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Postado (editado)

SANTIAGO, SAN PEDRO DE ATACAMA E SALAR DE UYUNI - 12 DIAS - JULHO 2009

 

 

Após conhecer o site “mochileiros.com”, fiquei impressionado com os relatos das viagens sobre as belezas do Atacama e a imensidão branca do salar de Uyuni. De imediato, decidi que aquele seria meu próximo destino, que eu teria que ver tudo aquilo com meus próprios olhos. Comecei a planejar esta viagem com um ano de antecedência, pois quase tão bom quanto viajar, é ficar dias, meses, planejando a mesma. Nessa viagem, fomos só eu e minha esposa, nosso filho de 2 anos e 9 meses, que sempre nos acompanhou em viagens, como a Pucon em 2008, dessa vez ficaria com a avó, já que o Atacama e Bolívia são ambientes um pouco inóspitos para uma criança daquela idade.

 

 

DIA 10 DE JULHO: SÃO PAULO– SANTIAGO

 

O vôo da PLUNA partiu às 9 horas de Guarulhos, fez uma escala super rápida em Montevideo e chegamos em Santiago pouco depois das 14 horas. Foi a passagem mais barata que encontrei. Se não me engano, saiu em torno de 280 dólares, muito mais barato que as demais companhias que giravam em torno de 460 dólares. Jatinho pequeno da canadense Bombardier, meio apertado, sem muito conforto, mas a empresa uruguaia é corretíssima e extremamente pontual, com o vôo chegando ao destino até com alguns minutos de antecedência. O despacho de bagagens é cobrado, 20 dólares por volume, metade para quem faz o check-in pela Internet, mas só na volta, pois graças a um acordo com a Infraero, no Brasil não há cobrança. O serviço de bordo também é cobrado e só com lanches frios. Um sanduíche, que até dá pra dividir , um refrigerante e um alfajor custam 10 dólares. Está explicado o porque da diferença tão grande de tarifa para as outras companhias, mas compensa bastante e voaria de novo com eles certamente. Acho que no futuro, numa forma de contenção de custos, todas as companhias aéreas trabalharão da mesma forma.

 

Chegando no aeroporto de Santiago, contratei o transfer “compartido” da Tur Bus por 5700 pesos por pessoa até o bairro da Providência, onde fiquei hospedado no Hotel Orly. Um hotelzinho simpático, sem pertencer a nenhuma grande rede, com aspecto daqueles antigos hotéis europeus, no coração da Providência ( Pedro de Valdívia, 47). Custo de 100 dólares a diária. Não é propriamente uma hospedagem de mochileiros, mas foi um dos luxos que me permiti no início da viagem. Havia levado dólares e reais para trocar por moeda local, mas pretendia tentar sacar dinheiro com meu cartão de débito do Itaú para pegar a cotação oficial e não trocar os reais. Bem, aí começou a peregrinação, pois até havia uma agência do Itaú perto do hotel mas sem “cajero automático” e os bancos fecham às 14 horas. Andei mais de uma hora atrás de um e nada, perguntei a várias pessoas e era sempre logo ali mas nunca encontrava. Até que uma boa alma me questionou porque eu queria tanto um caixa eletrônico do Itaú se, no Chile, em qualquer caixa de qualquer banco eu poderia efetuar saques. Mas que país evoluído, e eu perdi um tempão andando quase meia Santiago atrás de um Itaú. Efetuei o saque com débito direto na minha conta corrente, com a cotação oficial e com apenas uma taxa de 8 reais por saque. Compensa bem mais que trocar dinheiro em casa de câmbio, seja dólar ou real.

 

Nos dois dias seguintes, fiz os passeios clássicos de Santiago, Cerro San Cristobal, Plaza de Armas, Museu Pré-Colombino, Concha y Toro, Parque Arauco, tudo de metrô e ônibus sem problemas. Adquiri a Tarjeta Bip no metrô, que vc carrega com o valor das passagens de metrô e ônibus que se quer utilizar, é bem mais prático, mesmo porque, nos ônibus, não há cobradores e só se aceitam o tal cartão. Não vale à pena contratar agência para conhecer a Concha y Toro, te cobram caro e para chegar lá é bem simples usando metrô e ônibus. É só descer na estação Las Mercedes (linha 4), atravessar a rua e pegar um micro-ônibus ( esse se pode pagar diretamente ao motorista) que te deixa na esquina da vinícola.

Na verdade, esses dias iniciais em Santiago, eu havia programado, também com o propósito de comprar roupas de inverno para a viagem nas ótimas liquidações que existem por lá naquela época, mas como a ansiedade venceu e acabei comprando quase tudo no Brasil mesmo ( e bem mais caro), a ida ao shopping foi só para passeio mesmo

 

Quanto à gripe suína, mesmo sendo o Chile, na época, o quarto país do mundo em número de casos, viajei desencanado, mesmo porque, sou médico e já sabia que o medo inicial do novo vírus não se confirmou, pois a taxa de mortalidade do mesmo é igual ou até menor que a gripe sazonal comum. O pessoal de lá também não parecia muito preocupado , vi uma ou duas pessoas de máscara na rua, ônibus lotados, metrôs lotados, shopping lotado, enfim, vida normal.

 

Só mais um detalhe sobre Santiago, não achei os Carabineiros, os policiais chilenos, com muito boa vontade em dar informações. Numa ocasião, quase me mandaram voltar tudo e descer em outra estação de metrô, sendo que a rua que eu procurava estava bem ali a alguns metros de distância. Ainda bem que achei estranho e resolvi procurar por conta própria.

 

 

DIA 13 DE JULHO : SANTIAGO-CALAMA-SAN PEDRO DE ATACAMA

 

 

No dia anterior, telefonei para a empresa Transvip e agendei o transfer para o aeroporto. Preço de 5500 pesos por pessoa, um pouco mais barato que o transfer de chegada pela Tur Bus. A passagem aérea para Calama foi comprada pela versão chilena do site da Lan que, teoricamente, seria só para residentes no Chile, já que a tarifa é bem mais barata, tendo custado algo em trono de 110 dólares. Apesar do relato de outros freqüentadores do fórum, que compraram a passagem da mesma forma, de que não houve problema algum no momento do embarque, confesso que fiquei um pouco ansioso no check-in com medo de que me pedissem algum comprovante de residência no Chile, ainda mais quando, já na sala de embarque, passou um funcionário da Lan checando documentos de algumas pessoas. Não sei exatamente o motivo pois não chegou até mim.

 

O vôo aterrisou em Calama por volta das 19 horas já com o transfer até San Pedro previamente agendado com a dona do Hostal que me hospedaria. Ida e volta por pessoa saiu a 18000 pesos, um pouco mais caro talvez pelo horário da volta que seria às 5 da manhã.

 

Cheguei em San Pedro aproximadamente às 21 horas. Fiquei hospedado no Hostal Elim, 28000 pesos a diária em quarto de casal com banheiro privativo e café da manhã incluído. Não é dos mais baratos, mas é bem localizado, a menos de 5 minutos do centro, extremamente limpo, bem conservado, confortável e com água quente 24 horas. Também tinha aquecedor no quarto que não usei nenhuma noite, pois além de ser meio cismado com essa história de aquecedor em quarto e risco de intoxicação por monóxido de carbono, o frio não justificava. A temperatura mínima medida com meu termômetro não baixou dos 7-8 graus. Como havia muita nebulosidade ( cheguei a pegar chuva por alguns minutos em um dos desertos mais secos do mundo) , as nuvens criavam uma estufa que não deixava a temperatura cair muito à noite. Esse fato também não me deixou apreciar o que tantos dizem ser um dos maiores atrativos do Atacama, a beleza do céu estrelado. Por esse motivo não me animei muito em fazer o tour astronômico com tal astrônomo francês, e também porque chegava a noite eu estava um bagaço pelas atividades diurnas e queria mais é descansar. Bem, só havia falado bem do hostal, agora vamos aos pontos negativos. Café da manhã começava muito tarde, só a partir de 8 horas, e como todos os passeios começam aproximadamente nesse horário, só acabei tomando café em um dia que houve um imprevisto ( a ser relatado mais a frente) e saí mais tarde para o tour à Bolívia. Também achei a dona meio enrolada pois tentou me cobrar a hospedagem duas vezes. Eu já havia fechado a conta na noite anterior à partida e quando estava entregando a chave no dia seguinte, notei que ela fazia contas para me cobrar de novo, sorte que tinha guardado o recibo de pagamento. E por último, quando pedi para acessar a Internet no lap top da recepção, ela fez cara de quem não gostou e frisou que teria que ser rápido e só para ver email. Bem, era somente essa minha intenção mesmo, mas achei melhor procurar uma lan house para não me aborrecer.

 

Só deixei as coisas no hotel e fui para o centro para ver se pegava a agência de turismo ainda aberta. Como sabia que chegaria tarde em San Pedro e queria fazer um passeio logo no dia seguinte, já deixei previamente reservado com a Cosmo Andino que tinha uma boa reputação pelo que tinha pesquisado na internet. Fechei com eles o passeio às lagunas altiplânicas para o dia seguinte e para os gêiseres Del Tatio no dia 15 de julho ( custo total de 100 dólares por pessoa). O preço deles, pelo que pude perceber depois, é um pouco diferenciado (entenda-se mais caro) e no final das contas, não sei se o serviço prestado é tão diferente das demais. Após acertar tudo, fui comer uma pizza num pequeno restaurante na calle Tocopilla quase esquina com Caracoles cujo dono parece ser uruguaio. Boa pizza por um preço razoável, algo em torno de 5500 pesos. Um fato curioso é que ao pedir o refrigerante, solicitei que só trouxesse quando chegasse a pizza, mas o dono insistiu para trazer antes “ para ir tirando o gelo”. Pensei que a bebida fosse chegar estupidamente gelada, mas que nada, chegou apenas um pouco fria, diria até quente para o que estamos acostumados no Brasil. E durante toda viagem pude perceber que bebida quente não era exclusividade daquela pizzaria, as geladeiras de bebidas dos bares, mercados, etc, estavam sempre desligadas, difícil conseguir uma bebida gelada por aquelas bandas, até mesmo cerveja. Outro detalhe, nem todos os restaurantes têm permissão para vender bebida alcoólica ( o tal dono uruguaio disse que aguardava há anos a dele) e também não se pode beber álcool nas ruas.

 

 

 

 

 

 

 

DIA 14 DE JULHO – LAGUNAS ALTIPLÂNICAS

 

 

A saída estava marcada para as 7 da manhã e a van da agência foi pontual. Éramos um grupo de doze pessoas, seis brasileiros, um alemão, uma americana, um chileno e três francesas, que não paravam de rir e falar o tempo todo. A risada de uma delas era tão estranha que jurei que ela estivesse tendo uma crise de asma. Enfim, era um grupo bem eclético e animado. O guia, Oscar, um típico atacamenho, falava muito bem inglês, dava boas informações, mas era meio “ low profile”. Sei lá, por vezes parecia como que entediado, não tinha muito o perfil expansivo de guia de turismo.

 

A primeira parada foi no Salar de Atacama e Laguna Chaxa. O tempo estava nublado, o que prejudicou um pouco o passeio ( não vimos o vulcão Lascar, por exemplo) Após uma breve visita, algumas explanações sobre a geologia local e avistarmos alguns flamingos ( poucos pela época do ano), fomos tomar o café da manhã oferecido pela agência, muito bom por sinal. O guia explicou a diferença dos dois salares, do Atacama e Uyuni. Como o salar de Uyuni alaga na superfície no verão, a evaporação é uniforme e por isso ele tem aquela superfície plana. Já o salar de Atacama, a água infiltra por baixo e a evaporação da água não é uniforme, o que lhe confere aquela superfície toda irregular.

 

Após uma rápida parada no pequeno povoado de Socaire, rumamos montanha acima para o ponto alto do passeio, as lagunas Miscanti e Miniques. Lá de baixo, já podíamos perceber um céu bastante fechado nas montanhas e à medida que subíamos, começou a nevar, fato raro no local, segundo o guia, só ocorre por volta de três vezes ao ano. Apesar de prejudicar um pouco a visibilidade da paisagem, a neve conferiu um visual todo especial ao passeio. Depois de ir a Bariloche e Pucón em pleno inverno, por ironia, fui ver neve caindo apenas no deserto. Na guarita de entrada do parque das lagunas, houve uma certa demora, parece que os guardas não queriam liberar a entrada por causa da neve que caía e poderíamos ter problemas para retornar. De fato, já havia uma considerável quantidade de neve no chão e a van teve que ficar estacionada na entrada. Tivemos que caminhar de uma laguna a outra, por volta de 1 hora ida e volta. A 4200 metros de altitude não senti quase nenhum efeito da altitude, talvez um cansaço um pouco maior, mas aquilo que tanto falam de “coração disparado e ar que não vem”, nada. Estava muito entusiasmado com todo aquele visual para pensar em passar mal. Almoçamos por lá mesmo o lanche oferecido pela agência num pequeno casebre. Pequeno mesmo, eu e minha esposa tivemos que comer de pé pois não havia espaço para mais cadeiras. Almoço bem razoável para as circunstâncias, sopa semi-pronta, batata chips, frios, queijo, pão, mexilhão, frutas, etc. Depois disso tudo, voltar até a van caminhando morro acima, de barriga cheia, nevando, com um vento danado e com um frio de menos 3 graus que foi cruel. Uma coisa que achei estranha, foi que além da nossa van, só havia mais um pequeno jipe de outra agência no local. Acho que após a nossa passagem, interditaram a entrada do parque por causa da neve. Talvez o fato de termos saído de San Pedro às 7 horas, uma hora mais cedo que as demais agências, tenha sido fator determinante para que conseguíssemos chegar às lagunas.Voltando para San Pedro, paramos no povoado de Toconao, cujas casas são feitas de liparita, uma rocha de origem vulcânica, e na Quebrada de Jere, uma espécie de oásis no meio deserto com um pequeno riacho e diversas árvores frutíferas.

 

Chegamos em San Pedro por volta de 17 horas. Tomamos um banho, descansamos um pouco e fomos para o centro conhecer melhor a cidade, que basicamente se restringe a avenida principal, a Calle Caracoles. Aproveitei para acertar os últimos detalhes junto à agência de turismo Cordillera ( onde já havia feito uma pré-reserva por email para o dia 16), que nos guiaria por 4 dias e 3 noites pelo altiplano boliviano, uma das principais motivações de toda nossa viagem. Já havia quase me decidido a fazer o tour pela Estrella Del Sur, seguindo recomendações que li no site Trip Advisor, mas na última hora, me decidi pela Cordillera pela presteza e rapidez com que respondiam a meus emails, e também pelo pelos elogios à agência que li num relato de uma viagem recente de um usuário aqui do fórum. Pagamos 160 dólares por pessoa no cartão de crédito pelo tour de 3 noites, saindo e voltando a San Pedro, com hospedagem, refeições e todas as entradas dos parques nacionais bolivianos incluídas. Os donos, Flávio e Elizabeth foram muito simpáticos conosco, nos deram muitas dicas e nos prometeram emprestar sacos de dormir para a viagem, o que seria essencial, segundo eles, para agüentar o frio, principalmente no refúgio da primeira noite. Ótimo, pelo menos já economizamos o dinheiro que gastaríamos no aluguel do mesmo. Trocamos alguns pesos chilenos por bolivianos, só o suficiente para gastos com bebidas e pequenos “regalos”, e fomos jantar.

 

Jantamos no restaurante 6 grados ( calle Gustavo Le Paige com Tocopilla). O menu do dia, se não me engano, saiu por volta de 6000 pesos por pessoa com entrada, prato principal e sobremesa incluída. O dono, cujo nome infelizmente me foge à memória, uma figura bastante simpática e atenciosa, ao perceber que estávamos do lado de fora analisando o local, nos convidou para entrar e disse que ofereceria um aperitivo de cortesia, já que teríamos que aguardar um pouco no balcão até vagar uma mesa. Como ele disse a palavra mágica, cortesia, entramos e saboreamos um pisco sour. Tivemos uma ótima refeição num ambiente bastante rústico e pitoresco, com mesas e cadeiras feitos de troncos de árvore. Voltamos cedo para o hotel, afinal de contas, teríamos poucas horas de sono, o passeio seguinte aos gêiseres, sairia às 4 horas da madrugada.

 

 

DIA 15 DE JULHO – GEYSERES DEL TATIO

 

Apesar de ter ido dormir cedo, acordar às 3:30 da madruga não foi mole. A van da Cosmo Andino passou com alguns minutos de atraso e com o mesmo guia do dia anterior, Oscar, que disse que poderíamos dormir no caminho já que estaria escuro e não haveria nada para ver. Mas quem disse que sacolejando naquela estrada alguém conseguiria dormir? Eu pelo menos não consegui. Chegamos na entrada do parque dos Geyseres ainda escuro e, ao contrário do dia anterior, havia várias vans de outras agências e a fila para comprar o ingresso de entrada estava grande debaixo de um frio de menos 4 graus. Recebemos um folheto explicativo sobre os gêiseres e dos cuidados que deveríamos tomar e de como proceder em caso de queimaduras. Ao chegarmos no campo dos geiseres propriamente dito já amanhecia, e o guia começou a preparar a mesa do café da manhã. A 4300 metros de altitude, o soroche ( mal da altitude) começou a dar o ar de sua graça pela primeira vez, não para mim, que continuava não sentindo absolutamente nada, mas para minha esposa, que começou a se queixar de uma forte opressão no peito. A conselho do mesmo chileno que foi com a gente no passeio anterior, preparei-lhe um chá de coca e pedi que ela mascasse algumas folhas. O alívio foi quase que imediato, alguns minutos depois, ela já estava novinha em folha ( de coca). Psicológico? Efeito placebo ? Talvez, mas o fato é que funcionou. O guia deu algumas explicações e saímos caminhando observando os geiseres. Alguns saíam só fumaça, outros eram esguichos de água que atingiam uma altura de 4 ou 5 metros, e sempre com aquele cheiro de enxofre. Curioso foi quando guia parou perto de um buraco e ficou olhando para ele. Depois de alguns minutos ele disse que dentro de 10 segundos começaria a erupção daquele geiser ( erupção? é esse o nome que se dá?). Parece que foi contado no relógio, dentro do tempo estipulado pelo guia, a atividade daquele geiser começou com um forte esguicho de água. Ficamos por lá por volta de uma hora e iniciamos o caminho de volta.

 

Paramos no alto de um pequeno penhasco onde, após uma descida íngreme, havia um riacho de águas termais aquecidas pelo vulcão onde poderíamos nos banhar. Só lembrei daquele filme, O Inferno de Dante, onde uma repentina e intensa atividade vulcânica literalmente cozinhou um casal de namorados que se banhava em um pequeno lago. Bem, fantasias à parte, a água por volta de 38 graus estava ótima, e por algumas fendas da pedra, às vezes se sentia a água saindo numa temperatura bem mais quente que quase chegava a queimar. O problema foi sair daquela água quentinha com uma temperatura negativa do lado de fora. Nunca passei tanto frio na vida.

 

Continuando o caminho de volta, passamos por belas paisagens. Lagos quase congelados, o contraste do deserto com a neve que havia caído no dia anterior, vicunhas pastando sobre a grama recoberta de neve, tudo isso emoldurado pelo céu azul do lindo dia de sol que fazia.

Chegamos de volta a San Pedro aproximadamente ao meio dia. Não sei se foi o choque térmico do banho no riacho,o fato de ter acordado muito cedo ou ter ficado muitas horas sem comer, ou tudo isso junto, o fato é que cheguei com uma baita enxaqueca. Almocei um prato de massa baratinho num lugar que nem me lembro bem e fui para o hotel descansar. Por causa disso, meus planos de fazer um novo passeio à tarde, como o da Lagunas Cejas, que tem uma salinidade maior que a do Mar Morto, foram por água abaixo.

 

No final da tarde, recebemos um recado da dona da pousada para comparecermos com urgência ao escritório da Cordillera, a agência de turismo que nos levaria à Bolívia.

 

 

 

UM FATO INESPERADO

 

Fomos ansiosos para a Cordillera. O que seria tão urgente? Algum problema com o cartão que efetuamos o pagamento? Não tínhamos a menor idéia. Chegando ao escritório da agência, observamos que já haviam várias pessoas lá que, como nós, também participariam da excursão no dia seguinte, e, com uma fisionomia preocupada, estavam lá também os donos, Flávio e Elizabeth. Sabe aquela neve que havia caído no dia anterior no passeio às lagunas, que achei o máximo e que me considerava com muita sorte de ter presenciado? Pois é, o que foi sorte no dia anterior, se convertia em azar. A nevasca foi tão intensa para os lados da fronteira do Chile com a Argentina, que o “Paso Jama” foi fechado. Ora, mas vamos para a Bolívia, o que temos a ver com a neve na Argentina? Acontece que o “paso” utlizado é o mesmo, tanto de quem vai para a Argentina como para o Chile. Mas será que até o dia seguinte já não terão limpado a estrada ou a neve derretido? Pode até ser que sim, mas o dia seguinte seria um grande feriado religioso no Chile, e era pouco provável que decisões, como a abertura de fronteira, fossem tomadas. E agora, quais seriam as alternativas? Poderíamos cruzar a fronteira da Bolívia por Ollague, uma cidade a centenas de quilômetros de distância, mas perderíamos todas as atrações do primeiro dia de viagem, e isso, certamente, ninguém queria. Dei a sugestão de irmos por esse caminho e na volta a San Pedro, visitarmos todos os atrativos do primeiro dia, junto à fronteira com o Chile, que teriam sido perdidos. Mas aí tinha outro problema, a grande maioria dos membros da excursão não retornaria a San Pedro, depois de Uyuni, seguiriam viagem Bolívia adentro, e não teria como a agência montar uma estrutura só para as cinco pessoas que retornariam ao Chile. O dono, Flávio, se comprometeu a reembolsar integralmente o dinheiro pago caso a excursão realmente não se concretizasse, mas disse que ainda havia alguma esperança, só que os planos mudariam um pouco. Em vez de sairmos na manhã seguinte às 8 horas como programado, sairíamos às 11 horas e ficaríamos aguardando junto à polícia de fronteira alguma solução, como uma forma de pressão para a abertura do Paso, já que por algumas fontes, talvez a estrada já estivesse em condições de ser liberada no dia seguinte por volta daquela hora.

 

Foi um baque, uma ducha de água fria. Ainda fiquei na agência por alguns minutos esperando que alguém dissesse que era uma pegadinha. Será que todo sonho de conhecer o altiplano boliviano não se concretizaria? Será que não conheceria o Salar de Uyuni, a Laguna Verde, a Laguna Colorada, enfim, todas aquelas belas paisagens que tanto admirava em fotos de outros viajantes? Será que todo planejamento de um ano iria por água abaixo? Afinal, um dos motivos principais de toda a viagem era fazer o tour à Bolívia. Não estava acreditando. E como se já não bastasse, ainda havia outro agravante. Eu já havia fechado a conta da pousada que estava hospedado, se a excursão não acontecesse, não teria onde ficar pelas próximas três noites. Em alta temporada, não seria fácil achar um outro lugar para ficar. Mesmo tendo quase certeza de os planos da agência para o dia seguinte não dariam certo, saí para comprar as provisões para a viagem no mercadinho mais próximo, mas já começava a racionalizar a perda. Bem, se não conseguisse ir à Bolívia e ficasse em San Pedro, pelo menos conheceria as atrações que não tive oportunidade de conhecer, como o Salar de Tara, Lagunas Cejas, Vale de La Muerte, etc. Até que não seria tão mal. Será? Lógico que seria, aquela excursão para a Bolívia era meu objetivo principal.

 

Bem, não dava ficar remoendo aquilo na cabeça, o que tivesse que ser, seria. Não adiantava ficar sofrendo por antecipação, só nos restava esperar o dia seguinte e torcer para tudo dar certo. Sendo assim, fomos jantar no Café Export ( Caracoles esquina com Toconao), unicamente pelo fato de haver um TV ligada para assistir a final de Copa Libertadores entre Cruzeiro e Estudiantes. Pedimos o menu da casa que consistia em entrada, prato principal ( uma carne ensopada com vinho) e sobremesa ( leche asado, o nosso pudim). Foi um pouco mais caro que o 6 grados e não era tão bom. Vi só o primeiro tempo do jogo e fui para a pousada dormir.

 

 

DIA 16 DE JULHO – A EXPECTATIVA

 

 

Pela primeira vez em 3 dias tomamos café na pousada. Nada demais, simplesmente o básico, suco, leite, pão, queijo e geléia. Só levaríamos para a Bolívia o essencial, portanto, preparamos duas mochilas e deixamos o resto da bagagem em custódia na pousada, pois no retorno, ainda ficaríamos mais uma noite em San Pedro. Nem esperei a van da Cordillera passar para nos pegar, estava ansioso demais para isso, fui direto para o escritório da agência na tentativa de obter novas informações. O grupo da excursão tinha no total 27 pessoas, bem grande, pois contava com algumas pessoas que não puderam ir no dia anterior pelo mesmo motivo da interdição do “paso” pela neve. Eram pessoas de diversas nacionalidades, chilenos, suíços, canadenses, franceses, austríacos, alemães, um russo, uma japonesa, e dois brasileiros apenas, nós. Às 11 horas saímos rumo à fronteira, coisa de 20 a 30 minutos de viagem, e quando lá chegamos, Flávio, o responsável pela agência, disse que teríamos que ficar aguardando ali por tempo indeterminado, mas que a boa notícia é que faltava apenas uma pequena parte da estrada para ser liberada e era grande a chance que conseguíssemos seguir viagem. Mas o tempo passava e nada. Resolvemos sair um pouco da van para comprar alguma coisa para beber num mercadinho próximo. Conhecemos um grupo de brasileiros bem legal que faria o tour pela Colque e ficamos batendo papo.

 

Quando era por volta de 13:30h, chegou a boa notícia, o “paso” foi liberado, finalmente poderíamos seguir viagem. Todos comemoraram. Após os trâmites burocráticos para saída do Chile, rumamos apressados para a Bolívia. Já havíamos perdido meio dia de viagem. Alguns minutos depois, chegamos à “migración” boliviana para novos trâmites burocráticos. Foi ali que, famintos, fizemos um lanche oferecido pela agência, o que teria que ser nosso café, pelo atraso, virou nosso almoço. Teríamos também que trocar de meio de transporte, o grupo se dividiria em 5 jipes para percorrer o deserto boliviano. Como já tinha lido vários relatos sobre o estado dos jipes nesse tipo de excursão e de como é freqüente a quebra dos mesmos, assim que chegamos já comecei a dar uma sacada neles para tentar embarcar no que me parecia ser o mais novo e bem conservado. Quando o dono da agência disse que deveríamos nos dividir em grupo de cinco e escolher um jipe, já fui direto para o Toyota Land Cruiser que tinha escolhido e coloquei minha bagagem dentro. O grupo do nosso jipe era composto por mim, minha esposa Ana Paula, Maxim ( um russo diretor de orquestra radicado em Valparaíso), sua namorada Verônica ( uma astrônoma chilena residente em Antofagasta) e a viajante solitária Yoko (japonesa em trabalho voluntário para crianças sobre educação ambiental no Chile, patrocinado pelo governo japonês). Como a chilena Verônica e a japonesa Yoko (por incrível que pareça), falavam quase nada de inglês, nossa comunicação se deu basicamente em espanhol, ou no meu caso, num portunhol muito do sem vergonha.

 

 

 

COMEÇANDO O TOUR NA BOLÍVIA – DIA 1

 

Já instalados no jipe, fomos apresentados ao boliviano Alberto, que viria a ser nosso motorista, guia turístico, mecânico e cozinheiro pelos próximos 3 dias. A configuração do jipe era: Alberto ao volante, Yoko a seu lado, Verônica e Maxim no banco do meio, e eu e minha esposa no útlimo e mais apertado banco. Seguimos assim por toda a viagem, pois não havia nenhuma possibilidade de um russo de quase 2 metros sentar no banco de trás.

 

A primeira parada foi na Laguna Blanca, que sem muitos atrativos e pelo adiantado da hora, se resumiu a uma rápida descida para algumas fotos. Seguimos então para a segunda atração da viagem, essa já bem mais famosa, a Laguna Verde com suas águas cor de esmeralda e um vulcão ao fundo. Mesmo num dia sem sol e já entardecendo, pudemos observar a beleza daquela paisagem, mas não tínhamos muito tempo e o guia nos apressou a subir no jipe para prosseguir.

 

Em seguida, paramos num local que havia uma pequena piscina natural de águas termais. Dessa vez não me aventurei, já bastava o que tinha passado no dia anterior no Tatio e fiquei apenas observando os outros. A essa altura da viagem, já tinha ido ao banheiro urinar umas duas ou três vezes e, como o uso dos banheiros é pago, já tinha gastado alguns dos poucos bolivianos que levei. O motivo é que, na tentativa de minimizar os possíveis efeitos da altitude, já que ficaríamos alguns dias a mais de 4 mil metros de altura, desde o dia anterior, comecei a tomar Diamox (acetazolamida), medicamento que tem um efeito diurético. Como comecei a perceber que aquela constante vontade de urinar me incomodava mais que os supostos efeitos da altitude que, para mim, ainda não tinha se manifestado, naquele mesmo dia, parei de tomar o medicamento. Durante toda viagem, realmente não senti nada, ou quase nada relacionado à altitude. Em duas noites que dormimos a mais de 4 mil metros, tive grande dificuldade para dormir, mas como eu tenho insônia até no nível do mar, difícil afirmar que foi pela altitude.

 

Falando em altitude, a nossa próxima parada foi no local mais alto de toda viagem, os Geyseres Sol de La Mañana, a aproximados 4800 metros de altura. Já no finalzinho da tarde, com temperatura negativa e um vento cortante que jogava a sensação térmica mais para baixo ainda, ficamos passeando entre aquelas crateras contendo uma espécie de lama verde borbulhante que exalava um forte cheiro de enxofre e que, diferentemente dos gêiseres Del Tatio, não esguichava água. No caminho para o nosso destino final do dia, o refúgio onde dormiríamos, o nosso jipe, já em plena noite, enguiçou duas vezes (aquele mesmo jipe que eu, me achando muito esperto, havia escolhido por ser o mais novo), mas não foi nada que o nosso guia-motorista-mecânico não tenha solucionado em poucos minutos.

 

O nosso abrigo da primeira noite, a 4500 metros de altitude, me surpreendeu positivamente. Eu esperava coisa muito pior pelo que tinha lido de outros viajantes. Apesar de não haver banho, tinha água corrente nas pias e nos vasos sanitários (sim, em outros abrigos isso é luxo). Cada casal dividia, o que os guias nos fizeram crer, ser uma cama de casal. Na verdade, para mim, aquilo era uma cama de solteiro grande. Foi a forma que eles encontraram de acomodar aquele grupo inesperadamente maior. Mas a cama era bem confortável e tinha cobertas suficientes, que completamos colocando o saco de dormir, gentilmente emprestado pela agência, aberto por cima de tudo. Apesar dos quase 10 graus negativos do lado de fora e dos 5 graus no interior do quarto, não passamos frio. O jantar teve como entrada uma sopa de verduras e como prato principal um macarrão com molho de tomate, bem palatável por sinal, que comemos acompanhados do ótimo vinho chileno que dividimos com o casal Verônica-Maxim.

 

 

SEGUINDO PELO ALTIPLANO BOLIVIANO – DIA 2 – 17/07/09

 

Acordamos cedo. Nunca pensei que dobrar um saco de dormir fosse uma tarefa tão complexa. Por conta disso, ficamos desestimulados a usá-lo nas noites seguintes. O dia estava bonito lá fora, ensolarado mas muito frio. Não adianta, você consegue agasalhar bem qualquer parte do corpo, mas pé e mão, por mais que se tente, sempre congelam. Bem, mas isso era irrelevante frente ao longo dia que teríamos pela frente.

 

Começamos visitando a Laguna Colorada, cujas águas são ricas em certa alga que lhe confere a característica cor de tijolo. Laguna esta, que vim a saber depois, foi uma das candidatas no concurso “The New Seven Wonders of Nature”. Nada mais justo, aquela lagoa de águas avermelhadas, repleta de flamingos, cercada por montanhas e com lhamas pastando às suas margens, formava um cenário espetacular, digno de uma pintura.

 

A próxima parada foi no Deserto de Siloli, uma área com estranhas formações rochosas esculpidas pelo vento no meio do deserto, sendo a mais famosa delas o “arbol de piedra” de nome auto-explicativo. Após escalar algumas rochas e tirar algumas fotos, voltamos ao nosso jipe e seguimos novamente viagem. E tome poeira deserto adentro, rumo ao Mirante da Montanha das Sete Cores, que nada mais era que um local privilegiado para observar uma cadeia de montanhas cujo solo assumia diferentes tonalidades de cor. Parada rápida para fotos e já estávamos dentro do jipe de novo. Alguns quilômetros adiante, paramos numa espécie de canyon, onde o guia nos disse que poderíamos caminhar um pouco e avistar alguns animais característicos da região. Caminhamos por quase uma hora e só conseguimos ver uma viscaya, espécie de coelho andino. Na realidade, a caminhada foi um pouco forçada, já que um dos jipes da excursão apresentou um pequeno problema e enquanto esperávamos o conserto, resolvemos seguir viagem a pé para que nos pegassem mais a frente. Só não esperava que o tal conserto demorasse tanto, debaixo do sol inclemente do deserto, acabamos cansando e sentamos em uma pedra à espera do jipe vir nos resgatar.

 

Se aproximava a hora do almoço e não demorou muito para que chegássemos ao local onde o mesmo nos seria servido, às margens de uma lagoa muito bonita, cujo nome não me recordo ao certo mas acho que se chamava Hedionda. Local que era usado por diversos outros grupos para o mesmo fim, com várias mesinhas e bancos de cimento. Como o nosso grupo era grande e só foi reservada uma única mesa para os 5 jipes de nossa excursão, resolvemos ficar ali por perto como que guardando lugar. Não estava a fim de comer em pé de novo como das outras vezes. Sendo assim, ficamos ali observando os nossos guias-motoristas-cozinheiros prepararem nosso almoço. Antes não tivéssemos visto. A mesma mão que consertou o motor, trocou o pneu e sabe-se Deus mais por andou, agora descascava o pepino, amassava o abacate, cortava o queijo,etc. Bem, como a fome era negra, decidimos tentar abstrair um pouco aquela imagem e comer. O almoço consistia basicamente em atum enlatado, tomate, arroz, queijo branco, maionese, ketchup e mostarda, tudo isso regado a coca-cola quente. Se eu dissesse que estava bom, estaria mentindo, mas devido à rusticidade do local e às circunstâncias, até que deu para matar a fome. Ah, quase ia me esquecendo da sobremesa, pirulito de chiclete.

 

Alimentados, fomos nós de novo para o jipe seguir viagem. Confesso que já estava ficando um pouco cansado de viajar o dia inteiro naquele jipe. Havia trechos em que o caminho era tão ruim, mas tão ruim, que o guia chegou a nos pedir para descer e seguir montanha abaixo a pé pois a quantidade de pedras impedia que o jipe, mesmo sendo um land cruiser, conseguisse prosseguir com muita gente dentro. O que amenizava um pouco o cansaço eram as belas paisagens que surgiam uma após a outra em nossa janela. Lagunas de águas azuladas cercadas de bórax, uma espécie de sal branco usado em diversos segmentos da indústria. Vulcões extintos, como o Ollague, onde se notava claramente o caminho que a lava percorria durante as erupções.

 

Ao final da tarde, chegamos ao local onde passaríamos a segunda noite, o Hotel de Sal exclusivo da Cordillera, todo feito de blocos de sal, inclusive as camas, mesas e bancos, e com o chão forrado de sal grosso, algo bastante pitoresco. Havia ao todo uns 12 quartos, duplos, triplos e alguns quádruplos com beliches. Como o nosso grupo foi o primeiro a chegar, pude me dar ao luxo de escolher um quarto , mas o que me interessava mesmo era descobrir “ donde se quedava la ducha”. Após dois dias comendo poeira pelo deserto, não via a hora de tomar banho. Fui perguntar ao nosso guia-motorista e achei estranha sua atitude. Não respondeu de imediato, disse que tínhamos que esperar um pouco. Mas por que? Será que o chuveiro ficava em outro local fora da construção principal? Bem, só nos restava esperar e fomos para o quarto arrumar as coisas. Passada uma meia hora, um dos integrantes da excursão que estava em outro jipe, veio me agradecer por ter lhe avisado sobre a lista do banho. Lista? Que lista? Logicamente ele estava me confundindo com outra pessoa. Estava rolando uma lista do banho e eu lá marcando bobeira. Àquela altura, logicamente eu seria um dos últimos da tal lista do único banheiro disponível no hotel. Não deu outra, dos 27 integrantes da excursão, eu era algo como o vigésimo terceiro. Encabeçava a maldita lista um grupo de franceses que sempre procurava tomar a frente de tudo (logo eles que nem são muito chegados num banho). Comecei a desconfiar que eles não eram os primeiros por mero acaso. Bem, resumindo a história, só consegui tomar um banho lá pelas 9 horas da noite, com o banheiro em um estado lastimável como era de se esperar.

 

Logo depois o jantar foi servido. Como entrada, a mesma sopa da noite anterior, e como prato principal, arroz, batatas coradas e uma carne estranha, bem dura de tão passada que estava. Perguntei se era carne de lhama, disseram que era de rês e fiquei na mesma. Consultando depois a definição de rês no dicionário, vi que se tratava de qualquer quadrúpede cuja carne seja própria para alimentação humana. Continuo sem saber o que comi. A bebida foi cortesia da casa, uma garrafa de vinho chileno.

 

A madrugada não foi das melhores. Minha esposa vomitou a noite inteira. Ela acredita que passou mal devido ao almoço que não primou pela higiene. Eu ainda acho que foi a sopa do jantar , afinal, tinha sido a mesma do dia anterior que viajou um dia inteiro sob o sol e sem refrigeração, um caldo de cultura perfeito. Também passamos frio. Não quisemos usar o saco de dormir que nos fora emprestado, pela dificuldade já descrita em dobrá-lo no dia seguinte, e também não quisemos usar as cobertas oferecidas pelo hotel, que pareciam não ver água há algum tempo. Nada mais natural, já que estávamos em um dos desertos mais secos do mundo. Mas de madrugada, o frio venceu e aquelas cobertas, mesmo não tão limpas, foram de grande utilidade, afinal, precisávamos dormir bem pois o dia seguinte nos reservava a grande atração de todo passeio, o magnífico Salar de Uyuni.

 

 

SALAR DE UYUNI – DIA 3 – 18/07/09

 

Quando acordamos no dia seguinte, notei que um dos jipes já havia partido. Soube que tinha saído ainda de madrugada para poder ver o nascer do sol no salar. Era o jipe dos tais franceses da lista do banho. Em nenhum momento nos foi oferecida tal opção. Minhas suspeitas de favorecimento do dia anterior tomavam força. Sem problemas, também não sei se teria forças para levantar antes do sol nascer depois dos imprevistos da madrugada.

 

Mochilas no jipe e lá fomos nós rumo ao maior deserto de sal do mundo com uma área total de 12000 m2 de puro sal. Em menos de uma hora, finalmente lá chegamos. Sem querer cair no lugar comum, mas o Salar de Uyuni é realmente uma coisa impressionante. Qualquer palavra que tente usar aqui não vai conseguir descrever o que é aquele lugar. O chão é de um branco de ofuscar os olhos, mesmo de óculos escuros, meus olhos ardiam e lacrimejavam. Para qualquer direção que se olhe, só se vê aquela imensidão branca e mal dá para definir direito no horizonte onde termina a terra e começa o céu. A sensação de desorientação é incrível. Em alguns pontos, se observa bem ao longe uma ou outra cadeia de montanhas da Cordilheira dos Andes. O nosso guia-motorista chegou a largar o volante do jipe e se virar para trás para conversar conosco por um bom tempo sem que o jipe alterasse minimamente sua rota. Não há estrada, não há um caminho definido, o jipe roda livre no meio daquela imensa planície E o melhor de tudo, como nosso jipe estava um pouco atrasado em relação aos demais, no lugar que paramos não havia absolutamente mais ninguém, pelo menos não até onde a nossa vista pudesse alcançar. Depois do costumeiro gesto de provar o chão para ver se é sal mesmo, comecei a tentar tirar aquelas famosas fotos de ilusão de ótica que tanto tinha visto na internet as pessoas tirando no salar. De início apanhei um pouco mas logo comecei a pegar o jeito, embora alguma fotos exijam uma firmeza na mão que definitivamente não tenho. Meus colegas de jipe não entenderam porque um louco estava ali deitado no chão se contorcendo todo para tirar fotos, mas logo que viram o resultado quiseram imitar. Se pudesse, ficava ali naquele lugar o dia inteiro, mas o guia começou a nos apressar, pois afinal, tínhamos ficado para trás e os outros jipes já deviam estar na próxima parada, a Isla Del Pescado ou Incahuasi, uma pequena ilha no meio do salar repleta de cactus gigantes. De novo mais uma paisagem incrível. Como ali, no meio do nada daquela imensa planície de sal pôde brotar uma pedaço de terra contendo cactus de mais de 10 metros de altura, alguns com mais de mil anos de idade? Existe um percurso pré-definido na ilha de cujo caminho não se pode sair, evitando que as pessoas danifiquem os cactus. Não percorremos todo o caminho, que era longo, e assim que voltamos ao ponto de partida, nosso almoço já estava sendo servido. Nada que se assemelhasse ao dia anterior. Dessa vez comemos um frango empanado com macarrão muito gostoso.

 

Depois do almoço, visitamos um outro hotel de sal com várias esculturas de sal no interior, esse bem no meio do salar, mas que atualmente serve apenas para visitação, não hospedando mais ninguém. No caminho até a cidade boliviana de Uyuni, que confere o nome ao maior salar do planeta, cruzamos com um local onde haviam várias cruzes e alguns cartazes com mensagens. Foi exatamente ali, que há alguns anos, dois jipes de uma empresa de turismo, a Colque, bateram de frente. Nenhum sobrevivente. Como aquilo pôde ocorrer com tanto espaço no meio daquele planície imensa ainda é uma incógnita.

 

Chegamos a Uyuni por volta das 15 horas. Ponto final para os integrantes da excursão que não voltariam para o Chile e continuariam viagem pela Bolívia. Uyuni não tem nada demais, uma pequena cidade de pouco mais de 10 mil habitantes que apenas serve de ponto de partida para as excursões ao salar. No escritório da agência, fomos informados que o jipe de volta sairia dentro de uma hora. Tínhamos tempo para conhecer um pouco a cidade, checar emails numa lan house e comprar alguns “regalos” e mantimentos para a volta.

 

 

 

 

VOLTANDO A SAN PEDRO

 

 

Pensava que a aventura tinha acabado. Que nada, foi ali que a aventura propriamente dita começou de verdade. O caminho de volta, pelo menos até o ponto onde passamos a terceira e última noite, foi algo verdadeiramente surreal, e bastante cansativo também.

 

Logicamente que na hora marcada pela agência, às 16 horas, nada estava pronto. O jipe só viria a sair depois das 17 horas. O plano inicial era pernoitar em Villamar, que ficava no meio do caminho entre Uyuni e San Pedro, uma viagem que no total deveria durar por volta de 7 a 8 horas, mas fomos comunicados sobre uma mudança de planos. O nosso jipe, que na verdade seria outro, bem mais velho, e com novo motorista, o Ruben, teria que levar mantimentos até um outro refúgio da Cordillera no vilarejo de Ketena, bem mais distante dali que Villamar. Quiseram nos fazer crer que seria até uma vantagem para nós. Viajaríamos mais naquele dia, mas em compensação não teríamos que acordar tão cedo para estar em San Pedro às 11 horas. Não estava bem convencido disso. Já tinha viajado o dia inteiro e seria duro agüentar mais 6 horas. Assim como o jipe e o motorista, o nosso grupo também havia mudado. Yoko, tinha decidido ficar mais um dia em Uyuni e Maxim prosseguiria viagem até La Paz. O jipe da volta tinha eu, minha esposa Ana Paula, a chilena Verônica e um casal de chilenos que vou ficar devendo os nomes. Quando entramos no jipe, o nosso novo guia-motorista, Ruben, disse que achava injusto conosco aquela mudança de planos de última hora imposto pela agência, e que se quiséssemos poderíamos voltar ao plano original de pernoitar em Villamar. Ficamos na dúvida e, ingenuamente, o perguntamos quais as vantagens e desvantagens das duas opções. Logicamente ele daria informações que nos fizessem decidir pela opção da agência de ir até Ketena, ainda mais que sua mãe morava lá, como viemos a saber depois, e seria uma chance de visitá-la depois de algum tempo sem vê-la. Quando ele disse que o refúgio de pernoite de Ketena era melhor, foi a senha para que prontamente decidíssemos por lá. Bem, não conheci o refúgio de Villamar, mas duvido que algo pudesse ser pior que o de Ketena.

 

Paramos numa casa para pegar os tais mantimentos que deveriam ser entregues em Ketena e em seguida pegamos a estrada. Estrada esta em péssimas condições, em mão dupla, de terra e sem nenhum tipo de sinalização horizontal. O movimento de automóveis, ônibus e caminhões era intenso, e, àquela hora, já anoitecendo, começou a bater uma certa preocupação, ainda mais que todos nós estávamos sem cinto de segurança pois simplesmente não havia este item de segurança tão primordial no veículo. Mas a minha preocupação começou a aumentar mesmo quando notei que o Ruben, nosso motorista, bocejava seguidamente. O cara tinha dirigido o dia inteiro e ainda teria muito chão pela frente, certamente deveria estar cansado e com sono. Eu tinha que fazer algo para não deixá-lo dormir e comecei então a puxar conversa. Nunca pensei que pudesse falar espanhol com tanta desenvoltura, puro instinto de sobrevivência, afinal, manter Ruben acordado, significava manter-nos vivos. Mas a minha preocupação com aquela estrada movimentada não durou muito, após uns 50 minutos, Ruben saiu da estrada principal, parou em um pequeno vilarejo e desceu do jipe dizendo que já voltava. O cara realmente devia estar com um baita sono, pois voltou com um saco enorme repleto de folhas de coca que mascava, uma atrás da outra, enquanto dirigia. A certa altura, comecei a perceber que o Ruben não mais respondia às nossas perguntas. Pudera, ele tinha colocado tanta folha de coca na boca que mal conseguia falar, chegou a ficar com as bochechas estufadas. O sono do Ruben deixou então de ser preocupação, ainda mais que, a nova estrada que tínhamos pegado, era tão deserta, que o máximo que poderia acontecer se ele desse uma cochilada, seria atropelar uma lhama perdida. Já era tarde da noite e estávamos no meio do nada com lugar nenhum. Andamos horas e horas sem cruzar com nenhum outro veículo, nenhuma cidade, nenhum vilarejo, uma simples casinha que fosse. Provavelmente não havia viva alma a dezenas ou centenas de quilômetros de distância. A adrenalina era total. Se aquele jipe quebrasse ali naquele fim de mundo e o Ruben não fosse hábil o bastante para consertá-lo, ficaríamos à espera de socorro até Deus sabe quando. Certamente, antes de qualquer socorro chegar, morreríamos congelados. A noite caía no deserto e com ela a temperatura, que já beirava zero grau. Por algumas vezes paramos e descemos do jipe para esticar as pernas e aliviar as bexigas. A escuridão era total e graças a ela, pude observar o céu mais belo que já vi em toda minha vida. Era incrível a quantidade de estrelas, não sabiam que existiam tantas. A baixa umidade e luminosidade nos permitiam observar o verdadeiro espetáculo que é o céu do deserto, ainda mais naquela imensa planície, onde se podia ver as estrelas de um horizonte a outro sem obstáculos, de norte a sul, de leste a oeste, verdadeira aula de astronomia. Na estrada não havia nenhum tipo de sinalização, nenhuma placa indicativa, absolutamente nada que indicasse a direção de alguma coisa, ou até mesmo que a delimitasse do restante do terreno. Se é que aquilo pode ser chamado de estrada, estradas não atravessam rios, pelo menos não no meio deles como fizemos várias vezes. Me sentia num verdadeiro rallye. Por diversas vezes pensamos que o Ruben estava perdido, mas não, ele parecia saber exatamente onde ia. O cara era um GPS humano.

 

Já eram quase 11 horas da noite, mais de 5 horas viajando e nada da tal Ketena chegar. Com fome, frio e cansaço, não tínhamos a mais vaga idéia de quanto tempo faltava. Sempre que perguntávamos ao Ruben, a resposta era sempre a mesma: “ É logo ali”. Mas o logo ali nunca chegava. Minha mulher, cujos efeitos da culinária boliviana se faziam novamente sentir, se contorcia e suava frio ao meu lado. Eu não sabia se ria, se chorava ou se apenas relaxava e curtia aquela aventura única.

 

Passados alguns minutos das onze horas, finalmente avistamos Ketena. Avistamos em termos, já que o lugar estava totalmente às escuras, pois a luz elétrica é desligada a partir de uma certa hora. Parecia uma cidade-fantasma, tudo escuro e absolutamente ninguém nas ruas. Na verdade, Ketena não é uma cidade, é uma pequena vila com pouco mais de uma centena de casas e provavelmente não mais que mil habitantes.

 

Parece que o pessoal do refúgio-albergue de Ketena não estava nos esperando, demoraram um pouco para abrir o portão e pareciam meio surpresos. O local era tremendamente simples, uma construção térrea com alguns poucos quartos. Havia um banheiro coletivo que até tinha um chuveiro, mas naquela hora, com aquele frio e sem luz, ninguém queria saber de banho. Desembarcamos as bagagens do jipe e fomos alojados num quarto com seis camas. Logo depois nos foi servido um chá com bolachas, seguido do jantar, salsichas com purê de batatas, que com a fome que estávamos, pareceu um verdadeiro banquete. Tudo isso a luz de lampiões e velas. O frio era colossal mas amenizado por um aquecedor meio rudimentar conectado a um botijão de gás que fora colocado próximo à mesa. Aquela noite foi a pior de toda viagem. Se eu consegui dar uma cochilada de uma hora foi muito. A cama era dura feito pedra e não havia coberta ou casaco que amenizasse o frio. O tal aquecedor com botijão de gás, por segurança, foi deixado fora do quarto, ou melhor, lá no meio do pátio, sendo que eu mesmo me encarreguei de levá-lo. Se bem que, àquela altura, eu não sabia se seria menos pior morrer congelado ou intoxicado.

 

Às 7 horas da manhã, lá estava Ruben novamente com o nosso jipe azul. Comecei a ajudá-lo a carregar o mesmo com as bagagens. Apesar do sol, fazia muito frio, por volta de 7 graus negativos. Incrível foi notar como a cara dos nossos colegas de viagem denotavam uma ótima noite de sono enquanto para mim tinha sido terrível. Saímos sem tomar café da manhã, já que o programado era que chegássemos na fronteira com o Chile às 10 da manhã, onde então nos seria servido o café. O caminho não era muito diferente do dia anterior, atravessando riachos quase congelados, cruzando montanhas, etc, só que agora, com a luz do dia, podíamos apreciar melhor a paisagem. Chegamos na migração da Bolívia um pouco atrasados, quase às 11 horas. Lá um novo grupo de turistas nos esperava para iniciar a viagem que acabávamos de terminar, e detalhe, no mesmo jipe e com o mesmo Ruben. O cara tinha acabado de chegar e já ia começar tudo de novo. Tem que ter muita disposição, só com muita folha de coca mesmo. Nos despedimos dele e entramos no micro-ônibus da agência que nos levaria até a aduana chilena para os trâmites burocráticos de nova entrada em território chileno. A revista que não existiu na aduana boliviana na ida, foi minuciosa na chilena na volta, tanto que fui aconselhado a me desfazer do saquinho com algumas poucas folhas de coca que levava. Não pelo fato específico de ser folha de coca, que afinal, naquela região, é usado quase como o nosso café, mas sim por ser um produto vegetal em geral que tem entrada controlada como qualquer outro. Detalhe, o tal saquinho com folhas de coca eu havia comprado no próprio Chile na ida.

 

Chegamos em San Pedro de Atacama por volta de meio dia. Eu estava realmente cansado e já não via a hora de voltar. Até cheguei a comentar com nossa colega Verônica que aquele tour à Bolívia tem duas alegrias, quando começa e quando termina. Compramos algumas empanadas e refrigerantes em uma padaria qualquer e fomos direto para o nosso hostal descansar, o mesmo que nos hospedamos anteriormente e onde tínhamos deixado nossa bagagem em custódia. Não fizemos nada de especial no restante do dia, apenas descansamos e arrumamos as malas para o dia seguinte. As roupas que tinham ido para a Bolívia eram puro pó, trocadilhos à parte. À noite, jantamos na mesma pizzaria do primeiro dia em San Pedro e fomos dormir cedo pois no dia seguinte teríamos que madrugar.

 

 

 

VOLTANDO PARA CASA

 

 

A van que nos levaria até o aeroporto de Calama, de onde sairia o vôo para Santiago, nos pegou às 4:30h. Sem grandes atrasos, levantamos vôo às 7 horas e chegamos em Santiago antes das 10 horas. Ainda ficaríamos mais um dia em Santiago antes de voltar ao Brasil para aproveitar os ótimos preços das liquidações de inverno no shopping Parque Arauco. Ficamos hospedados no Hotel Director El Golf, um quatro estrelas de ótima localização e com diária de 70 dólares por casal, uma pechincha conseguida no site http://www.asiarooms.com, já que a tarifa de balcão era de 110 dólares.

 

No dia seguinte, madrugamos de novo pois o vôo saía cedo. Voamos pela mesma companhia da ida, a Pluna. A escala em Montevideo foi um pouco mais tumultuada mas a empresa continuou primando pela pontualidade. Um fato inusitado aconteceu no trecho Montevideo – São Paulo já em espaço aéreo brasileiro. De repente, eu olho para a janela e vejo um rastro de fumaça, daqueles deixados pelos aviões, muito, mas muito próximo à janela. Olho rapidamente pela janela ainda a tempo de ver a parte traseira de um outro avião voando em sentido contrário e na mesma altitude. Ora, não precisa ser nenhum expert para saber que aviões que voam em sentido contrário, devem estar em altitudes diferentes. Tinha certeza de que aquilo, como dizem no jargão da aviação, tinha sido uma quase-colisão. Não se passaram 2 minutos do ocorrido e o co-piloto saí da cabine com uma fisionomia meio tensa e fica na porta do banheiro que estava ocupado. Não resisti, levantei da poltrona e fui até ele questionar o que tinha acontecido. Ele disse que aquele situação era super normal, que o outro avião tinha passado a 300 metros de distância e que ele tinha sido avisado da passagem do mesmo. Não me convenceu. A cara de preocupação dele era nítida e, logicamente, ele não me contaria a verdade com medo de que a notícia se espalhasse e gerasse pânico a bordo. E, fazendo um cálculo simples, 300 metros de distância voando a quase 900km/h, se percorre em pouco mais de 1 segundo. Quer dizer então que não colidimos por questão de 1 a 2 segundos? Em se tratando do controle aéreo brasileiro, com todo seu histórico negativo recente, tudo pode acontecer, vide o acidente da Gol com o Legacy. Até hoje quanto penso nisso me dá um frio na espinha. A gente ia morrer ali numa fração de segundo sem nem saber como e porque. Enfim chegamos no aeroporto de Guarulhos são e salvos e pontualmente no horário previsto. Encerrava-se assim então, a nossa grande aventura pelo Atacama e Deserto de Sal na Bolívia.

Editado por Visitante
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Parabéns pelo relato, Fabio.

Realmente foi 100% aventura, do inicio até o final!

voce tem algum album onde colocou as fotos? gostaria de ver as lagunas no inverno pois estive no verao, deve ser outra beleza!

Olha, confesso que tbem fiquei com frio na espinha ao ler o final da sua viagem...

Abs.

Sueli

  • Membros
Postado

Ola Fabio !

 

 

Nossa! Adorei seu relato, ficou muito bom mesmo. :lol:

Pero..pero...de tanto vc falar no frio eu já tô assim ::Cold::

E depois dessa sua aventura no Salar de Uyuni tô pensando seriamente em não fazer esse passeio :( ficar sem tomar banho 2 dias, comer mal, dormir pouco até aguento. Agora...passar frio, sentir os pés congelando..Vishhhhhh acho q nao resisto mesmo :cry:

Será q se eu colocar umas trocentas meias de lã, jornal dentro da bota não resolve?? rssss

Depois vc coloca as fotos q devem ter ficado lindas.

e..Obrigada pelas dicas.

 

Abraços !

  • Membros de Honra
Postado

Fábio, que viagem

quanto frio.........

estou aqui embaixo das cobertas, no sul do nosso amado Brasil em pleno mes de outubro/09 e tremi!!!

heheheheh

bjim e Valeu por ter postado tua aventura!

  • Membros de Honra
Postado

Que aventura, hein, Fabio!!!

Ótimo o relato!

Depois bota um espaço entre os parágrafos pra facilitar a leitura...

 

Esses tópicos aqui ensinam a colocar fotos no site:

http://www.mochileiros.com/album-de-fotos-versao-beta-crie-o-seu-t35266.html

http://www.mochileiros.com/como-inserir-imagens-nas-mensagens-do-forum-t28136.html

 

Abraço!

  • Membros
Postado
Que aventura, hein, Fabio!!!

Ótimo o relato!

Depois bota um espaço entre os parágrafos pra facilitar a leitura...

 

Esses tópicos aqui ensinam a colocar fotos no site:

http://www.mochileiros.com/album-de-fotos-versao-beta-crie-o-seu-t35266.html

http://www.mochileiros.com/como-inserir-imagens-nas-mensagens-do-forum-t28136.html

 

Abraço!

 

Ok, Leo, obrigado pela dica, realmente fica melhor de ler.

abç

  • Membros
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Ola Fabio !

 

 

Nossa! Adorei seu relato, ficou muito bom mesmo. :lol:

Pero..pero...de tanto vc falar no frio eu já tô assim ::Cold::

E depois dessa sua aventura no Salar de Uyuni tô pensando seriamente em não fazer esse passeio :( ficar sem tomar banho 2 dias, comer mal, dormir pouco até aguento. Agora...passar frio, sentir os pés congelando..Vishhhhhh acho q nao resisto mesmo :cry:

Será q se eu colocar umas trocentas meias de lã, jornal dentro da bota não resolve?? rssss

Depois vc coloca as fotos q devem ter ficado lindas.

e..Obrigada pelas dicas.

 

Abraços !

 

Oi Miziara,

O Salar de Uyuni é uma coisa única no mundo, não deixe de fazer este passeio em hipótese alguma, o frio é algo perfeitamente suportável, basta saber se agasalhar bem. Vc fica tão entusiamado com as belas paisagens que até esquece da temperatura.

Abçs

  • Membros
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Fábio, que viagem

quanto frio.........

estou aqui embaixo das cobertas, no sul do nosso amado Brasil em pleno mes de outubro/09 e tremi!!!

heheheheh

bjim e Valeu por ter postado tua aventura!

 

Olá Karen !

Eu adoro frio, fui exatamente atrás disso, por mim podia estar até mais frio que eu não me importaria nem um pouco

Bjs

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