididos em uns 6 ônibus e começamos a visita, cada ônibus fazendo um caminho diferente (mas todos passam pelos mesmo lugares). As pessoas não podem circular pela Robben Island por conta própria, e a verdade é que vemos a maior parte da ilha de dentro do ônibus (mesmo assim vale a pena!). Umas das partes que visitamos a pé é o prédio prisional onde o Madela ficou, e a cela dele foi remontada como era antigamente. Quem guiou essa parte da visita foi um ex-detento político, então foi bem legal ouvir dele como eram passadas as informações entre os presos (o Mandela, por exemplo, ficou a maior parte na solitária), os códigos que usavam nas comunicações, como descobriam os infiltrados e caguetas.

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Terminado o passeio, voltamos pro waterfront, fomos tomar um sorvetinho (foram vários por lá, aliás) e ficamos uns minutos vendo uma apresentação musical que estava acontecendo no anfiteatro. Aí fomos pra fila do sunset bus, onde encontramos a Karin (ela tinha feito paragliding e passeado pelas praias no ônibus turístico). O sunset bus sai às 17h e faz um percurso diferente, sem paradas (só no Signal Hill que há uma parada pra descermos e apreciarmos o sol se pondo de lá), só para ver o pôr do sol. Em teoria dura umas 3 horas, mas um pouco depois das 19h30 já estávamos chegando no waterfront de novo. Eu AMEI esse passeio, é lindo demais ir seguindo pelas praias e ver o sol descendo até o mar, a maneira como sua luz ilumina as montanhas, a tonalidade em que as deixa... É algo divino, fiquei encantada! A única coisa ruim é que à medida que vai anoitecendo a temperatura vai caindo e o vento se torna mais difícil de suportar (mas não impossível). Eu sou calorenta (uma carioca que sente menos frio que paulista, apesar de sempre acharem que é o contrário), mas passei um friiiio!

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De volta ao waterfront, jantamos no Vovo Telo, um restaurante estilo boulangerie bem fofo. Eu pedi uma pizza e um suco. Meus sogros já tinham visitado a África do Sul e falaram que foi a pior pizza que comeram na vida. As pizzas deles não são como as nossas (nem as italianas são! Hehe), mas não achei ruim. Paguei 121 rands com a gorjeta.

Depois disso a Tati nos convenceu a ir na roda gigante que tem no waterfront. Pagamos 100 rands cada e assim terminamos o nosso dia.

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6º dia – 25/04: Dia de ir pra Cape Point! Acordamos cedo e antes das 8h já estávamos na Around About Cars, no centro de Cape Town, onde alugamos um carro. Um dos meninos do hostel falou que era um dos lugares mais baratos. Dividindo o aluguel pra 3, deu 132 rands pra cada uma. No fim, ao devolvermos o carro, enchemos o tanque e deu mais 37 rands pra cada uma. Se somarmos o valor do ingresso pra Cape Point, de 125 rands, deu 294 rands pra cada uma. O passeio pelo hostel custava 650 rands, então valeu muito a pena termos alugado o carro. Na volta fizemos o caminho pela Chapman’s Peak Drive e pagamos pedágio, sendo mais ou menos uns 14 rands pra cada.

Um pouco depois das 8h30 já estávamos saindo da locadora. Foi bem tranquilo e rápido pra alugarmos, e a Tati que ia dirigir (ela já ia dirigir mesmo pela Garden Route sozinha, então foi bom que foi treinando com a gente). Eu não sabia, mas parece que na África do Sul você tem que ter uma autorização internacional pra dirigir, que dá pra tirar do Detran aqui (eu não estou muito certa dessa informação, porque como não tinha a intenção de dirigir lá, não pesquisei nada a respeito. A Tati e uma outra brasileira que conhecemos lá que falaram). Tati tava bem nervosa de dirigir em mão inglesa, nós fomos tentando ajudá-la, dizendo pra fazer a conversão na faixa certa, pra se manter à esquerda e se afastar o meio fio, essas coisas. Ela dirigiu super bem, mas no final fez uma cagadinha bem engraçada, que vou falar depois.

Fomos pela M3 ou M5, não lembro agora, até Muizenberg beach. Uma graça aquela praia com as casinhas coloridas! Paramos lá um pouco, tiramos fotos, curtimos a paisagem, brincamos com o cachorro dos outros, foi uma delícia. Um pouco depois paramos no Kalk Bay Café, em Kalk Bay, para o café da manhã. Pedi torradas, ovos mexidos e suco, custou tudo uns 26 rands.

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Continuamos o nosso caminho pelo litoral (lindo, por sinal!) e paramos em Simon’s Town, numa pracinha central perto do escritório de turismo. Tiramos umas fotos e pensamos em subir as ladeiras onde havia uns casarões lindos e maravilhosos, pra ver a vista de lá. E lá fomos nós. Paramos em uma das ruas, a vista era mesmo linda. Nisso estava andando um senhor na rua, e a Tati é daquelas pessoas bem simpáticas e espontâneas e começou a conversar com ele. Ele era um médico escocês que estava morando na África do Sul, se chamava Aisle (ou alguma coisa parecida. Como não entendemos muito bem, a Tati falou que iríamos chamá-lo de John) ficamos conversando, explicamos que tínhamos parado na rua dele pra ver a vista lá de cima... Aí ele vai e nos convida pra ver Simon’s Town da varanda dele, que era em uma casa ma-ra-vi-lho-sa! E o medo de ele ser um louco e nos atacar? Cada uma tentou pegar algum objeto pessoal que poderia ser usado pra defesa e lá fomos nós. Felizmente o “John” era só um senhorzinho simpático e gente boa, que nos permitiu ver a vista linda que ele tinha de sua casa. Nos despedimos dele e continuamos o nosso trajeto.

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A próxima parada foi Boulders Beach, onde há a colônia de pinguins. Primeiro pegamos um caminho à direita, com um portãozinho na entrada. É uma caminhada de uns 5 minutos, mas que se faz em mais porque no caminho já dá pra ver vários pinguins e a gente para toda hora. Esse caminho vai dar em umas pedras, de frente pro mar. Ficamos lá um tempo, relaxando, vendo uns pinguins andarem das pedras pra água. Depois voltamos e fomos pro caminho à esquerda, que é onde fica a caminhada com os pinguins. Há um caminho na praia em que se fica perto deles (se estiverem por lá), mas paga-se para fazer essa caminhada. Nós preferimos fazer o caminho free, porque já dava pra ver vários pinguins e também a praia.

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Aí continuamos a nossa viagem pelo litoral, rumo a Cape Point. O caminho é todo lindo, encantador. A entrada de Cape Point é como um pedágio, você compra ali os tickets, de acordo com o número de pessoas no carro. Em um momento a estrada se divide: de um lado o caminho para o Cape Point, do outro, para o Cabo da Boa Esperança.

Fomos primeiro para o Cape Point. Estacionamos e decidimos subir a pé até o farol. Cansa um pouco, mas dá pra fazer de boa. E paramos toda hora para admirar a paisagem e tirar fotos. Descemos mortas de fome. Existe uma lanchonete perto da subida para o farol, mas não havia muitas opções de refeição e parecia tudo caro, então preferimos nos manter com os nossos lanchinhos e não almoçamos por lá.

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Hora de ir pro Cabo da Boa Esperança. Dá pra entender porque uma vez foi chamado de Cabo das Tormentas. Eu até sei que esse primeiro nome se deveu ao fato de os navegadores terem chegado ali em um período de tempestades, mas mesmo com o tempo bom acho que seria difícil conseguirem atracar ali por perto (naquele pedaço, pelo menos), fazer um barco pequeno se aproximar dali. O mar bate com força nas pedras, uma força que parece incessante. Que louco estar ali e pensar que mais de 500 anos antes os navegadores tinham muita dificuldade de passar por aquela região, e que quando os portugueses o fizeram pela primeira vez foi um marco... Finalmente tinham um caminho para as Índias...

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Ali perto tem uma trilha que eu queria muito fazer, pois sei que se tem uma vista linda. Mas as meninas estavam cansadas e preferiam ir embora, então vai ficar pra uma outra vez (e é engraçado, porque ter a companhia delas nesses dias em Cape Town foi tão bom, que nem fiquei triste por não ter feito). Ah, vimos zebras, avestruzes e babuínos perto da via entre os dois cabos! Babuínos, pra falar a verdade, tem aos montes, juntamente com várias placas alertando para o perigo deles, hehe.

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Pegamos a estrada de novo, agora um caminho diferente, porque queríamos voltar pela Chapman’s Peak. Nessa volta aconteceu algo engraçado: em um dado momento tivemos que fazer uma conversão à direita. Só aqui a Tati foi no automático e em vez de ir pra pista esquerda (que é a mão na direção inglesa), ela foi pra da direita, na contramão. Começamos a gritar pra ela recuar e pegar a pista certa, ela conseguiu fazer a tempo, mas os carros atrás de nós seguiram o nosso caminho e foram pra contramão. Não houve acidentes, graças a Deus, mas foi muito engraçado!

Continuamos nosso caminho, todas muito cansadas e com fome, estávamos até quietas (mas admirando a paisagem!). Até que chegamos à Chapman’s Peak Drive e... Uau! Que coisa linda! Uma estrada sinuosa que vai beirando o mar. Pra dirigir foi um pouco tenso, porque são muitas curvas (e a cada uma delas uma paisagem deslumbrante!) e ainda por cima na mão inglesa! A tati estava maravilhada e nervosa ao mesmo tempo. Há alguns mirantes no caminho e paramos em um deles para tirar fotos. É com certeza umas das estradas mais belas do mundo! A vista do mar e das montanhas, Hout Bay lá ao fundo, a luminosidade do sol começando a se pôr e a própria sinuosidade da estrada... Cenas que acho que vão ficar gravadas pra sempre na minha memória! Parece que é possível avistar baleias de lá. Não sei se há alguma época específica pra isso, porque nós não vimos nada. O que não diminuiu nem um pouco o nosso encanto, acho que a Chapman’s Peak Drive é algo que não pode faltar em uma viagem a Cape Town!

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Depois que saímos dessa estrada maravilhosa, voltamos à realidade e aí começou a tensão pra chegar a tempo de entregar o carro. A Around About Cars fechava às 18h. Dava pra retornar o carro na manhã seguinte, mas a Karin e eu iríamos embora cedo e a Tati teria que levar o carro sozinha. Estávamos preocupadas em ter que pagar por alguma outra coisa, de haver algum problema, sei lá, e ficar tudo pra Tati resolver. E ela, coitada, estava super nervosa pensando em dirigir pelo centro da cidade sozinha. O GPS mostrava a hora estimada de chegada paras as 17h58. Pra piorar perdemos um retorno e demos uma volta desnecessária. Estacionamos a uma quadra da locadora (não tinha como parar mais perto) exatamente às 18h. A Tati estava tão tensa que mal conseguia se mover e sair do banco, então comecei a correr como louca pra avisar que havíamos chegado! Deu tudo certo, um dos funcionários nos levou ao posto de combustível “de confiança” deles pra enchermos o tanque e o carro foi entregue. Missão cumprida! O dia tinha sido perfeito!

Aproveitamos que estávamos perto da Long Street e descemos para comer algo por lá. Fomos a um bar/restaurante chamado Neighbourhood, eu e a Tati pedimos hambúrgueres e a Karin, um prato de frango. Achamos todas os pratos bem gordurosos mas (não sei se era a fome) extremamente gostosos! E o que me chamou a atenção é que não parecia um lugar turístico. Era na verdade a primeira vez que eu estava vendo por lá um lugar frequentado majoritariamente por negros (havia uns indianos também). Existe racismo, sim, no Brasil (e me impressiona que haja pessoas que não consigam enxergar isso), mas aqui somos e andamos mais misturados. Na África do Sul é muito difícil mesmo ver grupos com pessoas de diferentes etnias juntas. Brancos andam com brancos, colored people (que inclui mestiços e brancos não tão holandeses) anda com colored people, indianos andam com indianos e negros andam com negros. E nas regiões mais abastadas e turísticas (pelo menos as que fui) só se vê negros trabalhando, não frequentando (o que, convenhamos, também é comum no nosso país, embora não de maneira tão “rigorosa” como vi na África do Sul).

Voltamos pro hostel e fui arrumar minha mala, eu sairia para o aeroporto às 5h. Me despedi das meninas, agradeci imensamente a companhia maravilhosa que me foram nos meus dias na Cidade do Cabo e fui dormir.

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7º dia – 26/04: o pessoal da recepção chamou um táxi pra mim e às 5h saí rumo ao aeroporto (300 rands). Era hora de dar tchau à cidade maravilhosa do Cabo. Comprei um sanduíche e um suco no Woolworths (uma rede de mercados que existe lá, inclusive tinha um perto do hostel e era onde eu comprava as minhas garrafas de água) pro café da manhã. O voo saiu pouca coisa atrasado. Sentei na poltrona F, pois me disseram que desse lado, na decolagem, dava pra ver as vinícolas de Stellenbosch. O voo foi tranquilo, serviram café da manhã (linguiça, iogurte, pão, café ou chá). Minha mala não apareceu na esteira, fiquei meio preocupada e encontrei um funcionário da companhia aérea que me informou que nessa conexão eu não precisava retirar a mala e despachá-la novamente. Só fiquei tranquila quando vi minha mala no aeroporto de Victoria Falls, rs.

O segundo voo também foi tranquilo, menos de 2h. Um pouco depois da decolagem deu pra ver Johannesburg. No pouso em Victoria Falls também deu pra ver uma "fumacinha” um pouco afastada que era a Victoria Falls (fui sentada na poltrona A). Desembarcamos e aí veio a fila pra imigração... 2 horas de fila. E isso só com as pessoas do nosso voo (quando já estávamos há 1 hora na fila chegou um outro voo... Fiquei com pena desses passageiros!). Só 2 guichês (para estrangeiros) estavam funcionando, mas acho que no total eram uns 6 guichês. O aeroporto é minúsculo, acho que só tem 6 portões de embarque. Ainda durante a fila um oficial perguntava se queríamos o visto de entrada única (U$ 30) ou dupla (U$ 45), mas não anotava, não fazia nada, só perguntava. Em certo momento a fila se dividia em duas, cada uma para um guichê. Aí esse oficial que indicava quem deveria ir pra qual. Eu achei que era algo aleatório, pois todo mundo que estava próximo de mim foi pra mesma fila. Quando chegou minha vez dei U$ 100 e disse que queria o visto duplo. O agente me deu troco do visto de entrada única. Falei mais uma vez que eu queria o duplo e ele falou que eu estava na fila errada, que deveria ter informado antes. Respondi que havia dito ao oficial da fila que queria o duplo e ele me mandou pra essa fila (detalhe: esse oficial perguntou bem antes, um pouco depois que chegamos. Até eu chegar à parte em que a fila se dividia já havia passado bastante tempo). Ficou um clima tenso (eu fiquei nervosa achando que iam negar o meu visto), o cara sai, volta, fala com outro oficial, agente... Aí ele devolveu o meu dinheiro e me levou pro outro guichê. Esperei terminarem de atender uma pessoa e fui a próxima. Pronto, fizeram o meu visto duplo.

Peguei a minha mala e fui ao banheiro passar repelente. No Zimbábue há incidência de malária, mas confesso que até viajar não estava muito preocupada com isso. Não li relatos de pessoas que foram a Victoria Falls e tiveram a doença. Eu li sobre uns remédios que se podem tomar antes de visitar lugares onde há incidência da doença e que ajudam a preveni-la, mas vi que poderia haver efeitos colaterais, como alucinação. Fiquei preocupada, por viajar sozinha, e preferi não tomar. Ia arriscar só no repelente mesmo.

Peguei um táxi por U$ 30 até o Shoestrings. Pelo que vi, esse preço é tabelado. O motorista era um senhor simpático e magrinho, que foi me explicando várias coisas. No caminho vi muitas pessoas andando na estrada, mães com as crianças amarradas nas costas, aquela paisagem mais seca. Algo mais parecido com a África que geralmente temos em mente (mas apesar de ter visto pobreza no Zimbábue e depois em Botswana, não cheguei a ver nada extremo).

Cheguei no hostel, fiz o check in e fui conhecer o quarto e os banheiros... Como eu já havia mencionado, horríveis. A porta do quarto e a fechadura não estavam em muito bom estado, parecia super fácil arrombá-la. Quase tudo tinha aparência de sujo... Eu fiquei bem decepcionada com o albergue, mas beleza, ia dar pra levar. Deixei as coisas no quarto e fui na agência do hostel comprar o passeio pra fazer no dia seguinte o Chobe National Park, em Botswana. Custava U$ 160, mas (não sei por quê) me deram um desconto de U$ 15. Eu precisava ir ao mercado comprar água e biscoitos pro dia seguinte, mas antes passei no quarto pra contar o meu dinheiro e aí veio uma surpresa: estavam faltando U$ 140. Não sei como aconteceu, se perdi, se pegaram... Os dólares ficaram o tempo todo separados em um envelope, então seria difícil deixar cair algo e também alguém ter roubado. Pensei que talvez no momento de pagar o visto eu tenha dado 2 notas de U$ 100 juntas, sem perceber. Mas ainda assim a matemática não bate, pois faltariam uns U$ 40 mais. Enfim, fiquei um século pensando e não sei como perdi esse dinheiro. Fiquei muito triste e chateada. Tentei me acalmar e fui ao mercado. Lá fui abordada por várias pessoas tentando me vender bugigangas, notas milionárias da antiga moeda do Zimbábue (eles tiveram uma das maiores inflações do mundo, e as notas chegaram aos bilhões) e até alguns homens tentaram se oferecer pra mim (“a garota branca veio pra África, tem que conhecer os africanos”). Tudo bem, levei de boa, só que um dos caras foi muito insistente e continuou me acompanhando. O hostel é perto do mercado, mas uma das ruas de acesso é meio deserta e nesse momento só estávamos eu e esse cara andando. Tentei me manter calma e firme, mas eu estava morrendo de medo. Já perto do Shoestrings ele desistiu e foi embora, mas eu ainda estava bem nervosa. Pra piorar tudo, não fazia nem 1 hora que tinha saído do aeroporto, estava entupida de repelente e mesmo assim levei um milhão de picadas de mosquitos!!! A minha intenção, quando planejei a viagem, era usar essa tarde pra conhecer Livingston, na Zâmbia, mas fiquei tão neurótica com as picadas de mosquito, com o fato de ter perdido dinheiro, com o cara ter me seguido, com o estado do hostel, que tomei banho e fui me trancar no quarto. Chorei, pensei em trocar o voo, em procurar outro hotel (mesmo que tivesse que pagar bem mais)... Eu só queria ir embora, sair dali. Mas não consegui pesquisar muita coisa na internet e estava com medo de sair e ser abordada. Fiquei o tempo todo na cama, só saí do quarto por um tempo pra carregar o celular (as tomadas do quarto precisavam de adaptador e só tinha tomada universal perto do bar). Não almocei e nem comi nada, depois de carregar o celular voltei pra cama e lá fiquei até de manhã. Dormi muito mal. As duas únicas coisas que tiram o meu sono são calor e mosquito (tanto que o barulho da música nem me incomodou), e o que mais teve à noite foi calor e mosquito. O dia foi perdido e a noite foi um inferno.

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8º dia – 27/04: Nem sei se posso falar que acordei, porque na verdade eu praticamente não havia dormido à noite. Acho que o menino que estava no meu quarto também não conseguiu dormir direito, ele se mexia toda hora. Mas levantei e depois de um banho gelado me senti melhor. Tomei café da manhã no restaurante do hostel (as mesas são ao ar livre). Pedi torradas, ovos mexidos e suco, não lembro exatamente quanto custou, mas acho que foi por volta de U$ 5. Falei pra mim mesma que eu iria aproveitar o dia e à noite, quando voltasse, via o que fazia da vida. Às 7h30 passaram nos hostel pra nos buscar. Junto comigo foram a Amanda, uma americana que chegou no Shoestrings um pouco depois de mim, e o Khan, uma americano que origem asiática super gente boa. Achei legal que o Khan é casado e tem 3 filhos, mas todo ano ele e a esposa fazem cada um uma viagem sozinhos e, juntos, uma viagem com os filhos.

Um pouco depois de sairmos pegamos uma estrada que, segundo o motorista, ficava em um parque. Ele disse que ao animais circulavam por ali (e depois conhecemos um pessoal que passou pela mesma estrada mais ou menos no mesmo horário e viu um leão cruzando-a) e chamou as 2 pessoas que vimos caminhando por ali de loucas. Uns 40 minutos depois chegamos à fronteira, onde o guia que iria nos acompanhar no Chobe nos buscou. A imigração em Botswana foi tranquila e rápida, brasileiros não precisam pagar pelo visto.

Depois da imigração embarcamos em um jipe aberto, que faz a parte terrestre do Chobe. Além de nós três, havia um casal de portugueses que mora em Angola e um casal de americanos que estava passando a lua de mel na África. O guia nos deixou em um restaurante em que havia um píer nos fundos, e lá pegamos o barco para fazer o game drive da manhã, no rio Chobe. Pessoas de outros jipes participaram desse cruzeiro.

De um lado do rio é Botswana e do outro é a Namíbia. Tem uma ilha no meio (parece ilha de totora, me lembrou as ilhas flutuantes de Uros) que já foi alvo de disputa dos dois países, mas que hoje pertence a Botswana. Não há nada na ilha, só uma bandeira do país.

Vimos hipopótamos, crocodilos e dois elefantes brincando nas águas. Nas margens vimos vários tipos de antílopes (acho que o kudu era o mais comum) e alguns elefantes também. Havia ainda muitos pássaros. Eu amei, foi muito legal ver os animais assim em seu habitat natural (e o Chobe Park é aberto, diferentemente de muitos na África do Sul, que são cercados). Fora que toda a paisagem é linda.

Esse passeio durou umas 3 horas e aí voltamos para o restaurante, onde foi servido o almoço. Um buffet simples, com poucas opções, mas a comida estava gostosa. Eles nos alocaram nas mesas de acordo com o nosso jipe, então todo mundo sentou com o seu grupo. Nesse restaurante tinha wifi e eu usei o cartão de crédito pra comprar um ímã de Botswana na lojinha ao lado, já que não troquei dinheiro pela moeda de lá (e nem havia necessidade: o passeio é só de um dia e o almoço e bebidas como água e refrigerantes estavam incluídos).

Terminada a refeição, embarcamos para fazer a parte terrestre do Chobe. Foram mais uns 10-20 minutos até a entrada do parque, eu acho. Há muitos antílopes e também muitos, muitos elefantes. O guia explicou que ali é como um santuário para os elefantes, que eles migram de diversas regiões do país e de outros países pra lá por conta do rio, que fornece água e vegetação. O problema é que os elefantes são meio “demolidores”... Eles precisam destruir muitas árvores para se alimentarem (dá pra ver no Chobe umas partes devastadas) e isso afeta o meio ambiente de outros animais, causando vários problemas. Então o governo de Botswana tava estudando algumas alternativas para resolver essa situação, e uma dela era a execução de parte dos elefantes. Isso estava gerando muitos protestos e não tem nada definido ainda. Ele disse que estavam estudando também tentar fazer a migração desses elefantes pra outras partes da África, que é o que a gente espera que dê certo para resolver esse impasse. O casal português que mora em Angola até falou que lá estão precisando de elefantes.

Vimos também girafas (amo girafas!), manadas de búfalos, vários tipos de pássaros, javalis (hakuna matata!), entre outros animais que agora não lembro, e claro... Leões! É engraçado que os guias ficam se comunicando toda hora, passando as informações de onde viram os animais, e de repente começou um auê no rádio. Alguém tinha avistado leões e nos dirigimos pra lá. Eram 3, duas fêmeas e um macho, este último, segundo o guia, devia ter uns 3 anos, pois a cabeleira estava começando a crescer. O ruim é que estavam a uma certa distância, dava pra vê-los de boa, mas eu queria que estivessem um pouco mais perto. Estavam meio sonolentos (eles dormem muito, e geralmente durante o dia) e depois de um tempo umas das fêmeas se levantou e foi embora (chegaram muitos jipes, não sei se isso a incomodou). Ficamos lá um tempo pra ver se apareciam outros, mas nada. Aí continuamos nossa jornada pelo parque. No Chobe não há rinocerontes, segundo o guia, então lá não daria pra ver os big five de qualquer maneira. Mas o casal português já fez vários safáris na África e me disse que esse é um dos parques mais legais. Pra mim valeu a pena, gostei muito, muitos mais do que esperava (tanto que acabei fazendo outros safári na África do Sul, algo que não estava nos meus planos).

Um pouco depois das 16h começamos a fazer nosso caminho de volta. O guia nos deixou na fronteira, fizemos a imigração de volta pro Zimbábue (como o visto era de entrada dupla, foi rápido e não precisamos preencher nenhuma papelada) e nesta fronteira outro motorista veio nos buscar. Nos despedimos do pessoal do nosso jipe e voltamos nós 3 pro Shoestrings.

Chegamos lá pras 17h30, ainda estava bem claro e eu e a Amanda fomos ao mercado de novo. Fomos bastante abordadas, mas como agora éramos uma dupla, me senti mais segura. Aliás, meu humor mudou completamente nesse dia e parece que tudo fluiu melhor... Eu estava muito feliz de ter ido ao Chobe, os mosquitos pararam de me picar (e eu tava até passando menos repelente!), o menino que estava no meu quarto foi embora e passei as 2 noites seguintes sozinha (e como o quarto era apertado, foi bom, me senti mais livre), descobri uma posição do ventilador em que ele fazia um tantinho de vento (bem pouco, mas melhor que nada) e embora tenha passado calor à noite, foi menos que na anterior e eu consegui dormir bem melhor (talvez pelo cansaço de não ter dormido antes). Nessa noite ficamos comendo e bebendo um pouco, conheci várias pessoas (a maioria do Zimbábue mesmo, que vai curtir a noite lá), foi divertido. Fui dormir umas 22h exausta, mas feliz de estar no Zimbábue, em um estado de espírito completamente diferente do dia anterior.

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9º dia – 28/04: acordei cedo e tomei café da manhã no Shoestrings Café de novo, junto com o Khan. Ele ia embora nesse dia umas 11h, mas como ainda havia tempo (não eram nem 8h ainda) foi conhecer comigo a ponte que divide o Zimbábue e a Zâmbia. A Amanda ia fazer um slingshot bungee jumping lá e já tinha saído. Levamos uns 20 minutos (talvez um pouco mais) andando do hostel. Como tava cedo, o tempo estava até fresquinho, então a caminhada foi bem tranquila.

Pra chegar na ponte é preciso passar pela imigração do Zimbábue, mas eles dão uma autorização especial (que é na verdade uma pedaço de papel que eles arrancam de algum lugar e escrevem alguma coisa) pra quem quer ir só na ponte, assim não é preciso pagar o visto pra voltar. Nessa altura eu já tinha desistido de ir mesmo à Zâmbia, não queria fazer a imigração do Zimbábue de novo, foi muito cansativo e estressante.

A vista da ponte é bem legal, já dá pra ver um pedaço das cataratas e sentir até uns “pingos de chuva” de vez em quando, dependendo do vento. E mesmo que não ido loficialmente a um outro país, eu botei o meu pé na Zâmbia 

Lá encontramos a Amanda, ela ainda não tinha pulado e estava super apreensiva. Sou extremamente medrosa, ir na montanha-russa do Terra Encantada (que é do Rio conhece) foi uma experiência traumática pra mim (rs) e embora eu goste de aventuras, não dou pra essas coisas extremas. Mas eu queria muito ter coragem pra fazer essas coisas. Queria ter tido coragem para voar de parapente em Cape Town (e também no Rio!), uma cidade tão linda vista de cima. E queria muito ter tido coragem pra fazer bungee jumping ali também, afinal não era qualquer bungee jumping... Era um que ficava exatamente entre 2 países!

Só de ver a Amanda pulando eu quase infartei e acho até que estraguei o vídeo que estava filmando pra ela, hehe. Ainda bem que eles têm pessoas preparadas pra fazer vídeo e tirar fotos desse momento (por um preço salgadinho), os dela ficaram bem legais. Lá tem muitos arco-íris (vi dois duplos) e na hora que ela pulou tinha um ao fundo, então as fotos ficaram lindas!

O khan foi embora e eu e a Amanda fomos finalmente conhecer as cataratas. O ingresso custou U$ 30. Nós não compramos nem alugamos capa de chuva, mas usamos os nossos guarda-chuvas lá. Apesar de realmente o vento fazer “chover”, como todos dizem, num geral posso dizer que só o guarda-chuva deu conta e que não seria necessária uma capa (só que no fim nós inventamos de fazer um caminho em que visivelmente ficaríamos encharcadas.. e ficamos!).

O caminho possui 16 pontos, 16 mirantes. Não sei se é sempre assim ou se varia de acordo com os ventos, mas nos primeiros pontos (acho que até o 12) “chove” menos e mais fraco. Nos últimos pontos estava mais forte e até a visibilidade era ruim, então a vista das cataratas foi melhor nos primeiros. Como é o vento que leva a água, às vezes você está super de boa em um dos mirantes, só observando e admirando tudo, e aí do nada começa a chover. Em alguns momentos dá pra ver uma massa, uma nuvem vindo, e aí você consegue fugir a tempo. Minha mochila era de couro, não entrou água, mas eu tinha guardado o passaporte e o dinheiro em um saco, só por garantia. Tentei ter cuidado com a câmera, quando vinha uma chuva eu me encolhia e a apertava contra o peito. Como eu disse, só os guarda-chuvas deram conta do recado, num geral a gente se molhou pouco. Só que entre os pontos 14 e 15 você pode escolher entre um caminho por dentro e um por fora. Nessa parte tava “chovendo” bem forte mesmo, mal dava pra ver as pessoas que iam por lá. Decidimos arriscar, e me arrependi depois. Primeiro porque tava tão forte que não dava pra ver NADA, absolutamente NADA. Depois porque realmente estava forte e em alguma parte a água estava acumulada e formava uma piscininha de uns 5 centímetros, então nossos pés ficaram submersos. A gente pegou aquele caminho só pra ficar molhada, porque não vimos nada, não serviu pra nada.

A devil’s pool é bem famosa e acredito até que é uma das principais razões para muita gente visitar Victoria Falls. Mas a estação seca, que é quando se pode ir na piscina natural, é de outubro a janeiro. Já li relatos de pessoas que conseguiram fazer a devil’s pool em agosto e setembro, mas quando eu estava planejando a viagem vi que essa época de abril e maio é uma das mais difíceis, porque é a mais cheia. Fui sabendo disso e não podia fazer muita coisa, era a época em que eu podia viajar. Sou muito medrosa e sei que ia me cagar se conseguisse ir em outra época, mas deve ser uma super experiência! Quem sabe um dia volto... Mesmo sem a devil’s pool gostei bastante.

Saímos de lá um pouco antes das 14h. O sol estava forte e muito quente. Passamos numa feirinha de artesanato em frente à entrada do parque pra ver alguns souvenirs e lá negociamos um táxi pra nos deixar no correio (pra comprar uns cartões postais – e como era mais perto do hostel, seria mais tranquilo voltar a pé de lá). O cara queria nos cobrar U$ 10 e depois de muito negociarmos, fechamos por U$ 4 (U$ 2 pra cada uma). De lá voltamos pro albergue.

Eu tinha comprado o passeio de barco pra ver o pôr do sol no rio Zambezi e iam passar às 16h pra me buscar. Tomei banho correndo e almocei lá no hostel. Quando estava pesquisando a viagem, li sobre o pap, que é um prato bem popular na África do Sul e em outros países do continente. O pap é feito de milho e parece uma massa branca, uma espécie de polenta. É servido geralmente com carne e frango (acho que por não ter muito sabor, aí precisa de um molhinho pra acompanhar). É muito comum também no Zimbábue, mas lá é chamado de sadza. Como não tinha experimentado ainda na África do Sul, pedi no almoço, com carne. O sadza em si não tem muito gosto de nada, parece uma papa de arroz, mas com a carne e os vegetais fica gostosinho.

O motorista veio me buscar e no carro conheci a Coralie e o Playtorn, um casal gente boa que eu tinha até visto na noite anterior jantando no Shoestrings. Ela é holandesa e ele do Zimbábue, mas moram perto de Amsterdam. Nós dividimos a mesa no barco e a companhia maravilhosa deles tornou aquele pôr do sol espetacular ainda mais inesquecível. Geralmente são são 2 tipos de cruzeiro: um que inclui um jantar e um mais simples, só com bebidas e sncks, que era o nosso. Eu achava que os snacks seriam salgadinhos, mas na verdade era um pratinho com amendoins, espetinho de frango, uma massa parecida com pastel recheada de frango e mais uns bolinhos típicos de lá. Os snacks são todos frios.

O pôr do sol é uma coisa maravilhosa: alaranjado, avermelhado... Muito o rei leão (fiquei cantando mentalmente as músicas do filme enquanto me entupia de rosé assistindo àquela cena maravilhosa!). Há muitos barcos que fazem esse passeio, e todos ficam dando voltas na mesma parte do rio enquanto o sol se põe. Deu pra ver hipopótamos, elefantes, crocodilos e vários pássaros. Eu adorei esse passeio!

Logo depois que o sol se pôs o barco voltou. A Coralie e o Playtorn foram comigo pro Shoestrings pra jantar e beber algo. Ficamos conversando, bebendo, rindo. Nesse dia montaram um ringue de box no shoestrings, porque na noite seguinte haveria uma luta de boxeadores locais lá. Então essa noite estava bem movimentada, muita gente indo treinar, ver os treinos. Foi bem divertido.

Como era minha última noite, me recolhi lá pelas 22h pra arrumar a mala e ir dormir. Nessa noite a música parecia estar mais alta que o normal, meu coração estava vibrando junto, e em vez de acabar lá pelas 23h, como nas duas últimas noites, finalizaram a noitada à meia-noite.

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10º dia – 29/04: eu marquei o transfer out na agência do hostel, por U$ 15, para as 11h. O meu voo para Johannesburg eras às 13h10, então fiquei preocupada com esse horário, mas me informaram que não haveria problemas. Esse transfer das 11h era tanto pro pessoal do meu voo quanto pra um da British airways, que era umas 14h. Como o aeroporto é pequeno e tem poucos voos, esses horários do transfer são padrão. Só que atrasaram, passaram no hostel umas 11h40 e ainda foram buscar mais gente (era um microonibus). Eu sou super tensa com horários, estava morrendo de medo de perder o voo, fui o caminho todo quase morrendo do coração, e pra piorar o motorista tava super devagar. Chegamos ao aeroporto às 12h20, ou seja, 50 minutos antes do voo internacional. Do pessoal que estava no ônibus, só eu e outra menina pegaríamos o voo da South African; todo mundo ia no da British, que era mais tarde. Então nós duas corremos pro check in desesperadamente. Perguntei toda esbaforida pra funcionária se havia filas pra passar na imigração de saída (estava traumatizada com a da entrada), se corríamos risco de perder o voo... E ela disse que provavelmente perderíamos o voo e que ela não podia fazer nada. A culpa era nossa por termos chegado atrasadas. Eu já ia começar a chorar (ao mesmo tempo pensando se aquilo não era uma intervenção divina, na tentativa de me acalmar... talvez o avião caísse e esse atraso tivesse existido pra eu sobreviver) quando ela gargalhou falando que estava zoando com a nossa cara. Eu quase tive um treco, mas no fim deu tudo certo e o voo ainda atrasou uns 30 minutos.

A volta foi bem tranquila e serviram almoço a bordo. A fila da imigração foi gigantesta de novo.

Peguei a mala e encontrei meu amigo. Rumamos a Pretoria, mas antes de irmos pra casa eles me levaram a Klapperkop, um morrinho onde há um forte. Não chegamos a ir ao forte, mas desse morro se tem uma vista legal da cidade. Depois fomos pra casa, botamos o papo em dia, tomei banho e mais tarde fomos jantar no Piza è vino, perto de onde eles moram. Dividi uma pizza com meu amigo e tomei 2 taças de vinho, ficou uns 180 rands.

Nesse dia eu tava morta, voltamos pra casa e fui dormir.

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