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Travessia Vale da Morte (quase deu morte).


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  • Colaboradores

Diferente do que aparenta ser, e do que muitos pensam, o Vale da Morte não tem esse nome por ter acabado com a vida de muitos que se aventuraram por suas fendas estreitas e perigosas. O nome, como um estigma, vem sido mencionado com veemência desde a década de 80, quando o Pioneirismo do Polo Industrial chegou no Brasil e se instalou na parte baixa da Serra do Mar, mais precisamente em Cubatão, produzindo fumaças tóxicas, colorindo e aromatizando o ar com uma névoa permanente, densa e venenosa, pairando naquele lugar. Com isso, a fauna e flora local ia sendo trucidada pelo desmatamento desenfreado, que abriu uma gigantesca clareira na floresta, para posteriormente, fincarem raiz na Baixada.

Com tanta poluição, não demoraria muito a aparição das doenças que, quando começaram a aparecer, causaram espanto com a gravidade do problema: "em seis meses, no período de Outubro de 1981 à Abril de 82, nasceram 1868 crianças: 37 estavam mortas; outras cinco apresentavam um terrível quadro de desenvolvimento defeituoso do sistema nervoso; três nasceram com anencefalia (ausência de cérebro) e duas tinham um bloqueio na estrutura das células nervosas que ligam o cérebro ao resto do corpo através da espinhal dorsal (fechamento do tubo neural)." Dentre tudo isso, e outros agravantes, a ONU deu à Cubatão o título de cidade mais poluída do mundo. E com essa repercussão mundial passou a ser chamada de Vale da Morte. Pois havia ali uma mortandade horrenda do meio ambiente.

 

 

Travessia pelo Vale da Morte (Rio da Onça)

Confesso que sempre tive muita vontade de fazer esse roteiro. Coragem, respeito e admiração não faltavam da minha parte, mas por diversos motivos tive que adiar essa travessia por dois anos. Quando eu queria, não encontrava companhia disponível, ou corajosa o bastante para tal feito, quando aparecia alguém indo, e me convidava, era eu quem estava enrolado com as datas e acabava não podendo ir. Isso me dava nos nervos. Teve vezes de chegar a arrumar meus aparatos na mochila e querer encarar o desafio sozinho, mas quando chegava a hora, eu via que o mais sensato era eu admitir que não tinha peito para ir sozinho, e que o certo era esparar minha vez chegar e ir acompanhado, pois estar num lugar como aqueles e não ter alguém que te socorra de imediato, caso precise, pode ser fatal. O Vale da Morte não admite erros.

 

Vinte e dois de Janeiro de 2016 foi a data de início que, por algum motivo, fui escolhido para atravessar a "Rainha da Serra."

 

Para meu espanto, eu estava calmo, sem anseios, sem medos e sem aquela vontade louca de estar lá (diferente das vezes que não pude ir). Creio que estar indo com pessoas experientes, que já haviam percorrido o Vale mais de duas vezes, me passava confiança. Mas quando deu 21h do mesmo dia, e eu chegava na estação Brás da CPTM, junto ao Paulo, percebi que teríamos uma tarefa árdua pela frente. Eu pensava que seríamos um grupo de 8 pessoas, no máximo, mas quando chegaram todos, fechamos ali um grupo de 11 aventureiros e seguimos até a Estação de Rio Grande da Serra, onde encontramos o Prince, e completamos nosso clã com 12 membros. Dentre todos, eu conhecia apenas o Loures e o Paulo, mas como não sou antissocial, logo estaria entrosado com todos.

Já na estação de RGS, esperamos o ônibus que leva à Paranapiacaba por muito tempo. Tempo suficiente para irmos atrás de táxis para para nos levar até o ponto de partida da caminhada. Conseguimos 3 carros, e rapidinho já dávamos os primeiros passos na Estrada do Gasoduto, e pouco depois entrávamos na picada à esquerda. Trilha que leva ao Lago Cristal. Seguimos entre prosa e risos, escorregando, tropeçando e atolando os pés no lamaçal que é aquela via. Mas não era coisa de outro mundo. Pra mim, só tive problemas com 30 minutos de caminhada, que foi quando minha lanterna de cabeça falhou, foi à óbito e nunca mais voltou, rs. Conclusão: tive que seguir na rabeira de quem tinha luz o suficiente, já que a lanterna reserva que eu tinha na mochila também falhava :(

Deu 01:30 a.m. Foi quando pisamos nossos pés no entorno do Lago Cristal à procura de um lugar para o primeiro pernoite. Coisa que não foi difícil, pois todas as áreas de acampamento dali estavam vazias. O que é um caso raríssimo (mais raro do que a lua de sangue). Nos dividimos em duas áreas diferentes, pois a que comportava todas as redes e barracas estava dominada por muita lama. Assim encerramos a primeira etapa.

 

Sábado, 23 de Janeiro, de 2016

 

Aos gritos de Booom diaaa, do Vinicius, levantamos e preparamos o café da manhã, ajeitamos as tralhas e demos início a caminhada do dia às 9h. Descemos sem novidades, sem dificuldades a parte do Rio Solvay até a Cachoeira Escondida, mas quase não houve pausa para fotos, só a olhamos de longe, demos bom dia e seguimos rs. A parte do trepa pedra sempre é ruim de se avançar, tem que ter cautela pra que ninguém se machuque, e com um grupo numeroso, esse tempo se estende. Chegamos local que o Portal do Vale se apresenta de forma única, linda e sem igual, da mesma forma de sempre: entre a neblina e o céu cinzento de todas as manhãs da Serra. O peso que vinha nas mochilas, junto ao esforço físico, ia fazendo as energias minarem, e a fome não tardou a aparecer. Quando chegamos na junção tríplice dos Rios Solvay, Vermelho e Areias, passamos com calma pela Cachoeira do Portal, e em sua base, onde começa o Rio da Onça, paramos para um lanchinho, um descanso, fotos e tibuns para alguns.

Quando decidimos continuar, levamos pouco mais de uma hora até o ponto mais conhecido do Vale da Morte: A Garganta do Diabo, onde o rio se estreita dentre dois paredões de aproximadamente 10 metros de altura, o que transforma o lugar num cenário sem igual, e até recreativo. Pois é da parte mais alta desses paredões que os mais corajosos saltam, fazendo um mergulho recheado de adrenalina a flor da pele. Essa era a vontade de alguns do grupo, mas como estávamos com um pouquinho de atraso, foi melhor não arriscar, rs. Antes de chegar ali, outro grupo nos alcançou, e nas honrarias e cumprimentos, perguntaram o que faríamos, explicamos que desceríamos até Cubatão, completando a Travessia. Se espantaram, e até perguntaram: As meninas também vão? Sim, elas também vão - foi a resposta. O Espanto e admiração se estampou e imediato no rosto deles. "Corajosas, hein. Eu estudo esse trajeto a muito tempo, e estou vendo a melhor hora para fazer isso. Parabéns aí, e bom rolê pra vocês" - disse um deles. Depois disso nos separamos, e eles seguiram num ritmo mais rápido. Foi nessa hora que algumas das meninas começavam a entender a dimensão do que estavam prestes a realizar ali. Com isso veio a preocupação, mas aquelas meninas não estavam nem um pouco dispostas a desistir. Cada rosto trazia o desejo pela aventura.Isso era claro.

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Quando chegamos na "Goela do Tinhoso," foi avisado que a partir dali, começaríamos a ter maior dificuldade para transpor cada obstáculo. E isso foi confirmado no ponto de escalaminhada que o lado direito do rio oferece como meio de passagem àqueles que pretendem seguir em frente. Os "caras" que estavam na frente, subiram assim que chegamos. E isso foi bom, pois sem a jogada tática de ter alguns homens na parte de cima, puxando as meninas através das mãos e cordas, e o restante dos homens na parte de baixo, dando sustentação aos pés e pernas para que as meninas pudessem subir, não haveria progresso. Mesmo assim, houve situações em que duas das meninas, por se estabilizarem com as pernas entre abertas nas rochas se colocavam, sem querer, como pêndulos a balançar de um lado para o outro, prestes a cair, mas saíram intactas daquela "prova de fogo". Aliás, teve um dos momentos em que, ao agarrar a mão do Loures na tentativa de subir, a Kelly jogou todo o peso de seu corpo para trás e quase despenca piramba abaixo. O que causaria um estrago e tanto, pois eu estava logo abaixo fazendo apoio à ela. Fizemos um novo tempo de parada para descanso, contemplação e fotos, e continuamos.

 

Até então, tudo estava indo de vento em popa, a felicidade era dominante entre todos, e os mais experientes sabiam que a partir dali começaria a brincadeira de gente grande. Começava, ali, a maior prova dinâmica que poderíamos passar, e saber se estávamos aptos a superar a nós mesmos e contribuir com solidariedade e companheirismo uns aos outros, agindo no coletivo e deixando o individualismo de lado. Até me lembro de ter dito: "quem quiser desistir, esse é o momento! Por que agora o bicho pega." E foi isso que aconteceu! O bicho pegou a partir desse ponto. O Loures, em comentário discreto, me pediu para que eu tivesse paciência, e que seria uma das travessias mais difíceis que teríamos. Não pela grandiosidade, quantidade e dificuldade dos obstáculos, mas, sim, pelo caminhar da alcateia, que teria que ser a mais tática possível, caso quiséssemos sair vivos dali.

Saímos com o "peito aberto à balas," seguindo o último vestígio de trilha que há naquele trecho do vale. Passamos pela via que trás de volta quem pula na Garganta do Diabo e sai da correnteza antes dela formar a próxima queda dágua: a Cachoeira do Anúbis. Descemos um pouco mais, varando mato pela direita. Vendo o quanto nos adiantamos, questionei se não passaríamos na Cachoeira do Anúbis, que fica logo na sequência da Garganta, o Prince afirmou, respondendo que não. Então seguimos os passos do Loures, que liderava a aventura abrindo o caminho com fortes golpes de facão, que só pelo tamanho e peso não fazia muito esforço para tal finalidade. rs.

Mais dificuldades apareciam pelo caminho, sorrisos se extinguiam como chama de vela acesa sob o vento forte soprando ao ar livre, o suor escorria pela testa, se fazia nascente nas costas, encharcando camisetas e eliminando as energias que teimavam em sustentar o peso daquela árdua atividade. Um poção aqui, outro poção acu lá, nos afastávamos do rio, e voltávamos a acompanhá-lo. Um detalhe que, vez ou outra, martelava minha cabeça era o fato de estarmos em desacordo com os ponteiros. As vezes eu perguntava, á quem já fez aquela travessia, se tinha como terminar em tempo com o combinado, e a resposta era sempre a mesma: sim.

Chegamos no topo da Cachoeira do Poção, a mais bonita da travessia (minha opinião), nem tão cansados, mas paramos por um tempo suficiente para que todos tirassem fotos na quantidade que quisessem, se alimentassem, e se renovassem para a nova etapa, que sem sabermos, que iria judiar de quem estivesse menos preparados. A única coisa que ouvi dizer, foi: a subida que contorna a cachoeira, e te coloca de volta no rio, é íngreme. Mas não imaginava tanto.

Devido ao grande número de "trilheiros" que ali passam, agora já há um caminho certo a seguir. Noutrora, quando o Loures esteve por lá com outros amigos, tiveram que meter os peitos morro acima. Aliás, voltando à subida íngreme, que morro é aquele? Meu Deus. Deviria se chamar: Morro do quase morro. rsrs. Enquanto subíamos, vagarosamente em direção à crista, atentos com as armadilhas naturais, e quase colocando a língua no queixo por conta do esforço feito, a enorme cachoeira que desce a escarpa direita do Poção ia ficando lá embaixo, cada vez mais longe, parecendo uma pequena queda, diferente do que realmente é. Grande e grandiosa, charmosa. O ritmo foi o mais lento possível, pois as cargueiras começavam a cobrar um preço alto por terem sido preenchidas com tantos trambolhos. As meninas sofriam cada vez mais, o pedido de ajuda era evidente no olhar de cada uma, que mesmo sem forças, não fugiriam à luta. Nem todos tem a mesma paciência de Jó, e aos poucos notava-se que o excesso de gentileza, que passaria mais segurança à elas e manteria o psicológico mais resistente, ia sendo deixado de lado por alguns homens do grupo. Quando chegamos na parte mais alta da crista, quase 1h depois, os cinco minutinhos de descanso se estenderam por 15 min, mais ou menos. Era hora de se preparar, já que depois de uma grande subida existe uma descida infernal, onde santos não ajudam, e diabos te empurram, seria tenso e demorado o avanço por lá.

 

Começamos a descer num ritmo mais lento do que se possa imaginar. Nos separando em três grupos em alguns momentos, pois as meninas tem aquela dificuldade de "tacar o foda-se," e se jogar sem medo nos obstáculos mais fáceis (pelo menos pra nós "H") que aparecem. Em determinado momento, vendo que o atraso era enorme, e que não sairia disso, paramos, Loures, Luciana e Eu, para esperar o povo de não aparecia, e solicitamos que seguissem em frente, Potenza, Natan e o Adriano (o Primo), na tentativa de sondar terreno e ver se haveria local com espaço suficiente para que pudéssemos passar a noite, razoavelmente bem. Já que o próximo ponto de acampamento seria na base da Cachoeira do Pé de Limão. Eles continuaram a descer pelo caminho de água (agora seco) que estávamos, se desvencilhando de cipós, driblando os espinhos e formigueiros, e atentos com pedras soltas até encontrar o Rio novamente. Mas no meio de tanta destreza, num grupo numérico, dificilmente alguém sairia ileso de alguma armadilha. E nesse caso, foi eu.

Não sei se parado a esperar, ou esbarrando na vegetação, formigas tocandira subiram em mim, sem que eu nem percebesse. E como se fosse um comando sincronizado, começaram a picar meu pescoço e minhas costas. De imediato já fui jogando a mochila no chão, tirei a camiseta e comecei a bater com ela por toda parte do corpo. Acabei sendo "picado" 5 vezes (4 nas costas e 1 no pescoço). Fiquei com calombos beeem salientes no alvo das mordidas, e uma ardência, uma dor insuportável no local. O Potenza sabe que não sou de chorumelas, frescuras e afins. Só olhou meu rosto transtornado de dor e já fazia ideia do quanto eu estava sofrendo.

Passados uns 40 minutos, e a gente ainda esperando o povo, volta o Primo, respondendo aos meus silvos de apito e vindo de encontro até a gente. Afirmou que não havia local para acamparmos, e subiu direto até onde estavam as menias para ver no quê poderia ajudar. Acabou trazendo mochilas.

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A procura de abrigo

 

Com todos na margem esquerda do Rio, ao pé de uma linda cachoeira com a queda separada por uma rocha, os mais experientes já sabiam que teríamos uma noite de cão. Não havia mais tempo hábil para avançar e encontrar algum lugar que comportasse o grupo, muito menos faríamos essa busca durante a noite. Como um bom líder de grupo faz, Loures saiu com o facão na mão, e eu o acompanhando, a procura por algo que fosse menos horrível para nós. Rodamos todo o entorno, dos dois lados do rio, e o que encontrávamos erma apenas pirambas atrás de pirambas, impossível de estabelecer uma estada noturna. Quando voltamos, a rapaziada já estava a "abrir/limpar" uma espécie de clareira pra que pudéssemos armar acampamento por ali, mesmo sendo difícil. Na insistência de achar algo melhor, seguimos uns 80 metros rio acima, Prince e Eu, até esbarrar com a Cach do Pé de Limão, onde consegui ver uma área plana e mais aberta na margem oposta, apontei ao Prince, e enquanto ele foi averiguar, eu continuei escalaminhado as rochas inclinadas e escorregadias um pouco mais acima, mas nada encontrei. Na verdade, encontrei um sarna pra me coçar. Quando fui tentar descer, não achei fendas para apoiar os pés e as mãos. Desci escorregando sem parar, com um medo da "preula" de me arrebentar no patamar abaixo. Por isso, enquanto eu descia igual um caminhão sem freio, assobiava igual um louco, na intenção de que o Prince visse onde eu iria cair, e se algo acontecesse, ele saberia saberia onde me encontrar. Menos mal que só foi um susto (o menor da travessia). Quando voltamos de junto ao grupo, mencionamos o achado, e julgamos que não compensaria retroceder com toda galera para lá, já que isso nos tomaria mais de uma hora. Com toda aquela situação de perrengue, ao lembrar dos perrengues que passou sozinho nessa mesma travessia, um dos nossos não conteve o choro compulsivo. Assim diz o Potenza - que me contou com surpresa.

Com boa parte do espaço já aberto, começamos a armar as redes e dividir os "cantos" para quem iria bivacar. A ideia foi a seguinte: como as meninas estavam bem debilitadas, com esgotamento batendo às portas, preferimos deixá-las descansar/dormir, nas redes, com o máximo de conforto que poderíamos arranjar naquela noite, enquanto os homens se ajeitariam no chão mesmo, onde desse. :P Foram armadas 5 redes, 3 espaços no chão foram o suficiente para acomodar o restante do pessoal. Não foi fácil.

A Kelly jurava de pés juntos que não dormiria numa rede daquelas, que seria inseguro, que iria cair, coisa e tal. Ficou de pé um tempão, passando frio, se distraindo com o "conversê" entre as meninas, e na hora que decidiu deitar, a profecia se cumpriu. Vira daqui, mexe dali... ploft! Kelly ao chão. Levou um tombo de cima da rede e quase sai rolando ladeira abaixo rsrs. Sorte a dela, que Prince pernoitou numa rede que estava "vaga," fez chazinhos e afins para esquentá-la enquanto tremia de frio. O que se sucedeu depois disso eu não sei dizer, pois o corpo precisava descansar, já tínhamos terminado o jantar, então me acomodei num cantinho, "plano", duma rocha, de onde o Loures rolou duas vezes durante a madrugada, e Eu tive que segurá-lo para não sair rolando na piramba. Na outra extremidade das redes se acomodaram o Primo e o Natan. Já o Potenza, que ficou batendo cabeça de um lado pro outro, acabou sendo largado a passar a noite numa parte que a primeira vista era um tanto que escrota, mas na hora H se mostrou com um solo bem fofo, e por sorte, ele fez seu bivak ali mesmo. Onde jura ter escutado uma cobra passando do lado do seu rosto, fazendo aquele característico barulho com a língua, e a viu um pouco distante quando acendeu a luz da lanterna.

 

Na manhã seguinte todos acordaram sãos e salvos. Demoramos demaaais para tomar café, recolher acampamento e darmos partida na caminhada do dia. Era mais de nove horas quando atravessamos o rio até a outra margem, pois continuaríamos pela mata, onde já se notava que o aquele domingo não seria fácil! Obstáculos de monte, encostas a subir na base da unha, pouco espaço para que um ajudasse o outro a prosseguir. Tava F***. Em um determinado momento tivemos que ganhar altitude para contornar duas rochas, altas, que afunilavam o rio e não nos dava passagem. A solução foi tocar pra cima. E isso trouxe problemas.

O grupo seguia alinhado, com o Potenza na frente, num terreno extremamente íngreme e sem firmamento algum. "Degraus" não existiam, achar qualquer espaço plano que coubesse o pé era como ganhar na loteria, a vegetação era escassa, raízes expostas também, à nossa esquerda o morro descia escarpado até encontrar a marginal rochosa que acompanha o barulhento rio. Qualquer queda dali poderia dar merda. E quase deu.

Cada curto espaço do terreno inclinado que passava um membro do grupo ia sendo rapidamente desgastado pelo pisoteio, deixando pequenos apoios quase inexistentes, insustentáveis. Numa parte elevada a isso tudo, eu estava oferecendo ajuda, entrelaçando as mãos e punhos, puxando quem precisava. E foi nessa hora, antes de se firmar na minha mão, ao tentar puxar uma fina raiz fincada na terra, e impulsionar o pé direito em um pequeno apoio gasto, a Thays despencou rápido, ralando toda parte frontal do corpo no barranco, tentando se prender, se agarrar em algo firme, mas não tinha, e o peso do corpo somado com o peso da mochila fazia ela descer mais rápido ainda. Por sorte, ela se lembrou de manter as pernas abertas, e foi aí que ela conseguiu parar, presa numa árvore. Eu, não sei como (por instinto), de imediato, desci a ribanceira correndo quase no mesmo tempo que ela, e quando ela parou, eu travei seu pé com o meu, dando apoio para que ela não descesse mais. Foi um susto e tanto.

Enquanto a gente aguardava ajuda para nos tirarem de lá, alguns tentavam subir ainda mais, e com tanta agitação, foi inevitável começar a rolar pedras em nossa direção, ora passando perto, as vezes mais afastadas, mas teve uma que foi certeira no meu joelho. A pancada trouxe uma dor dor cara***, e fez com que me debruçasse sobre a Thays, mas num flash de consciência, me lembrei que eu estava ali para dar apoio a uma mulher que rolou precipício abaixo. Então eu tive que me mante forte. Recobrei minhas forças até o Loures e o Prince chegarem lá embaixo para ajudar removê-la. Mas, antes disso o rebuliço continuava lá encima, e outra pedra rolou, porém, bem maior e mais veloz. Nossa sorte foi que ela quicou e passou sobre nós, por que se acertasse na cabeça de um dos dois, se não matasse, com certeza deixaria desacordado. Aí sim a merda estaria feita.

Passado o susto, O Loures retomou a liderança da jornada e decidiu que teríamos que nos afastar mais do rio para fugir do perigo eminente, e subir a crista até o topo pra depois voltar a descer numa parte onde pudéssemos estar mais seguros. Subimos, subimos e subimos, passando por mais um caminho enfestado de espinhos, até dar no topo do morro. Era evidente que o peso da travessia estava sendo cobrado a cada passo dado, pois algumas meninas estavam esgotadas. Paramos naquele topo, onde havia uma área plana que serviu para alguém, ou algum grupo num passado não tão distante. Roupas abandonadas foram o rastro deixados para trás.

Começamos outra descida fervorosa em direção a um afluente que, visivelmente, era detentor de algumas grandes quedas. Tivemos que buscar os meios mais favoráveis para seguir, mas parecia que algo conspirava contra o nosso grupo.

Em determinado momento, ao vencer um simples barranco, um patamar baixo, tivemos que fazer corrente humana (Adriano, Loures e Eu) para que os últimos pudessem passar em um lugar que oferecia uma queda de uns 3 mts de altura. Nada fatalmente tão perigoso, apenas o suficiente para causar uma situação nada fácil de ser superada. Passado por isso, atingimos outra descida forte, com caminho mais vantajoso de ser traçado, e fomos seguindo por ali. Hora caindo, hora nos divertindo com as palhaçadas, mas sem andando em um ritmo vagaroso. Grandes pausas eram feitas para reagrupar o povo.

Quando atingimos o rio novamente, aproveitamos para fazer um merecido almoço, em uma parte ampla e plana do rio da onça. Ali o tempo foi gasto à vontade, muitos de nós achando que o pior já havia ficado para trás. Particularmente, eu só me preocupava cem findar a travessia no mesmo dia, e de preferência, no início da noite (no máximo). Tanto é que eu sempre perguntava para quem já havia feito o percurso, e a confirmação era satisfatória.

 

 

 

TENSÃO

 

 

Continuamos a pular pedra sobre pedra, sem serpenteando pelas poucas curvas que surgiam. A alegria vinha a tona, pois os "poções" da reta final da travessia se aproximavam, e "neles" teríamos umas das partes mais esperadas de todo o trajeto: cada um ser levado pela leve correnteza que transita por aqueles poções. Alguns estreavam suas bolsas, e sacos, estanque, doidinhos para boiar, poucos se arriscariam a ir nadando, e os demais usavam colete salva vidas.

 

Me lembro dos que foram na frente: Natan, Adriano, Potenza, Vinícius e Prince. O restante, inclusive eu, se preparando e criando coragem, ficaram para trás. A Thays Marques foi uma das primeiras (se não a primeira)mulheres a pular. Ela disse que sabia nadar muito bem, e na confiança soltou a mochila estanque. Só que o poção fazia uma divisão de águas. Uma parte corria em direção favorável, dando continuidade ao rio, já a outra parte, mais forte, fazia um refluxo (tipo um redemoinho) levando água com muita força ao canto do piscinão. E foi nesse canto que o refluxo encurralou a Thays.

Ela lutava tentando sair de lá, dava muitas braçadas, mas não saia do mesmo lugar. Até que, de repente, ela perdeu as forças, sentiu cãibras, e afundou. Quando emergiu novamente, já cuspindo água, conseguiu gritar o nome do Natan (que nada muito bem). De imediato ele pulou para prestar socorro, e enquanto ele tentava segurá-la de uma maneira firme para tirá-la de lá, o desespero ia ganhando a cena, ela afundava e puxava ele junto. E o risco da tragédia só aumentava. Foi aí, nesse momento que pulou o Loures para dar um suporte e afastar o risco dos dois se afogarem. Mas, como tinha tudo para dar errado, o Loures também começou a ter cãibras, teve que se afastar dos dois para não agravar a situação. A Kelly entrou em estado de choque (paralisou), não conseguia se mover para nada, e Eu só enxergava o colete que estava no corpo dela. Eu puxava, tentava arrancar, aos gritos: dá o colete, dá o colete. E ela, travada, com o olhar fixo no nada só conseguia perguntar: vai precisar? E Eu gritava de novo:dá o colete.

No final do Poção o pessoal do outro grupo não conseguia ver o que estava acontecendo, pois havia uma rocha lhes tapando a visão. E sem entender muito bem, quando eu gritava, assobiava, e sinalizava chamando eles com urgência, vinham devagar. Sem presa nenhuma. Enquanto isso a Thays já tinha afundado três vezes, engoliu bastante água, estava pálida, lábios roxo, e quase sem forças. Quando o Prince chegou por cima da rocha e viu o que acontecia, pulo de cabeça na água, e por baixo, já foi por trás da Thays, a segurou e ergueu com um braço, fazendo ela respirar melhor. Eu, sem saber nadar, não tinha condições de mergulhar em auxilio à nossa colega, só pude chegar até a beira do piscinão e dar a mão ao Loures, e depois ao Prince, junto com a Thays, para saírem daquele pesadelo.

Uffaa, essa foi por pouco, e foi um susto e tanto.

 

 

Demorou para o grupo se restabelecer psicologicamente. Era nítido que o risco de morte foi grande, e que isso havia desestruturado alguns dos nossos. Mas, como era pra ser, seguimos. E muita coisa ainda estava por vir, sem que ninguém esperasse.

Prosseguimos, analisando a prova de fogo que tínhamos passado, e dando graças a Deus por nada de pior ter acontecido. Pois a dona Morte deferiu seus golpes de foice, mas todos foram em vão. Ainda bem.

 

 

A SEPARAÇÃO

 

"A batalha pela vida" nos tomou um tempo enorme. Alguns ainda tinham esperança de finalizar a travessia no mesmo dia. Eu já estava entregando os pontos em relação a isso. Era óbvio que não conseguiríamos.

 

Ao chegar numa última cachoeira (a pedra em nossos sapatos), já eram quase 20h, do horário de verão, e faltava muito chão pela frente. O Prince desceu essa cachoeira para analisar a situação e ver se seri uma boa ideia passar com o grupo pelo mesmo caminho (e não era). Mas não tinha como o Prince voltar, muito menos submeter o grupo a tal proeza em meio ao crepúsculo. O Potenza tentou seguir por esse mesmo caminho, mas, não conseguia avançar, nem retroceder. Teve de ser resgatado pelo Vinícius, por que estava correndo perigo.

Por conta da dificuldade do obstáculo, ficou decido que o Prince continuaria pelo rio, e todo o restante do grupo iria varar mato até nos encontrarmos mais adiante. Foi um erro.

 

Enfrentamos uma dificuldade descomunal para ganhar altitude sobre uma rocha, toda molhada, que nos servia como o único caminho existente daquele lado do rio. Sobe um, puxa o outro, sobe outro, puxa o próximo, e assim por diante. Estávamos crentes de que a perda de tempo era grande ali, mas não sabíamos que perderíamos muito mais tempo nas próximas dezenas de metros. O caminho estava muito fechado, e quem estava indo na frente (Loures), teve que trabalhar feito gente grande. E ele se mostrava incansável, devastando o que tinha pelo caminho, com a gana de querer nos tirar dali o quanto antes. Mas o trecho era perigoso, beira de penhasco, com valas terminavam no fundo do vale. Metade do grupo não tinha lanterna, umas pifaram, outros não trouxeram. E isso só atrapalhava no progresso. Pois precisávamos Jogar luz nas árvores para que o Prince acompanhasse a altitude e a direção em que estávamos.

 

Entre toda dificuldade que tínhamos, gastamos exatas 3 horas para cruzar um trecho que, talvez, não tivesse 300 metros. E ao chegar no rio novamente... Cadê o Prince???

 

Começava ali uma preocupação que castigava.

 

No ponto mais aberto do rio, amplo e apropriado para estarmos todos juntos novamente, nosso amigo não estava lá. Um trio dos nossos subiu, às escuras, por um tempo o contra fluxo do rio, mas retornaram sem boas notícias. Ele havia fica mais atrás de nós.

Por se tratar de um cara que é bastante experiente, conhecedor da região, e de técnicas que lhe manteriam vivo até a luz do dia seguinte chegar, optamos por dar continuidade ao plano de irmos até a Estação Raiz da Serra, e passarmos a noite por lá. Já que não havia a menor possibilidade de terminar o que faltava, quase 5km, naquela mesma noite. Já eram 22h20.

 

Já em terreno mais aberto, e próximo da baixada, conseguimos sinal de celular para avisar os familiares que estávamos todos bem, e que por motivo de atraso teríamos que passar mais uma noite na mata.

 

Nos vimos rumo ao glorioso final dessa travessia quando, no início da madrugada, arrastávamos nos carcaças pelo tortuoso do Rio Mogi em seu trecho final. Aquela parte, cheia de pedras arredondadas, e soltas, que quando são pisadas fazem o favor de te desequilibrar. Isso se não for ao chão.

Esse foi um das partes mais cansativas. Já tínhamos um acumulo de desgastes e situações vindas dos dois dias que se passaram. A cada 10 minutos caminhados, um dos nossos deitava nalguma ilhota do rio, com mochila nas costas mesmo, e desabava para poder descansar. A Kelly, alem de estar com a maior parte dos ombros queimados, estava fazendo tudo isso usando tênis sem meias. Resultado? A constante umidade nos pés, e o atrito entre dedos e as pontas do interior dos calçados, lhe causou um problemão: a perca de duas unhas dos dedos dos pés. Isso lhe incomodava tanto, trazia uma dor incessante, que a garota não aguentava mais. Andava com o braço dado ao meu, se apoiando para não cair, e a cada 10 minutos ela perguntava se estávamos chegando. A resposta, claro, era uma tentativa animadora de afagar seu sofrimento. Mas tudo que lhe dissessem seria em vão. Em determinado momento, em um surto de fraqueza psicológica, ela começou a gritar, chorando e dizendo que estávamos enganando ela, e que ela já não aguentava mais, coisa e tal. Foi difícil. Se não fossemos, o Loures e Eu, conversar com calma, acalentar com toda paciência do mundo, seria mais penoso continuar.

Demos graças à Deus quando vimos que a água do rio já não cobria apenas nossos tornozelos, e sim as nossas cinturas. Um sinal de que já era hora de abandonar o leito penetrando a mata da margem esquerda e chegar na antiga, e abandonada, Estação Raiz da Serra. Um lugar sujo, depredado e fedorento que nos veio como um palácio para passarmos a noite. Pronto, estávamos satisfeitos! Ops, nem tanto...

 

Cadê o Prince???

O certo, seria encontrá-lo por lá. Já que estava sozinho, e em terreno aparentemente mais transitável que o nosso, teria uma vantagem sobre nós. A não ser que algum empecilho pudesse ter atrasado ele pelo caminho.

Lógico que a preocupação reinou sobre todos. Onde será que estava aquele cara??? Mesmo estando preparado para enfrentar e aguentar uma noite a mais, coisas acontecem. Né?

O tempo foi passando, e nada do Prince aparecer. O cansaço dominou geral, e todos foram sendo derrotados pelo sono, largados no chão, ou, pendurados em suas redes. A esperança derradeira era que ele tivesse avançado, alem dali, seguido até a rodoviária de Cubatão para passar a noite por lá.

 

Às 03h30 da madruga, ouço passos quebrarem os azulejos soltos pelo chão. Era a Thays perambulando pra lá e pra cá. Ao levantar para ver o que causava aquele barulhão, ela me perguntou:

 

- Vgn, você vai embora que horas ?

- o quanto antes. - respondi.

- nós, Kelly e Eu, estamos indo embora agora. Não quer vir com a gente ?

- vou sim! só me deem um tempinho para recolher minhas coisas, e nós já vamos.

 

Foi uma das melhores coisas que eu poderia fazer naquele momento. Além de ter compromissos inadiáveis na segunda feira, as duas estavam dispostas a saírem dali, ainda na madrugada, sem saber o caminho. E ainda faltavam uns 3 km’s até o ponto de ônibus. Poderia dar merda.

Já com minhas coisas arrumadas na mochila, acordei o Loures, que roncava feito um Javali, e avisei que estaria acompanhando as meninas. Ele fez sinal afirmativo e achou bom que as duas não fossem sozinhas.

Pisamos nossos pés para fora daquele casebre bem na hora que descia um trem pelo sistema CREMALHEIRA. Nos escondemos por trás de outra casinha trancada com correntes e cadeados, esperamos por uns 15 minutos até acabar o vai e vem de alguns funcionários da empresa, e saímos assim que a “barra estava limpa.” Claro que foi um caminho que parecia não ter fim. Andar entre os trilhos, tropeçando nos dormentes e pedras, não é nada animador.

Chegamos no ponto de ônibus já com a luz do dia, embarcamos sem demora, e em poucos minutos já estávamos desembarcando no Terminal Rodoviário de Cubatão. E enquanto esperávamos nosso coletivo chegar, chegam umas mensagens do Prince, afirmando que estava bem, e já havia chegado em casa.

 

O Prince passou um dos piores perrengues quando nos separamos...

 

...enquanto seguíamos varando mato morro acima, Ele tentava seguir pela água, mas tinha muita dificuldade. Estava sem facão, sem corda e sem lanterna, tinha em mãos apenas o celular com a bateria em 4% (que esgotou rápido), e uma faca de punho. Por pouco tempo ele conseguiu nos acompanhar, olhando os fachos de luz que jogávamos no fundo do vale. Mas quando se deparou com poções e gargantas intransponíveis, ainda mais em período noturno, teve que varar mato, escalar a ribanceira e tentar seguir nosso rastro. Como não conseguiu, traçou seu próprio caminho, e acabou indo além de onde estávamos. Passou por áreas pantanosas, com capins que cobriam sua altura, terrenos encharcados, o risco de dar de frente com algum animal peçonhento ou de grande porte. Mas, entre toda essa situação, ele acabou por sair da mata e entrar na empresa de Container’s que fica ao lado direito do Rio Mogi, e foi o mais sorrateiro possível para que os guardas não o vissem circulando lá dentro. Saiu o mais rápido que pode, e seguiu direto para Cubatão. Pernoitou nos bancos da Rodoviária e conseguiu pegar o primeiro ônibus que deu partida com direção á São Paulo.

 

Só depois de toda essa explicação (que foi compartilhada entre os demais, via SMS), todos puderam respirar mais aliviados e seguir com a consciência em paz, agradecendo a Deus por terem saído “sãos e salvos.”

 

 

 

 

Participantes: Thays Marques, Thais Santana, Kelly Almeida, Vanessa Traceur, Luciana Lopes, Eduardo Loures, Vinicius MZK, Marcos Piccoli Prince, Silvester Natan, Adriano, Paulo Potenza, e Eu (Vgn Vagner)

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  • Colaboradores

Esse foi o seu relato que menos dei risada.. e pra quem te conhece sabe o quanto isso é sério. ::tchann::

Meu brother, que perrengue foi esse? :roll:

 

Graças a Deus que deu tudo certo.. e as meninas, putaquepariu que coragem.

E como sempre dizemos, nos melhores perrengues estão as melhores histórias.

Parabéns pelo relato mano.. como sempre mandou muito na escrita, me senti no rolê, principalmente quando o pessoal quase se afogou. ::hein:

 

Abraços.

  • Amei! 1
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  • Colaboradores

Pois é, Edu...

 

você é um dos que me conhecem bem, sabe que não estou fantasiando, e pode me desmentir caso eu esteja escrevendo alguma mentira em meus relatos.

Realmente, esse foi um dos que menos inspiram risos :( a situação foi tensa demais. E as meninas, coitadas, algumas nem faziam ideia da encrenca que estavam se metendo :P Mas foram corajosas sim.

Mas a coragem de todos foi embora no momento do afogamento.

 

Valeu, mais uma vez, pela atenção. Mano.

Abração!!

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  • Colaboradores

É, Douglas, foi um perrengue dos "bons." Perigoso.

É interessante quando lemos algo e entramos juntos na história. Obrigado pelo prestígio ao relato.

 

*as vezes dá muito trabalho ficar colocando fotos (dá erro, dá tilt, demora rsrs). Por isso, só essas ;)

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  • Colaboradores

Obrigado, pela atenção ao "Curta metragem," Armorines. rsrs

 

Verdade! As vezes o meu magnetismo, voltado pros perrengues, está elevado. Sempre tem alguma coisa perigosa acontecendo.

Só rezo pra que tudo acabar bem. Comigo e com os amigos. Pios essas travessias e explorações "fora do convencional" ofertam risco de morte a todo instante.

Abraço, man.

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  • Membros

Parabéns irmão, belo relato. Estava sentindo falta dos seus relatos.

Você melhor que ninguém sabe que eu corro dos perrengues. Já passamos alguns, mas este aí nem se compara.

Graças a Deus que deu tudo certo, mas volto a dizer, se cuida muleke doido! ::putz::

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  • Silnei changed the title to Travessia Vale da Morte (quase deu morte).
  • 1 ano depois...

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