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O CAIRO E AS LENDÁRIAS PIRÂMEDES

Muitos estudantes odeiam a História Geral. Eu gostava, apesar de ter que decorar nomes e datas complicados e difíceis de guardar. Desde então, o Egito me fascinava, não só por ser o berço da civilização, mas pelas histórias fantásticas dos faraós, seus templos, pirâmides, tumbas, etc

Após muitos anos, meu interesse em conhecê-lo, ver as fantásticas pirâmedes, caminhar por seus maravilhosos templos e apreciar os tesouros de seus museus, era enorme. Após conhecer dezenas de países por vários continentes, achava que estava pronto para essa viagem, de forma independente, pois odeio os pacotes turísticos, caros e maçantes, com guias chatos, grupos heterogêneos e muitas vezes com várias línguas diferentes.

 

Reservei pela internet os hotéis para o Cairo e Luxor, e parti com minha esposa e a filha adulta. Como chegaríamos à noite, preferi reservar também, por medida de segurança, um transfer oferecido pelo Sun Hotel. Este, todavia, era bastante enganativo, pois as fotos não mostravam os quartos, que eram uma espelunca. Não havia lençóis de cima, e como estava frio à noite, tivemos que nos cobrir com cobertores usados por incontáveis pessoas, possivelmente desde o tempo dos faraós. Por isso, é importante buscar informações dos viajantes sobre o lugar a reservar, cuidado que não tive naquela ocasião.

 

Acertei com o taxista enviado pelo hotel, para ficar ao nosso dispor no dia seguinte. Saímos pela manhã primeiro à estação ferroviária, para comprar os bilhetes para Luxor. Perdemos duas horas com isso, pois são incrivelmente demorados e complicados, não usam computador, e anotam as reservas à mão numa planilha, que circula por todos os caixas. Nos dirigimos depois a Sakahara, para conhecer as pirâmedes escalonadas, as primeiras do Egito. Aí já começou o problema com o taxista, pois não nos levou a diversos outros lugares, onde havia tumbas importantes.

 

Já passava do meio-dia, nos dirigimos às pirâmedes de Gizé, e pedi que nos levasse direto à Pizza Hut, que lera existir em frente às mesmas. Ele disse que não conhecia, e acabou nos levando, sem nos consultar ou avisar, a uma favela nos fundos do parque das pirâmedes, onde entramos numa roubada de contratar um “camel-tour” até as pirâmedes, pois disseram que teríamos que andar muito entre elas, o que era mentira. Entramos por um portão clandestino, com o cameleiro pagando propina aos guardas. O trajeto de camelo foi terrível e perigoso, pois ia por um deserto com montes íngremes e pedregosos, e se alguém caísse do animal, iria direto para o hospital, e nossa viagem teria acabado.

 

Logo que chegamos próximo às pirâmedes de Quéops, Quéfren e Miquerinos, que ficam juntas umas das outras e próximas ao portão de entrada principal, enxergamos a pizzaria, e eu disse ao cameleiro que não voltaria com eles, e que dissessem ao taxista para vir nos pegar em frente à Hut, onde fomos comer..

Não entramos nas pirâmedes, primeiro porque já chegamos tarde, e também porque uns jovens nos disseram que seria por um túnel comprido e baixo, e que não havia nada na sala interna, apenas desenhos, que veríamos em outra tumbas.

 

Voltamos ao Cairo, e o taxista safado, que certamente ganhara comissão dos cameleiros, ainda queria gorjeta, além do valor que havia acertado com ele. Dispensei-o e peguei depois outro taxi para nos levar à estação ferroviária, onde pegaríamos o trem para Luxor. Sorte termos ido bem antes, pois ninguém sabia dar informações sobre os trens, os bilhetes eram em árabe, não sabíamos qual trem e vagão pegar. Havia comprado lugares com leito, a US 53 cada em cabina dupla, que era razoável, mas o trem velho, deixado pelos ingleses, balançava e era barulhento , não me deixando dormir. Serviram o jantar na própria cabina, numa bandeja para cada passageiro, assim como o desjejum.

 

LUXOR, SEUS MARAVILHOSOS TEMPLOS E TUMBAS

 

Chegamos a Luxor às 5:00 e fomos para o Hotel Nefertiti, cujas fotos também enganavam, mas era bem localizado e com roupas de cama melhores que o do Cairo. Dormimos um pouco e pelas 9:30 saímos, e apesar de estarmos próximos ao Templo de Luxor, pegamos uma charrete, com o qual acertei por cerca de US 5 ida e volta, para ir primeiro ao Templo de Karnak, pois lera que pela manhã não há ainda invasão de turistas.

 

O Templo de Karnak é impressionante, não só pelo tamanho gigantesco, eis que ampliado sucessivamente por vários faraós, mas também pela impressionante arquitetura multimilenar e pelas pinturas de hieróglifos e esculturas ainda intactas.

 

Retornamos à cidade e almoçamos no Mac Donald’s próximo ao templo de Luxor, que visitamos à tarde. É menos imponente que o de Karnak, mas muito interessante, pelo que retornamos a ele ao escurecer, para fotos com ele iluminado, utilizando o mesmo ingresso. Não fomos ao show de som e luzes de Karnak, que naquele dia (segunda-feira) era em espanhol, porque estávamos cansados e teríamos que pagar outro ingresso, ainda mais caro que durante o dia.

 

À tarde, busquei uma agência para comprar passeios que nos interessavam, e encontrei a Gellell’s, que fica sob o Hotel Winter Palace, onde comprei um vôo de balão por US 74 cada, que custava US 145 na internet; um tour privativo pelos Vales dos Reis e das Rainhas, com guia em espanhol, por US 90; um cruzeiro pelo Rio Nilo, 2 noites, por US 70 cada com refeições, e uma condução privativa para ir até o Templo de Abu Simbel, em Asswan, por US 100.

 

No dia seguinte, levantamos às 5 horas, para o vôo de balão de ar quente, que foi muito legal, mas não sobrevoou, conforme prometido, os templos de Luxor e Karnak, que queríamos ver e fotografar de cima. Alegaram que os ventos não permitiram. Depois do vôo, que ocorre já no outro lado do Rio Nilo, iniciamos o tour pelo Vale dos Reis e pelo Vale das Rainhas. Existem incontáveis tumbas para conhecer, mas no nosso tour estavam incluídas só três, pois paga-se separado para cada uma. Fomos ao mausoléu de Ramsés VI, construído sobre o de Tut Ankh Amon, o que fez com que este ficasse soterrado, pelo que foi o único que foi descoberto sem ter sido saqueado, contendo todos os seus tesouros. Fomos depois à tumba de Ramsés II, muito interessante, com hieróglifos intactos, inclusive em cores, e ainda ao templo da Rainha Hatshepsut, única mulher com poderes de faraó, que usurpou o trono como regente de seu filho Tutmósis III, que assumiu somente após sua morte.

 

Voltamos no inicio da tarde, e após comer novamente no MD, perdemos nosso tempo procurando artesanato, passando por um mercado de rua imundo e caótico, com vendedores chatos e exploradores, para descobrir tudo depois no Cairo por preço muito menor.

 

O CRUZEIRO PELO RIO NILO

 

No terceiro dia, embarcamos no cruzeiro pelo Nilo, até Aswan, passando por Edfu e Kom Ombo, situados às margens do rio, onde descemos e visitamos os respectivos templos, também interessantes e dedicados a diferentes deuses. O cruzeiro é a melhor parte da viagem, o navio é bom, serviço ótimo, comida boa e farta, e cabinas amplas e confortáveis. O percurso é extremamente interessante, pois o Egito só existe às margens do rio Nilo, pelo que havia durante o dia inteiro o que ver em suas margens, desde cidades a templos, plantações variadas, construções interessantes, permitindo ver a forma de vida de sua população, enquanto se curte um bronzeado. À noite, o barco parava para o jantar e pernoite, e havia uma boate para dançar, mas os passageiros eram constituídos quase que só de japoneses e alemães, que certamente não curtiam um dancing. Então, após tomar a péssima e caríssima cerveja egípcia, dormimos tranquilamente, embalados pelos movimentos do Rio Nilo.

 

Asswan e os fantásticos templos de Abu Simbel.

 

Já em Asswan, levantamos às 3:00, saindo às 4:30 para Abu Simbel, numa Van, que rodou 280 km. através do deserto até chegar aos fantásticos templos construídos pelo Faraó Ramsés II, para ele e para sua esposa preferida, Nefertiti. Os templos impressionam por dois aspectos: foram escavados diretamente nas rochas da montanha, e também porque, como ficariam submersos pela barragem de Asswan, foram transferidos para um lugar mais alto, num notável empreendimento comandado pela UNESCO, cortando toda a montanha em blocos, e remontando-a exatamente igual e na mesma posição solar, em local afastado da inundação.

 

Voltamos ao meio-dia, e fomos comprar os bilhetes de trem para o Cairo, enfrentando novamente uma terrível desorganização. Somente após mais de uma hora, e com a ajuda do motorista da Van, que nos aguardarva já revoltado, conseguimos os bilhetes, mas em segunda classe, a US 13 cada, pois não mais havia cabinas com leitos. Eram cabinas com seis lugares, onde fica-se de frente para pessoas estranhas, sendo, por isso, pior que a terceira classe, que contém bancos comuns, como nos ônibus.

 

Pela tarde, contratamos no cais um taxista fluente em inglês, e fomos até o belo templo de Philae, que fica numa ilha formada pela barragem, e depois ao bairro dos Núbios, povo negro que guerreava com os faraós, até ser dominado pelos egípcios. Já à noite, pegamos o trem para o retorno ao Cairo, e para nosso azar, nossa companhia de cabine era uma família egípcia. Não incomodoram, mas foi cruel passar a viagem toda olhando para eles.

 

O CAIRO NOVAMENTE E SUAS OUTRAS ATRAÇÕES.

 

Já no Cairo novamente, pegamos um taxi até o Sun Hotel, onde havíamos ficado anteriormente, mas deixei minhas acompanhantes com as malas e saí à procura de outro, encontrando a 2 quadras o Hotel Lótus, bem melhor e pouco mais caro (US 30 o triplo).

À tarde, fomos à Cidadela de Salah El Din (Saladino), antiga fortaleza árabe, do séc. VIII, construída para proteção contra os cruzados. Em seu interior encontra-se a imensa e bela Mesquita de Mohamed Ali, e como a muralha fica no alto de uma colina, dela se enxerga todo o Cairo e constata-se sua enorme poluição do ar.

 

Depois, nos deslocamos até o mercado Khan El Kkalili, que é imenso, encontrando, numa rua à esquerda de sua entrada, artigos pela metade do preço que havíamos pago em Luxor, desde camisetas a US 3,00.

 

Pela manhã, em nosso último dia no Egito, fomos ao bairro dos Coptas, cristãos ortodoxos, provavelmente a religião cristã mais antiga do mundo, onde existem duas Igrejas, de Santa Bárbara e de São Jorge, e uma capela construída sobre uma gruta, que teria abrigado a sagrada família quando fugiram para o Egito em função do infanticídio praticado pelos romanos em busca do Cristo. Existe ainda os vestígios da muralha que cercava a área, e um museu, que se encontrava em restauração.

 

Em frente a esse museu, pegamos um metrô e descemos junto ao Museu Egípcio, onde passamos várias horas. É muito interessante, com milhares de peças que compreendem toda a história egípcia, mas muitas sem identificação. O mais impressionante é o tesouro encontrado na tumba de Tuthankamon, com os três sarcófagos que encaixam um dentro do outro, todos em ouro maciço e pedras preciosas, bem como seus pertences pessoais, que foram enterrados com o faraó mumificado.

 

Saímos do museu e fomos até o hotel pegar as malas, para os vôos de retorno. Ataquei alguns taxis, mas nenhum motorista falava inglês, então tive que me virar na mímica, fazendo com a mão um avião voando, pois não ele entendia sequer “airport”. Combinei o preço e saímos, mas logo depois ele passou a me pedir algo, que eu não conseguia entender. Ele fazia um sinal de uma cédula ou papel, e eu lhe mostrei que tinha dinheiro, mas não era isso. Então ele parou, e por sorte apareceu uma mulher que falava inglês. O que ele queria, era ver meu bilhete, para saber qual o terminal do aeroporto, pois existem dois, mas nada constava. Assim, seguimos até encontrar uma agência de turismo, que igualmente não sabia, mas buscou a informação que precisávamos. Por nossa sorte, pegamos um taxista honesto e consciente, pois se nos deixasse no terminal errado, poderíamos até ter perdido o vôo.

 

Dicas gerais sobre o Egito.

 

A viagem pode ser feita em qualquer época do ano, pois não chove nunca por lá, sendo geralmente quente durante o dia e um pouco frio à noite. Todavia, se aproveitar o vôo para conhecer outros lugares, principalmente a Europa convém evitar o inverno deles (dezembro a março). Em nosso caso, fomos até a Tunísia, e pegamos muito frio e chuva no mês de fevereiro.

Os egípcios em geral são metidos a espertos, sempre tentando levar vantagem. Se pedir informação a alguém na rua, ele vai querer te acompanhar, passando por alguma loja onde ganhará alguma comissão, e depois ainda vai querer cobrar pelo serviço..

A comida em geral é boa e existem muitas opções de lancherias, mas a bebida alcoólica é cara.

Os taxis são baratos, mas é bom sempre acertar o destino e o preço antes de embarcar, nem que seja na mímica.

Para comprar passagens de trem, é bom ter junto alguém que fale árabe, pois os atendentes não falam inglês, e podem inclusive entregar um bilhete em classe inferior à adquirida.

Para compras, o melhor é o “bazaar” El Khalili, no Cairo, que qualquer taxista conhece, não ficando longe do centro.

 

 

 

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