Colaboradores Vinícius Ferraz Postado Outubro 14, 2015 Colaboradores Postado Outubro 14, 2015 No dia 11 de Outubro de 2015 eu e a destemida Camilla Santiago, tivemos nossa iniciação no estilo “trekker” de ser. A ideia inicial era um passeio mais tranquilo em um lugar onde houvesse uma estrutura aceitável como uma área de camping, por exemplo, mas acabamos nos envolvendo em algo bem mais radical que o esperado, o que nos proporcionou muita emoção, dificuldade e história pra contar. O destino foi uma região chamada Pires, situada a 30 minutos do distrito de São Gonçalo do Bação em Itabirito Minas Gerais. Escolhemos este local devido a algumas características muito interessantes: beleza, isolamento e não totalmente desconhecido. Meus avós Maria Torquette e Aires Rovedo tinham um sítio nas redondezas na época da minha infância, este conhecimento nos permitiu explorar a região com menor risco e com um toque especial de nostalgia. Partimos de Belo Horizonte às 9h00 de domingo, com muito ímpeto e pouco planejamento, levando na bagagem uma barraca Mormaii Brava 3 para nos proteger do frio e da chuva e uma cachorrinha Pinscher, popularmente conhecida como Pity, para nos avisar de perigos eminentes hehehe... Já próximo à região do Pires, seguíamos por uma longa estrada de terra cortando a mata fechada. Vez ou outra víamos algumas casinhas e sítios com um distanciamento médio de 3 quilômetros entre si. Um destes sítios, é do William e Rosa, antigos amigos dos meus avós. Resolvemos fazer uma paradinha para cumprimenta-los e fomos agraciados por uma recepção muito carinhosa e muito bem vinda. Almoçamos, proseamos, William fez questão de pessoalmente nos apresentar as redondezas do sítio que é muito bonito por sinal, e, depois de ouvirmos muitas histórias interessantes, partimos por uma trilha dentro da mata fechada, que, de tão antiga, possivelmente tenha sido feita por escravos ou nativos daquela região. O início da trilha era bem fácil, larga e coberta por folhas secas, dava pra ser atravessada facilmente, mesmo levando nosso excesso de bagagem (desnecessário!). Após uns 3 minutos de caminhada, encontramos uma fonte natural de água!!! Que maravilha!!! Geladinha e com um sabor diferenciado, foi inevitável dar uma parada para matar a cede e limpar um pouco do suor. Deixando a fonte, continuamos seguindo a trilha, que pouco tempo depois chegamos até a beira do rio Mata Porcos. Era uma parte do rio bem legal, uma descida razoavelmente íngreme e com algumas pedras esculpidas pela força da água, se assemelhava a uma pequena queda de cachoeira, com uma piscina natural bem legal. Mas tinha uma má notícia: ali era inviável montar acampamento, e, conforme nos foi mostrado pelo William, teríamos que seguir por uma 2ª trilha que subia beirando o rio. O problema é que essa trilha era bem estreita, havia alguns obstáculos que precisavam de ajuda mútua para serem atravessados e ofereciam até certo risco para os mais desatentos. Mas a beleza da mata onde poucos tiveram o privilégio de estar, fazia valer qualquer esforço. Seguimos então por essa trilha, o peso das malas parecia aumentar, a camisa ia se encharcando de suor, não foi fácil não. A lendária Pity resistia bravamente à trilha, mas tínhamos que ter atenção dobrada para não chuta-la pra dentro do rio. Já com as energias quase esgotadas, finalmente chegamos à curva do rio. Tinha que ser em uma curva, pois são nas curvas que se formam as prainhas de pó de pedra, onde é possível montar acampamento. Tenda montada, horário avançado e sol se pondo, decidimos não fazer fogueira, afinal, estávamos esgotados devido à falta de condicionamento. Tomamos “banho de gato” no rio (que por sinal estava bem gelado), comemos alguma coisa e fomos dormir. Ao começar a fechar o zíper da barraca, ele estraga. Tivemos que tirar o sobre teto que nos protegeria da chuva e do frio e usa-lo para tapar o buraco. Afinal, era preferível sentir frio do que sermos acordados por visitantes inesperados dentro da barraca. Lá pela 21h00, rapaz, que frio!!! Foi difícil suportar, aprendemos na marra que agasalho é peça indispensável nestes tipos de lugar, mesmo em épocas quentes. Lá pelas 00:00, percebo a presença de algum animal perto da barraca, fiquei curioso pra ver o que era, mas achei melhor não assusta-lo. Na manhã seguinte vimos essas pegadas indo em direção à barraca e espalhando-se por todo o seu entorno, se alguém souber o que é, por favor, nos fale: Depois do frio da madrugada, veio o sol escaldante da manhã, o local que a barraca ficava não era apropriado, não tinha sombra. Fomos obrigados a levantar cedo e curtir um pouco do rio. Descobrimos que a Pity, nascida e criada em apartamento, já nasceu sabendo nadar, mesmo com correnteza hehehe... Feito tudo isso, desmontamos acampamento e seguimos o caminho de volta exaustos e ansiosos pela próxima aventura (dessa vez com agasalho e com fita Silver Tape). IMPORTANTE: Se você pensa em acampar na beira de rio, considere que a chamada "cabeça d'água" ou "tromba d'água"é um risco crítico. Caso chova forte na cabeceira ou arrebente alguma represa rio acima, as consequências podem ser graves, quando não trágicas. Se você é como a gente, e mesmo assim pretende realizar este feito, escolha uma época de pouca chuva pelo menos blza? Abraço! Citar
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