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Postado (editado)

Venho aqui relatar mais uma trip bem feita e inesquecível...

Saída: São Paulo/SP

Destino: Ubatuba/SP – Praia Dura (Pico corcovado)

Distância: 8 km (subida) 8 Km (volta)

Tipo de subida: Escalaminhada

Altitude: 1.181 m

Subida: 8 horas

Descida: 5 horas

Todo ano novo e natal, eu costumava visitar a casa da Lu, minha amiga surda, e toda vez que olhava no portão avistava aquela montanha majestosa ao longe. Em 2014 fui para Ubatuba, na casa de nossa amiga Lu, que fica na Praia Dura.

E toda vez que eu acordava cedo, avistava aquela montanha majestosa ao longe. Você já sentiu aquela sensação de fim de ano, onde refletimos sobre nossas expectativas e objetivos para o próximo ano? Pois bem, eu decidi que essa montanha seria um dos meus objetivos em 2015.

Em um desses dias, fiz a promessa de subir aquela montanha com ela. E assim comecei nossa jornada rumo ao topo do pico. Então, comecei a procurar pessoas para irem comigo. Muita gente recusou ou estava com medo de ir. Porém, consegui chamar quatro amigos corajosos que toparam.  Obs. 4 surdos e 1 ouvinte

Decidido que iria encarar aquele pico, depois de um mês de planejamento, estudo do caminho, análise dos perigos e possíveis emergências, bem como checagem da previsão do tempo. Finalmente, chegou o momento tão esperado: o dia 01 de agosto de 2015, a data marcada para a realização de conhecer o Pico do Corcovado.

Para chegar:

Ubatuba faz divisa ao norte com a cidade de Paraty, no estado do Rio de Janeiro, ao sul com Caraguatatuba (SP).

Saindo de São Paulo a melhor opção é a Rodovia Rio-Santos, na cidade de São José dos campos pegar a Rodovia dos Tamoios até Caraguatatuba e depois a Rio-Santos até Ubatuba. Ou ir pela Rodovia Oswaldo Cruz, que eu não recomendo, tive péssimas historias nessa rodovia.

 

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O Dia:

Na sexta-feira, fomos para a casa de Tar. Comemos uma pizza deliciosa, descansamos e partimos para a estrada logo às 5h00 da manhã. Chegamos à Praia Dura por volta das 9h00. O dia já começou maravilhosamente bem, contemplando um lindo nascer do sol na estrada.

 

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Chegando à Praia Dura, você verá um mercadinho. Siga reto até alcançar uma bifurcação e vire à esquerda, seguindo a estrada asfaltada. 

Ao chegarmos, decidimos fazer uma parada na casa da senhora Sebastiana, uma moradora local de coração generoso e muita gentileza. Aproveitamos para obter informações valiosas e dicas, além de saborear algumas frutas antes de nos prepararmos para a subida. Ela nos alertou sobre a presença de cobras e animais peçonhentos no caminho, bem como a possibilidade de se perder durante a trilha.

 

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Iniciamos a trilha por volta das 9h30. Tar estava seguindo um GPS, mas, devido à nossa ansiedade e falta de atenção, nos perdemos logo no início, já que havia muitas bifurcações que levavam a diferentes destinos. Nesse ponto inicial, era crucial encontrar o caminho certo, pois qualquer erro poderia nos levar a lugares desconhecidos. Após retroceder até o início da trilha, conseguimos identificar a rota correta. Mesmo assim, o grupo ainda estava um pouco desconfiado da escolha, mas eu acreditei no caminho e segui adiante.

Após observarmos algumas pessoas descendo da trilha, nos sentimos mais seguros e começamos nossa jornada em direção à "Igrejinha", que na verdade era apenas um aglomerado de pedras.

No meio do caminho, fizemos uma parada para organizar a caminhada do grupo. Como todos éramos surdos, era essencial planejar nossa comunicação, especialmente porque era fácil se perder e difícil chamar a atenção da última ou da primeira pessoa da fila. Mesmo gritando ou acenando, a pessoa à frente podia seguir sem perceber.

Decidimos organizar nosso grupo da seguinte maneira: Sy, que era a única ouvinte, ficou na frente, enquanto eu e Tar, que usávamos aparelhos auditivos, ficamos na parte de trás. Qualquer sinal de perigo ou necessidade de comunicação poderia ser transmitido por meio de gritos ou gestos, o que facilitava a localização do grupo. Após nos organizarmos, continuamos oficialmente a trilha.

No início, a trilha era suave, com subidas e descidas leves. Entretanto, logo começamos a subida da serra, e a partir desse ponto, não havia mais descidas, apenas subidas intermináveis! Após 2 horas de subida íngreme e cansativa, devido ao peso das mochilas, percebemos que a subida era mais desafiadora do que imaginávamos e que estava apenas começando.

Com nossas mochilas pesadas e já eram 12h30, finalmente chegamos à "Igrejinha". Estávamos exaustos, então decidimos fazer uma parada merecida. Aproveitamos para fazer uma refeição reforçada com bananas, frutas, bolo e cereais. O calor estava intenso, então alguns de nós trocaram de roupa para nos refrescar.

A maior parte da trilha estava na mata fechada, onde o ar era puro e o cheiro da natureza era incrível. 

 

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Após descansarmos por 30 minutos, desfrutando de um café da manhã reforçado com frutas e cereais, decidimos continuar a jornada. Neste ponto, as dificuldades começaram a aumentar. Calor, subida, fome e em certos trechos, as raízes das árvores se assemelhavam a escadas naturais, tornando a escalada mais desafiadora.

A vegetação nesta parte da trilha era incrivelmente densa, com árvores gigantes que alcançavam alturas de mais de 40 metros. Após 1 hora e 30 minutos de subida, nos deparamos com uma família de São José dos campos, que havia descoberto a fonte de água no local. (X marcados nas árvores indicavam a presença de água na região). Eu e isa resolvemos buscar agua, já que era um trajeto dificil de chegar.

Neste trecho da trilha, não havia marcações claras, o que tornava fácil se perder. No entanto, os trilheiros ouvintes conseguiram seguir o som da água enquanto eu seguia atrás deles. Quando chegamos à fonte, ela estava um pouco seca, mas Isa conseguiu abastecer nossos suprimentos de água. Recarregados, continuamos nossa jornada de subida.

 

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Mais subida, mais subida, parecia que só existia subida!

Era uma espécie de escalaminhada, onde as raízes das árvores se tornavam aliadas para apoiar nossos pés e mãos. Nesse momento, infelizmente, tive uma câimbra e escorreguei, e alguns de nossos companheiros também foram acometidos pela câimbra maldita. Foi um desafio, mas continuamos .....

Seguindo a trilha, finalmente chegamos à base do cume por volta das 16h30, onde se formava outra pequena clareira. Fizemos uma pausa rápida, ainda ansiosos e preocupados em não perder o pôr do sol.

Ao chegar à base, nos deparamos com uma bifurcação. Optamos por seguir à direita, onde a trilha se tornava plana. Era necessário seguir em linha reta, nos preparando para enfrentar a parte mais desafiadora, que se mostraria íngreme devido à proximidade do cume.

 

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Depois de uma subida de 1h30, finalmente alcançamos o cume.  Infelizmente, perdemos a oportunidade de ver o pôr do sol, mas a vista estava deslumbrante, e à medida que a noite caía, começamos a montar nossas barracas.

Às 19h00, era hora de preparar o jantar, mas tínhamos um problema: eu havia esquecido o fogareiro! kkkkkkkkkk

Tar tbm nao trouxe.  Planejávamos fazer uma mini-fogueira, mas o vento estava forte demais. Estávamos sem ideia de como preparar nossa refeição. Foi então que os trilheiros ouvintes nos ofereceram álcool e improvisaram um fogareiro caseiro para nós usando uma lata de ervilha. Haha! SALVOU NOSSA NOITE!

Com esse fogareiro improvisado, conseguimos fazer miojo com sardinha, atum e ervilhas, além de palmito, e até mesmo um café com leite.

Após a refeição, apreciamos um belo vinho e observamos a lua e as estrelas. A noite estava perfeita. A lua começou a adquirir uma tonalidade amarelada e depois ficou azul, iluminando toda a cidade de Ubatuba. Foi uma experiência incrível!

Apesar do frio, o vinho nos ajudou a nos aquecer um pouco, e eu tinha esquecido minha blusa no carro, então a Isa gentilmente me emprestou a blusa camuflada do exército. Sempre é importante levar lanternas, gorros, luvas e roupas quentes. A lanterna é indispensável, pois a escuridão da noite é total! Às 21h00, meu corpo estava completamente exausto, e Tar e Syl foram descansar.

No entanto, eu ainda estava emocionado, então eu, Isa e Japa aproveitamos para subir até a crista e apreciar a noite. Admiramos a lua, as estrelas e a iluminação da cidade, enquanto a noite estava perfeita. Finalmente, por volta das 23h30, voltamos ao acampamento para dormir.

 

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Estava frio quando acordei às 6h20, e todos ainda estavam dormindo profundamente. Rapidamente, acordei todos e corremos em direção à crista para presenciar o nascer do sol, que estava previsto para as 6h30.

Desfrutamos de um belo nascer do sol, acompanhado por um frio agradável. Por mim, teria aberto mais duas garrafas de vinho, hahaha, mas sabíamos que precisávamos nos preparar para a descida.

 

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Tar e Sy ficaram para trás tirando fotos, enquanto eu, Japa e Isa seguimos em direção à crista/cume.

O céu estava completamente limpo, sem nuvens, o que nos permitia contemplar uma vista espetacular. De lá, avistávamos Caraguatatuba, o centro de Ubatuba, a Lagoinha, a Praia Dura, o bairro do Corcovado, a Praia Vermelha do Centro, Lazaro e muitas outras praias do litoral norte. Era uma visão deslumbrante.

Após voltarmos ao nosso acampamento, desmontamos as barracas, fizemos uma refeição leve com frutas e cereais, e nos preparamos para a descida. Nos despedimos dos trilheiros ouvintes que decidiram descer primeiro, tirando algumas fotos para guardar como lembrança dessa incrível aventura.

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Por volta das 8h30, tomamos a decisão de iniciar nossa descida. Cada um de nós separou o lixo e começamos a levar. Tínhamos o compromisso de não deixar nenhum resíduo para trás, uma forma de retribuir à natureza.

A descida foi uma experiência diferente da subida. Era mais rápida, porém igualmente exigente em termos de esforço físico. Nossos braços e joelhos eram mais sobrecarregados devido ao peso das mochilas, o que demandava um esforço adicional. Além disso, tínhamos água limitada e precisávamos economizar, pois sabíamos que levaria algumas horas até chegarmos ao próximo ponto de abastecimento de água.

 

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Após alguns escorregões, acabei perdendo minha garrafa de água, que rolou morro abaixo. Apesar dos contratempos, compartilhamos várias risadas, mantendo o clima alegre durante a descida. Foi uma verdadeira festa, kkkkkk...

Eram cerca de 12h00, e após essa recarga de energia, decidimos continuar nossa descida, sem paradas prolongadas. Agora, nosso objetivo era claro: satisfazer a fome de dragão e a larica que já nos dominavam.

À medida que nos aproximávamos do final da trilha, avistamos o 1° riacho, o que indicava que estávamos perto do fim. Passamos pelo 2° riacho, pelo campo de futebol e finalmente chegamos ao ponto de partida por volta das 13h00. Procuramos a lixeira mais próxima e descartamos todo o nosso lixo antes de partir.

Em seguida, procuramos um restaurante agradável, onde optamos por um churrasco para 4 pessoas, dividindo entre os 5. Desfrutamos de um delicioso churrasco.

Nesse momento, estávamos prestes a voltar para a estrada, mas antes disso, decidimos descansar um pouco na praia mais próxima, a Enseada.

 

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Sem dúvida essa trip, foi uma das melhores que já fiz. Ainda temos muitas trip pela frente, até a próxima!

Espero que tenham gostado.

Um abraço!

Editado por Xarlor
  • 1 mês depois...

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