Membros Maria Cecilia dos Santos Postado Agosto 4, 2015 Membros Postado Agosto 4, 2015 Tive a oportunidade de visitar a Romênia, mais precisamente a cidade Bucareste, a cerca de dois meses atrás. Infelizmente, só tive três dias para explorar o local, mas como o destino é meio incomum, vou deixar meu relato aqui com algumas impressões sobre o lugar e dicas. Do lado de fora ouvíamos, através de um auto-falante, palavras e cantos entoados em uma língua desconhecida, impossível de entender, agradável aos ouvidos. Do lado de dentro, o cheiro de incenso era forte e marcante, a iluminação vinha de candelabros que pendiam do teto e refletiam sua fraca luz nas decorações pintadas em amarelo ouro nas paredes e da luz natural que passava por aberturas no domo. No centro, homens vestidos com roupas ricamente adornadas, também em amarelo ouro comandavam o ritual. Ao redor algumas pessoas ajoelhadas em posição de penitência e outras em pé, com expressão compenetrada. Os ícones, representações sacras pintadas em painéis de madeira, estavam por toda parte, decorando o local e pareciam observar a cerimônia também. Tratava-se de uma missa na Igreja Ortodoxa considerada a mais antiga de Bucareste, a Church of the Old Princely Court, construída entre 1.558 e 1.591, usada no passado como local para as cerimônias de coroação. E assim, iniciamos nossa visita a Bucareste, a capital da Romênia. Com cerca de 20 milhões de habitantes, vivendo em um território pouco menor que o estado de São Paulo, a Romênia foi originalmente habitada por tribos antigas (os Dácios), após séculos de invasões por vários povos e disputas territoriais, nasceu a Romênia como conhecemos hoje. Depois de passar pela Primeira Guerra, na qual lutou ao lado da Tríplice Entente e da Segunda Guerra Mundial, tornou-se um estado comunista, sob controle militar e econômico da URSS até 1.958, passou amargos anos sob o domínio do ditador Nicolae Ceauscescu, até derrubá-lo em 1.989, iniciando sia transição para a democracia. Parte da União Européia desde 2.007, caminham lentamente rumo a reconstrução da cidade e da vida dos romenos. A capital e cidade mais populosa do país é Bucareste, um lugar curiosamente constratante, de um lado, ruas charmosas com bares e resturantes bonitos e divertidos, prédios antigos com arquiteturas belíssimas e parques verdes e bem cuidados, do outro prédios deteriorados, caindo aos pedaços e calçadas precárias. Tudo isso convivendo, intrigantemente, um ao lado do outro. Só depois de conhecer um pouco da cidade, você é capaz de entender tanto contraste. A fundação da capital está ligada ao Príncipe da Válaquia Vlad III (Vlad Tepes), mais conhecido como Vlad III, o Drácula, mencionada pela primeira vez em 1.459, a fortaleza de Bucareste teria se tornado a residência do príncipe, dando origem a cidade. Diferente do Drácula de Bram Stocker, Vlad Tepes não era um vampiro e sim um governante da região conhecido por sua politica de independência do império Otomano e famoso por sua crueldade e ferocidade. Ouvir relatos de como ele tratava os seus inimigos causa mais arrepios que qualquer vampiro. Ele costumava usar o que chamam de empalamento, atravessava a pessoa com uma lança, do ânus até a boca, tomando o cuidado para não atingir nenhum orgão vital, para que a pobre vítima pudesse agonizar por mais dois ou três dias ainda até morrer. O nome Drácula, em uma tradução livre, significa possuído pelo demônio. Bucareste é uma cidade barata, você consegue se hospedar, visitar os principais pontos de interesse e comer muito bem com pouco. A moeda romena é o Lei ( 1 Euro = 4,5 Lei). O transporte é barato e, aos meus olhos de turista, eficiente, é composto por metro, ônibus e bondes (bem antigos, sempre que via um se aproximando parecia que voltava no tempo). Não tivemos dificuldade para sair do Aeroporto Henri Coanda e chegar ao centro da cidade, há um ônibus logo na saída, de fácil identificação, ao custo de 10 Lei por pessoa. No restante dos dias nos locomovemos a pé ou de metro, a rede metroviária serve os principais pontos da cidade, as estações são bem antigas (inclusive com cheiro de coisa velha), mas os trens são novos e limpos e o preço inacreditavelmente barato, o bilhete com duas viagens saia por 5 Lei (1,13 Euro). Há, ainda, a opção dos táxis, mas depois de pesquisar um pouco e encontrar informações bem ruins a respeito desse meio de transporte, preferimos não arriscar. Toda vez que visitamos algum lugar que nunca estivemos antes, há sempre algumas coisa que nos conecta e nos faz entender por que chegamos até lá. Pode ser uma paisagem, uma música, pessoas, uma comida, as possibilidades são infinitas. Na Romênia a conexão se estabeleceu com a comida. Bem preparada, saborosa e cheirosa, a maior parte dos pratos incluía carnes e vegetais. A comida também é barata e os restaurantes e bares nas ruas antigas do centro são uma atração a parte. Visitamos um dos restaurantes mais famosos e recomendados de Bucareste, o Cara’cu Bere. Fica situado no coração da cidade, foi construído em 1.879. A decoração do interior é incrível, é um dos restaurantes mais bonitos que já visitamos, sem dúvida. Com detalhes em madeira trabalhada, pinturas no teto (como aquelas que vemos em algumas igrejas) e vitrais, cria uma atmosfera de cenário de filme, mais acentuada ainda quando você ouve o som do violino como música de fundo. A comida é deliciosa e a cerveja boa (algumas servidas em canecões de 1 litro), o atendimento é rápido e o preço excelente. Pagamos cerca de 30 Euros por uma refeição completa, incluindo bebida e sobremesa para duas pessoas. Depois dessa experiência fica fácil entender porque é o resataurante mais famoso da cidade. Não deixe de visitá-lo! Outro local interessante, tanto pela comida como pela história é uma hospedaria, situada no centro de Bucareste, construída no século 18 para hospedar viajantes que passavam pela cidade, chamada Hanul Manuc. Hoje restaurada, abriga vários restaurantes. As mesas ficam ao ar livre, o local é bastante agradável e você pode sentar ali e apreciar uma boa cerveja enquanto imagina como era a vida ali há seculos atrás. Há muitos monumentos, construções antigas e museus para se visitar. A cidade é repleta de história e cultura. Um dos prédios mais vistados, também localizado no centro, é a pequena Stavropoleos Church, construída em 1.724. O interior e o exterior são decorados com figuras representativas inspiradas em temas bíblicos. Ao lado há um pátio onde estão expostas peças antigas encontradas durante restaurações. No site oficial você pode encontrar fotos antigas e fazer um tour virtual (http://www.stavropoleos.ro/). A entrada é gratuita. Outro prédio muito famoso e que não podíamos deixar de conhecer é o famigerado Prédio do Parlamento, o maior edifício administrativo do mundo é fonte de muita controvérsia para o povo romeno. Situado no final de uma bela avenida com muito verde e chafarizes por todo o canteiro central, o prédio teve sua construção iniciada em julho de 1.984, durante o governo do ditador Nicolae Ceauscescu. Na obra foram utilizados toneladas de mármore, madeiras nobres como carvalho e cristal, foram instaladas cortinas de veludo com bordados em prata e ouro, enquanto o povo passava todas as privações possíveis (frio, fome, falta de moradia etc) infringidas pelo regime comunista. Hoje, livre do governo opressor que afundou o país, eles tentam se recompor. Por toda a cidade é possível ver obras de reconstrução que lentamente vão trazendo de volta ao povo tudo aquilo que lhes foi tirado durante os anos que estiveram sob o regime comunista. Numa das praças do centro, próximo a universidade e aos locais onde foram travadas as batalhas pela democracia, há um monumento escrito KM 0, zona livre do neocomunismo, simbolizando o fim do regime e o renascimento do país. Cheguei a Romênia, como qualquer turista, procurando histórias sobre o Drácula e coisas do gênero, encontrei muito mais que isso. Conheci um país com uma história cultural e política riquíssima, com um povo forte e que tem muito o que nos ensinar. Aqui está apenas uma amostra do que se pode ver e conhecer em terras romenas, ainda há muito mais o que explorar. 1 Citar
Membros de Honra Luka Izzo Postado Agosto 4, 2015 Membros de Honra Postado Agosto 4, 2015 Muito legal a visão que você teve da Romênia... Eu fui mais focado mesmo no Drácula kkkk... Visitei os Castelos de Bran, Castelo de Pelişor, Poenari e Pelles, fiz parapente e uma trekking até os letreiros de Brasov (monte Tampa), e uma passada rápida por Sinaia e outras cidadezinhas próximas, além da capital, Bucaresti. Citar
Membros Maria Cecilia dos Santos Postado Agosto 4, 2015 Autor Membros Postado Agosto 4, 2015 Pois é, tinha pouco tempo pra explorar o local, mas, sem dúvida, valeu a visita! Citar
Membros de Honra Luka Izzo Postado Agosto 4, 2015 Membros de Honra Postado Agosto 4, 2015 Desde criança, sempre tive vontade de visitar a Transilvânia! Realmente, vale muito a pena visitar a Romênia! Citar
Membros de Honra deiafranzoi Postado Agosto 6, 2015 Membros de Honra Postado Agosto 6, 2015 Ótimo relato! tão bem escrito e com informaçoes tao precisas que quando vi parecia que eu mesma estava lá nao Romenia andando pelas ruas! Citar
Membros Maria Cecilia dos Santos Postado Agosto 6, 2015 Autor Membros Postado Agosto 6, 2015 Obrigada! Quando está fresco na memória fica mais fácil relatar os detalhes! Citar
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