Membros de Honra LEO_THC Postado Dezembro 16, 2009 Membros de Honra Postado Dezembro 16, 2009 FONTE: Cruzeiro On Line http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia.phl?editoria=42&id=247955 [align=Justify]Resumir e ilustrar as 42 expedições amazônicas mais importantes de 1500 a 1930 foi a ótima ideia de João Meirelles Filho - tão simples que poucos haviam pensado nela. O pesquisador e ambientalista que nasceu em São Paulo e vive às margens do Rio Pará, em Belém, executou a tarefa com muita competência em "Grandes Expedições à Amazônia Brasileira" (Metalivros, 244 págs., R$ 140), que será lançado nesta 4ª feira (16), na Livraria da Vila da Alameda Lorena, 1.731. Como o preço indica e como se vê nesta página, trata-se de um livro de arte, com belas imagens, mas não o confunda com "coffee table book", com livro para deixar na mesa de centro e apenas folhear em vez de ler. Autor do utilíssimo "Livro de Ouro da Amazônia" (Ediouro, 2004), Meirelles relata cada expedição usando os mesmos tópicos: contexto, líder, principais colaboradores, percurso, obras e principais contribuições. Isso tira do livro a levada narrativa, infelizmente; em compensação ele funciona como obra de referência e também de introdução àquelas expedições que o leitor porventura não conheça ou conheça mal. Cada uma delas mereceria um livro, claro, mas, como se sabe, os brasileiros se importam pouco com a memória. E vê-las todas juntas, na ordem cronológica, forma um panorama único e faz pensar no poder dessa entidade "Amazônia" sobre o imaginário mundial. Da primeira viagem, de Vicente Pinzón, no ano em que o Brasil é descoberto, até as expedições de Candido Rondon, das quais a última se dá na fronteira do Brasil com Peru e Colômbia, em 1930, vemos como gradualmente o desconhecimento e a fantasia vão dando lugar ao mapeamento e à fotografia. No entanto, as reações de espanto e admiração não sofrem muitas mudanças. Rondon, por exemplo, fez diversas viagens, sobretudo para instalação de linhas de telégrafo, mas também para travar contato com os índios, no qual se distingue da grande maioria dos antecessores por agir pacificamente; há ainda a viagem com o ex-presidente dos EUA, Theodore Roosevelt, pelo Rio da Dúvida, então batizado por Rondon como Rio Roosevelt; e as últimas viagens são as campanhas em diversas fronteiras. O leitor se cansa só em acompanhar o relato... Meirelles sintetiza viagens famosas como as de Orellana, do bandeirante Raposo Tavares, a "filosófica" de Alexandre Rodrigues Ferreira, a botânica de Von Martius e Spix, a do Barão de Langsdorff, as de Bates, Steinen ou Koch-Grünberg - muitas das quais lembradas antes nos livros da série Brasil dos Viajantes, da mesma editora. O etnólogo e conde italiano Ermano Stradelli bem poderia ter sido homenageado, embora tenha se concentrado mais no Rio Orenoco, na Amazônia venezuelana. (Alexander von Humboldt, herói de muitos expedicionários posteriores, não aparece justamente porque não entrou em território brasileiro). Mas Meirelles lembra diversas viagens menos estudadas do que deveriam ser, como a de Euclides da Cunha pelo Alto Purus e a do biólogo inglês Alfred Russell Wallace, que na floresta pluvial fez observações sobre a seleção natural muito parecidas com as de Darwin em "A Origem das Espécies". O autor lembra ainda as do linguista Paul Ehrenreich e do pintor francês Biard, para citar algumas mal conhecidas. Faltam mais mapas com os percursos, mas as imagens são igualmente reveladoras. Das araras pintadas na expedição de Rodrigues Ferreira às fotos das comissões demarcadoras de Rondon, o teatro natural e os grupos indígenas são retratados com a curiosidade dos aventureiros e o perfeccionismo dos profissionais. Bates, por exemplo, é especialmente dotado para a arte da gravura, mas não consegue deixar de trair seu maravilhamento com as cenas, que parecem sempre exageradas - como a da pesca de tartaruga, que mostra em primeiro plano a luta de cinco índios contra um jacaré. Ou temos o pirarucu gigante de Franz Keller, imagem usada pelo geólogo James Orton. Mas não existe apenas a exuberância de fauna e flora: os grandes espaços vazios são recorrentes, em muitas das aquarelas e fotografias, do mesmo modo que o trabalho servil dos seringueiros, como na viagem de Wickham. Não há cartões-postais aqui. As Amazônias, enfim, são muitas, assim como este livro de João Meirelles Filho são muitos Que venham seus frutos. (Daniel Piza - AE)[/align]
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