Colaboradores Porreca Postado Agosto 8, 2015 Colaboradores Postado Agosto 8, 2015 Minha intenção com esse texto não é falar de novo sobre a questão "mochileiro vs turista". Também não é um relato da hospedagem e nem uma avaliação do local. Quero somente falar da minha experiência com um resort all inclusive, das diferenças que notei desse tipo de turismo para aquele que eu estou habituado a fazer considerando desde a hospedagem até as atividades diárias. Muita gente vem até o Mochileiros com receio de que esse estilo que nós geralmente adotamos seja muito roots, agressivo ou até mesmo inseguro. Talvez oferecendo uma comparação sem preconceitos com um tipo muito requisitado de viagem esse pessoal tenha subsídios pra decidir se vai encarar um mochilão ou não. O pré-viagem Primeiro vou situar o caso. Eu e minha esposa queríamos relaxar sem nos preocupar muito. Passamos um período tenso e não estava muito afim de planejar um mochilão e nem sabia se teria condições físicas pra executar o planejamento (meus mochilões geralmente envolvem andar muito durante todo o dia). A gente queria poder relaxar parado ao lado do quarto caso fosse possível. Pensamos um pouco, analisamos as opções, e como nunca tínhamos ido num resort all inclusive, decidimos por esse tipo de hospedagem. Procuramos um mais perto de casa e surgiu como boa alternativa o Vila Galé Eco Resort Angra. Tem uma boa nota nos sites de avaliação e reserva (Trip Advisor e Booking) e também foi bem indicado por amigos que já se hospedaram lá. Nas avaliações eu vi a primeira diferença para o que eu estava acostumado da vida de hostels. As avaliações pareciam ser extremamente rigorosas. Por exemplo, uma pessoa disse que o problema do hotel era que a camareira tinha ido arrumar o quarto por volta das 16h e que isso tinha atrapalhado o descanso da tarde dela. Tinha outras do mesmo tipo. Já nas avaliações de albergues, um lugar q o único problema fosse o horário da limpeza a nota seria muito maior. Aí não sei se o pessoal das avaliações de albergues que é muito tranquilo ou se a galera do resort que é criteriosa demais. Na primeira pesquisa o preço para 4 diárias estava em torno de R$4000,00 para o casal. Essa foi outra grande diferença já que nesse valor faria um baita mochilão pra muito lugar incrível. Demorei cerca de 20 dias pra me decidir e nesse tempo, sabe-se lá porquê, o preço caiu pra R$2868,00. Ainda era um valor alto, mas já ajudou. A estadia Eu já tinha ouvido falar das filas dos resorts all inclusive em alta temporada e esse não foi diferente. Pelo que o pessoal da recepção comentou conosco, a ocupação estava em torno de 95%, então não teve como escapar das filas a todo momento. Mas nada que me incomodasse. Porém algo que me incomodou um pouco foi como os hóspedes lidavam com isso. Sempre enfrentei filas e refeitórios cheios em albergues também e a atitude num geral sempre foi do tipo "tá lotado e não tem lugar na mesa, mas a gente aperta aqui. Senta com a gente!". No hotel a atitude estava mais para "estamos só em 3 numa mesa pra 8, mas nem venha olhar pra esses lugares vazios!". As pessoas realmente estavam competindo pelas coisas. A fila do buffet era algo até engraçado. A comida era reposta antes mesmo de acabar, mas mesmo assim as pessoas agiam como se a comida fosse acabar a qualquer momento. Em albergues já vi as pessoas competirem por comida, mas era sempre pela janta grátis super limitada que alguns hostels oferecem. Outra diferença bem grande foi a impessoalidade de tudo. Num albergue as pessoas estão sempre muito dispostas a socializar. Sempre se conhece gente nova e muitas vezes as pessoas ficam nos albergues justamente para fazer novos amigos. Lá não houve socialização além de alguns “bom dias”. As pessoas estavam concentradas em suas famílias ou grupos de amigos e não estavam dispostas a ir além disso. No começo eu até tentei conversar com um ou com outro mas o papo ficou sempre parecendo aquela conversa de consultório médico. Sabe como? Sempre rasa, sem falar muito e meio sem graça. Depois de um tempo eu deixei pra lá esse lance, já que parecia não ser muito o ambiente mesmo pra isso. Havia alguns passeios e serviços pagos a parte. Mas achei os valores meio altos. Me pareceu que eles aproveitam que você estava lá dentro e dificilmente iria até a cidade de Angra pra contratar um passeio de lancha ou semelhante e cobram valores mais altos que os usuais. Fiz um passeio de lancha que foi bem divertido e bacana, mas fiquei com a impressão de que era simplesmente algo para turista ver. Do mesmo jeito que na maioria dos albergues que eu já fiquei o atendimento foi muito bom. Mas num hostel tudo parece ser mais informal. Lá o atendimento era bom, mas sempre impessoal. Fui chamado o tempo todo de “Senhor” enquanto num albergue sempre me chamam de “cara” ou qualquer equivalente. Sinceramente não me importo com a palavra que usam pra falar de mim, contanto que sejam educados. Então os dois tratamentos me agradam. É claro que o tratamento mais pessoal do albergue traz uma sensação maior de acolhimento, mas depois de não conseguir conversar com ninguém, eu não esperava que os funcionários fossem ficar meus amigos. Vale lembrar que em hostels isso já aconteceu. Tenho no meu facebook diversas pessoas que trabalhavam nos albergues que me hospedei por aí. Agora, é claro que a parte do conforto é inegável! A cama era tão grande que eu rolava duas vezes pra poder abraçar a minha esposa. Sem contar que a comodidade de andar 50 metros pra chegar na praia também é um baita diferencial. Comida e bebida sempre à vontade. Pra quem estava com crianças a partir de 4 anos tinha vários monitores que ocupavam o tempo da molecada o dia todo, deve ser uma folga muito bem vinda pros pais de férias. O local também era muito bonito. Não que os albergues sejam lugares feios, desconfortáveis e mal localizados, mas a comparação nesse caso é brutal. Por mais confortável que seja uma cama de albergue ela não se compara a uma cama King Size no quesito conforto. O quarto sempre muito limpo e o banheiro bem espaçoso são recursos que agradam a qualquer um. Podem não ser essenciais, mas se estiverem disponíveis qualquer um gosta. No final das contas minha avaliação foi positiva com ressalvas. Como sempre dizemos, existem diversos tipos de viagem para diversos tipos de viajantes. Eu dificilmente viajaria assim novamente num futuro próximo. Minha prioridade como viajante geralmente é conhecer o lugar para onde vou. É um turismo mais de exploração do local. Gosto de ver os habitantes locais, conversar com eles, saber como vivem, o que comem (às vezes até assisto o Globo Repórter pra saber disso). Conhecer a história local é sempre a parte mais incrível da viagem pra mim. Por isso, ir pra um lugar pra ficar alguns dias “preso” só comendo, bebendo e dormindo não é muito pra mim. Mas foi muito válido porque nessa viagem nós queríamos fazer justamente isso, comer, beber e dormir. Outra dessa só daqui uns bons anos. Mas imagino que para pais que estejam cansados da bagunça da criançada possa ser uma boa opção, já que as crianças tem muitas atividades e acabam deixando os adultos livres pra descansar de verdade, num local seguro e sem estar longe deles. Também pra quem não quer ter preocupação nenhuma com nada, um resort desses é uma boa opção. Na minha opinião a relação custo-benefício não é a melhor. Acredito que o preço supera um pouco os benefício. A gente acaba pagando pela exclusividade e status do tipo de viagem, que são coisas que não fazem a menor diferença pra mim. De qualquer forma, também não foi tanto assim. Valeu a pena. No último dia confesso que queríamos mais uns dias por lá. É isso ai, fiquem à vontade pra comentar sobre suas próprias experiências com hospedagens não mochileiras!
Membros Van.Gemix Postado Janeiro 15, 2016 Membros Postado Janeiro 15, 2016 Adorei o Relato! Obrigada
Membros Ledilene Postado Janeiro 20, 2016 Membros Postado Janeiro 20, 2016 Muito bacana compartilhar este relato, Porreca!! :'> Acho all-inclusive válido quando o local a se hospedar possui atrativos suficiente para que não haja necessidade de sair pela cidade (e a intenção é esta); Ou quando, assim como o seu propósito, procurar um local de relaxamento e descanso do dia a dia, sem perder um pouco do conforto que podemos ter em nossa própria casa. Sem contar que um dos pontos mais interessante do all-inclusive é o fato de o hóspede, a princípio, possuir um valor de gastos fechado para a viagem.
Colaboradores filipelyrio Postado Janeiro 23, 2016 Colaboradores Postado Janeiro 23, 2016 Obrigado por compartilhar conosco esta experiência. Só completando, acho tão chato esta coisa de mochileiro x turistas...pq no fundo durante uma viagem ficamos alternando entre um e outro perfil não é mesmo? ... o que importa é o espírito, como a questão da fila para as refeições que você contou rs.
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