PATAGÔNIA! Rápida, porém inesquecível (Abril de 2016)

[Fred Moura]

Visitar a Patagônia sempre foi um sonho, aparentemente distante. Mas no início deste ano, com dinheiro suficiente para fazer uma grande viagem, escolhi a realização deste sonho! Até então eu não tinha noção da grandiosidade daquela região, mas pesquisando bastante eu fui me apaixonando cada vez mais e ao visita-la pude ficar ainda mais envolvido com ela!

E como o Mochileiros me ajudou bastante, resolvi compartilhar aqui esta pequena experiência.

 

PREPARATIVOS

Os relatos que mais me baseei foram:

* 14 dias sozinha pela Patagônia Argentina: Ushuaia, El Calafate e El Chalten! (Da Bruna M. Correard)

* Ushuaia - Dicas para economizar e relato de viagem + fotos - Nov/2013 (Do mroferrari)

* Ushuaia, El Calafate e El Chalten. Abril/2015. Fotos e alguns perrengues. (Do Erico)

 

- A época escolhida foi abril, pois a partir de maio muitos passeios se tornariam impraticáveis devido as proximidades com o inverno

- A compra de passagens teve que ser feita com agência de viagem, pois o site da Aerolíneas Argentinas não permite usar mais de um cartão de crédito. (Eu comprei uma parte a vista a outra parcelada). O valor total foi de R$ 3.300,00 para os trechos Fortaleza – Ushuaia / Ushuaia – El Calafate / El Calafate – Fortaleza.

- Roupas de frio: levei um casaco e um gorro, ambos de lã de alpaca (que tinha comprado no Peru), segunda pele (calça e blusa) e luva. APENAS! Passei frio , mas deu pra aguentar. O problema foi sair do Ceará com agradáveis 30 ºC e encarar temperaturas próximas de 0.

- hospedagem: fiz contato via e-mail com os hostels, sem que fosse necessário pagamentos adiantados: Antártica Hostel (Ushuaia), Bla Guesthouse (El Calafate), Condor de los Andes (El Chalten).

- câmbio: fiz a troca de real por pesos no Hotel Antártida que tinha cotação de 3,80 pesos pra cada 1 real.

- companhia: chamei amigos, mas ninguém teve coragem! Entrei em vários tópicos sobre companhia para viajar, mas algumas pessoas iam em datas diferentes, outras apenas prometiam e nada. Resolvi, como nas outras vezes, encarar sozinho! Na realidade, nunca viajamos sozinhos! Sempre fazemos novas amizades durante as viagens.

- seguro saúde: sempre faço, dessa vez não foi diferente. Custou R$ 103,00 um seguro básico da Coris, feito através de agência de viagens.

- cartão de crédito: não vale a pena usar, mas por questão de segurança habilitei meu cartão para uso fora do Brasil. Acabei usando em Buenos Aires na volta.

- levei tudo em uma mochila Nord (25 l), por incrível que pareça. Mas, é porque não gosto de despachar bagagem e nem andar com muito peso. Na mochila foram levados:

• 1 calça jeans;

• 5 blusas;

• 2 bermudas;

• Segunda pele (calça e blusa)

• Toalha de rosto;

• Meias, cuecas, material de higiene pessoal

• Câmera fotográfica, carregadores

• Remédios para dor de cabeça, febre e gripe

• 1 par de chinelo

• Óculos escuro

 

ROTEIRO:

O roteiro deveria se encaixar em aproximadamente 1 semana, tempo que eu tinha para viajar neste período. Então tentei otimizar ao máximo:

23/04: Fortaleza – Guarulhos – Buenos Aires – Ushuaia (17 horas de viagem).

24/04: Passeio marítimo pela manhã e Cerro Martial a tarde.

25/04: Parque Nacional Terra do Fogo

26/04: Museus, volta pela cidade pela manhã. Voo para El Calafate pela tarde.

27/04: Full Day Torres del Paine

28/04: Perito Moreno (mini trekking). Ônibus para El Chalten.

29/04: Fitz Roy (laguna de los três)

30/04: El Chalten – El Calafate – Buenos Aires

01/05: Buenos Aires – Guarulhos – Fortaleza

 

GASTOS:

- Hospedagem: Ushuaia (300 pesos/noite); El Calafate (220 pesos/noite); El Chalten (240 pesos/noite);

- Canal de Beagle: 750 pesos + 20 pesos (taxa portuária)

- Parque Nacional Terra do Fogo: 100 pesos

- Museu Marítimo de Ushuaia: 150 pesos

- Full Day TDP: 1.770 pesos (+ 18.000 pesos chilenos)

- Mini trekking em Perito Moreno: 1500 pesos + 200 pesos (entrada do Parque)

Editado Maio 5, 2016 por Visitante

[Fred Moura]

DIA 0: UMA LONGA VIAGEM

 

Dia de uma longa viagem, algumas horas em conexões e um total de 17 horas de viagem para chegar ao Fim do Mundo. Cheguei em Ushuaia já era noite e fui recebido pelo pessoal da agência “Brasileiros em Ushuaia”, com os quais havia reservado o passeio do Canal de Beagle e que me foi oferecido um transfer como cortesia. Ao sair do aeroporto deu pra sentir a pancada do que seria o frio naquele lugar!!! Na van da agência iam mais 3 brasileiros. Paramos na agência primeiro para que fizéssemos o pagamento do passeio e em seguida nos deixou nos respectivos locais de hospedagem. No meu caso, a recepção no Antártica Hostel foi muito agradável. Eles dispõem de uma boa estrutura: cozinha disponível o dia todo, quarto com aquecimento, camas confortáveis... Pontos negativos: o banheiro fica no andar de baixo e os quartos em cima, então se você acordar de madrugada e tiver que ir ao banheiro passará por um corredor com muito vento frio; é proibido fumar nos quartos, mas é permitido fumar no corredor dos quartos, aí a fumaça vai direto para os quartos e torna o ambiente irrespirável. Pra quem não fuma é terrível! Tive que descer certa noite, pois tinha 4 pessoas fumando nesse corredor.

 

[Fred Moura]

DIA 1: NAVEGAÇÃO CANAL BEAGLE & CERRO MARTIAL

 

Acordei cedo para tomar café da manhã e sair. O café da manhã foi o melhor dos 3 hostels que fiquei. Tinha “sucrilhos”, pão a vontade, ovos, manteiga, sucos, geleias, doce de leite, café, leite e chocolate em pó. Eu tomava uma tigela de sucrilho com chocolate, geleia e doce de leite, em seguida fritava dois ovos e colocava em um pedaço grande de pão. Ficava plenamente alimentado até a tarde... Em seguida fui dar uma volta pela orla, indo até o porto para embarcar.

 

 

Lá paguei a taxa portuária, que o sujeito exigia que fosse paga em dinheiro trocado (20 pesos). O passeio da Navegação pelo Canal Beagle é interessante, com visuais muito bonitos da cidade, da ilha dos lobos marinhos, do Farol do Fim do Mundo... Muito frio devido ao vento, mas muito interessante. Apesar de ser aquele passeio bem turistão.

O passeio custou 750 pesos!

 

 

 

 

Depois da navegação fui ao La Anonima, mercado bem próximo do hostel e com preços muito bons para comprar algumas coisas para comer, água, cerveja... fui até o hostel preparar um almoço (macarrão com sardinha) e fui para o Cerro Martial de taxi, que custou 135 pesos. Como tinha nevado na semana anterior, a subida estava bem complicada, mas mesmo assim resolvi encara e subi um pouco. Ali foi meu primeiro contato com neve, gelo e todo aquele visual totalmente novo para mim! Na descida do Cerro resolvi voltar a pé até certo ponto, para curtir um pouco e visual e tirar algumas fotos. Mas para não cansar demais e prejudicar o dia seguinte no Parque Nacional, acabei pegando um taxi até o hostel, que saiu por 85 pesos.

 

 

 

A noite sai por ali, dei uma volta e comi umas empanadas por 15 pesos cada (melhor preço que encontrei), bem perto do hostel.

 

Editado Maio 5, 2016 por Visitante

[Fred Moura]

DIA 2: PARQUE NACIONAL TERRA DO FOGO

 

Mais um dia que começou cedo. Não tinha planejado os detalhes para chegar até o Parque Nacional, então perguntei na recepção do hostel como faria pra chegar lá e fui informado que havia uma van que fazia o transfer por 300 pesos ida e volta. Como eu não tinha muito tempo para encontrar outras opções resolvi ir nessa mesmo. Levei uma cerveja, amendoins e barrar de cereais para comer durante o dia.

No Parque, brasileiros pagam uma entrada de 100 pesos.

Algumas trilhas estavam fechadas por conta de ter nevado na semana anterior, então acabei percorrendo apenas as trilhas: Laguna Negra, Mirador Lapataia, Del Turbal, Castorera e Senda de La Baliza.

Meu "almoço" foi bem exótico! Tinha levado cerveja já pensando na neve que poderia ser aproveitada para manter a temperatura

Parei por volta de meio dia, à beira da Bahia Lapataia e apesar do frio curti minha cerva gelada com amendoins. Quem passava ficava impressionado com a cena, inclusive um casal de idosos que chegaram a comentar: que corajoso! bebiendo cerveza en este frio!

 

 

 

 

 

Retornei no ônibus de 15h. Descansei um pouco, dei uma volta pela cidade, comi umas empanadas e fui dormir.

[Fred Moura]

DIA 3: DIA À TOA & VOO PARA EL CALAFATE

 

Neste dia não tinha programado nada, então acordei um pouco mais tarde, tomei café tranquilo e fui dar uma volta até o Museu Marítimo de Ushuaia, onde tinha funcionado a prisão no início do século XX. O ingresso custou 150 pesos, te dão um folder e você a vontade para visitar as galerias e no final do prédio tem uma área que não foi restaurada, mantendo um pouco da estrutura original, onde dá pra ter uma ideia do frio que aqueles prisioneiros devem ter enfrentado.

 

 

Depois dessa visita, fiquei um pouco ainda no hostel esperando o tempo passar e fui para o aeroporto pegar o voo para El Calafate. A decolagem foi algo INESQUECÍVEL! O piloto iniciou a decolagem, fez um rasante pelo mar e virou na direção das montanhas, fazendo um voo sobre elas!!!

 

 

Chegando em El Calafate fiquei impressionado com o aeroporto ficar no MEIO DO NADA! Transporte para a cidade: taxi (360 pesos) e van (120 pesos). A van deixa a pessoa no local que ela está hospedada. No guichê é possível comprar também a volta, mas como eu tinha programado deixar El Chalten por último, desceria direto no aeroporto, economizando esse transfer

 

 

Fiquei hospedado no Blá Guesthouse, que tem um boa estrutura, quarto amplo, boas camas, bom aquecimento. A recepção passa boas informações da cidade, reserva passeios e ainda emitiu meu bilhete de ônibus para El Chalten. Pontos negativos: cozinha pequena, bastante concorrida e que não se pode usar pela manhã, café da manhã bem simples (pães de forma, geleias, café, leite e sucrilho).

[Fred Moura]

DIA 4: FULL DAY TORRES DEL PAINE

 

 

O passeio para Torres del Paine eu tinha reservado com o hostel, mas a empresa que o faria não conseguiu fechar uma quantidade mínima de pessoas e acabou cancelando. Só descobri isso ao chegar na recepção do hostel, na véspera do tour. Por “sorte” outra empresa fazia, mas com o preço de 1770 pesos, enquanto que a outra faria por 1300 pesos. Mas, enfim, eu tinha que fazer esse passeio! Além desse custo, é preciso pagar a entrada do Parque Torres del Paine: 18.000 pesos chilenos (algo em torno de 120 reais). Na Avenida San Martin há um restaurante e nele o dono faz câmbio. Não lembro bem o nome do restaurante, mas fica de frente para a rua 9 de julho. A cotação dele é um pouco menor para pesos argentinos, mas foi melhor comprar peso chileno com ele do que cambiar durante o tour para Torres.

A empresa contratada foi a South Road, que fica na Avenida San Martin. Eles foram buscar no hostel às 7:00, bem pontuais, servem um lanche durante a viagem e contam com guia.

A viagem até Torres del Paine dura em torno de 3 horas. Ao cruzar a fronteira com o Chile é preciso antes fazer a saída da Argentina e depois a entrada no Chile, onde há algumas restrições quanto a alguns alimentos.

Depois seguem viagem e param em um mirante, onde já dá pra ter uma noção de como vai ser o tour, onde vamos ficando cada vez mais próximos das Torres.

 

 

 

 

 

Depois de algumas voltas, eles param em um ponto e fazemos uma pequena caminhada até um lago, onde o guia fala um pouco sobre a geologia do lugar.

 

 

Por fim, voltamos para El Calafate, fazendo todo o processo de fronteira novamente...

[Erico_]

Show de bola o relato, Fred.

Lindas fotos.

Ansioso para ler o restante da sua viagem.

Forte abraço.

[Fred Moura]

Show de bola o relato, Fred.

Lindas fotos.

Ansioso para ler o restante da sua viagem.

Forte abraço.

 

Grande Erico! Obrigado!

Seu relato foi o primeiro que li e o que me ajudou a decidir o destino! Principalmente pelas fotos (melhores que as minhas), pela coincidências épocas...

Infelizmente, não conseguir ir de bike até o Parque Nacional

[Fred Moura]

DIA 5: PERITO MORENO

 

O dia mais aguardado (até então). O mini trekking sobre o Glaciar Perito Moreno foi o fator determinante na marcação da data desta viagem, pois a partir de maio, segundo o site da Hielo & Aventura, não seria realizado esse trekking. Então, corri para comprar as passagens e não ter que esperar até setembro.

Reservei o passeio com o pessoal do hostel Blá Guesthouse, onde eu iria ficar hospedado. O pagamento foi feito junto com o das diárias e custou 1.500 pesos. A empresa manda um ônibus buscar nos locais de hospedagem e nos leva até a entrada do Parque dos Glaciares, onde é paga a taxa de 200 pesos.

 

 

O ônibus nos leva até um local onde pegamos um barco para ir até as proximidades do glaciar.

 

 

Há algumas orientações iniciais e vamos caminhando até o local onde são colocados os grampões nos calçados, para que possamos caminhar sobre o gelo com segurança.

 

 

A caminhada dura em torno de 1h30, é muuuito interessante e no final nos oferecem whisky!

 

 

 

 

 

Depois da caminhada, voltamos de barco e pegamos o ônibus até as passarelas, de onde é possível ter uma visão incrível do glaciar.

 

Por fim, o ônibus nos leva de volta à hospedagem...

 

A adrenalina agora era chegar a tempo no hostel e conseguir uma vaga no último ônibus para El Chalten, saindo às 18h30. Consegui chegar por volta de 17h30 e comprei a passagem no próprio hostel por 420 pesos e fui logo para a rodoviária. Lá embarquei em um mico ônibus rumo a El Chalten, última cidade do roteiro, chegando lá por volta de 21h30. No caminho ainda fizemos uma rápida parada, pois o micro ônibus não tinha banheiro! Desembarcando, não foi difícil chegar ao hostel, que fica a 2 quadras da rodoviária.

Editado Maio 16, 2016 por Visitante

[Fred Moura]

DIA 6: FITZ ROY

 

Com certeza foi um dia INESQUECÍVEL!!!

 

Antes de falar desta aventura, vamos às considerações sobre o hostel Condor de Los Andes... Uma boa hospedagem, perto da rodoviária, boas camas, recepção deu várias informações sobre os trekkings e cozinha disponível. Pontos negativos: café da manhã bem simples (a maioria dos hostels dessa cidade nem possuem café incluso) e quarto com aquecimento não muito eficiente.

 

Após tomar o café (3 fatias de pão, manteiga, geleia, café e leite), sai para fazer a trilha da Laguna de los Tres. Fui até um supermercado que tem próximo ao hostel, mas estava fechado e só abria 9h. Como eu tinha pressa, fui caminhando e encontrei uma padaria aberta onde comprei um sanduíche enorme, empanadas e alfajor para comer durante o dia. Do hostel até o início da trilha não é muito longe, nem difícil chegar até lá. Usei o mapa que deram na recepção.

 

 

A trilha é FANTÁSTICA! Dentre várias opções eu optei pela Laguna de Los Tres baseado em várias dicas e relatos e só tinha um dia lá e, portanto, só haveria tempo para uma trilha. Obviamente, terei que voltar por lá para realizar outras que ficaram faltando!

 

Até a Laguna são 10 km, mas os últimos metros são os mais difíceis. Bastante inclinado e cheio de pedras, o que torna o desafio ainda maior e a recompensa ainda mais gratificante!

 

 

 

 

O caminho é repleto de belas paisagens, bem sinalizado, exceto em um pequeno trecho logo após o acampamento Poincenot, onde acabei me perdendo! Tomei uma rumo errado, subindo o “rio de pedras” em vez de atravessar uma ponte (que não vi de forma alguma). Acabei encontrando uma senhora neozelandesa que também tinha se perdido como eu. Tentamos ir até onde ia dar, apesar de achar o caminha estranho. Chegamos até uma placa que dizia “No avanzar”, ou seja, realmente estávamos no caminho errado! Na volta, encontramos 3 francesas, também perdida e mais adiante uma inglesa que também ia se perder! Mas, conseguimos retomar o caminho correto e seguir adiante.

 

 

Ao chegar à Laguna, bem próximo do Fitz Roy, tirei o tênis, descansei um pouco e comi, admirando aquela maravilha! EU NÃO QUERIA QUE AQUELE MOMENTO ACABASSE!!! Era lindo demais!