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Postado (editado)

IMG_1751.JPGFitz Roy visto do Mirador Fitz Roy

 

Tendo o aeroporto de Punta Arenas como ponto inicial da viagem pela Patagônia, passei pelas cidades de Puerto Natales (Ch) e El Calafate (Arg) para chegar a El Chaltén (Arg). Poderia ter pego um voo do Brasil para Buenos Aires e El Calafate, já que essa cidade tem localização mais estratégica, porém o preço era pelo menos R$400 mais caro e a conexão em Buenos Aires era bem demorada.

 

14/02/16 - 1º DIA: DE EL CALAFATE AO ACAMPAMENTO POINCENOT

 

As fotos estão em https://plus.google.com/u/0/photos/116531899108747189520/albums/6261436122689516993.

 

Em El Calafate peguei o ônibus da empresa Taqsa das 7h e 2h50 depois estava em El Chaltén com um tempo perfeito, sol e céu azul. Tratei de comprar rapidamente os suprimentos num mercadinho e na padaria em frente (um pão integral delicioso) e corri para a trilha para não perder a oportunidade de fotografar o Fitz Roy enquanto havia sol, já que o tempo muda rapidamente, segundo todos dizem. Percorri oS 1200m da Avenida San Martín e ao final, após um estacionamento, cruzei o portal do Sendero Fitz Roy. Altitude de 400m. Uns 100m depois um guardaparque me parou para passar as informações de praxe, como: não fazer fogo, só usar fogareiro nos acampamentos e trazer todo o lixo de volta, só caminhar nas trilhas demarcadas e só acampar nos lugares estabelecidos. Segundo ele todas as águas correntes do parque são potáveis, mas aproveitei uma torneira ali para abastecer os cantis.

 

Às 11h36 a trilha começa já com uma subida que alterna trechos de bosque com partes sem sombra até que cheguei às 11h50 ao Mirador Rio de Las Vueltas, a primeira bela visão panorâmica da caminhada. O Rio de Las Vueltas se origina no Lago del Desierto, recebe águas de outros importantes rios e percorre um enorme vale, cruzando a cidade de El Chaltén. Continuando a subida, logo surge a primeira placa de distância, que marca km 1 de 10 até a Laguna de Los Três. Às 12h43 uma bifurcação importante, de difícil decisão sobre qual caminho tomar pois ambos são belíssimos: à direita o Mirador Fitz Roy e à esquerda a Laguna Capri. Mais à frente as duas trilhas se juntariam para chegar ao acampamento Poincenot e à Laguna de los Três (de onde se tem a visão mais próxima do Fitz Roy). Na dúvida, segui os dois... rs. Primeiro fui para a direita e apenas 530m depois caí duro com uma das visões mais impressionantes que já tive na vida. O Fitz Roy e todo o conjunto de picos próximos a ele com um céu incrivelmente limpo e azul, e toda a paisagem inundada pela luz do sol num dia belíssimo.

 

Após alguns minutos de contemplação e êxtase, voltei pelo mesmo caminho e peguei o lado esquerdo da bifurcação (agora à direita) às 13h23. Poderia ter continuado em frente depois do mirador mas queria conhecer a lagoa. Em 14 minutos já estava às margens da Laguna Capri, outro lugar muito bonito que merece uma parada e muitas fotos. Ali há um camping e a placa informa que já foram percorridos 4km da Senda Fitz Roy. Continuando, a trilha ainda dá visão da lagoa à esquerda por algum tempo mas depois se afasta. Às 14h09 passei pelo entroncamento da trilha que vem do Mirador Fitz Roy (à direita) e o caminho passou a ser bastante plano. Junto a um novo mirante a trilha se aproxima do Arroyo del Salto. Algumas pessoas haviam descido para pegar água.

 

IMG_1828.JPGLaguna Capri

 

Às 15h cheguei à bifurcação que leva à esquerda às lagunas Madre e Hija (e ao acampamento De Agostini e Cerro Torre), mas esse percurso eu faria dois dias depois, então fui para a direita. Como há um grande charco logo à frente, passarelas de madeira foram colocadas. Às 15h12 cheguei à bifurcação que vai para a Hosteria El Pilar à direita, mas segui à esquerda, chegando ao acampamento Poincenot às 15h15. Altitude de 737m. Uma placa marca km 8 da Senda Fitz Roy ali.

 

O que vale comentar aqui é a grande quantidade de pessoas na trilha. Se você quiser parar para fotos é melhor sair um pouco da trilha pois logo você vai travar o caminho de várias pessoas. E muita gente no sentido oposto também, para quem você deve dar passagem ou esperar que te deem. É muita gente mesmo.

 

No Poincenot rapidamente montei minha barraca e às 16h05 parti para a Laguna de los Três só com a mochila de ataque. É muito importante sempre carregar na mochila uma blusa a mais e jaqueta/calça impermeáveis pois o vento forte traz chuva mesmo estando sol. Cruzei o Rio Blanco por uma ponte, passei pela base Rio Blanco (que parece funcionar como guarderia, não sei) e iniciei a longa e erodida subida de pedras soltas até a Laguna de los Três, aonde cheguei às 17h05. Altitude de 1164m. A visão do Fitz Roy bem mais próximo era espetacular, com a neve a seus pés refletida nas águas verdes do lago. Um zorro colorado apareceu e circulou tranquilamente entre os visitantes à procura de comida. Contornando a lagoa pela esquerda por 250m é possível avistar a linda Laguna Sucia (que de suja não tem nada) bem mais abaixo. Ali um gavião se aproximou de mim e pude registrá-lo de vários ângulos. Os bichos aqui realmente não têm problema com os seres humanos.

 

Às 19h43 estava de volta ao acampamento Poincenot, ainda com luz do dia.

 

Essa subida longa e erodida até a Laguna de los Três se dá por uma moraina ou morena, que são montanhas de rochas trazidas pelo movimento das geleiras, algo muito comum na Patagônia.

 

Os acampamentos aqui têm como única estrutura um banheiro que é uma cabine com um buraco fétido no chão. No Poincenot há dois desse. Junto a um deles há uma pá pendurada para quem preferir usar o bosque para o número dois, cavando um buraco. Não há área coberta para cozinhar. A água é coletada no Rio Blanco, a poucos metros. Bebi dessa água (sem tratar) e não tive problema. Nessa noite um guardaparque surgiu do nada (não sei onde ele se abriga, provavelmente na base Rio Blanco) e avisou para ancorar bem a barraca por causa da previsão de mau tempo.

 

Nesse dia caminhei 16,9km.

 

IMG_1967.JPGLaguna de los Três e Fitz Roy

 

15/02/16 - 2º DIA: DO ACAMPAMENTO POINCENOT A TENTATIVA DE CHEGAR AO ACAMPAMENTO PIEDRA DEL FRAILE

 

As fotos estão em https://plus.google.com/u/0/photos/116531899108747189520/albums/6261436505415580337.

 

A temperatura mínima durante a noite foi de 11ºC fora da barraca, bastante acima do registrado nas madrugadas seguintes (levei dois termômetros externos com memória para fazer os registros).

 

De manhã quem rondava o acampamento à procura de alguma comida fácil era um carcará, que aqui chamam de carancho.

 

Estava ainda bem cansado da viagem desde o Brasil e acordei depois das 10h. A vantagem é que no verão patagônico o sol vai se pôr lá pelas 21h. Como as trilhas não são tão longas, não é preciso se apressar. Desmontei acampamento e só saí às 13h43 em direção ao acampamento Piedra del Fraile. Voltei pela mesma trilha da chegada no dia anterior por 140m e na bifurcação peguei a esquerda, na direção da Hosteria El Pilar. Uns 45 minutos depois estava no mirador do Glaciar Piedras Blancas. O Rio Blanco passa a ser visível novamente à esquerda, bem abaixo, e a descida é suave até se aproximar dele. Notei a correnteza bem forte devido ao calor e consequente degelo dos vários glaciares que o formam. Às 15h28 cheguei a um portal com uma catraca de madeira que marca o limite entre o Parque Nacional Los Glaciares e a área particular onde está a Hosteria El Pilar. Dali em diante encontrei gado pastando no bosque e às 16h19 passei pela hosteria, altitude de 468m, onde a trilha vira estradinha de rípio. As poucas pessoas que encontrei nessa trilha estavam indo ao mirador do Glaciar Piedras Blancas, deixando o carro no estacionamento da hosteria.

 

Caminhei 680m pela estradinha e cheguei à estrada que vai de El Chaltén ao Lago del Desierto, ao norte da cidade. Porém o vento ali era absurdo e eu tive muita dificuldade em caminhar pela estrada contra o vento e recebendo toda a poeira dos carros no rosto, que eu tentava cobrir com o chapéu. Caminhei 980m e ao chegar à ponte do Rio Elétrico a situação piorou. O rio estava tão cheio que batia no piso da ponte, com correnteza bem forte. Os motoristas passavam com cautela, mas felizmente eu não precisava cruzar essa ponte pois a trilha para Piedra del Fraile começa à esquerda, antes da ponte e bem junto a ela. Contudo, caminhei só 80m e parei pois o rio cheio inundou a parte mais baixa do caminho para o acampamento. Parecia até ser raso mas a água turva não me dava certeza disso. Não arrisquei entrar na água e o vento fortíssimo estava me deixando atordoado. Decidi retornar ao Poincenot, mas na volta para a estrada o vento me empurrava para dentro do rio a cada passo que eu dava, me causando grande susto.

 

De novo na estrada caminhei rapidamente a favor da ventania, entrei na estradinha da hosteria (à direita) passando por ela às 17h12 e retornando à Senda El Pilar. O abrigo do vento no bosque foi um alívio! Subi tudo de volta e no caminho vi dois carpinteiros, o pica-pau preto de cabeça vermelha. Cheguei ao Poincenot às 19h57 (altitude de 737m) e soube que a ventania havia feito estragos por lá. Algumas barracas voaram mesmo com a proteção das árvores altas do bosque. A barraca de um casal de chilenos com quem fiz amizade chegou a ter o sobreteto rasgado ao ser arrastada com as mochilas dentro!

 

Nesse dia caminhei 16,8km.

 

IMG_2561.JPGLaguna Hija com Cerro Madsen ao fundo

 

16/02/16 - 3º DIA: DO ACAMPAMENTO POINCENOT AO ACAMPAMENTO DE AGOSTINI

 

As fotos estão em https://plus.google.com/u/0/photos/116531899108747189520/albums/6261436916575077217.

 

A temperatura mínima durante a noite foi de 4,2ºC fora da barraca.

 

A caminhada entre os acampamentos Poincenot e De Agostini deve ter sido a trilha mais fácil e bonita que fiz em El Chaltén. Ela corre ao longo das belas lagunas Madre e Hija, em seguida por um lindo bosque e depois com a visão do maciço onde está o Cerro Torre. Linda trilha!

 

Desmontei acampamento e saí do Poincenot às 12h05. Voltei 1km pelo mesmo caminho do primeiro dia até a bifurcação para as lagunas Madre e Hija, logo após as passarelas sobre o charco, e fui para a direita (El Chaltén à esquerda). Às 13h05 já avistava a Laguna Madre, comprida e de águas esverdeadas, e em mais 15 minutos parei para fotos no ponto da trilha que está mais próximo à faixa de terra que separa a Laguna Madre da Laguna Hija.

 

Na continuação, a trilha desce e se aproxima das águas igualmente belas da Laguna Hija, o que rende boas fotos também. Abandonando a área das lagunas a trilha se embrenha num bosque que em alguns momentos se abre, dando visão dos campos e serras a leste. Depois de algum sobe-desce fácil cheguei às 15h29 à Senda Laguna Torre. É a trilha que vem da cidade e leva à laguna e ao Mirador Maestri, com visão do maciço do Cerro Torre. Fui para a direita (El Chaltén à esquerda). Pouco depois dali já se tem uma visão larga e privilegiada das montanhas nevadas e dos picos todos, inclusive o Cerro Torre, porém nesse dia só se viam nuvens. Na direção da cidade havia céu limpo e muito sol, mas na direção das montanhas estava bem fechado. Logo passei pela placa que indica km 6 de 9 da Senda Laguna Torre.

 

A trilha entra no bosque e começa a acompanhar o Rio Fitz Roy, que surge à esquerda. Ao sair continua margeando o rio, contorna outro bosque pela esquerda e chega a uma bifurcação. À esquerda, em 60m, está o acampamento De Agostini, à direita a trilha continua para a Laguna Torre, aonde se chega em 7 minutos.

 

Mas eu fui para a esquerda e às 16h30 entrei no bosque que abriga o acampamento, reencontrando meus amigos chilenos. Altitude de 613m. Teria várias horas de luz ainda nesse dia mas não adiantava subir até o Mirador Maestri pois não veria nada. Para piorar caía uma chuva fina, que logo se transformou em floquinhos de neve. Não dava para ver as montanhas mas era também um bonito espetáculo!

 

O acampamento De Agostini possui estrutura ainda mais básica que o Poincenot, tendo como banheiro apenas uma cabine com buraco no chão. Infelizmente essa cabine fica muito próxima e o mau cheiro pode ser sentido da barraca. Não há local apropriado para cozinhar e a água é a do Rio Fitz Roy, que nasce na Laguna Torre e passa bem ao lado. Eu bebi bastante dessa água (sem nenhum tratamento) e não tive problema.

 

Nesse dia caminhei 10,6km.

 

IMG_2959.JPGCachoeira no caminho do Mirador Maestri

 

17/02/16 - 4º DIA: ESPERANDO A MELHORA DO TEMPO NO ACAMPAMENTO DE AGOSTINI

 

As fotos estão em https://plus.google.com/u/0/photos/116531899108747189520/albums/6261437114070602417.

 

A temperatura mínima durante a noite foi de 4,6ºC fora da barraca.

 

Às 10h16 fazia 5ºC e o tempo não melhorava. Ainda havia neblina nos picos e chuva fina. Mesmo assim resolvi subir ao Mirador Maestri. Saí do acampamento às 11h29 com uma mochila de ataque, fui até a Laguna Torre (7 minutos) e de lá encarei a caminhada pela crista da moraina mesmo sem visual dos picos. A trilha do mirador não é difícil, tem apenas um ou dois trechos mais íngremes, mas no geral é uma subida suave. Uns 150m depois de uma cachoeira (dentro do bosque à direita) fui à direita numa bifurcação e entrei no bosque, mas estava errado. Voltei e fui para o lado certo, continuando a caminhar pela encosta, a céu aberto. Com esse erro e paradas para fotos (mesmo com tempo ruim) cheguei ao Mirador Maestri às 13h35. Altitude de 804m. Uma placa avisa do perigo de continuar em frente pela instabilidade do terreno e queda de rochas. E olhando a encosta para cima e para baixo é que se percebe o risco de ficar ali pois pedras enormes podem rolar a qualquer momento.

 

Às 13h53 iniciei o retorno. Parei para fotos da cachoeira e às 15h23 estava de volta ao De Agostini. Meus companheiros de bate-papo, o casal chileno, haviam ido embora. Vi gente chegando da cidade e fui perguntar sobre a previsão do tempo. Disseram que o dia seguinte seria o melhor da semana, segundo informações dos guardaparques. Aí bateu aquela dúvida: enrolar o resto do dia e dormir mais uma noite ali apostando na previsão ou arrumar as coisas e ir embora? Consultei o meu cronograma de viagem e concluí que podia gastar mais um dia ali sem prejudicar o restante da viagem (que incluía o Circuito O do Torres del Paine ainda).

 

Decidido isso e para não ficar parado no acampamento sem nada para fazer resolvi caminhar pelos bosques próximos e explorar as redondezas com mais calma. Saí às 16h40 e voltei pela Senda Laguna Torre até a bifurcação que leva à esquerda a um certo "Campamento Prestadores de Servicios". Entrei ali, passei pelo tal acampamento, todo de barracas iguais, e alcancei um pequeno mirante. O mirante em si não era nada especial (principalmente com tempo fechado), mas ali perto encontrei um bloco errático, uma grande rocha trazida pela geleira que tinha uma rachadura grande na lateral. Cerca de 350m depois essa trilha sobe a moraina e desemboca na trilha do Mirador Maestri. Fui para a esquerda e às 19h12 estava de volta ao De Agostini.

 

Nesse dia caminhei 9,8km.

 

IMG_3596.JPGLaguna e Cerro Torre

 

18/02/16 - 5º DIA: DO ACAMPAMENTO DE AGOSTINI A EL CHALTÉN

 

As fotos estão em https://plus.google.com/u/0/photos/116531899108747189520/albums/6261437370587930497.

 

A temperatura mínima durante a noite foi de 3,4ºC fora da barraca.

 

Felizmente as previsões estavam certas e amanheceu um lindo dia. Apesar disso, havia ainda espessas nuvens cobrindo o Cerro Torre e os demais picos, que só começaram a se dispersar depois das 10h30.

 

Subi novamente ao Mirador Maestri parando muitas vezes para fotos, tanto na ida quanto na volta já que na volta o Cerro Torre estava ficando mais visível entre as nuvens. Saí do acampamento às 10h10 e às 13h43 estava de volta. Desmontei tudo e iniciei a descida para El Chaltén às 15h29. O caminho foi o mesmo da chegada dois dias antes até a bifurcação para as lagunas Madre e Hija, aonde cheguei às 16h29, seguindo para a direita. Para trás a linda visão dos picos com céu azul não me deixava caminhar muitos passos sem me virar para admirar.

 

Nesse percurso encontrei um brasileiro, um gaúcho, que estava fazendo um ataque ao Mirador Maestri desde a cidade mas desistiu por causa do horário e da distância. Fomos conversando e passamos pelo Mirador do Cerro Torre às 17h36. Retomamos a trilha pelo bosque e apesar da quantidade de pessoas pudemos observar vários carpinteiros bem próximos, voando de uma árvore a outra à procura de larvas. Às 18h02 a trilha para a cidade bifurcou, com uma placa indicando El Chaltén à direita. Mas tanto faz, depende de para qual parte da cidade se vai. À direita é o acesso sul, melhor para ir à rodoviária ou à maior parte do comércio e restaurantes. À esquerda é o acesso norte, que chega à cidade mais próximo da trilha do Fitz Roy. O gaúcho (esqueci seu nome) foi para a direita e eu fui para a esquerda pois ia seguir a sua indicação de hostel e ver preços de camping.

 

Às 18h54 a trilha terminou numa rua, fui para a direita, depois esquerda e cheguei à avenida San Martín na altura do nº 700-900. Altitude de 400m. Fui para a direita à procura do Hostel Las Cuatro Estaciones mas não encontrei (ficava para a esquerda, depois descobri). Então olhei os campings El Relincho (AR$120) e El Refugio, e optei pelo último por ser mais barato (AR$90 negociável). Os albergues mais baratos estavam cobrando AR$150 (US$10,71 considerando o câmbio ruim de US$1 = AR$14 praticado na cidade).

 

Saí para jantar e não encontrei nada por menos de AR$140 (US$10). Esse era o preço de um filé de frango com saladinha, mais nada. Menos que isso só lanche ou cozinhando no camping. Para ter uma idéia melhor de preço, quando eu saí do Brasil em 12/02 o dólar-turismo estava sendo vendido a R$4,25. O filezinho de frango estava saindo portanto a R$42,50!

 

Nesse dia caminhei 9,2km.

 

IMG_4001.JPGNas imediações de El Chaltén, voltando da tentativa de subir o Loma del Pliegue Tumbado

 

19/02/16 - 6º DIA: LOMA DEL PLIEGUE TUMBADO (TENTATIVA) E MIRADORES CÓNDORES E ÁGUILAS

 

As fotos estão em https://plus.google.com/u/0/photos/116531899108747189520/albums/6261437654486503649.

 

A temperatura mínima durante a noite foi de 2,8ºC fora da barraca.

 

Saí do acampamento com uma mochila de ataque para conhecer os três principais mirantes mais próximos de El Chaltén: Loma del Pliegue Tumbado, Mirador de los Cóndores e Mirador de las Águilas.

 

Caminhei até a entrada da cidade (junto à rodoviária), cruzei a ponte sobre o Rio Fitz Roy e seguindo as placas cheguei ao Centro de Visitantes do Parque Nacional Los Glaciares zona norte. O centro é bem interessante, com mapas e informações sobre fauna e flora, além dos guardaparques muito atenciosos e prestativos. Vale a visita!

 

Ali inicia a trilha para os três mirantes, além da trilha para a Laguna Toro, Paso del Viento e Volta do Huemul. Mas para essas trilhas mais longas e difíceis é necessário fazer registro no centro de visitantes.

 

Peguei a trilha sinalizada para os mirantes às 10h52 e em 6 minutos há uma bifurcação. Para a direita Loma del Pliegue Tumbado e Laguna Toro, e para a esquerda miradores Cóndores e Águilas. Como o Pliegue era mais difícil fiz primeiro. Fui para a direita e às 11h04 cruzei um riacho de água boa segundo a guardaparque. Após o riacho a trilha bifurcou e eu segui para a esquerda. Aí começa uma longa subida. Às 11h16 outro riacho de água boa. Mais para cima há riachos de água não potável por causa do gado.

 

A trilha sobe bastante exposta ao sol, atravessa um bosque de 700m, volta a ficar a céu aberto (com vista do Pliegue) e às 12h05 bifurca (796m). À direita o Pliegue e à esquerda a Laguna Toro. Seguindo para a direita logo entro num grande bosque, o último antes do cume. Na subida pelo bosque notei muita gente voltando. Comecei a perguntar se haviam chegado ao cume e todos respondiam que ao final do bosque, no mirador, o vento estava forte demais e ninguém continuava.

 

Cheguei ao mirador às 12h43 (altitude de 1043m) e constatei que não só o vento era de arrasar como trazia pingos de chuva que batiam forte na pele, além das nuvens que encobriam quase toda a visão das montanhas. Ou seja, não havia muito sentido mesmo em prosseguir pois o vento ia ser ainda mais forte mais para cima e não havia o que ver. E dali em dias limpos é possível ver o Cerro Torre e o Fitz Roy, segundo a placa do mirador.

 

IMG_4027.JPGEl Chaltén

 

Dei um tempo ali, conversei com algumas pessoas que estavam desistindo do cume também, fiz um lanche e iniciei a descida de volta pelo mesmo caminho às 13h20. Às 15h38 estava de volta à bifurcação dos miradores Cóndores e Águilas e fui em frente (à esquerda o centro de visitantes). Altitude de 404m. Inicia uma nova subida. A trilha do Mirador de Los Cóndores possui painéis educativos para as crianças que falam sobre a vida dessa ave e sua importância como símbolo dos Andes.

 

Após subir 83m (de desnível) uma placa indica o Mirador de los Cóndores 10 minutos à esquerda e o Mirador de las Águilas 30 minutos à direita. Fui primeiro aos Cóndores para fotografar a cidade de El Chaltén com sol. Esse mirador (524m) fica bem de frente para a cidade e para o vale do Rio de las Vueltas, com as montanhas ao fundo e o encontro do Rio Fitz Roy com o las Vueltas em primeiro plano. O vento ali também estava bem forte e estava difícil ficar em pé para tirar as fotos.

 

Desci de volta à última bifurcação e em mais 18 minutos cheguei ao Mirador de las Águilas (587m). Essa trilha não tem painéis para as crianças e há uma bifurcação não sinalizada onde se deve subir à esquerda. Esse mirador tem visão oposta ao primeiro e está no limite das montanhas em direção ao Lago Viedma, ou seja, a vista que se tem é de uma extensa estepe com o lago ao fundo. Me escondi do vento forte atrás das pedras mas na hora de voltar estava até difícil parar em pé. Desci rapidamente para um ponto mais abrigado e iniciei o retorno à cidade. Às 17h48 passei pelo centro de visitantes e já estava fechado (fecha às 17h).

 

Nesse dia caminhei 18,7km.

 

SOBRE O TEMPO

 

Todos sempre me disseram que o tempo na Patagônia muda a cada hora. Não foi o que eu vi. Quando o dia amanhecia ruim, ficava ruim. Já quando amanhecia bonito, permanecia assim. O que incomoda mesmo é o vento muito forte, que atrapalha algumas caminhadas, como relatei acima. Ele traz chuva de longe mesmo estando sol no lugar onde você está. E às vezes essa chuva vem com pingos fortes e doloridos.

 

SOBRE O FRIO E AS ROUPAS

 

Como relatei, a temperatura mínima durante a noite e madrugada oscilava entre 4,7ºC a 2,8ºC. Um saco de dormir nessa faixa de temperatura-limite (com alguns graus para baixo para ter mais conforto) dá conta do recado. Eu levei um saco de dormir Marmot Alpha, de pluma de ganso, de especificação: conforto 2,6ºC, limite -2,8ºC e extremo -19ºC. Ele foi mais do que suficiente.

A temperatura de manhã demorava um pouco a subir. Geralmente eu tomava meu dejejum lá pelas 9 ou 10h com temperatura externa de 5ºC. Mas para mim um fleece fino da Quechua já era suficiente para sair da barraca.

Para caminhar, eu usava uma camiseta de dryfit de manga curta e o fleece da Quechua se tivesse vento frio. Quando o sol ficava mais forte, tirava o fleece.

Gorro só usava à noite, e luvas levei mas não usei.

 

IMG_1811.JPGLaguna Capri e Fitz Roy

 

Informações adicionais:

 

Horários de ônibus entre El Calafate e El Chaltén (3h de viagem):

 

Empresa Cal Tur (AR$420) - http://www.caltur.com.ar:

El Calafate-El Chaltén - 8h, 13h, 18h30

El Chaltén-El Calafate - 8h, 13h, 18h30

 

Empresa Taqsa (AR$370) - http://www.taqsa.com.ar:

El Calafate-El Chaltén - 7h, 16h30

El Chaltén-El Calafate - 10h30, 19h30

 

Empresa Chaltén Travel (AR$420) - http://www.chaltentravel.com:

El Calafate-El Chaltén - 8h, 13h, 18h

El Chaltén-El Calafate - 7h30, 13h, 18h

 

Hospedagem em El Chaltén:

 

Os hostels mais baratos que vi por lá foram Ahonikenk Chaltén (ao lado do restaurante de mesmo nome) e Las Cuatro Estaciones (http://www.hostelcuatroestaciones.com). Estavam custando AR$150 a diária. Apenas vi o preço, não sei dizer quanto à qualidade.

Os campings da cidade são El Relincho (AR$120) e El Refugio (AR$90 negociável). Têm ducha quente e área para cozinhar.

 

Atenção para o câmbio!!!

O único câmbio bom em El Chaltén, bem como em El Calafate, é feito no banco. No caso de El Chaltén, na agência do Banco de La Nacion Argentina, porém é preciso ficar atento aos horários de funcionamento. O horário é de 8h a 13h, mas cuidado pois na internet há informações de que a agência só abre um dia por semana em abril e maio. Não há casas de câmbio nessas duas cidades, por incrível que pareça, apenas lojas, restaurantes e hostels que fazem um câmbio péssimo. Tente não fazer câmbio nessas cidades para não perder dinheiro nessas lojas e não perder tempo nos bancos lotados. Mas se não tiver outra saída, tente em El Chaltén o Restaurante Ahonikenk e o Hostel Rancho Grande para trocar real, e diversos outros lugares para cambiar dólar. Mas (repito) evite pois a cotação para dólar é ruim e para real é impensável. O dólar estava sendo comprado nas lojas das duas cidades a AR$14, enquanto no banco em El Calafate estava AR$15,90 (não parece mas isso faz bastante diferença). O real estava com o valor ofensivo de AR$3, enquanto no banco era AR$3,60.

 

Rafael Santiago

fevereiro/2016

http://trekkingnamontanha.blogspot.com.br

 

Chalten%2BGE.jpg

Chalten%2BGE_2.jpgPercurso completo na imagem do Google Earth. Cada dia representado por uma cor.

Editado por rafael_santiago
  • 4 semanas depois...
  • Membros de Honra
Postado

Grande Otávio!

Então, eu sabia que a Fly Creek não ia aguentar aqueles ventos de lá, até com os ventos mais fortes daqui ela "deita" um pouco. Pra chuva ela é perfeita, mas pra vento...

 

Por indicação de amigos fui atrás de uma semigeodésica. E na procura pela mais leve possível, acabei optando por uma Terra Nova. Comprei a menina numa promoção num site americano. É a Superlite Voyager. Ela está nessa foto: https://plus.google.com/u/0/photos/116531899108747189520/albums/6261406180869174769/6261406557111046210?pid=6261406557111046210&oid=116531899108747189520

 

Pesa só 1,45kg, para duas pessoas. Material de primeiríssima, coisa fina mesmo. Mas mesmo ela precisa ser muito bem ancorada para aguentar aquelas rajadas tão fortes de vento.

 

Nos acampamentos de Chaltén e do Paine vi todo tipo de barraca, desde Hilleberg e Vaude até "marca barbante". Se não estiver ventando nem chovendo qualquer barraquinha de mercado serve, claro. Mas em condições mais sérias uma semigeodésica de marca confiável e bem ancorada será o seu grande desejo.

  • Membros
Postado

Quando fui em 2006, fomos em 4 pessoas com uma Nautika Falcon 3 e uma daquelas bem simplonas, para duas pessoas, que vendem em mercado. Daquelas que só tem uma cobertura 'extra' no topo.

Nossa barraquinha ganhou até o apelido de Toca do Gugu de dois caras que conhecemos por lá. E fizeram questão de tirar uma foto da barraca. rsrsrs

 

Tivemos sorte de pegar tempo bom, pois no único dia que choveu a barraca encharcou.

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