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Belém do Pará : Igreja vai reabrir ao público


MariaEmilia

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Em reforma desde 2005, catedral metropolitana de Belém passou pela maior restauração de sua história

 

Quarenta pessoas entram diariamente na Igreja da Sé, a Catedral Metropolitana de Belém. Em frente ao altar se benzem e logo se espalham por vários locais do grande templo, cuja construção foi iniciada há 261 anos, em 1748. Elas são responsáveis pela restauração e revitalização da velha Catedral, que reabrirá amanhã ao público.

 

O templo passou por uma ampla reforma, a maior desde a sua construção, em 1748, a partir de projeto do arquiteto italiano Antônio José Landi (Bolonha, 30 de outubro de 1713 - Belém, 22 de junho de 1791). Fechada para visitação desde 2005, quando teve início o projeto de reforma, é da Igreja da Sé que sai o Círio de Nazaré, no segundo domingo de outubro.

 

A obra inclui reforma do telhado e do piso; demolições, construções e instalação dos novos sistemas hidráulico e elétrico; pinturas decorativas de forros e paredes e os retábulos, e pinturas sobre telas, mobiliário, esculturas e objetos sacros.

 

Um dos trabalhos mais delicados e minuciosos é o da restauração das pinturas em tela. É nisso que trabalha Amanda Teixeira. Ela é uma das sete integrantes da equipe de auxiliares de restauração em tela, que chegou a trabalhar dez horas por dia. Estudante do curso de Artes Visuais, da Universidade Federal do Pará, ela conta que tem tido uma experiência muito positiva na Catedral, não apenas como artista, mas também como cidadã. 'É uma experiência que vou levar para o resto da vida', afirma.

 

Limpeza mecânica, química, enxerto, nivelamento, envernização e reintegração são algumas das etapas do processo de restauração. As telas, que datam do século XVIII precisaram de até cinco meses para uma completa restauração.

 

Gislande Vasconcelos é assistente de restauro de esculturas. Ela diz ser privilegiada por fazer parte do processo histórico de reforma da Catedral. 'Parece que estou contribuindo com uma parte de mim para Deus. Sei que a igreja foi feita pelo homem, mas tem um significado religioso. Por isso me sinto privilegiada', diz a católica Gislande.

 

A obra conta com a experiência do pedreiro de restauração Mário Aires, que já participou de obras em outras igrejas integrantes do patrimônio histórico de Belém, como a de Santo Alexandre e a Igreja do Carmo. 'Espero que daqui a dez ou 20 anos eu possa entrar e dizer para os meus filhos e netos que trabalhei aqui. Iria me sentir muito orgulhoso', ressalta.

 

'É bom demais trabalhar na casa de deus'

 

O eletricista José Oliveira, que acompanha o Círio de Nazaré com a família todos os anos, conta que sempre que entrar na Sé lembrará dos quase cinco anos em que ajudou a torná-la mais bonita. 'É bom demais trabalhar aqui, na casa de Deus', acrescenta. Ao falar sobre o trabalho na Catedral, o operário Fabrício da Silva cantarola um trecho da música 'Cidadão', do compositor mineiro Zé Geraldo, regravada pelo cantor paraibano Zé Ramalho: 'Tá vendo aquela igreja, moço? Ajudei a levantar...'.

 

Fé e dedicação profissional se misturam no trabalho de restauração da Catedral e mudam a vida de quem participa da obra. O baiano Sílvio Vieira, pintor de restauro há 18 anos, veio passar férias em Belém em 2008. Visitou a igreja e ali descobriu uma oportunidade de trabalho. Ajudou na reforma do teto, das paredes, das telas, molduras e imagens. Em Belém, se casou com uma paraense, com quem tem uma filha de cinco meses. 'Já sou paraense. Vou ficar por aqui. Bahia, agora, só a passeio'.

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