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Saudações Mochileiros!

 

Venho trazer meu relato sobre uma viagem que fiz com minha namorida entre os dias 24/12/15 e 03/01/16, passando por 10 cidades (duas sem querer) em 10 dias (contando com o dia de voltar pra casa).

 

Eis os lugares que passamos:

- Rio de Janeiro

- Conceição de Jacareí

- Ilha Grande

- Angra dos Reis

- Paraty

- Trindade

- Ubatuba

- Caraguatatuba

- São Sebastião

- Ilhabela

 

Não anotei e nem lembro quanto gastamos em cada lugar, pois fiz o relato de cabeça. Mas a média para todos esses dias foi de R$ 127,00 por dia para cada (contando cervejas, ônibus, passeios, hostel, comida etc, então da pra fazer por muito menos). Quando lembrei, coloquei o valor do que fiz no relato.

 

Não tem muitas fotos no relato, mas edito depois e coloco o restante.

 

 

 

 

 

1º dia – São Paulo / Rio de Janeiro

Saindo da Rodoviária Tietê em São Paulo às 23h do dia 24/12, chegamos no Rio um pouco antes da 6h da manhã do dia seguinte.

 

Logo ao sair da rodoviária fomos nos informar sobre como chegar ao Corcovado de ônibus. O problema é que perguntamos à taxistas, que já viraram a cara dizendo que não era possível chegar lá de ônibus. A partir daí já colocamos na cabeça para não pedir informações para taxistas durante a viagem.

 

Perguntamos à algumas pessoas que estavam próximas ao terminal e nos informaram que, pelo que sabiam, teríamos que ir à Copacabana e de lá pegar um ônibus para o Corcovado. Fomos direto para Copacabana. O sol estava nascendo de “dentro” do mar. Foi uma bela vista.

 

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Dali não sabíamos qual ônibus pegar e em qual sentido, então perguntamos à um casal que estava perto. Logo de cara já falamos com gringos (Parece que nessa época tem mais gringo que brasileiro no Rio). Eles não sabiam como chegar ao Corcovado, então fomos perguntar a outras pessoas que raramente passavam por ali, pois estava bem deserta a praia de Copacabana.

 

Conseguimos a informação e fomos para o ponto. Já no ônibus, pedimos à cobradora que nos avisasse quando estivesse perto da entrada de trem do Corcovado.

 

Naquele dia todos os motoristas e cobradores estavam muito de bom humor. Nos respondiam todas as perguntas e até ofereciam informações sem pedirmos.

 

Ela nos avisou do ponto e descemos do ônibus. Ficamos meio perdidos sem saber pra onde ir a partir dali. Então sentamos um pouco na pracinha que tinha em frente ao ponto até alguém passar. Uma mulher apareceu e fomos perguntar onde ficava a bilheteria para o trem. E era bem ali, do lado da praça.

 

Tinha um casal com um filho pequeno sentados esperando a bilheteria abrir. Ficamos lá sentados também. Tínhamos cerca de 1h30 até a bilheteria abrir, então sentamos e relaxamos, talvez até demais. Já tinha começado a fila e nem tínhamos percebido. Rapidamente já entramos na fila e sentamos nas mochilas mesmo.

 

Quando a bilheteria abriu já compramos os bilhetes e subimos de trem. A viagem foi bem tranquila, ainda mais por meio da mata atlântica, mas não chegamos a ver qualquer animal.

 

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Chegando no limite do trem, desembarcamos e seguimos o fluxo de pessoas. Quando percebemos que aquilo era uma fila para o elevador, já passamos reto para subir de escadas mesmo. Ante de chegar na estátua já tirei muitas fotos. Mirante muito bonito.

 

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Lá em cima vi apenas um banquinho, sentamos ali para sentir a brisa e descansar um pouco, afinal, fomos direto e de mochila. Após um breve descanso, subimos os últimos degraus para tirar a foto na frente da estátua.

 

Descemos de novo para o banquinho, que ainda estava vazio, e na sombra.

 

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Ficamos lá mais um pouco e já descemos para pegar o trem de volta, pois estava ficando muito quente.

 

Vi que tinha um tipo de lanchonete, fui entrar mas não podia.

 

Tem algumas catracas que separam quem subiu de trem e quem foi de van. E a lanchonete é só pra que foi de van, mas o pessoas que cuida da catraca compra o que você quiser lá na lanchonete, só dar o dinheiro. Duvido que uma parte do gasto não fique pra eles, mas é a única opção.

 

Já antes do meio dia e eu de Heineken na mão (mas já comprei água também, ninguém merece ficar desidratado naquele calor).

 

Na hora de descer, a funcionária não foi tão gente boa na hora de me dizer onde eu tinha que esperar para pegar o trem de volta (na verdade, nem me respondeu, só apontou), mas ela respondeu calmamente a mesma pergunta pra um gringo. Achei isso bem chato da parte dela.

 

Descemos e fomos para o ponto de ônibus, dali teríamos que ir para o Leme, onde fica o hostel. Pensei em esperar no hostel até o horário de check in. Pegamos o ônibus para o Leme, descemos num ponto que não tenho a mínima ideia de onde era e começamos a andar. Depois de um tempo fomos perguntar como chegaríamos até a praia do Leme, que de lá ficaria fácil chegar ao hostel.

 

Quando descemos do ônibus, andamos no sentido contrário, então a praia do Leme estava muito longe (de acordo com o cara que nos deu a informação).

 

Então começamos a andar. Vimos a orla de Copacabana e seguimos por ela, do lado que tem mais árvores. Ali a Luhana já comprou um chapéu. O calor estava de matar, ainda mais com a mochila. Depois de andar bastante, sentamos para descansar um pouco. Olhando o GPS, vimos que era bem na esquina em que estávamos que deveríamos entrar. O folego voltou rapidinho, pois estávamos perto do hostel.

 

Chegamos ao Hostel El Misti do Leme. Lá houve um rolo com a reserva mas no fim deu tudo certo. Ficamos esperando no sofá até limparem o quarto (que era privativo). Já compramos algumas garrafas de água ali (R$ 2,00, tinha que aproveitar!) e fomos para o quarto. Estávamos exaustos, então tomamos um banho e cochilamos.

 

Ao acordar fomos preparar o almoço (macarrão). Comemos, ficamos um pouco no hostel e saímos para a Praia do Leme. Sentamos ali na areia, conversamos um pouco. O tempo passou e voltamos ao hostel.

 

Tive a ideia de ir curtir a noite na Lapa. Pegamos o ônibus até lá e escolhemos um cantinho para relaxar. Pedimos porção de batata frita. Para beber, pedi cerveja e a Luhana uma batida. Aquela porção era pra uma 5 pessoas, muito grande. Já quanto à batida, eles fazem com pinga, então se não gostar de pinga, peça com vodka ou outra coisa. De barriga cheia, voltamos ao hostel.

 

Como aquela noite estava muito quente (como todas que ficamos lá), pedimos para ligar o ar-condicionado do quarto. Ficamos nos sofás atualizando o GPS e revendo o roteiro do segundo dia, que seria imenso.

 

Mais algumas cervejas e fomos para o quarto dormir.

 

 

2º dia – Rio de Janeiro

 

Acordamos bem cedo no dia seguinte e fomos tomar café da manhã. Quando fomos pegar o pratinho, a senhora que estava lá não deixou, por que não estava pronto ainda, já que só tinha colocado queijo. Mas como não comemos carne, ela deixou assim mesmo. O lanche foi simples, porém gostoso.

 

Antes de sairmos para a Urca, nos informamos no painel do hostel o ônibus certo para lá. Fomos andando até a Av. Princesa Isabel, desta vez sem mochila pesada e com o sol ainda não muito forte. Chegando ao ponto perguntamos novamente se era ali que passava o ônibus para a Urca, e a senhora nos informou que era no ponto mais à frente, perto do túnel.

 

Não sei se são em todos os lugares do Rio, mas essa ideia de que os ônibus que passam na mesma avenida param em pontos diferentes nos confundiu bastante. Eram três ou quatro pontos antes de chegar ao túnel, e nem todos os pontos tinham as placas informando os ônibus que passavam por lá. Mas perguntando, dá pra ir pra qualquer lugar.

 

Já no ônibus pedimos para que a cobradora nos avisasse quando estivéssemos próximos à Urca. Quando chegamos, ela no maior bom humor do mundo gritou para o ônibus todo que aquele era o ponto da Urca.

 

Descemos do ônibus com aquele belo ar condicionado e já veio logo aquele bafo quente. A primeira gota de suor veio dois segundos depois.

 

Andamos até a bilheteria, onde não entendi direito como funcionava a fila até a Luhana me explicar, haha. Compramos os ingressos e era hora de subir, ou ainda não.

 

Compramos duas garrafinhas de água do único cara que vende ali na porta (imagina o lucro) e nos perdemos para achar o teleférico. A mesma mulher que nos informou onde era a fila teve que nos acompanhar até o teleférico. Não achei a fila grande. Subimos para a Urca e tiramos várias fotos por lá, e o sol já começou a castigar. Como não havia lugar para sentar em sombra (tudo ocupado), decidimos já subir para o Pão de Açúcar. Cara, que vista. Mirante lindão. Várias fotos por lá também e do nada chega um helicóptero. Nem liguei pra ele e continuei fazendo o tour. Ali no cantinho do desembarque do teleférico tem um espacinho que sempre tem sombra, ficamos lá por uns 10 minutos apreciando a vista.

 

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Descemos novamente para a Urca, onde sentamos em um banquinho na frente de um tipo de museu, que parecia estar fechado. Infelizmente não lembro o nome dele.

 

Uma pessoa entrou lá, e depois outra, e outra. E esvaziou. Ficamos curiosos e entramos também.

 

Lá tinha as primeiras peças do primeiro teleférico do Brasil (e terceiro do mundo), assim como alguns jornais antigos e trabalhos escolares, tudo sobre o teleférico e o Pão de Açúcar.

 

Já nas paredes havia umas telas e fones. Fui dar play em um vídeo e foi ótimo. Cada TV mostra uma parte de um documentário sobre o morro da Urca e o Pão de Açúcar. É bem interessante. Os primeiros a subir, a primeira foto de cima, como escalaram pela primeira vez, além de dados geográficos etc. Muita informação. Estava vazio quando entramos, e depois de uns vídeos parece que caiu gente do céu, estava lotado.

 

Descemos da Urca para ir ao centro para tentar fazer umas visitas ao Paço Imperial, Museu Naval e Theatro Municipal.

 

No ponto de ônibus vimos uma mochileira que parecia carregar duas casas nas costas, mais uma mochila comum e um violão, e eu mal me deslocava com aqueles 12/15kg nas costas. Eu me impressionei.

 

Com o GPS do celular nos guiando, descemos perto da estação Cinelândia, o que foi um erro.

 

Vimos o Theatro só pelo lado de fora, e tirei uma foto bem rápido, pois aquele praça era meio sinistra. Seguimos em frente para tentar achar o Paço Imperial. Para chegar até lá passamos por um tipo de “crackolândia” carioca. Prédios vazios e mendigos sinistros nas ruas. Se estivéssemos com a mochila ali, certamente voltaríamos sem ela para casa.

 

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Por fim, chegamos a uma parte com mais pessoas. Uma estrutura gigante e uma porta aberta. Entramos sem saber o que era. Pedimos para visitar o lugar, e a moça disse que o térreo pode visitar à vontade, mas a parte de cima só com visita guiada, que seria em menos de quinze minutos. Então esperamos os quinze minutos.

 

O local era o Palácio Tiradentes, a “Casa Branca” quando o Rio de Janeiro era capital do Brasil. Tem MUITA história lá dentro, então não vou me aprofundar. Mas só uma coisa: tem esse nome porque Tiradentes foi preso lá.

 

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Saindo do Palácio, fomos procurar o Paço Imperial, que estava bem do lado, na Praça XV. Entramos lá e vimos apenas uma sala, pois parecia que o restante estava fechado. Tirei uma foto da Lei Áurea que infelizmente ficou tremida.

 

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De lá fomos para o Museu Naval. Muito interessante todas as histórias que os quadros contam, fora os objetos que são da época e da própria história. Tem um canhão real lá com todas as instruções e, olha, é complicado. Do lado do canhão tem uma bola (bala) que você pode segurar para sentir o peso. Foi aí que eu entendi como uma bolinha daquela causa tanta destruição. Chuto que pesava, no mínimo, 30kg. Fui burro de não tirar fotos na primeira parte do museu, principalmente da mina e dos torpedos que tinham na sala do refeitório.

 

Numa sala com o ambiente modificado, havia uma parte de controles de um submarino, muito bacana. Lá também tinham todos os tipos de navios, medalhas, uniformes, armas etc. de todas as épocas, evoluindo enquanto você vai andando. Foi um dos melhores lugares que achei do Rio de Janeiro.

 

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Depois do Rio de Janeiro, nosso plano era ir para Angra dos Reis no próximo dia bem cedinho, a tempo de pegar o primeiro fast boat para Ilha Grande, pois havíamos reservado um passeio de lancha que partiria às 10h30. Fomos então para a rodoviária para adiantar a compra, vai que no próximo dia não teria. O problema é que nem nesse dia tinha. Acabamos comprando para Conceição de Jacareí, com chegada prevista para as 9h30, e sem fast boat depois.

 

Na volta para o hostel deu um probleminha. O túnel perto de Copacabana era nosso ponto de referência, e descemos no ponto depois dele. Porém, como a rodoviária fica longe do Leme, tem um túnel que vem antes, e acabamos descendo ali mesmo. Mas pegamos outro ônibus e descemos certo depois.

 

Chegamos no hostel e liguei para a agência de Ilha Grande pedindo para trocar o dia do passeio, pois não daria tempo de chegar a tempo no próximo dia. Ela foi bem bacana e entendeu a situação. Ficamos um pouco no hostel, almoçamos e depois fomos à Praia do Leme. Meu, que água gelada! Pior que as cachoeiras de Paranapiacaba no inverno. Dei um mergulho e fiquei atordoado em meio segundo. Vimos o pôr do sol lá de cima das pedras, passeamos um pouquinho e voltamos ao hostel.

 

Nessa noite eu bebi bastante, conheci um carinha de Brasília que estava trabalhando como barmen, cara gente boa. Eu meio bêbado e a Luhana com sono, fomos dormir, acho que ainda era cedo, mas tínhamos que acordar cedinho para não nos atrasarmos.

 

3º dia – Rio de Janeiro / Conceição de Jacareí / Ilha Grande

De madrugada, mas já amanhecendo, arrumamos o quarto, entregamos a chave e saímos do hostel.

 

Mochila nas costas, mau humor da cidade e calor. Foi triste chegar na rodoviária. Mas pelo menos a viagem foi tranquila até Conceição de Jacareí.

 

Chegamos em Conceição no horário previsto e já fomos abordados pela mulher que faz o transfer para Ilha Grande. O atendimento não foi bom, mas ela nos informou que se queríamos ir para Paraty depois de Ilha Grande, só teríamos que comprar a ida de barco (semi-fast boat, já que chegaria em 30 minutos em vez de 15), e lá na ilha comprar o de volta para Angra dos Reis. Ela estava muito apressada nos levando para o cais, sem tempo nem de comprar um vinho para a viagem.

 

Ficamos meio mau humorados por não poder passar no mercado e ela ter nos apressado sem necessidade. Chegando na ilha, fomos direto procurar o camping. A entrada estava na nossa cara e passamos por ela duas vezes. Eu culpo o calor por não ter achado o camping de primeira.

 

O camping era muito bom, com sombras em todos os lugares e tomadas nas paredes. Na hora de armar a barraca, deu ruim. Mais um perrengue: o elástico da vareta arrebentou. Eu pensando logo em colar uma na outra e a Luhana já no desespero. Fui falar com um staff do camping e ele nos disse que era só encaixar normalmente, mesmo sem o elástico, e nos ajudou a montar a barraca. Pensei em aposentar a coitada, mas não nessa viagem.

 

Andando pelo centrinho de Abraão encontramos um mercadinho (que juro que não estava lá quando fomos dois anos antes). Olhos cheios de lágrimas, entramos para comprar o vinho. Preferimos pegar um Contini (que na verdade também é vinho). O preço estava alto, mas na hora de passar no caixa abaixou para a metade, e a mulher do caixa ainda queria cobrar o preço maior, mas não deixamos, haha.

 

De lá fomos na Avant Turismo (do passeio de lancha) ver se estava confirmado o passeio para o próximo dia, e felizmente estava tudo em ordem. Só tinha um porém agora: os horários do camping são estranhos, e a pernoite deles é na verdade diária.

Então não teríamos onde dormir a noite seguinte. Ficou corrido, pois depois do passeio teríamos que correr para pegar a barraca, arrumar as mochilas e correr mais uma vez para tentar pegar o último barco para Angra.

 

Depois de muita conversa com o pessoal do camping conseguimos um esquema. O staff ia guardar nossas mochilas e barraca e quando voltássemos do passeio, era só pegar lá, com tempo economizado. Mas ainda faltava algo: a passagem para Angra.

 

Procuramos em vários lugares algum horário que fosse depois que chegássemos do passeio, até que em uma agência (que não lembro o nome), uma mulher nos atendeu e tirou dúvidas que nem tínhamos. Ela esclareceu muita coisa, e compramos a passagem para o próximo dia às 18h.

 

Depois de resolvido as questões chatas, fomos procurar uma praia. Estávamos cansados de ir pra lá e pra cá, então pegamos a trilha até a Praia Preta, uma das mais próximas da vila. A água da praia estava morna, muito gostosa. Em compensação, a areia estava pelando. Era melhor ter deixado os chinelos mais perto da água, pois era uma tortura andar ali descalço.

 

Após algumas horas, fomos “almoçar”. Novamente, macarrão (eita economia!). Já estava ficando sem roupas limpas, então estendi um varal improvisado do lado da barraca para algumas roupas e em cima da barraca colocamos as toalhas. Tomei uma Heineken pra relaxar um pouco enquanto a Luhana tomava banho e conversei um pouquinho com um carinha lá.

 

Fomos para a praia da esquerda do cais, na areia mesmo, só relaxar. Apareceram três caras lá com um papo estranho que perderam tanto dinheiro lá do tráfico, e saímos dali.

 

À noite, nada como um Contini de frente para o mar. O tempo passou rápido.

 

 

4º dia – Ilha Grande / Angra dos Reis / Paraty

De manhã já desarmamos a barraca e deixamos tudo pronto, demos as mochilas para o staff guardar. Ele disse que uma vez foi guardar a mochila de uns gringos e quando voltaram acusaram ele de roubar um gadget, e ele teve que reembolsar a galera, mas pela primeira e ultima vez. Ele colocou as mochilas em sacos de lixo e lacrou com fita isolante, colocando nosso nome, ou seja, impossível roubarem algo sem ser notado depois. Só pegamos os documentos, cartões, o Contini e água, o resto deixamos tudo na mochila.

 

Fomos na Avant (pagamos R$ 150 adiantado e R$ 110 na hora para duas pessoas) e pegamos a pulseira, logo fomos à lancha. Para o primeiro destino fomos na parte de cima da lancha, que cabia duas pessoas deitadas ou quatro sentadas. Havia cerca de 10 pessoas na lancha depois que ele foi buscar mais um casal no píer de uma casa longe da civilização (sério, que lugar era aquele... Lindo).

 

De lá foram cerca de 30 minutos de vento na cara até chegar ao primeiro destino. Eu não lembro a ordem dos lugares que fomos, mas foram esses: praia da Feiticeira, Saco do Céu (praia do Amor), Lagoa Azul, Maguariquessaba (enseada Sítio Forte) e Lagoa Verde.

 

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Na lancha tem um espaço onde o “capitão” coloca gelo e você coloca suas bebidas lá. Tem água à vontade. Tem até um banheirinho na lancha, vai tirando. Avant Tour é super recomendada por mim.

 

Eu tinha tomado umas picadas no pé em algum lugar da viagem (uma em especial que deixou uma bolinha vermelha), e isso não foi bom pra mim, mas os peixes adoraram. Aquela sugada que os peixes davam no meu pé (justamente na bolinha vermelha) pareciam ferroadas. Tive que ficar nadando sem parar para não me pegarem, mas isso até que foi divertido. Lá tem MUITOS peixes. Via cardumes e mais cardumes, mas quanto mais fundo, menos eu via.

 

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Perdemos o lugar em cima da lancha, então nos apertamos na parte de baixo durante os caminhos entre os destinos.

 

Tive o prazer de segurar uma estrela do mar que estava perto da praia. Sem tirar ela da água, tirei uma foto.

 

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Entre o terceiro e quarto destino, o “piloto” da lancha nos deu um cardápio para escolhermos algo para o almoço. Ele passa as informações via rádio e nos leva ao restaurante, onde a comida já está quase pronta. Difícil esperar mais de 15 minutos para comer.

 

Depois de almoçar ficamos sentados numa sombra do lado do restaurante esperando dar o tempo de voltar para a lancha.

 

Continuamos o passeio, tentamos tirar mais fotos dos peixes, mas eles não pareciam gostar de câmeras, pois sempre sumiam na hora da foto. Curtimos cada segundo desse passeio de lancha, é muito recomendado.

 

Assim que chegamos novamente à ilha fomos ao camping tomar um banho e pegar as mochilas, e ainda era cedo, tínhamos mais uma hora até o fast boat sair. Comprei as ultimas cervejas e algumas garrafas de água para a viagem até Paraty. Nos despedimos da ilha e fomos até o continente.

 

Começou a chover muito enquanto estávamos na metade do caminho pra Angra, junto com a velocidade do fast boat, a chuva virou metralhadora, fora as pancadas das ondas no barco. Quase abri o guarda-chuva ali mesmo, e sinceramente, me arrependo de não o ter feito. Eu cheguei em Angra um pouco molhado, mas a Luhana estava ensopada.

 

Perguntamos a um vendedor ali mesmo no píer onde ficava a rodoviária, e ele apontou uma direção. Não muito convencido, pensei em perguntar pra outra pessoa. Tinha um ônibus de viagem ali perto e o motorista estava fora, então fui perguntar pra ele, e o diálogo foi estranho. Perguntei onde era a rodoviária, e ele respondeu “não”. Perguntei novamente onde ficava, e ele respondeu que não estava indo pra lá. Mais uma vez, e ele respondeu que não sabia. Já meio irritado, perguntei: “Você não sabe onde fica a rodoviária!?”. Aí ele apontou pra direção da rodoviária e disse pra seguir reto até lá. Eu não entendi o que estava passando pela cabeça daquele cara, mas não era algo normal. Haha.

 

A direção que ele apontou foi oposta à direção da informação da primeira pessoa, decidi então seguir um pouco o caminho informado pelo motorista e perguntar novamente pra alguém no caminho. E era por ali mesmo. Saindo do píer em Angra, só seguir a avenida pra direita por uns 20 minutos.

 

Chegando na rodoviária, fomos comprar passagem para Paraty, e não tinha. Já fiquei meio deprê, pensando que íamos dormir aquela noite ali na rodoviária mesmo. Mas nos informando, disseram que para Paraty é ônibus de linha, que sai de hora em hora das plataformas 1 e 2. Dois gringos perdidaços vieram perguntar onde ficava o píer para atravessar para Ilha Grande. Dei a informação e eles foram, só esqueci de avisar que naquele horário não tinha mais travessia, só se fosse particular. Queria saber o que aconteceu com aqueles dois.

 

Nosso ônibus chegou e entramos. O interessante nele é que você paga por “pedaço”. Se fosse descer antes de Paraty, pagava menos. A tarifa até Paraty estava em torno de R$ 25,00. Dormimos até chegar na rodoviária.

 

Era dia 28 de dezembro quase meia noite, estávamos exaustos e ainda tínhamos que procurar um lugar pra dormir (não tínhamos conseguido reservar hostel ou pousada). O humor já ficando chato só de pensar, até que, apenas atravessando a rua da rodoviária, vem um carinha nos abordar: “Eae casal, precisa de lugar pra dormir?”. Achei estranho ainda ter lugar no fim do ano e naquele horário, mas conversando com ele vimos que era tranquilo. Perguntei tantas coisas por segurança, e ele ainda nos viu vestidos daquele jeito largado, com mochilona nas costas e caras de acabados que até nos deu um desconto. O quarto tinha ventilador, TV, ar-condicionado (quebrado, mas o que importa é a intenção) e até Frigobar! Ele nos chamou pra ir pra uma festa ou evento, mas estávamos detonados da correria do dia e acabamos tomando um banho e dormindo rapidinho.

 

5º dia – Paraty / Trindade

Como só poderíamos ficar até meio dia, então acordamos umas cedo pra tomar café e conhecer um pouco do centro histórico.

 

É bem o que dizem mesmo, Paraty é colorida e bem antiga. Sorte que a pousada em que estávamos ficava a 100m da rodoviária, que fica perto do centro. A pé levamos menos de 10 minutos para chegar ao centro. Muito bonito lá, pena as praia não serem assim. O que mais gostei foi a Igreja do século XVIII. É muita antiguidade pra uma construção só, haha. Claro que foi restaurada muitas vezes, mesmo assim, a essência fica.

 

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Andamos mais um pouco e já aproveitei pra pegar uma garrafinha de pinga artesanal ali por R$ 20,00.

 

O plano era comprar ingressos para a Escuna Pirata para este dia e no próximo iríamos para Trindade.

 

Primeiro fomos na rodoviária comprar passagem para São Sebastião, que iríamos no dia que voltássemos de Trindade. E só tinha pro dia 2 de janeiro! Já totalmente sem esperança, estava saindo dali quando a atendente nos informou que poderíamos pegar ônibus para Ubatuba, que de lá passa ônibus de linha para São Sebastião. E fizemos isso, porém atrapalhou os planos, pois tínhamos que ir já no dia seguinte. Então tínhamos que escolher a Escuna Pirata ou Trindade, e obviamente Trindade ganhou.

 

Além de ter estourado o elástico das varetas da barraca, ainda estávamos sem estacas. Só tinha uma, e ela voaria fácil só com uma. Ali do lado da rodoviária tinha uma loja de esportes, e lá tinha estacas (acho que foi sorte, por que foi única coisa que vi de camping). Já compramos mais repelentes (Nunca economizar em repelente se for passar em Ilha Bela, só na ilha vai praticamente uma lata de spray de repelente por dia) e mais um Contini, pra tomar em Trindade.

 

Saímos do quarto, devolvemos as chaves e fomos procurar a fila do ônibus para Trindade. Olha, que rodoviária ruim, viu. Não tem preparação para tanta gente. A fila do ônibus para Trindade também é fila para mais três outros ônibus, então fica um caos. Continuamos na fila por cerca de uma hora e meia até conseguirmos entrar, pois lá não pode ir em pé, então fazem a contagem de quantas pessoas subiram no ônibus e o resto da fila vai no próximo.

 

(Infelizmente não tiramos fotos em Trindade)

 

Chegando em Trindade, novamente sem lugar reservado, fomos procurar no sentido oposto das praias, para tentar achar vagas e até com um preço mais bacana. Só de olhar alguns lugares, as pessoas já falavam que estava lotado, sem eu nem perguntar nada. Até que andando um pouquinho mais, um cara nos perguntou se estávamos querendo acampar, que tinha vaga no quintal dele. Fomos ver como era, e estava quase lotado. Era naquela hora ou nunca, pois acho que foi sorte encontrar vaga tão perto do centrinho e por um bom preço, mesmo sendo quintal. Só de nos olhar, ele também nos deu um desconto, e fez o camping pros dois por R$ 30,00 (Não é tão barato por ser quintal, mas ele podia cobrar bem mais caro por sem fim de ano). Armamos nossa barraca no fundo do quintal, onde era perto de um riozinho, que não fedia tanto, mas se aguçasse o olfato, sentiria um cheiro tipo de urina, mas nada tão grave. O problema de armar a barraca ali é que tinha pouquíssimo espaço, mas conseguimos.

 

Pegamos o básico e saímos sem rumo, apenas andando. Como tinha esquecido de comprar cigarro em Paraty, tive que desembolsar R$ 8,00 em Trindade por um maço comum, foi burrice, mas fazer o que. Já aproveitei pra comprar uma lata de cerveja e água.

 

O sem rumo resolveu ter um rumo, e fomos em direção à piscina natural do Caixad’Aço. É uma caminhada leve e gostosa. Primeiro uma caminhada numa estradinha que leva a uma praia que esqueci o nome (não anotei nada, estou fazendo o relato de cabeça), depois anda até o final dessa praia, onde atravessa um rio, onde tem algumas pedras camufladas. Passando o rio, vem a primeira trilha, bem suave, mas com bastante subida e descida. Depois da trilha tem a Praia do Caixad’Áço. Seguindo até o final da praia, tem que subir as pedras ali pra entrar em uma outra trilha. O mar estava calmo, então foi tranquilo. Quando está agitado, duvido que dê pra entrar na trilha, por que você passa por ele para subir as pedras.

 

A segunda trilha já é mais lamacenta, não recomendada para quem não quer se sujar ou arriscar levar uns tombos. Algumas partes dessa trilha são tão escorregadias que você se sente um herói quando escorrega e não cai. Haha.

 

Passando dessa trilha (20 minutos no máximo), chegamos à piscina natural. Não estava tão cheia quanto achei que estaria, mas minha opinião entra em conflito com a da Luhana. Mas tinha espaço para aproveitar, é o que importa.

 

As pedras gigantes ao redor tapam as ondas e a correnteza, fazendo com que as águas da piscina ficassem sempre tranquilas. Em momento algum cheguei a ficar sem pé (isso que não tenho nem 1,70m), então até quem não sabe nadar pode ir pro meio curtir. Ali até vendem água e outras bebidas num barco que fica encostado perto da entrada da trilha. Ficamos um bom tempo ali curtindo, mas como estávamos sem relógio e as nuvens cobriram o sol, ficamos perdidos no tempo, então resolvemos voltar para a trilha não ficar fechada pelo mar, tanto pela chuva que estava vindo quanto pelo horário que não sabíamos qual era.

 

Às vezes você está numa trilha e parece que anoitece em dois minutos, já aconteceu comigo em Ilhabela. Ainda bem que não foi o caso, conseguimos voltar e fomos curtir na Praia do Caixad’Áço. Deixamos nossas coisas ali na areia mesmo e entramos no mar. A água (super cristalina) batia nas coxas, e do nada vinha uma onda de dois metros ou maior. O mar lá é pra aventureiro mesmo. Bom que não puxava tanto, senão não estaria aqui relatando a viagem. Mas sério, as ondas eram ENORMES!

 

Dali fomos direto para o “camping”. Pegamos as roupas e íamos tomar banho, junto com as 83730384 aranhas que estavam só de olho do teto, mas a água não saía. Fomos perguntar ao Amauri, o carinha que nos deixou acampar ali, se era normal. Ele foi ver e o cano estava entupido. Tivemos que esperar mais quinze minutos. Com o tempo passado, fui primeiro tomar banho. A porta não fechava, não tinha luz (só o feixe de luz da porta entreaberta) e as aranhas só de olho. A Luhana foi depois de mim. Não tem como tomar banho ali sozinho, alguém tem que ficar vigiando pra não entrarem, já que a porta não fecha.

 

Já improvisei um varal ali perto da barraca com a ajuda das árvores para estender algumas roupas que lavamos no banho.

 

Banho tomado e varal armado, fomos procurar algum lugar pra comer, e sem macarrão desta vez. Passamos por alguns restaurantes mas nada interessava, até que no cardápio de um havia um prato vegetariano. Fomos ver o que era servido no prato: batata ovo, cenouras e outras coisas boas, até palmito! Pedi uma garrafa de cerveja e a Luhana uma taça de vinho. Que taça! Aquilo sim era uma taça de vinho, talvez coubesse a metade de uma garrafa só ali.

 

Já sobre a comida: sensacional! Recomendo fortemente aquele lugar. Tocam música ao vivo lá também, mas como fomos cedo, o pessoal ainda estava organizando o “palco”. Só tomar cuidado com o ovo “frito”, pois deixam ele bem molinho, eu pediria para deixar mais tempo fritando.

 

Já de noite e de barriga cheia (cheia mesmo, quase passando mal) fomos procurar uma praia. Não sei qual era o nome dela, mas era a mais próxima do único ponto de ônibus da vila. As ondas só se formam e quebram na beira do mar, mas com uma força bem grande. Às vezes me assustava com o barulho. Contini e conversas com a Luhana. Foi uma noite agradável até aí.

 

O plano era dormir cedo para acordar cedo para pegar o primeiro ônibus sentido Paraty. Deu certo pra Luhana, mas não pra mim. Não sei o que deu em mim que fiquei apavorado por ter algumas aranhas no teto do lado de fora da barraca. Uma verde e uma branca, mas tiramos as duas antes de entrar. Mesmo assim o sono não batia, então resolvi beber Contini até me embriagar para pegar no sono, tudo com o flash do celular ligado, gastando bateria (pelo menos não gastei a bateria da lanterna). Embriagado, consegui dormir.

 

6ª dia – Trindade / Paraty / Ubatuba / Caraguatatuba / São Sebastião / Ilhabela

Quando acordamos já tinha teia pra tudo que é canto. Aquelas aranhas são muito rápidas. Ao tirar as roupas do varal, sempre imaginava uma picada de uma aranha perdida nas dobras, mas não tinha em nenhuma roupa, ainda bem. Na parte de trás da barraca havia mais aranhas. O Amauri podia abrir um camping legalizado e colocar o nome de Camping das Aranhas.

 

Desarmando a barraca, uma garota veio nos perguntar se aquele canto era bom, avisamos ela sobre o cheiro e sobre as aranhas – ela desistiu rapidinho, haha. Saímos de lá para comer alguma coisa. Tomamos café da manhã e fomos para o ponto de ônibus.

 

Estávamos em terceiro na fila, mas o casal que estava em segundo estava guardando lugar pra um grupo. Até aí tudo bem, pois teria bastante espaço ainda.

 

O problema começou quando chegou o primeiro ônibus, onde o motorista disse que teríamos que esperar o próximo. Aguardamos o próximo e ele chegou. Ao invés dos cabeçudos dos motoristas se dialogarem para tirar o ônibus da frente para o segundo ônibus tomar o lugar, o motorista do segundo ônibus o estacionou atrás do primeiro, e a fila começou a entrar do meio. Por um bom senso de algumas pessoas, entramos na ordem correta, mas se não fosse por isso, teríamos que esperar ainda mais um ônibus.

 

Chegamos em Paraty depois de uma tortuosa viagem no calor e ainda faltava mais de uma hora para o ônibus para Ubatuba chegar. Guardamos as mochilas no guarda-volumes da rodoviária e fomos andar um pouco. Estava MUITO quente em Paraty, lá foi a cidade mais quente da viagem. Estava quase comprando lugar nas sombras que achava.

 

Deu o horário e nada. O ônibus atrasou uma hora, mas chegou. Era ônibus de viagem, então tinha ar-condicionado. Tinha até um jornal nos nossos assentos, haha.

 

Chegamos em Ubatuba algumas horas depois e já fomos nos informar onde ficaria o ponto para o ônibus que ia para São Sebastião e... Tã dã! Não existe!

 

De Ubatuba tínhamos que ir para Caraguatatuba, e de lá sim, pegar o ônibus até São Sebastião. Já cansados, mas sem escolha, pegamos o ônibus sentido Caraguatatuba, fazer o quê. Demorou mais de duas horas naquele calor dos infernos e a mochila pesadona no colo por falta de onde colocar. Chegando em Caraguatatuba, aí sim, um ônibus para São Sebastião.

 

Chegamos na Rodoviária de São Sebastião e já estava escurecendo. Escureceu de vez quando atravessamos para Ilhabela. Já passamos no mercado para comprar coisas pro café da manhã e mais vinho, pois seria a ultima visita ao mercado, já que a Fazenda Lage fica longe de tudo.

 

A fazenda no qual iríamos acampar ficava no sul da ilha, e já estava de noite e teria muita trilha pra percorrer a pé, ainda depois do ônibus que teríamos que pegar. Bateu aquela dúvida se deveríamos subir ou não, e seria só aquela hora ou no próximo dia. Se fosse naquela hora enfrentaríamos horas de breu. Se fosse no outro dia, dormiríamos na rua, pois não haveria pousada, hostel ou até mesmo camping com vagas. Pegamos o último ônibus para Borrifos e fomos enfrentar o breu.

 

Descendo em Borrifos já não dava pra enxergar nada. Ligamos a lanterna. A estrada até Sepituba é tranquila (de dia), mas de noite demoramos muito pra chegar.

 

Normalmente, quando chegamos lá, descemos no estacionamento para tomar água e nos refrescar um pouco, mas naquela noite estava fechado. Só nós dois naquele canto da ilha, caminhando no breu e na lama. Então nem paramos, chegando no portão da fazenda, continuamos andando, parando somente para tomar água ou arrumar a mochila, nada mais que um minuto de pausa a cada trinta andando. A partir do portão liguei o flash do meu celular, que não estava com a bateria bem carregada.

 

Chegamos na parte em que há um atalho. Se pegar ele, leva quinze minutos para chegar ao camping. O problema é que de dia já não gosto muito de passar por lá, mas sempre vou por ser atalho. É que a trilha por ele é muito fechada e íngreme. De noite nem passou pela cabeça entrar ali. Seguimos em frente, pelo caminho mais comprido, porém, mais seguro. Como nunca tínhamos ido por ali (a pé, pois já fomos de jipe), não sabíamos em quanto tempo chegaríamos. Com a bateria da lanterna acabando e a do meu celular em 10% comecei a ficar preocupado. Andamos mais um pouco, num total de mais ou menos uma hora e meia desde Borrifos (tempo recorde, talvez pela pressão de querer chegar num lugar seguro logo) e finalmente chegamos, sem picadas de cobras ou qualquer outro animal.

 

Falamos lá com o Ivo, filho da dona da fazenda, que estava dormindo quando chegamos e perguntamos se tinha um quarto disponível, porque eu já estava com dificuldade para andar, imagina armar uma barraca no breu e quase sem bateria de lanterna e celular. Ele nos deixou ficar no quarto em que estava dormindo e foi pra outro. Muito gente boa o pessoal da fazenda.

 

No outro dia conhecemos um casal que chegou ainda depois de nós. O Ivo tinha marcado de buscar uma galera na cidade, então sairia antes das 5h. Quando chegamos ele acordou, e foi dormir em outro quarto, mas estava indisponível. Então ele foi dormir na rede. Antes de pegar no sono, o casal chegou e o coitado nem chegou a dormir mais.

 

Resumo do dia: Saímos de Trindade às 9h30 para chegar na Fazenda Lage à meia noite. Imagina o cansaço. Pior que na hora de dormir me deu umas dores estranhas e sensibilidade bem forte a qualquer cheiro. Cansado e sem conseguir dormir, fiquei umas horas acordado me revirando na cama até conseguir.

 

7ª dia - Ilhabela

Acordei umas quatro vezes de manhã, mas como havia dormido bem tarde, queria aproveitar mais a cama. Já havia passado das 9h quando levantamos. Demos bom dia para a galera que estava ali nas mesas e fomos direto armar a barraca. Armada a barraca, fomos comer pão, que compramos no mercado na noite anterior.

 

Conhecemos uma galera bacana lá. Um eu já havia conhecido por lá mesmo no ano anterior e acabamos nos reencontrando por acaso. As outras três eram da mesma família: duas irmãs de São Paulo e uma prima de Cuiabá.

 

Eles queriam que Luhana e eu os levassem para os destroços de um naufrágio que fica no final da cachoeira, já que todo ano descemos lá e temos certa experiência nas pedras. Depois de insistirem, acabamos cedendo, mas eles demoraram muito pra se arrumar.

 

O Luke, cachorro que fica na fazenda (também tem uma cadela, a Pitchula), já se preparou também pra descer com a gente. Ele pode acompanhar em todas as trilhas que fazem por lá, só depende de ele querer. Quando ele vai, ele vai liberando o caminho de outros animais, como lagartos ou até cobras.

 

Começamos a trilha, só descida, algumas bem íngremes. Chegamos ao Lago Dourado, que tem esse nome porque quando o sol está se pondo, a luz que reflete no laguinho o torna dourado. Deixamos o que não precisávamos ali na beira do lago, atravessamos ele e começamos a descer as pedras. Aqui exige paciência, pois você tem que calcular o caminho mais seguro. É bem fácil pisar sem querer numa pedra molhada e se esborrachar. Em algumas partes da descida a água tem muita força, então não é opção trocar de lado andando pela água, pois ela te leva, a menos que tenha pedras secas por perto e alguém pra ajudar. Descendo bem aos poucos, conseguimos chegar lá.

 

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O sol estava começando a ficar agressivo e resolvemos voltar. Uma super dica é nunca descer pra lá sem chinelo ou algo pra proteger os pés, pois as pedras esquentam MUITO, e nem sempre vai ter fácil acesso à água para refrescar. Subindo encontramos um grupo que desceu e parou na metade do caminho, e parecia que iriam ficar por ali mesmo. Deixamos eles lá e continuamos subindo.

 

Chegando no lago, foi hora de dar uns mergulhos para refrescar. A água estava bem geladinha, muito boa contra o sol forte que estava naquele dia.

 

Saímos do laguinho e ficamos do outro lado, na parte de cima, onde é mais fundo. Não entramos na água, só paramos para apreciar mesmo por alguns minutos. Subimos a trilha até o camping e comprei uma cerveja.

 

Lá na fazenda, sentamos para conversar e passar o tempo, quando conhecemos o Alex, que é afilhado da dona da fazenda. Conversando com ele, trocamos algumas experiências de skate e aventura. Ele também mergulhava, e nos contou várias experiências de mergulho em volta de Ilhabela. Foi bem bacana conhecer ele.

 

Normalmente os borrachudos causam muita dor de cabeça, mas depois de anos visitando lá, não ligo de ficar de manga comprida, calça, meia e tênis. Além de toda a roupa, o repelente ainda é necessário. A única coisa que ficou de fora foi meu rosto e as mãos. Como eles voam baixo (abaixo da cintura, normalmente) não me preocupei tanto. Erro meu. Apesar de passar repelente, eles pegaram minha mão, que já tinha começado a inchar. Tenho alergia à picada de borrachudo. Se uns cinco me picam no tornozelo, já ando mancando. A dor na região da picada, se for na perna, se assemelha com a de uma tatuagem na panturrilha um dia depois da sessão.

 

Fomos preparar nosso almoço (macarrão) e a Dona Irenice (dona da fazenda) nos viu lá e ficou bem contente, já nos oferecendo mil e uma coisas para acompanhar o macarrão. Não gosto de ficar pegando coisas que não são minhas, mas só macarrão já estava ficando meio perrengue, então aceitamos alguns temperos e ovos. Após o almoço e o tratamento VIP, hehe, ficamos relaxando por lá, conversando e bebendo.

 

Pela primeira vez desde que comecei ia ir à Fazenda Lage (quatro anos pra mais), ia ter festa à noite para a virada de ano. Logo de cara já achei que ia ser estranho, pois é raro ficar mais de cinco pessoas lá na fazenda durante a virada de ano, normalmente as pessoas vão para a cidade. Essa virada ia contar com mais de 60 pessoas. Muito, muito estranho, mas fazer o que, gostamos muito daquele cantinho da ilha. O Ivo foi trazendo o pessoal de jipe, e depois já ia sair de novo para passar no mercado, na cidade. Já me ofereci pra ir junto.

 

Lá na fazenda os “staffs” vendem lanches, sucos, cerveja, açaí e outras coisas. Mas como sempre, economizar é bom, então fomos: Luhana, as duas irmãs, a prima, a Yanah (irmã do Ivo), um outro cara, que esqueci o nome e eu. Fomos todos na parte de trás do jipe, onde tem mais aventura. Deu dois minutos a partir do momento que o jipe saiu da fazenda, a Yanah mudou de ideia e voltou, sabe-se lá o porquê. Nessa hora que o Ivo parou o jipe, a Luhana e eu fomos na frente, junto com o Ivo, pra trocar uma ideia, que já fazia um ano dês do ultimo papo que tivemos.

 

Meu nariz ainda estava ruim, e o escapamento do jipe estava zoado, então estava incomodando muito. No caminho, o Ivo parou para dar carona a ultima pessoa que faltava na festa: o motorista do ônibus fretado da galera da festa. Na hora que o Ivo parou o jipe já fomos pra trás, antes que meu nariz estourasse ali.

 

Chegamos no mercado e o Ivo falou que ia almoçar com o motorista, então tínhamos bastante tempo para comprar as coisas. Compramos cerveja, mais vinho, gelo e uns petiscos. Na volta paramos novamente do lado do ônibus fretado, pois tinha muita coisa do pessoal pra subir pra fazenda. MUITA coisa mesmo. Mesmo pra 60 pessoas, aquilo era um absurdo. Mas fazer o que, fomos apertados, mas fomos. Chegamos na fazenda já era de noite. Quis tomar uma ducha, e pela primeira vez em anos, tinha fila pra ducha. Quase não acreditei.

 

A Dona Irenice tem uma memória de elefante, juro. Mas ela falhou naquele dia ao perguntar se íamos cear com eles. Como não comemos carne, adivinha o que comemos: macarrão. Mas desta vez teve uma misturazinha bacana. Começaram as músicas enquanto estávamos cozinhando. Ao terminar de comer colocaram tudo quanto é tipo de música BEM alto, afinal, a fazenda fica longe de tudo, os vizinhos mais próximos estão a quilômetros de distância. Cerveja aqui, vinho ali, bate papo com um e com outro, estava bacana. Perto da meia noite chamamos as irmãs, a prima e o Bruno (que eu já conhecia do ano anterior) para irmos nas pedras ali do lado, longe da música e da multidão pra virar o ano assistindo as estrelas. Deitados olhando o céu vi duas estrelas cadentes. Foi naquele dia que tive a melhor visão do céu em toda minha vida. Eu já estava bem alto, então resolvi ir dormir, pois no dia seguinte tinha marcado com o Bruno de fazer a trilha do Bonete.

 

Essa trilha tem um pouco menos de 15km e é feita em aproximadamente 4 horas. Em todos os anos indo pra fazenda, nunca consegui acordar cedo ou com disposição pra fazer essa trilha, pois sempre tinha uma galera que fazia o tempo voar e nos fazer dormir tarde.

 

E novamente não foi desta vez. Nem eu, Luhana (única com disposição) ou Bruno. Acordamos tarde.

 

8ª Dia - Ilhabela

Para ir ao Bonete, o melhor é acordar bem cedo, umas 5 / 6h para o sol não rachar na cabeça, chegar lá antes do meio dia, curtir a praia e voltar com tempo de não escurecer durante a trilha. Isso pra aproveitar bem, mas também dá pra ir mais tarde, mas NUNCA depois do meio dia, a menos que seja horário de verão e vá acampar por lá.

 

Então neste dia fomos à Cachoeira da Lage, com trilha bem mais fácil que a do Lago Dourado (que na verdade não é difícil, só íngreme). Eu gosto de ficar na parte de baixo da cachoeira, pois tem mais espaço e costuma ser vazio, talvez por que as pessoas passam pela trilha e já veem a água na parte de cima e nem olham lá em baixo. Toda vez que entrava na água era a mesma coisa: tirava a camisa, calça, tênis e meia em dois segundos e já entrava na água. Pra sair da água também tinha esquema: sair da água, se enxugar, passar MUITO repelente e colocar as roupas em 3 segundos. Tudo para não ser vítima dos borrachudos. E esse esquema deu certo, fiquei impressionado comigo mesmo. Hehe.

 

Depois da cachoeira ficamos conversando e jogando cartas. O Ivo ia pra cidade novamente, então pedi que ele comprasse cigarro e cerveja pra mim, já que estava acabando tudo. Foi um dia tranquilo e de descanso. Faltando cerca de duas horas para anoitecer, fomos convidados pelas meninas (que o Alex, afilhado da Dona da fazenda, chamou) para ir ao Buraco do Cação. Aceitamos ir.

 

Mas primeiro fui pedir um cigarro à Dona Irenice, pois já estava sem e o Ivo não tinha chegado ainda com meu maço. Ela também não tinha, mas disse que tinha cigarro de palha e perguntou se eu já tinha “bolado maconha”, pois ela não sabia “bolar” o cigarro de palha, mas eu também não tinha experiência com isso. Achamos um cara que conhecia os macetes e pedimos pra ele fazer alguns cigarros pra nós. Em troca, ele pediu seda (pra que será). Como ele demorou um pouco, a galera foi na frente para o Buraco do Cação, juntos com o Luke e a Pitchula. Fomos com alguns minutos de atraso.

 

Tem duas trilhas que levam para o Buraco do Cação, mas cada trilha finaliza em um lugar diferente. Como sempre fomos para a trilha que leva bem ao lado do buraco, seguimos pela mesma, achando que seria a mais provável, já que era mais próximo do buraco. Porém chegamos lá e não havia ninguém. Voltamos e fizemos a outra trilha, encontrando o Luke no meio do caminho (Depois ficamos sabendo que ele estava lá porque uma das irmãs levou uma picada de mutuca e tentou pegar a mutuca na eletricidade, então o Luke se assustou e ficou fora do caminho deles). O grupo estava no final da trilha, nas ultimas pedras. Nunca tinha feito aquela trilha. Gostei do lugar, da pra chegar bem perto do mar. O Luke e a Pitchula já ficaram por ali caçando um lagarto que tinha embaixo de uma pedra e fomos nos juntar com o grupo.

 

Tiramos algumas fotos por lá. Mas esta foi a melhor (O Alex e eu)

 

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Começamos a nos preparar para voltar, já que estava começando a escurecer. Quando olhamos a pedra que havia um lagarto nem acreditamos. O Luke e a Pitchula cavaram tudo ali, estavam todos cheios de terra. Continuamos a trilha por uns 10 minutos e eles (cachorros) se lavaram num laguinho antes de chegar à fazenda. Algo me diz que eles tomam bronca se chegarem sujos. Porém, a água que eles se limparam não era limpa, então chegaram com um cheiro estranho. A Yanah se perguntando onde o Luke tinha ido, e nós rindo por dentro sem soltar uma palavra. Quando chegamos, o Ivo tinha acabado de chegar também, fui logo cobrar meu cigarro e as cervejas.

 

Depois de algumas horas conversando e jogando baralho com o pessoal fomos dormir.

 

9º dia – Ilhabela / São Sebastião

No meio da madrugada acordei com alguns pingos na cara. Estava caindo o mundo, chovendo pra caramba. Nossa barraca já nos salvou de muitas chuvas fortes. Enquanto outras ficavam encharcadas, a nossa não tinha uma goteira. Mas nesse dia a coitada deixou passar algumas gotas. Improvisei uns remendos com algumas sacolas e quando não dava pra fechar a goteira, eu desviava a água. Tudo isso enquanto a Luhana dormia tranquilamente. Eita sono bom.

 

De manhã acordamos com tudo molhado, inclusive meu tênis. Já desarmamos a barraca e fomos comer. O Ivo ia nos levar, inclusive as irmãs e a prima, até perto da balsa (ainda bem, porque trilha com mochila pesada, tudo molhado, de chinelo e na lama ninguém merece). Esperamos ele arrumar tudo e fomos. Nos despedimos de todos ali com muita gratidão.

 

Já na cidade, o Ivo parou perto de uma barraquinha de pastel, onde todos comemos e nos despedimos dele. A chuva não se resolvia se ficava mais forte ou mais fraca. Ficamos cerca de uma hora ali até ela ceder um pouco. Fomos ao mercado comprar o ultimo vinho antes de embarcar na balsa, que estava lotada. Conseguimos ir sentados pelo menos.

 

Chegando ao continente fomos direto à rodoviária, onde nosso ônibus estava previsto para as 18h. Após checarmos tudo, vimos que na verdade ele sairia às 18h30, então poderíamos ficar mais um pouco com elas. Ficamos jogando 21 sentados no chão da rodoviária até dar o tempo. Chegamos até a comprar uns mini salgados que vendiam bem baratinho na frente da rodoviária.

 

Nos despedimos das garotas e seguimos rumo a São Paulo. Já pegamos nossos assentos e fomos dormir um pouco.

 

10º dia – São Sebastião / São Paulo

Acontece que acordamos algumas horas depois e ainda estávamos em São Sebastião. Estava um trânsito dos infernos. Chegamos à Rodoviária Tietê quase 3h da manhã. Pensamos se esperaríamos ali ou dormiríamos num hotel até o Metrô abrir. Continuamos a dormir na rodoviária mesmo, afinal, era de graça.

 

Quando o Metrô abriu, uma fila quilométrica já tinha se formado para comprar os bilhetes, sorte que já tínhamos os nossos. Demorou bastante pra achar os bilhetes na mochila, pois já estava toda desorganizada (achei que não ia mais precisar abrir depois de Ilhabela). Pegamos o Metrô sentido Tucuruvi e de lá fomos pra casa.

 

Foi uma viagem incrível. Nove dias e meio de experiências novas sem parar. Até os perrengues foram legais (hoje acho isso, na hora era bem chato). No fim, acabamos não indo novamente ao Bonete, mas valeu a pena todo o resto.

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