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Dois anos depois, o Rio Uruguai ainda sofre


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:arrow: FONTE: Diário Catarinense

http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2747057.xml&template=3898.dwt&edition=13713&section=213

 

[align=Justify]DC acompanhou segunda expedição ao Rio Uruguai e constata continuidade de crimes ambientais

 

Um aumento no desmatamento das margens do Rio Uruguai e novas construções irregulares foram observadas numa navegação de três dias promovida pela Associação dos Amigos do Rio Uruguai, que reuniu cerca de 40 pessoas. Uma equipe do Diário Catarinense, que há dois anos havia acompanhado a expedição, voltou ao local e verificou que a agressão ao rio continua.

 

O grupo partiu do porto Goio-Ên, em Chapecó, local que no início da colonização do Oeste catarinense servia de partida para as balsas de madeira que pelo rio Uruguai iam até a Argentina,

 

A mestre em Gestão e Auditorias Ambientais Claidi Todescatti afirmou que houve um aumento no deslizamento das barrancas do rio por falta de mata ciliar. Ela observou também mais construções irregulares no perímetro urbano e balneários próximos ao rio, onde a ação é proibida por ser área de preservação permanente.

 

– Isso revela passividade dos órgãos fiscalizadores – acusou.

 

O comandante da 5ª Companhia de Polícia Militar Ambiental, major Edvar Fernando Silva Santos, considera que o desmatamento é uma das maiores ameaças ao rio.

 

– A falta de mata ciliar causa erosão, assoreamento e diminui o alimento para peixes frugívoros, como a piava – destacou.

 

Santos disse que a polícia tem intensificado as ações de conscientização da população e de recuperação dos danos ambientais.

 

Barragens contribuem para aumento do desmatamento

 

Além de potreiros que vão até a margem do rio, das lavouras de fumo e milho e do reflorestamento de eucaliptos, a implantação das barragens também causa desmatamento. Trechos de mata virgem ao longo do rio estão no chão.

 

– É um imenso absurdo – disse um dos ambientalistas.

 

No entanto, a retirada de madeira é legal e necessária, pois fica na área que será alagada pela hidrelétrica.

 

Já na saída da expedição houve a constatação de que restavam apenas montes de entulhos e tijolos das muitas casas da comunidade de Porto Goio-Ên. As famílias foram retiradas, pois a área será atingida pelo lago da hidrelétrica de Foz do Chapecó, que está sendo construída entre Águas de Chapecó e Alpestre (RS).

 

No primeiro trecho do trajeto, entre Chapecó e a barragem, quase não vemos moradores na beira do rio. Praticamente todos já foram retirados. É possível ver os marcos na mata, indicando o nível onde a água vai bater quando o lago for fechado, em junho do ano que vem.

 

Muitas ilhas, que servem de abrigo para aves, como ninhos de garças e biguás, ficarão debaixo d’água. Também vão sumir as corredeiras do rio e uma cachoeira em Nonoai.

 

Mesmo com o rio cerca de três metros mais alto do que o normal, a Polícia Ambiental encontra redes, esperas e espinhéis, que estão proibidos no período de piracema, quando os peixes sobem o rio para reprodução. Um pintado amarelo e um jundiá são devolvidos ao rio. Mas são apenas alguns que se salvam da pesca predatória, que contribui para diminuir a quantidade de peixes. De acordo com o soltado Antônio José Tonin, só a sua equipe já apreendeu mais de 300 metros de rede desde o início do período da piracema, em outubro.

 

– Continua a pesca predatória, o desmatamento e a poluição – disse o biólogo Gelso Campos, que recolheu embalagens de agrotóxico utilizadas em lavouras de fumo. Ele afirmou que pouca coisa mudou em relação à expedição realizada havia dois anos.

 

– Melhora não teve – lamentou.

 

darci.debona@diario.com.br[/align]

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