Membros de Honra rafael_santiago Postado Setembro 13, 2015 Membros de Honra Postado Setembro 13, 2015 Cânion do Peixe Tolo Imaginei esse circuito pelo setor norte da Serra do Cipó inicialmente como uma ligação entre a região da Lapinha e a vila do Tabuleiro por uma rota mais ao norte, tal como já havia feito o meu amigo Chico (http://www.chicotrekking.com.br/2014/04/lapinha-tabuleiro-pela-rota-norte-uma.html). Isso incluiria locais inéditos para mim como o Cânion do Peixe Tolo e a Cachoeira Rabo de Cavalo. Porém eu tinha bastante tempo e resolvi iniciar e finalizar o percurso na rodovia MG-010, apesar dos problemas de caminhar pelas propriedades situadas ali. Para completar, incluí a subida dos Três Irmãos pois eram montanhas que me chamavam a atenção havia muito tempo. 1º DIA: DA RODOVIA MG-010 À SERRA DA LAPINHA As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/CircuitoTresIrmaosEPeixeToloSerraDoCipoMGAbr151Dia Tomei o ônibus da viação Serro em BH às 6h com destino à Fazenda Palácio, porém saltei um pouco antes, na subida da serra após Cardeal Mota, em frente às placas do Balneário Serras Azuis, 4,3km depois do Camping Véu da Noiva. Comi alguma coisa rapidamente e dei os primeiros passos dessa longa caminhada às 8h55 descendo a estrada poeirenta de terra à esquerda da rodovia. Em 16 minutos passei em frente à Pousada Serra d'Água e na bifurcação fui à direita. Toda a área à esquerda é propriedade da Cia Cedro, como avisam as placas, e abriga a parte superior de uma usina da empresa. Às 9h49 vou à esquerda na bifurcação seguindo a placa da Fazenda Parauninha (à direita iria para os campings Serras Azuis e Serra Morena). Em seguida tomo a esquerda novamente e me aproximo do largo e fundo Rio Parauninha, exatamente onde havia vários carros estacionados. Ali há uma balsa rústica para a travessia mas não havia ninguém e a balsa parecia presa na outra margem. Caminhei rio acima um pouco e acabei voltando à estradinha, e chegando a outro estacionamento, o da Fazenda Parauninha, com outra balsa. Uma placa de boas-vindas informava os preços de visita, passeio de barco e camping, e havia uma campainha embaixo. Toquei-a para chamar alguém e perguntar como atravessar o rio. Logo apareceu um senhor muito solícito, que me levou à outra margem sem pestanejar. Porém ele me levou à sede, a 160m dali, e veio com uma conversa de que cabe a eles dar todo o apoio aos caminhantes que passam ali com destino à Lapinha, inclusive com resgate e enfermeira, se necessário. A maior conversa mole. E ao final disse que eu deveria pagar R$20 por esse serviço para poder continuar a caminhada. Dá pra acreditar num negócio desse? Disse-lhe que eu dispensava os seus serviços e se o pagamento fosse obrigatório eu voltaria dali mesmo. Ele cedeu, mas ainda me falou aquelas ladainhas de cobra, acidente, blá, blá, blá... Consegui me livrar do sujeito às 10h30 e botei o pé na trilha o mais rápido que pude pois aquela encheção toda me atrasou um pouco. E antes que algum outro quisesse me cobrar pedágio também. Dali eu tinha duas opções para chegar à Serra da Lapinha (ou Serra do Breu): pelo vale do Córrego Mata-Capim ou pelo alto da serra. O primeiro trajeto, que fiz no ano passado (relato em travessia-cardeal-mota-lapinha-serra-do-cipo-mg-mai-2014-t97576.html), não era o mais indicado dessa vez pois me levaria à Lagoa da Lapinha, de onde teria que subir a serra pela trilha da travessia tradicional Lapinha-Tabuleiro. O segundo trajeto seria interessante pois me manteria sempre no alto, além de ser em parte inédito para mim (um trecho intermediário dele já foi descrito no relato travessia-cachoeira-da-capivara-lapinha-serra-do-cipo-mg-t71812.html). A direção-mestra na primeira metade dessa caminhada é norte. Me manterei nessa direção para alcançar a Serra da Lapinha e ir muito além, até o momento de descer no sentido leste a Serra do Abreu, no terceiro dia. Dessa forma, saí da Fazenda Parauninha no sentido das casas mais acima, cruzei uma cerca e subi um pouco mais (noroeste) até encontrar uma trilha mais marcada vindo do rio e cruzando o meu caminho. Tomei-a à direita, quebrando 90º para o norte. Logo entroncou uma outra vindo da direita, um atalho que eu poderia ter pego ao cruzar a cerca. Atravesso o Córrego Capivari pelas pedras e em seguida uma porteira de ferro. Subo 350m e passo um portão de ferro com uma casa à direita. Uns 180m acima outro portão de ferro, e sigo à esquerda na bifurcação junto a uma erosão. Às 11h21 passo por uma última casa à direita que parecia estar deserta e depois a trilha sobe por um caminho lajotado com o vale do Capivari se aprofundando à esquerda. Numa bifurcação, a direita (leste) estava mais pisada e subi por esse lado (na verdade, tanto faz) até alcançar a crista, logo após uma tronqueira. A visão se amplia para leste e avisto mais casas, mas a minha direção é norte, assim abandono essa trilha e caminho pelo capim na direção de uma porteira de arame à esquerda. Após cruzá-la, prossigo pelo duplo trilho que logo se transforma em estradinha de terra. Uma outra estradinha entronca à direita, vindo de uma casa, mas continuo em frente. Campos rupestres Às 12h04 passei por uma cerca aberta e 340m depois sigo em frente enquanto uma trilha larga cruza a estradinha. Mais 120m e outra estrada sai para a esquerda, mas cruzo a porteira de arame em frente. Uns 60m depois fico em dúvida na bifurcação mas tomo a esquerda na esperança de logo encontrar uma trilha e deixar a estrada. Mas me dou mal. Onde uma outra estrada entronca à direita havia uma casa (com carro no quintal). Passei direto por ela e em vez de encontrar uma trilha, cheguei na verdade ao final da estrada, sem saída aparentemente. Ao retornar, o pessoal da casa achou que eu queria invadir a propriedade e me mandou subir pela outra estrada (aquela que entroncou à direita). Hoje não é o meu dia... devia ter ido para a direita naquela bifurcação da dúvida e evitado assim a bronca desnecessária que levei. Da frente da casa subi a estrada que entroncou, mas ela seguia no rumo leste, nada interessante para mim. Procurei um caminho que fosse para a esquerda (norte) e encontrei uma trilha uns 350m acima da casa, meio indefinida no princípio mas bem marcada após alguns metros, quando cruzo uma tronqueira. Finalmente volto a caminhar por trilhas. Durante a subida que se segue avisto pela primeira vez a Serra da Lapinha. Na descida a seguir alcanço às 12h48 uma outra tronqueira, exatamente onde esse percurso encontra o que fiz na travessia da Cachoeira da Capivara para a Lapinha em 2012 (relato em travessia-cachoeira-da-capivara-lapinha-serra-do-cipo-mg-t71812.html). Mas se eu quiser me manter no alto da serra e caminhar por trilhas em vez de estradas não devo cruzar essa tronqueira, e sim tomar uma trilha discreta à esquerda dela e descer pouca coisa. Por uns 15 minutos vou trocar a direção norte pela oeste (grosso modo) para alcançar a trilha que corre pelos campos altos mais próximos da crista da serra, como fiz naquela ocasião. A trilha discreta se torna bem definida em seguida e contorna um morrote pela esquerda. Na bifurcação segui à direita mas antes de alcançar o córrego a trilha sumiu, como é muito comum com as trilhas de gado. Elas aparecem prometendo nos levar longe e desaparecem sem mais nem menos. Mas sem problema. Chego à margem do córrego (um dos formadores do Córrego Capivari, aquele que cruzei logo depois da fazenda) às 13h07 e aproveito a sombra para descanso e um lanche. Bebo de sua água, que mesmo não sendo corrente estava límpida. Às 14h06 atravesso-o facilmente num salto para reencontrar a trilha subindo bem marcada novamente e me encaminhando para o norte outra vez, minha direção-mestra na primeira metade dessa caminhada, como disse. Cruzo um portão azul no meio do nada e logo surge um riacho de água corrente à minha direita, o qual atravesso às 14h30. Aqui caminho no rumo norte pela vertente leste de um espigão com visão panorâmica para o vale do Parauninha à direita (leste) e as terras do ParNa Serra do Cipó para trás (sul). Bem abaixo avisto uma casa que talvez pertença à empresa Cedro, dona de grande parte das terras desse lado. Cruzo a porteira seguinte e continuo em frente mas vejo que uma trilha acompanha toda a extensão da cerca encosta acima (e abaixo), o que sugere outros caminhos ainda mais altos. E talvez ainda mais interessantes. Uns 80m depois, às 15h, alcanço o ponto mais alto desse dia (1361m) e avisto a Serra da Lapinha inteira, ou melhor, toda sua face sul, desde o Pico da Lapinha até o Pico do Breu. Imediatamente começa a suave descida e para trás o ParNa Serra do Cipó deixa de ser visível. Cruzo uma porteira e na seguinte às 15h51 encontro uma estradinha precária correndo de sul para norte também, mas não me interessa tomá-la pois sabia que minha direção tenderia para noroeste muito em breve. Portanto não cruzei a cerca para a direita para caminhar pela estradinha. Pela trilha paralela à cerca continuei para o norte e depois noroeste para desviar (à esquerda) do morro à frente e ganhar o campo onde sei que há uma casa. Na bifurcação nesse campo melhor manter a esquerda pois a trilha é mais contínua e leva a um ponto de travessia fácil do córrego cuja mata ciliar já é visível. Mas antes de cruzá-lo me embrenhei na samambaia que cresceu junto à margem para revisitar uma singela cachoeira de duas quedinhas paralelas e um bonito poço, tudo bem escondido na sombra da matinha. Depois cruzei a porteira e passei para a outra margem através de duas tábuas colocadas sobre o córrego, às 16h53. Essas águas vão depois descer a serra a oeste e encontrar o Córrego Mata-Capim lá embaixo. Estava a 150m da casa mas não fui até ela pois havia alguns sujeitos ali fazendo bastante barulho, pareciam embriagados. Em vez disso cruzei um pequeno afluente do último córrego e subi à direita (paralelamente a ele) por uma trilha que logo sumiu, mas foi só retomar a minha infalível direção norte que surgiu uma trilha, aparentemente vinda da casa. Mas era outra trilha de gado que sumiu logo... continuei pelo capim baixo na direção de uma porteira, cruzei-a e segui para o norte encontrando e perdendo pedaços de trilhas. Quando o morro rochoso à minha direita terminou (aquele mesmo do qual eu desviara 1h30 antes), a paisagem se abriu para todos os lados, com vista agora para a Serra do Abreu a nordeste e o grande vale das nascentes do Rio Parauninha ao norte. Já eram 17h46 e esse local privilegiado, com vista magnífica da Serra da Lapinha já muito próxima, foi meu hotel mil estrelas por essa noite. Altitude de 1337m. Nesse dia caminhei 21,8km (descontados os erros e explorações). Rio Parauninha 2º DIA: PELA SERRA DA LAPINHA (OU SERRA DO BREU) As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/CircuitoTresIrmaosEPeixeToloSerraDoCipoMGAbr152Dia O objetivo principal desse dia era explorar as montanhas da Serra da Lapinha conhecidas como Três Irmãos, que se encontram ao norte do Pico do Breu e se alinham na direção noroeste-sudeste, com a mais baixa delas ao sul e a mais alta ao norte. Deixei o acampamento às 8h12 e segui firme na direção norte, descendo até uma porteira velha e carcomida. Cruzando-a subi suavemente por trilhas de vaca e logo desci na direção de uma casa encaixada num vale arborizado. Porém 250m antes da casa tropecei em várias trilhas paralelas que me diziam que eu estava encontrando com a rota tradicional da famosa (e saturada) travessia Lapinha-Tabuleiro. Decidi trocar então o rumo norte pelo nordeste aproveitando o caminho já bem demarcado dessa travessia para chegar à Prainha, depois de lá subir o Rio Parauninha e me aproximar dos Três Irmãos. Fui portanto para a direita, sentido distrito do Tabuleiro (se fosse para a esquerda logo desceria à Lapinha). Depois de um riacho, uma porteira e outro riacho, cruzei a porteira da velha placa da Fazenda Azevedo e finalmente o Rio Parauninha pulando as pedras do leito raso às 9h25. O Parauninha aqui também é largo e fundo, como se vê na curva da Prainha, mas felizmente há essa passagem muito fácil. Na primeira curva à direita que a trilha fez para iniciar a subida à casa da falecida Dona Ana Benta, abandonei-a para me reaproximar do rio e subi-lo no rumo norte por caminho desconhecido. Felizmente depois de 80m encontrei uma trilha! À minha esquerda já tenho bem próximo, logo além do rio, o grande maciço da Serra da Lapinha e aproveito para observar alguma trilha que leve até a base do Pico do Breu, mas daqui não visualizo nenhuma. Era só uma sondagem para futuras incursões. Às 9h53 atravessei um afluente pelas lajes inclinadas, cruzei uma tronqueira aberta e fui à esquerda numa trilha meio coberta pelo capim. Cerca de 120m depois fui à esquerda na bifurcação. Com mais 1,1km de caminhada a trilha sumiu, mas foi só caminhar 100m que alcancei outro rio, aparentemente outro afluente do Parauninha, porém a carta me diz que é o próprio. Segundo ela, as nascentes do Parauninha estão espalhadas pelas encostas da Serra do Abreu a leste, as águas se juntam para correr no sentido oeste por algum tempo e fazer uma curva de 90º para o sul perto deste ponto, onde recebe as águas de um afluente que vem do norte. Cruzei então às 10h56 o Parauninha pelas pedras e uma cerca em seguida, encontrando uma trilha logo acima, que tomei para a esquerda. Uns 100m depois fui à direita na bifurcação para me manter na direção norte mas a trilha logo desapareceu. O que tenho agora visualmente são os picos Três Irmãos a noroeste e o afluente norte do Parauninha logo abaixo na mesma direção. Depois dele um terreno de lajes e pedras, e aparentemente nada de trilha daqui para a frente. Segui na direção dos picos mas por não haver caminho marcado e ter de estudar o terreno a todo momento, o avanço passou a ser bem mais lento. Afluente do Rio Parauninha Desci então às 12h ao córrego (sem trilha) e tive de procurar um ponto em que pudesse entrar na mata ciliar e atravessá-lo. Com boa sombra e água fresca aproveitei para uma pausa para o lanche. Às 12h33 cruzei esse afluente norte pelas pedras e subi pelas lajes (onde descia um pouco de água) para comprovar que na outra margem não havia mesmo trilha, nem de vaca... Tomei a direção noroeste (a dos picos) e passo a caminhar pelo capim baixo e lajes rochosas, subindo suavemente. Visualizo o Pico Menor dos Três Irmãos e para ir ao seu encontro cruzo um riacho pelas lajes e subo. As três montanhas estão atrás de uma linha de morrotes e ao conseguir encontrar uma passagem entre eles (caminhando no sentido oeste um pouco), atinjo às 14h21 um ponto privilegiado de observação, um belo mirante para os Três Irmãos, com um vale ainda entre nós a ser vencido. Apesar de esse mirante ficar no alto de um paredão a descida não foi difícil. E a passagem pelo vale também foi tranquila. Não encontrei água corrente ali, apenas água parada, mas a curiosidade é que são as últimas águas da bacia do Parauninha com que tenho contato nessa caminhada. As próximas águas já pertencerão à bacia do Rio das Pedras. Ao cruzar o vale decidi não subir o Pico Menor pois avaliei que o esforço para ir até sua base e voltar (sem trilha) não teria a devida recompensa visual já que ele é muito mais baixo que as montanhas todas ao redor. Ao cruzar o vale então fui retomando aos poucos o rumo noroeste na direção do Pico Médio. Ao final de um aclive mais íngreme cheguei enfim à base do Pico Médio. Escondi a cargueira e iniciei a subida às 15h14, sem trilha demarcada mas sem dificuldade, atingindo o cume às 15h40. Altitude de 1590m com desnível de 124m. Do alto avista-se o Pico Menor e o Pico do Breu a sudeste, o Pico Maior a noroeste, o vale do Parauninha e a Serra do Abreu a leste, e mais distante no horizonte: a norte-nordeste a Serra da Bocaina, a Serra da Penha, a Serra de São José e o Pico do Itambé. Iniciei a descida às 16h23 e em 28 minutos estava na base novamente, resgatando a mochila. Do alto havia estudado a aproximação para o Pico Maior e um local estratégico para o acampamento. Continuei na direção norte tendo uma parede baixa de pedras à minha direita, mas procurando um ponto propício para subi-la e ganhar o grande campo que visualizei lá de cima do pico, ótimo para o pernoite. Não foi difícil e às 17h30 já estava montando o rancho estrelado dessa noite, próximo a um córrego cujas águas contribuem para a beleza do majestoso Rio das Pedras mais ao norte. Uma observação sobre as montanhas da Serra do Cipó e do Espinhaço: o relevo característico de toda essa serra é formado por placas ou lajes inclinadas mais ou menos a 45º na direção oeste. Isso pode ser observado tanto nas pequenas pedras fincadas no solo quanto nas mais altas montanhas. Resulta disso que a aproximação de uma montanha pelo lado oeste vai encontrar quase sempre uma parede de pedras de difícil ascensão pois deve-se encarar as extremidades das placas/lajes rochosas, ao passo que pela face leste a conformação é de uma grande rampa pois a encosta da montanha desse lado é exatamente a face das placas/lajes mais externas do conjunto. Altitude de 1409m. Nesse dia caminhei 10,7km (descontados os erros e explorações). Pico Médio e Pico do Breu vistos do cume do Pico Maior dos Três Irmãos 3º DIA: DO PICO MAIOR DOS TRÊS IRMÃOS À SERRA DO ABREU As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/CircuitoTresIrmaosEPeixeToloSerraDoCipoMGAbr153Dia Às 7h13 parti para a subida do Pico Maior deixando a barraca montada. Mesmo a sua face leste sendo a mais fácil, parecia-me inclinada demais. Estudei possíveis rotas de ascensão mais fáceis, menos íngremes, mas por fim resolvi encarar mesmo uma linha reta ao cume. Em 10 minutos estava na sua base e iniciei a subida, que foi mais fácil do que eu pensava. Às 8h04 já estava no falso cume e em mais 4 minutos no cume verdadeiro. Altitude de 1676m com desnível de 254m desde a base. Pela proximidade e pela pouca diferença de altitude (86m), a vista é muito parecida com a do Pico Médio, porém a surpresa foi a linda visão de um enorme vale ao norte com os afluentes do Rio das Pedras, vale esse limitado a oeste por uma extensão da Serra da Lapinha. Ao localizar a barraca lá embaixo vi muito próximo dela um final de trilha que se dirigia para a estradinha que vai para o norte, ou seja, o caminho que eu deveria tomar para a continuação do meu roteiro. Comecei a descida às 9h10 e em 50 minutos estava de volta ao acampamento. Desmontei tudo e saí às 10h49 na direção leste, logo encontrando a trilha avistada lá de cima. Ela sumiu por mais de 100 metros, depois reapareceu e logo eu caminhava sobre um divisor de bacias, uma discreta (mas interessante) crista, com as águas que formam o Rio das Pedras ao norte e as que formam o Rio Parauninha ao sul. Cruzei uma cerca enferrujada e arrebentada, desci por trilhas paralelas, tomei a esquerda na bifurcação e subi por rastros paralelos no capim até atingir às 11h36 a estradinha de terra que vai para o norte. Do outro lado da estrada, um pouco distante, havia uma casa, mas não avistei ninguém. Aqui deixo de lado um pouco a aventura das trilhas que aparecem e desaparecem, as travessias de rios saltando pedras, e por algumas horas (4 horas e 20 minutos, para ser exato) vou me deixar levar por essa estradinha deserta para o norte até o momento certo de descer a Serra do Abreu para leste. Após a porteira da RPPN Vargem do Rio das Pedras (12h) a estrada está mais coberta de capim, o que mostra seu pouco uso. A paisagem é das mais bonitas, com uma grande planície (dos afluentes do Rio das Pedras, que avistei do Pico Maior) à esquerda (oeste) e os paredões da Serra do Abreu à direita (leste). Mas o curso principal do Rio das Pedras está à minha direita também, encaixado entre a estradinha e os paredões a leste, sem que eu perceba. Vale dos afluentes do Rio das Pedras visto do cume do Pico Maior Na bifurcação às 13h04 fui para a direita por ser mais marcada. Em 5 minutos começo a descer na direção de uma mata ciliar e sou encarado temerariamente por um boi parado bem no meio da estradinha. Bois quietos e parados são um perigo... Entrei na mata ciliar e cruzei o córrego facilmente pelas pedras, verifiquei a carta e era o próprio Rio das Pedras, que quase passa despercebido! Para quem não sabe, ele vai despencar na forma de belíssima cachoeira 4,6km abaixo (em linha reta), a famosa Cachoeira do Bicame. É a primeira água corrente desde o acampamento, às 13h14, e aproveito para encher os cantis. Saio logo da matinha e passo sob fios de energia. Numa guinada para a esquerda (oeste), atravesso um córrego pelas lajes, um afluente do Rio das Pedras que vem das encostas ao norte. A partir daí encaro uma subida um pouco longa e cansativa voltando aos poucos ao rumo norte. A curiosidade aqui é a cerca elétrica instalada à esquerda da estradinha, mas que parecia nem funcionar mais (não testei, obviamente). Passo por mais algumas vacas junto a um cocho coberto por um telhadinho e às 14h20 topo com um marco de madeira do projeto "Bem-vindo caminhante" apontando para Congonhas do Norte à direita na bifurcação, para onde sigo. À esquerda iria para a RPPN Ermo das Gerais e Cachoeira do Bicame. A estradinha sobe sob a forma de vários caminhos paralelos de pedras brancas que já havia avistado de longe. Ao cruzar com três vaqueiros (fazia tempo que não via gente!) saí um pouco de lado para não assustar o gado que eles tocavam. Continuei subindo e do alto a visão de todo o vale percorrido foi o prêmio. Depois subi à esquerda na bifurcação seguindo outro marco "Bem-vindo caminhante" e na curta descida a seguir cruzei uma porteira de arame. Pronto, já estava no alto da serra, agora a estradinha volta a ter inclinações mais suaves. Passadas algumas curvas, quando ela retoma a direção norte de verdade há um terceiro marco de madeira que serve de referência pois 330m depois dele uma trilha cruza a estrada. Tomei-a para a direita (leste) às 15h56. Aqui abandono de vez o rumo norte para descer a Serra do Abreu no sentido geral leste e depois continuar a caminhada na parte baixa para o sul na direção da vila do Tabuleiro. Fui à direita nas duas bifurcações e cruzei às 16h15 um córrego pelas lajes, um afluente bem alto do Rio das Pedras (última água do dia). Fui à esquerda na trifurcação e no final da subida cruzo às 16h33 uma estradinha que corre de sul para norte (e me deixa curioso em saber sua origem). Uns 200m depois já vejo o outro lado da serra, podendo identificar a Serra da Penha, a Serra de São José, a Serra de Ouro Fino, a Serra da Bocaina e o Pico do Itambé bem distante. Desci a serra por 1h05 e ao alcançar um belo mirante, às 17h38, resolvo encerrar as atividades do dia, porém água nas redondezas não havia. A visão é privilegiada para as serras e montanhas citadas, e à noite se distinguiam as luzes do pequeno povoado de Candeias, no sopé da Serra da Penha. Altitude de 1257m. Nesse dia caminhei 20,7km (descontados os erros e explorações). Cânion do Peixe Tolo 4º DIA: DA SERRA DO ABREU À CACHOEIRA RABO DE CAVALO As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/CircuitoTresIrmaosEPeixeToloSerraDoCipoMGAbr154Dia No local onde acampei havia uma bifurcação em que o lado da esquerda descia imediatamente a serra, enquanto o da direita se aproximava de uma matinha para depois iniciar a descida. Ao sair às 8h12 preferi o ramo da esquerda, mas depois percebi que tomei o caminho mais longo. Desci pelas pedras brancas soltas e a trilha começou a inclinar para a esquerda (norte) até encontrar outra. Fui para a esquerda nessa bifurcação por curiosidade e encontrei um casebre vazio e trancado, com um cavalo pastando próximo. Esse foi o ponto mais ao norte que atingi nessa caminhada. Voltei e segui em frente na bifurcação para retomar a direção leste. Após o terceiro riacho quase seco, a outra trilha de descida da serra (a mais curta) entroncou à direita. Me mantive à direita na próxima bifurcação, passei por uma grande laje e a descida se tornou mais inclinada, com pedras soltas. Após os restos de uma cerca, cheguei a um gramado junto a uma mata com um córrego. Essas águas são os primeiros afluentes do Ribeirão Peixe Tolo que encontro, ainda no alto da serra. Às 9h19 fiz uma pausa de oito minutos num belo riacho de água fresca e abundante que surgiu à esquerda do caminho. Depois cruzei uma porteira próxima e passei para o outro lado do riacho à esquerda pelas lajes. Logo a paisagem se abre e avisto à esquerda a Serra da Penha, em frente o vale do Rio Parauninha (não confundir com aquele por onde passei, da Serra da Lapinha) e à direita todo o vale dos ribeirões Teodoro e Peixe Tolo. As pedras soltas continuam e causam inevitavelmente alguns belos escorregões. Me aproximo de um fundo cânion à esquerda. Às 10h22 cruzo uma tronqueira (com um marco geodésico ao lado), enquanto à direita já avisto os paredões da entrada do Cânion do Peixe Tolo. Como referência da boca do cânion há uma "borboleta estampada" no paredão, como dizem os guias por lá. Se é delírio ou não, pelo menos serve como referência. Às 10h33 a longa descida termina numa porteira, onde passo a caminhar com mata de ambos os lados. Fui à esquerda numa bifurcação por ser mais larga e às 10h39, ao sair da mata, alcanço um fim de estrada em que sigo à direita (do lado esquerdo há uma porteira) e 30m depois à esquerda. Porém caminho só mais 50m por essa estrada e a abandono para entrar numa trilha à direita que subiu e do alto me proporcionou a primeira visão da entrada do imponente Cânion do Peixe Tolo. Mas ali a chuva me pegou. Cruzei uma porteira torta e contornei pela direita o morrote com uma pequena torre. Às 12h07, com a passagem da chuva, parei numa parte alta da trilha para descansar e admirar a grande entrada do cânion e todo o restante da paisagem. Ribeirão Peixe Tolo Continuando a descida fui à direita na bifurcação para atalhar para a estrada abaixo já na direção do cânion. Caminhei apenas 100m pela estrada e entrei na trilha à direita com placa indicando o caminho do cânion. Desci bastante, cruzei um riachinho e às 12h55 adentrei a mata ciliar do Ribeirão Peixe Tolo. Cruzei um córrego e saí da mata. Parei um instante para ver de perto um casebre muito rudimentar à esquerda da trilha, com paredes de taipa e no interior camas de varas. Depois passei por outra faixa de mata, atravessei outro regato num pulo, entrei novamente na mata, outro riacho e às 13h39 chego a um belo recanto do interior do cânion, uma grande piscina natural, onde termino a minha exploração pois a partir dali não encontrei mais trilha. Se quisesse chegar à cachoeira mais ao fundo teria de seguir saltando pedras por centenas de metros, o que não estava nos planos para essa caminhada. Enchi os cantis pois não encontraria água boa até o final do dia. Depois de um lanche e muitas fotos do rio e dos paredões ao redor, iniciei a volta às 14h54 pela outra margem, cruzando o rio sem dificuldade (e sem tirar as botas). A trilha não é tão aberta e pisada quanto a da margem esquerda, por onde cheguei, mas não oferece problema. De novo uma sucessão de faixas de mata e pequenos regatos até que saio da mata ciliar do Ribeirão Peixe Tolo, porém após uma tronqueira (que estava aberta) o reencontro numa de suas curvas. Novamente atravessei-o pelas pedras sem tirar as botas e fui para a direita pela margem de pedrinhas até reencontrar a trilha. Na bifurcação hesitei entre a direita e a esquerda pois queria evitar a casa logo acima, mas não tive como não passar pelo quintal dela. Saí discretamente pela porteira, subi o calçamento e ganhei a estradinha pela qual cheguei, passando por aquela placa que indica o caminho do cânion às 15h44. Meu objetivo agora era conhecer a Cachoeira Rabo de Cavalo, cuja queda mais alta já era visível. Subi pela estradinha, que teve uma parte plana e depois desceu até uma porteira preta com uma placa velha de boas-vindas à reserva particular do Peixe Tolo. Cruzei-a e descendo à direita quem ressurge? De novo ele, o Ribeirão Peixe Tolo, só que desta vez um pouco mais largo e fundo, me obrigando a tirar as botas. Na subida que se segue passo por um bar à direita que fica exatamente no final de uma estrada de terra. A estrada faz uma curva de 90º à direita acompanhando uma cerca, mas 50m depois a abandono em favor de uma trilha à direita que continua acompanhando a cerca. Passei por uma abertura numa cerca que atravessa o caminho e na bifurcação preferi subir à esquerda. Após uma pinguela encontrei um cruzamento de trilhas e fui para a direita, saindo numa outra estrada de terra ao lado de uma casa verde às 16h42. Ali topei com um funcionário do Parque Estadual Serra do Intendente, que me informou que a cachoeira tem horário de visitação, e naquele dia já não seria mais possível. Perguntei-lhe onde poderia acampar e ele me disse para ir até o trailer fixo (sem rodas) que fica no início da trilha da cachoeira e aguardar pelo Sérgio, outro funcionário (posso estar enganado quanto ao nome pois não anotei). Desci pela estradinha até um córrego, atravessei-o pelas pedras e fui para a esquerda seguindo a placa de "Rabo de Cavalo". Esse é um afluente do Córrego Teodoro, que é o rio da cachoeira. Na bifurcação fui para a direita e cheguei ao trailer às 17h. A casa do Sérgio fica ao lado. Ele não demorou a chegar e já sabia pelo rádio que eu o aguardava. Disse que eu poderia acampar somente na área particular que pertence a ele, não na área do parque logo ao lado, e que cobraria uma "mixaria", mais exatamente R$30 sem direito a uso do banheiro... negociei e consegui baixar um pouco esse valor. Altitude de 694m. Nesse dia caminhei 14,3km (descontados os erros e explorações). Cachoeira Rabo de Cavalo 5º DIA: DA CACHOEIRA RABO DE CAVALO À VILA DO TABULEIRO As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/CircuitoTresIrmaosEPeixeToloSerraDoCipoMGAbr155Dia Desmontei o acampamento e deixei a cargueira na casa do Sérgio às 8h32 para visitar a cachoeira. Não é cobrada nenhuma taxa de visitação. A trilha começa à direita do trailer, desce um pouco e segue para a direita na bifurcação. Atravessei o Córrego Teodoro duas vezes pelas pedras e cheguei à cachoeira às 9h07. Das duas quedas paralelas havia praticamente só uma, a da direita, que vem de um córrego mais volumoso. A da esquerda eram só respingos. Mesmo assim o conjunto todo é encantador, com o sol da manhã batendo nos paredões. Tirei fotos e voltei pelo mesmo caminho. Peguei a mochila, abasteci os cantis com água gelada do Sérgio e comecei a caminhada em direção à vila do Tabuleiro às 10h14. Ele me ensinou um caminho para evitar uma grande volta que daria pela estrada. Saí de sua casa por uma trilha no sentido leste, cruzei uma estrada, logo depois uma porteira e me aproximei de uma casa ainda a leste. Desci acompanhando a cerca à direita da casa até cruzar uma porteira e atravessar o riacho (afluente do Córrego Teodoro) pelas pedras. A trilha subiu toda a encosta, bifurcou (fui à direita) e às 10h55, após tomar uma chuva passageira, alcancei uma estradinha que deve ser muito pouco usada, exatamente onde há uma porteira. Fui para a direita para tomar o rumo sul de vez e para trás vou deixando a bonita paisagem dos vales dos rios Teodoro, Peixe Tolo e Parauninha. A estrada subiu, desceu e numa curva à direita bifurcou. Fui para a direita subindo. Cruzei uma porteira de arame com porteirinha de madeira do lado. Em seguida desci, na bifurcação fui à esquerda e cruzei um riacho (afluente do Córrego Teodoro), com a estrada virando uma trilha larga e subindo de novo. Dali ainda tenho visão para trás da trilha de descida da serra e da entrada do Cânion do Peixe Tolo. A trilha desembocou novamente na estrada, bem numa curva, e fui para a esquerda. Mais 90m e subo à esquerda de novo (onde à direita se vê uma porteira logo à frente). Às 12h02 cheguei a uma estrada um pouco mais larga (essa com marcas de pneu) e uma casa com mangueiras à esquerda, mas fui à direita, descendo. Aos poucos minha direção vai mudando de sul para sudeste. Cruzei outra porteira de arame com porteirinha de madeira do lado e fui para a direita na bifurcação, passando por outra porteira de arame. A estrada se converte em trilha e ao alcançar outra porteira uma estradinha entronca à direita e uma trilha desce à esquerda, mas continuei em frente. Mais uma porteira+porteirinha (o pessoal por aqui gosta disso... rs) onde outra trilha desce à esquerda (para trás), mas continuo em frente por trilha também e avisto uma casa com varanda uns 200m à esquerda. Cruzo uma porteira preta com vista para o vale à esquerda (mata fechada à direita). Reparo numa cruzinha fincada à direita da trilha. Para trás ainda vejo o alto do paredão que serve de portal para o Cânion do Peixe Tolo. E para a frente já avisto o cume da Serra das Três Barras, em cujos pés passaria no dia seguinte. Desci e cruzei por uma ponte o Córrego da Cerca, cujo vale estava à minha esquerda havia algum tempo, mas não peguei da água por causa do gado próximo. Volto a subir com cercas e pastos de ambos os lados e uma casinha na encosta à esquerda. Cruzo outra porteira+porteirinha e no alto, quando a trilha vai se alargando, surge uma outra mais estreita porém bem marcada acompanhando a cerca à direita. À direita desse paredão está o Cânion do Peixe Tolo, à esquerda a Cachoeira Rabo de Cavalo Nesse alto tenho uma visão privilegiada dos arredores, com alguns pontos de referência: topo da Cachoeira do Tabuleiro ao sul, Serra das Três Barras a sudeste, topo dos paredões do Cânion do Rio Preto a oeste, topo do paredão que serve de portal para o Cânion do Peixe Tolo a noroeste. Resolvo tomar a trilha mais estreita da direita na esperança de descer mais rapidamente ao caminho da Cachoeira Congonhas, atrativo que devo visitar antes do Tabuleiro. Mas acho que não fiz bom negócio pois ela simplesmente acompanhou o trajeto da trilha acima, e numa posição mais baixa e enfiada na mata, o que me prejudicou a visão da paisagem de montanhas que ia se abrindo à direita. Reencontrei a trilha acima numa porteira, onde uma estrada termina. Desci pela estrada 215m e na curva fechada para a esquerda cruzei uma porteira à direita com uma placa indicando a Cachoeira Congonhas a 3km (no meu gps deu 2,7km). Eram 13h24. No alto do morrote, a menos de 100m, está o cemitério do Tabuleiro. Desci pela trilha indicada pela placa, cruzei um trecho de mata e finalmente encontrei água boa, numa bica bem na saída da mata. Continuei descendo e tomei a esquerda pois a direita parece levar às casas. Passada uma porteira, cruzo o Rio Preto pelas pedras e entro na mata, onde imediatamente encontro uma bifurcação. A direita leva a uma prainha do rio, então continuo pela esquerda. Mais alguns passos e tomo a direita seguindo a placa, saindo em seguida da mata e acompanhando o manso e bonito Rio Preto à minha direita. Cruzo um afluente seu pelas lajes, depois outro afluente, e desço enfim às lajes da margem direita do Rio Preto. Deixo a cargueira ali pois a passagem por uma paredinha seria complicada com ela. Subo pela margem por 100m e encontro outro córrego vindo da esquerda, exatamente da Cachoeira Congonhas. Cruzo-o pelas lajes e me deparo com outra placa, que indica a cachoeira à esquerda e o Cânion do Rio Preto à direita. Tomo a trilha à esquerda e em 11 minutos estou no poço da Cachoeira Congonhas, às 14h39. É a segunda vez que venho aqui e a vejo com muito pouca água... e ainda estamos em abril! Logo inicio o retorno e na placa apenas observo o Rio Preto na direção do cânion pois sua exploração tomaria um bom tempo e não estava no programa dessa caminhada. Na volta parei nas lajes à beira do rio para descanso e lanche (e contemplação daquele aprazível local, claro) por 40 minutos. Refiz o mesmo caminho (onde cruzei com dois caboclos com varas de pescar) e às 16h52 estava na estrada novamente. Após a porteira da placa da cachoeira, desci e tomei a direita, passando outra porteira. Às 17h11 vem da direita a estrada que desce do Parque Natural Municipal Ribeirão do Campo, onde fica a famosa Cachoeira do Tabuleiro, como confirmam as placas. Cinco minutos depois passei pela capela da vila (no alto do gramado à esquerda) e fui parar no Restaurante Rupestre, dos meus amigos de longa data Gil e Solange, para matar a saudade e colocar os assuntos em dia. Altitude de 648m. Nesse dia caminhei 19km (descontados os erros e explorações). Rio Preto 6º DIA: DA VILA DO TABULEIRO AO ALTO DA SERRA A CAMINHO DA FAZENDA CAPIVARA Meu objetivo era completar esse grande circuito pela porção norte da Serra do Cipó voltando à rodovia MG-010 por trilhas a partir do Tabuleiro. Estudei uma forma de pegar o mínimo possível de estradinhas, discuti a rota com o Gil e resolvi que iria terminar a caminhada no Alto do Palácio (desde que não tivesse problemas para sair pela Fazenda Capivara). Dali teria alguns horários de ônibus da viação Serro e da Saritur para voltar a BH. Preferi esse caminho ao usado pelo pessoal do pedal, que alcança a MG-010 num local chamado Campo Redondo, por este ter muito mais estrada de terra/cascalho. Porém a chuva e garoa me seguraram no Tabuleiro mais do que eu planejava ficar. Com a melhora do tempo, resolvi sair do Tabuleiro às 15h30 da Sexta-feira da Paixão, quando o vilarejo já estava ficando barulhento demais para mim. Saí do Restaurante Rupestre na direção da Pousada Gameleira. Depois do Poço do Val e da ponte sobre o Rio Preto subi à direita, retomando a direção sul. A subida é constante e aos poucos o vilarejo vai diminuindo na paisagem das montanhas. No topo passei por uma porteira e imediatamente comecei a descer. Mantendo-me sempre na estrada principal, cruzei outra porteira. Após uma curva à esquerda, passei por uma porteira (aberta) com duas casas à esquerda e uma ponte precária com um grande buraco. Dei uma guinada para a direita e após outra ponte (Córrego do Nono) comecei a subir de novo. Após várias outras porteiras e casas, cheguei às 16h49 ao final da estrada, com a casa de uma senhora à direita. Cruzei a porteira e continuei subindo pela trilha. Estou finalmente aos pés da Serra das Três Barras, avistada desde o início da tarde do dia anterior. Para trás uma vista panorâmica do caminho percorrido desde o Tabuleiro. Uns 200m após a porteira do fim da estrada entro na mata. Na próxima porteira sigo na trilha da direita por ser bem mais aberta. Passei por uma porteira caída, peguei água no riacho (a única água boa de todo o percurso de hoje) e numa bifurcação às 17h17 fui à direita, numa trilha mais estreita que a da esquerda, mas que me serve de atalho já que a esquerda é o caminho para a Cachoeira Três Barras (segundo o gps). Nesse momento troco a direção sul (grosso modo) pela oeste por algum tempo. Às 17h33 entroncou à esquerda o outro acesso à trilha para a Três Barras. Em 3 minutos cruzei uma porteira e passei a caminhar por uma crista com vista aberta para os dois lados, inclusive da vila do Tabuleiro, já a quase 5km (em linha reta). O horário me obrigava a procurar um local para o pernoite e foi ali perto da porteira mesmo, com vista para o Tabuleiro quando a neblina deixava. Altitude de 1091m. Nesse dia caminhei 7,4km (descontados os erros e explorações). Cachoeira Congonhas 7º DIA: DO ALTO DA SERRA À FAZENDA CAPIVARA As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/CircuitoTresIrmaosEPeixeToloSerraDoCipoMGAbr157Dia Levantei acampamento às 7h04 com a intenção de chegar à MG-010 a tempo de pegar o ônibus da viação Serro que passa pouco antes das 15h. Da porteira percorri a crista citada e, numa curva à esquerda, antes de começar a descer, entrei numa porteira de ferro à direita e tomei a trilha estreita subindo suavemente pela crista de pasto. Poderia ter seguido em frente (e não à direita na porteira), mas iria subir e descer mais, num trajeto mais longo. Cruzei outra porteira de ferro e às 7h32 atinjo o alto, com os campos se abrindo em muitas direções. Uma placa azul muito velha à direita da trilha diz "entrada proibida - propriedade particular" enquanto ao lado uma trilha dupla leva à parte alta da Cachoeira do Tabuleiro, que fica a apenas 1,5km ao norte dali. Nesse local tenho a última visão da vila do Tabuleiro. Quebrando o isolamento do lugar, surge uma casa um pouco distante à esquerda. Cruzo um riacho às 7h50 que corre para o vale do Córrego Lambari à esquerda (essa é a primeira água do dia, a próxima só daí a 4h). Tomo a direita na bifurcação evitando uma poça de lama à frente, mas não escapo do brejo a seguir. Cruzo uma porteira de ferro e subo pelas lajes rochosas, logo chegando a um "estacionamento". Explicando: é um final de estrada onde os donos de 4x4 (e outros loucos donos de carros baixos) deixam os veículos para caminhar ao alto da Cachoeira do Tabuleiro. Um placa ali aponta a direção da cachoeira. De baixo, à esquerda (oeste) vem uma trilha, é aquela que abandonei na porteira de ferro e que faz um trajeto mais longo, pela parte baixa e passando por algumas casas. Por algum tempo (2h15min para ser mais exato) vou caminhar pela estradinha precária. Ali retomo a direção sul, que manterei até o final da caminhada (grosseiramente falando, já que há pequenas variações). Cruzo duas porteiras, atravesso uma faixa de mata e às 8h50 passo uma porteira azul, caindo em outra estrada, onde vou para a esquerda (à direita voltaria para o alto da Serra do Abreu). Acompanho uma cerca à minha esquerda e cruzo uma porteira de ferro com muitas vacas. Olhando para a direita (um pouco para trás) surgem o Pico do Breu e os Três Irmãos, numa ligação visual com o princípio dessa longa caminhada. Na descida cruzo com dois bikers e 20 minutos depois com um grupo, num Fiat Uno, meio perdido procurando a cachoeira. Às 10h02 passo por uma placa do Parque Estadual Serra do Intendente, num local que parece ser o seu limite mais ao sul. Às 10h26 uma bifurcação importante: à esquerda, depois da porteira de ferro verde, iria para o Campo Redondo, de onde vem esse pessoal de carro e bicicleta. Eu, para evitar mais estradinha, tomei a direita (oeste) antes da porteira e arrisquei sair pela Fazenda Capivara, onde parece que trilheiros não são muito bem-vindos. Acompanhei uma cerca à minha esquerda e no alto uma bifurcação: fui para a esquerda (sul) cruzando a porteira de madeira (à direita há uma outra de ferro). Ao me aproximar de um morrote à frente a trilha quebra para a esquerda, com outra porteira, e o contorna. Sigo outra cerca à direita e alcanço às 11h12 uma porteira (com cadeado) que dá acesso a uma estradinha, onde vou para a direita (depois descobri que à esquerda sairia em algum ponto da MG-010 também). Ao me aproximar de outro morro baixo, desprezo uma trilha dupla que sai à esquerda e o contorno pela direita. Na próxima bifurcação o caminho mais natural é o da direita, mas o meu é para a esquerda, ao lado da erosão. Cruzei três riachos (um deles com um tronco como pinguela, e todos afluentes do Córrego Criciúma) e numa curva bem fechada da estradinha poderia ter atalhado pelo capim baixo à esquerda (não vi trilha). Mais dois riachos e às 12h37 me deparo com o vão deixado por uma ponte que não existe mais, mas a travessia do córrego pelas lajes foi fácil pela esquerda. Uns 100m depois a mesma situação, porém dessa vez tive que cruzar uma cerca por baixo para atravessar o córrego. À minha direita surge o receptor de todas essas águas, o Córrego Criciúma. E às 12h52 um momento tenso e inesperado da caminhada: a ponte sobre o largo e fundo Ribeirão Capivara não existe mais. Era bem alta e só ficaram as bases em cada margem. E agora, onde atravessá-lo? Procurei à direita mas a confluência com o Córrego Criciúma complica ainda mais a situação. Subi então para a esquerda da ponte até encontrar um local em que o rio não fosse muito fundo e de correnteza, e com alguma possibilidade de saída do outro lado. Só achei um lugar assim cerca de 300m rio acima. Tirei as botas, arranjei um cajado e atravessei o rio sem dificuldade, mas fica o aviso de que com chuva essa travessia não deve ser possível. Na outra margem a mata ciliar não era muito fechada, foi só cruzar uma cerca por baixo, ganhar o campo e retomar a trajetória da trilha junto aos restos da ponte às 13h35. E agora correr para não perder o ônibus pois essa manobra me tomou um tempo precioso. Às 13h47 avistei uma das casas da Fazenda Capivara bem abaixo e cheguei a uma estrada, que à direita leva a ela. Mas subi à esquerda, onde havia um carro estacionado. Saí dali o mais rápido possível, encontrando outro carro parado no caminho. Às 14h18 alcancei enfim a porteira da fazenda na MG-010, com tempinho para um lanche antes de embarcar no ônibus da viação Serro, que passou às 14h45 com destino a Belzonte. Altitude de 1389m. Nesse dia caminhei 24,7km (descontados os erros e explorações). Total da caminhada: 118,6km Serra da Lapinha (ou Serra do Breu) Informações adicionais: As empresas que fazem São Paulo-Belo Horizonte são a Cometa (http://www.viacaocometa.com.br) e a Gontijo (http://www.gontijo.com.br). Para subir a serra após Cardeal Mota deve-se pegar em Belo Horizonte: 1. qualquer ônibus da viação Serro (http://www.serro.com.br) que vá para ou passe em Conceição do Mato Dentro: seg e qua: 6h, 8h, 9h, 13h, 15h, 17h ter e qui: 6h, 8h, 9h, 11h, 13h, 15h, 17h sex: 6h, 9h, 13h, 15h, 17h, 19h, 20h sáb: 6h, 8h, 10h, 13h, 15h, 17h dom: 6h, 8h, 9h, 13h, 15h, 17h, 19h, 21h 2. as linhas da empresa Saritur (http://www.saritur.com.br) que vão para Carmésia e Morro do Pilar: seg a qui: 6h30, 14h sex: 6h30, 14h, 18h45 sáb: 6h30, 14h, 16h45 dom: 6h30, 20h Do Alto do Palácio/Fazenda Capivara para BH os horários são aproximados (segundo informações do posto de atendimento ao turista de Cardeal Mota): 1. viação Serro: seg e qua: 8h, 9h30, 11h, 11h30, 15h, 16h30, 19h ter, qui e sáb: 8h, 9h30, 11h, 11h30, 15h, 19h sex: 8h, 9h30, 11h, 11h30, 15h, 16h30, 19h, 20h30 dom: 9h30, 11h30, 15h, 16h30, 17h30, 19h 2. viação Saritur: diário às 9h15 Para quem for terminar ou iniciar essa (ou outra) travessia na vila do Tabuleiro os horários de ônibus são bem escassos: . Tabuleiro-Conceição do Mato Dentro: seg, qua, sex e sáb às 8h (exceto feriados) . Conceição do Mato Dentro-Tabuleiro: seg, qua, sex às 15h, sáb às 14h (exceto feriados) O site do Parque Estadual Serra do Intendente é http://www.ief.mg.gov.br/areas-protegidas/249. Cartas topográficas: . Baldim: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS%20-%20RJ/SE-23-Z-C-III.jpg . Presidente Kubitschek: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS%20-%20RJ/SE-23-Z-A-VI.jpg As denominações de rios e serras usadas aqui foram extraídas das cartas topográficas do IBGE e podem não coincidir com as denominações dadas pelos moradores da região, ou podem mesmo estar erradas. Rafael Santiago abril/2015 http://trekkingnamontanha.blogspot.com.br Percurso completo na imagem do Google Earth Percurso do 1º dia (esq) e do 7º dia (dir) na carta topográfica Percurso do 2º dia (esq) e do 6º dia (dir) na carta topográfica Percurso do 3º dia (esq), do 4º dia (alto) e do 5º dia (dir) na carta topográfica Citar
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