Membros pavilhena Postado Novembro 19, 2015 Membros Postado Novembro 19, 2015 Aproveitei o feriado de finados e mais 4 dias que consegui do trabalho para fazer uma viagem. Na hora de escolher o destino priorizei conhecer um lugar novo, onde adquirisse conhecimento cultural, próximo e barato. Normalmente, ao viajar pelo Brasil, acabava sempre em sul e nordeste: praia e praia. Já que estou habituada a viajar sozinha para fora do país justamente porque me sinto mais a vontade em conduzir meu próprio tempo ao observar arquiteturas, museus, degustar pratos típicos e caminhar pelas ruas, decidi fazer o mesmo aqui dentro do país que é tão rico! Para ver o post completo e com fotos acesse: http://www.paulavilhena.com.br/blog/mochilao/ Planejamento Para mim, foi fundamental deixar tudo bem organizado antes da viagem. Minha primeira ideia era ir de SP a BH de avião e depois ir descendo de ônibus. Se não tivesse feito o planejamento inteiro, com pesquisa de passagens e planilhas não teria notado que a viagem saíria um pouquinho mais cara e ainda não conseguiria fazer trajeto algum de Maria Fumaça que só funciona aos fins de semana. Sem preguiça, estude antes que vale a pena. Ah, e desapegue do planejamento também, as coisas podem mudar. Olhei para essa planilha que fiz logo no início e vi que valores foram diferentes e claro, sempre para mais caro, mas pouquinha coisa. Antes dessa planilha, planejei as noites de maneira diferente. Mas mudanças são sempre para o bem, então desencane! O que sempre faço para me organizar também, é andar com um caderninho com todos os endereços das hospedagens e localizador das passagens. Pensei na viagem de uma maneira que aproveitasse o fim de semana em Tiradentes, mas que chegasse e fosse embora de lá antes dos turistas que viriam no feriado, que ficasse em São João ainda no fim de semana já que lá a cidade é pequena, e que durante a semana ficasse em Ouro Preto já que como cidade universitária é movimentada sempre e que passasse os últimos dias em BH e Inhotim para, então, retornar. E é dada a largada! Tiradentes Fui de São Paulo a São João Del Rei de ônibus, a viagem durou menos tempo que o esperado e cheguei na cidade 6h50. Na rodoviária, me informei que há ônibus quase o tempo todo indo para Tiradentes. 7h20 já estava dentro de um dele. 60 centavos para entrar na plataforma de espera, mais alguns trocados para o ônibus. Não tive problema algum durante toda a viagem para conseguir informações. Os mineiros são muito atenciosos, sempre dispostos a ajudar. Inclusive, logo que cheguei na rodoviária de Tiradentes parei para conversar com taxistas sobre a localização do meu hostel. De repente, aparece o rapaz que estava ao meu lado no ônibus com meu RG na mão. Pobre coitado, desceu antes de seu ponto para entregar para cabeçuda aqui que ia perder o documento logo no primeiro dia. Comprar gato por lebre: Foi super tranquilo chegar no Hostel porque era realmente próximo da rodoviária, mas demorei para encontrá-lo, porque ele simplesmente não se parecia em nada com as fotos que vi. Portanto, cuidado! Quase desisti de ficar lá, mas o cara que cuidava do local era tão gente boa, me deu tantas dicas da cidade e foi tão cuidadoso que eu desencanei do conforto. E pensando bem até que foi bem confortável, porque lá era super bem localizado, dormi num quarto de solteiro, hospede não lava a louça (teve lugar que lavava), o banheiro estava sempre limpo e era silencioso. Não precisava de mais nada. Bom, quem quiser ficar num lugar bem, mas bem, mas bem, bem simples mesmo e depois não fale que não avisei: Hostel Raiz. Tomei um café com leite, troquei de roupa e fui bater perna. A cidade é tão pequena que facilmente você de localiza. Para começar fui na Secretária de Turismo no Largo das Forras e peguei um mapa. Lá também descobri que haveria uma peça no dia seguinte. Ou seja, vale passar lá e descobrir o que rola na cidade. Fui para a Igreja da Matriz (dizem quem é a segunda igreja com mais ouro do país, mesmo título que escutei de outra em Ouro Preto. Entrei nas duas e para mim a segunda vence. Visite as duas e chegue em sua conclusão) , mas não entrei nesse momento porque voltaria as 19h para um espetáculo de Órgãos. Custava 5 reais para entrar durante o dia e no espetáculo que ocorre todas as sextas 40 reais (20 meia). Achei bem bonito e interessante que como era dois dias antes do feriado de finados, encontrei dois irmãos cuidando de túmulo da família. Eu os entrevistei e gravei em vídeo e quero chorar, perdi! Perdi vários vídeos e fotos! Enfim, eles disseram que fazem isso todos os anos, tradição passada de geração a geração. Que escolhem a cor da tinta igual a cor da casa deles, porque é como se fosse a mesma casa, só que uma aqui e outra ali. A maioria das igrejas tem cemitério ao seu redor. A população era enterrada na igreja adequada para cada origem e posição social . Na Igreja da Matriz portanto, famílias tradicionais e de boa condição social compraram seus lotes. Dentro dela, no chão estão Barões e Baronesas, padres e altíssima sociedade. Foi então que comecei a entrar em contato com a desigualdade social de maneira simbólica. Em frente da Igreja da Matriz está a antiga delegacia e o pelourinho, onde os escravos eram castigados, leia-se torturados. Foi então que entrei em contato com a desigualdade completa. O sagrado em frente ao desumano. O ouro em frente a escravidão. Era outra época, eu sei. Mas é importante se impressionar com algo cruel que tem seus resquícios até os dias atuais. De lá fui para o Museu Casa Padre Toledo (5 reais) que adivinha? Tem esse nome porque o museu era a casa do Padre Toledo. A casa é enorme, com sala, ante sala, sala de jogos... Foi uma das primeiras casas de luxo. Lá acontecia saraus, encontros políticos. A educação de qualidade era dada pela igreja e claro que os padres eram muito cultos e faziam parte da alta sociedade. Essa foto é da porta do Museu, antes dele abrir. Tirei infinitas fotos, mas adivinhe? Perdi! O mais marcante: lá aconteceram encontros da Inconfidência Mineira. O Padre era um dos inconfidentes. Segui para o Museu da Liturgia (paga para entrar) e foi o máximo! Não tenho educação religiosa, então foi ótimo que a mulher que trabalhava lá foi super atenciosa e me explicou tudo! Descobri que todas as Nossas Senhoras são a mesma pessoa, Guadalupe, do Carmo, das Graças, Aparecida, de Fátima... Me contou fatos bíblicos e achei tudo muito interessante. Lá não é possível tirar foto. Então, vá. Fui num Sobrado Quatro Cantos com uma exposição sobre percepções. De lá fui almoçar no Divino Sabor, self-service que fica cheio e pode ser por kilo ou 28 reais e se come a vontade. Achei bem gostoso. O rapaz que cuida do hostel que fiquei disse depois que se fizer marmitex custa até uns 12 reais, para quem estiver com o orçamento apertado vale bem a pena. Escolhi comer a vontade e foi maior desperdício. Fiz tudo isso e ainda era 12h20. Parei no Shopping que nada tem a ver com o nome, são umas 4 casinhas com lojinhas e uma praçinha no meio. A melhor coisa que fiz nessa visita a Tiradentes foi o city tour Becos e Bosques. Custou 25 reais e um historiador me apresentou a cidade, a contextualizando historicamente, por meio dos bescos e bosques dos escravos. Eu saí do passeio sabendo a diferença entre as igrejas das mercês, do rosário, da matriz... todas! Cada uma foi construída pelo seus frequentadores. Uma para o negro africano que colocava seus Orixás dentro dos santos de pau oco, outra para negro brasileiro, outra para o branco rico, outra para o branco pobre que tinha ajuda financeira de maçons e por isso tem símbolo maçonico disfarçado na entrada. Saí sabendo tudo sobre a Inconfidência Mineira, inclusive que o traídor dela é a origem da família do Sarney! Está explicado tanto poder até os dias de hoje, Joaquim Silvério dos Reis ganhou terras e privilégios por dedurar os inconfidentes e como poder gera poder, os privilégios perduram até os dias de hoje entre seus herdeiros. Ele foi traídor mesmo porque era amigo de Tiradentes! Se tenho um conselho para dar nessa viagem, é: faça esse citytour! É da agência Viva Minas e eles tem vários passeios, fiquei com vontade de fazer a trilha de 5h30 na serra. Fica para a próxima. E guenta coração, aliás panturrilha. Acabou o city e fui entrar na Igreja do Rosário, a mais antiga construído pelos escravos nas horas de folga (leia-se na hora de dormir). Já sabe de quem é essa né? Isso! Igreja do Negro africano. Parti para o Museu de Sant'Anna. Sabe quem é Sant'Anna? há! Eu sei! A mão da Nossa Senhora (complete o nome dela como desejar: do Carmo, de Guadalupe...). Nele se encontram diversas imagens da Santa colecionadas pela dona do museu, um deleite para amantes da arte barroca. O Museu foi construído na antiga prisão da cidade e nele você consegue ver resquícios como a solitária, portões e grades. Voltei para tomar banho, merecido, comi um pão de queijo e fui buscar a entrada para o espetáculo de órgãos. Enquanto aguardava seu início, fui assistir a apresentação da Orquestra Orff da Fundação CSN no Centro Cultural Yves Alves. Nesse Centro Cultural acontecem diversas atividades, apresentações teatrais, vale passar por lá e se informar da programação. O Concertos aos Órgãos da Igreja da Matriz: como disse acontece todas às sextas após ao show de luz às 19h30. Perdi esse show por conta de um raio que queimou tudo. O programa realizado pela organista Elisa Freixo continha músicas John Sebastian Bach intercaladas com outras de diversos compositores que pelo o que ela explicou eram difíceis de compreensão, criadas para apreciação dos clérigos que eram muito cultos e inteligentes. Confesso que eu adorei até mais essas outras, que era como um mosaico de músicas, bem ágeis e intensas. Não se pode tirar foto, nem filmar. Jantar Para jantar existem diversas opções para todos os gostos. Os restaurantes da Rua Direita são bem requintados com alta gastronomia, culinária italiana, contemporânea, francesa... Já o Largo das Forras é rodeado por bares e restaurantes mais animados e abertos. Foi onde escolhi para apreciar uma cerveja artesanal. Se quiser estender a noite tem uma "balada" chamada Yellow Submarine. Os garçons estão vestidos de acordo com o nome do local, tem banda ao vivo, mas é super pequenininha. No dia seguinte, aproveitei que já havia realizado os programas turísticos e curti a cidade ao caminhar tranquila, sentar em praças e observar e entrar em igrejas que estavam fechadas no dia anterior. São João Del Rei Fui para São João del Rei de Maria Fumaça por volta do 12h e esse passeio é muito legal! Apesar de São João ser maior que Tiradentes, permaneci mais pelo centro histórico. É muito fácil de se localizar, tem muitas igrejas com obras e planejadas pelo Aleijadinho, além das casas com arquitetura dos séculos 18 e 19. Ao andar pelas ruas, não estranhe ser cumprimentado por todos. Ao ir a um bar, não estranhe fazer amizade com pessoas de quaisquer idade. Mineiros são muito hospitaleiros. Nessa noite minhas amigas tinham 60 anos para cima e foram super divertidas! Dormi apenas algumas horinhas antes de viajar de novo, mas foi onde melhor me hospedei. Fiquei numa suíte com uma varandinha com vista pra cidade muito bem localizada. Recomendo: Pousada do Segredo. Citar
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