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Quilombo de Bombas, no Vale do Ribeira (SP)


MariaEmilia

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:arrow: Notícias Socioambientais

http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=2949

 

Quilombo de Bombas, no Vale do Ribeira (SP), realiza o primeiro repovoamento de juçara

 

[align=justify]Ação do Projeto Conservação, Recuperação e uso sustentável do palmito Juçara nas comunidades quilombolas do Vale do Ribeira o repovoamento foi realizado em um quintal do quilombo, e será no futuro um pomar de juçara e um banco de sementes. O projeto já promoveu este ano dez mutirões de repovoamento em diferentes comunidades quilombolas do Vale do Ribeira, envolvendo cerca de 200 famílias, 8 mil quilos de sementes, totalizando 96ha de áreas repovoadas aproximadamente.

 

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"No passado não muito distante eram palmitos que saiam no lombo dos animais, hoje estamos entrando com sementes para recuperar o mesmo palmito", diz seu Antonio Sulno, um dos moradores de Bombas , em Iporganda, no Vale do Ribeira (SP), que cedeu uma área de seu quintal (aproximados 6 mil m²), para realização do mutirão de repovoamento no último dia 2 de setembro. No futuro, o local será um pomar de juçara que servirá como banco de sementes para outras áreas de repovoamento no quilombo.

 

E o Sr. Antonio não pretende parar por aí. Sua meta é repovoar a cada ano uma área semelhante a esta senão maior. Tudo vai depender da disponibilidade de sementes, pois vontade e força todos eles por aqui no Quilombo de Bombas tem de sobra.

 

A idéia de repovoar áreas com a palmeira juçara (Euterpes edullis) está ligada à crescente articulação regional no Vale do Ribeira em estabelecer uma alternativa de uso da espécie para extração de polpa. A polpa de juçara é muito parecida com a de açaí, largamente consumida no Brasil. A estratégia passa pela manutenção da planta em pé, e no futuro pensar em manejá-la para produção sustentável do palmito.

 

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O projeto Conservação, Recuperação e uso sustentável do palmito Juçara nas comunidades quilombolas do Vale do Ribeira é desenvolvido em parceria com 12 comunidades remanescentes de quilombo do Vale do Ribeira. Este ano já foram promovidos dez mutirões de repovoamento da juçara em diferentes comunidades, envolvendo aproximadamente 200 famílias, 8 mil quilos de sementes, o que totaliza aproximados 96ha de áreas repovoadas. Dentro de algumas semanas mais um ciclo se fechará com o encerramento das atividades de repovoamento em dois quilombos: Morro Seco, e Galvão.

 

Parque se sobrepõe ao território quilombola

 

O quilombo de Bombas se localiza no município de Iporanga-SP, e o acesso se dá por uma variante (trilha larga) sinuosa, caminhando a pé ou no lombo de animais por um percurso de cerca de seis quilômetros até o primeiro agrupamento de casas. Está situado sobre uma formação geológica peculiar, caracterizada por uma das regiões mais ricas em cavernas do país. Bombas ainda não é uma área oficialmente decretada como remanescente de quilombo, e hoje vive um impasse, pois o Parque Estadual e Turístico do Alto Ribeira – (Petar) se sobrepõe a uma parte do território quilombola.

 

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Embora para alguns a presença de comunidades rurais em áreas florestais pode ser uma “ameaça” à preservação dos recursos naturais, os agricultores tradicionais quilombolas vêm provando o contrário, por meio da discussão de alternativas produtivas agroecológicas como meio de produção.

 

O repovoamento da juçara vem confirmar as intenções da comunidade em trabalhar com outro olhar sobre os recursos naturais da Mata Atlântica, aliando a preservação ambiental à produção agrícola e florestal.

 

É importante perceber que os quilombolas de Bombas estão desenvolvendo um sistema de uso e ocupação do solo peculiar a seu território, adotando sistemas produtivos de base agroecológica, como agrofloresta, criação de abelhas nativas sem ferrão, e ainda contribuindo para a recuperação de uma espécie chave da Mata Atlântica, a palmeira juçara, que há anos vem sendo ameaçada pela extração ilegal do palmito.

 

No passado, as comunidades de agricultores tradicionais usavam os recursos naturais de outra forma, pois a escassez era um fator muito remoto. Mas hoje observando o que acontece dentro e fora de seus territórios as comunidades quilombolas, preocupadas com suas gerações futuras, recriam seus sistemas produtivos utilizando-se do manejo florestal e da agroecologia.[/align]

 

ISA, Marcos Fróes Nachtergaele.

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