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Ilhabela - do Centro até Bonete (Castelhanos frustrada)


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Cheguei na ilha com um tempo estupendo - 100% de sol, melhor mesmo, só se tivesse uma nuvenzinha básica pra sofrer menos na trilha em momentos sem sombra. Mas, ao que tudo indicava do que tinha lido sobre a trilhaparecia ser uma onde quase sempre haveria sombra.

 

No primeiro dia conheci a Cachoeira do Veloso, na parte sul da ilha, mas com trilha simples, só pra me ambientar, ver em que solo estva pisando e qual clima estava respirando, no fim das contas, um passeio pra relaxar mesmo e concentrar para o primeiro dia da meia volta do outro dia.

 

Eu acordei cedo, mas decidi esperar o café da manhã do Albergue Bonnsventos onde fiquei hospedado, pra sair com o bucho cheio e preparado para o primeiro dia. O primeiro dia estava no papo, não ia ser dificil, mas queria fazer essa primeira parte bem tranquilo, sem pressa e aproveitando as paradas que sabia que havia durante a trilha.

 

Eu sabia que ia ser tranquila, porque não era uma distância absurda (aproximadamente 10km) e porque sabia que era uma trilha bem marcada, na verdade, uma antiga estrada que acabou virando uma trilha larga até Bonete (ja não passam [ou nunca passaram (?)] carros por ali).

 

Tomei o café no hostel, e as 8:30 como planejado, rumei para o ponto de ônibus. Achei chato, na ilha, que não haja linhas de ônibus que passem tanto na parte Norte como na Parte Sul da Ilha (em um itinerário só) então isso me obrigou a caminhar 1,7km do Albergue (que fica na parte Norte) até o ponto da Balsa, onde saia o ônibus para a parte sul da ilha.

 

Dei uma certa sorte, pois o ônibus passou em 10 minutos depois que cheguei no ponto, sendo que a linha que leva até Borrifos (último ponto onde o ônibus chega) só passa de 1 em 1 hora. A tarifa era de R$3,40, paguei e fiquei de boa no ônibus , primeira fase mega light da trilha, hehehe. São aproximadamente 18km de deslocamento, desde o ponto da balsa até o fim da estrada asfaltada - inicio da estrada de terra, no meio do nada.

 

Quando desci do ônibus, percebi que a trilha que eu havia pegado na internet marcava o início da trilha um bocado mais pra frente, no fim da linha para carros. Isso aumentava em 2km a minha caminhada daquele dia, passando de 10 pra 12km, mas tudo bem.

 

Comecei a andar tranquilo e com tempo bom pela estrada de terra até chegar ao início da trilha. Entrada do parque? Não sei muito bem se aquela entrada é mantida pelo parque ou se por particulares. Na hora que cheguei havia duas pessoas familiares da Fazenda da Laje, particular que fica ao lado da cachoeira. Eles me informaram que eu poderia pegar um atalho na trilha se passasse pela fazenda, só não me informaram que eu iria pagar por isso.

 

É importante salientar que a Trilha até o Bonete é livre, grátis, não se paga. Mas é que próximo a Cachoeira da Lage existe uma cachoeira, e parte do leito do rio passa ao lado de uma fazenda. Realmente passando pela fazenda você corta uma parte do caminho, pagando R$5,00 por isso. Eu decidi pegar o atalho, eram só R$5,00 mesmo. FIquei um pouco incomodado com a mulher tendo falado para eu pegar o atalho mas sem avisar que eu teria que pagar. Mas por outro lado, a placa que indicava o atalho para a fazenda deixava muito claro que se passasse por ali deveria-se pagar uma taxa, então achei ok. Eu ficaria muito puto se a placa não informasse isso.

 

A descida para a Fazenda era bem forte, se comparada a trilha em que eu estava andando até então e fiquei um pouco receoso de ter recebido uma informação errada, e depois ter que subir aquilo de volta. Mas enfim, eu já tinha andado uma boa centena de metros e então decidi ir até o fim. Acabei chegando em uma casa com uma varanda e vista incríveis. Já gostei de lá, já tinha esquecido toda aquela descida forte.

 

 

 

Buraco do Cação

É um canion-aquático, digamos. Um canion, mas onde la embaixo a água do mar entra, causando sulcos. Na Trilha do Bonete você vê esse canion por cima, tendo uma bela visão. Mas não dá pra ir na parte debaixo dele aqui não.

 

Altura: ?

Ficabilidade no Local: Não é um lugar pra se ficar. é tipo um mirante mesmo, você tira umas fotos, vê o local de cima e continua a jornada.

Vista perto do Buraco do Cação - nessa foto não dá pra ver o canion em si, mas ele está bem pertinho daí.

Eu não cheguei a ver o Buraco de perto (passei direto por causa de tempo)

 

 

Logo fui avistado pela dona Nice, a simpática felizarda dona daquela casa que recebia hóspedes e visitantes. A Fazenda da Lage.

 

Lá nada mais é do que a morada dessa simpática senhora, ela aproveita pra ganhar um sustentinho oferecendo bebidas e lanches e para os mais afortunados, acomodação: camping ou suites (estas últimas por R$50,00). São quartos compartilhados tipo albergues. O Lugar é mágico, vale a pena uma parada por ali, além do que você vai poupar um trechinho da trilha (mais detalhes de distancia no artigo deste relato - acima).

 

Logo percebi que a Dona Nice gostava de uma prosa, eu papeei com ela enquanto secava minhas longas gotas de suor, apesar de ainda ater andado poucos quilometros do total do dia. Ela comentou sobre as grandes chuvas que vinham acontecido e como ela ficava isolada nesses tempos, a luz acabava, e a estrada ficava intransitável para os esparsos 4x4 que se aventuravam por ali (como o de seu filho que vinha lhe trazer bebidas, cigarros e mantimentos em geral :-D)

 

Nice me falou o que eu poderia visiar ali perto da sede da fazenda, e enquano isso me contava alguns casos, me contava de seus filhos, me contava de como foi o natal isolado do mundo depois uma forte chuva que acometeu o litoral norte de SP e por aí ia. Eu não pude escutar tudo que ela teria a contar, pois isso renderia pelo menos uma noite por lá, tive que pausar nossa prosa, para descer, então, até o Lago Dourado, uma das atrações da Fazenda.

 

Comprei uma água geladinha para recompor o suor perdido, deixei o mochilão aos olhos de Dona Nice, cuidados na varanda da Fazenda, e fui conhecer o Lago Dourado.

 

Que lugar?

 

Lago Dourado

É mais poço que queda. A queda é bem singela, baixinha e rasteira. O poço também é pequeno. O que vale mais aqui mesmo é a bela visão do rio encontrando com o mar, por entre as pedras. Belo e calmo local.

 

Altura: 1m

Tamanho do Poço: 5mx3m

Profundidade do Poço: 1,5m

Pulabilidade no Poço: Básica. É um poço pequeno, não é pra pular muito.

Nadabilidade: Boa. Poço pequeno, mas bem agradável pra entrar e refrescar.

Ficabilidade debaixo da queda: Não. A queda é quase inexistente.

Ficabilidade no Local: Muito boa. Consideramos esse o melhor lugar pra você gastar um tempinho, dentre os atrativos, de todos os conhecidos indo pra Bonete.

Capacidade: 6 pessoas

 

Eu não sei o que foi, se foi o tempo abafado, ou se já esstava muito cansado do peso da mochila, mas aquele lugar pra mim foi paixão a primeira vista. Assim, talvez nada demais mesmo frente a tantas cachoeiras que já conheci, tratava-se apenas de uma porção do leito do Rio da Cachoeira da Laje (mas essa porção ficava mais abaixo da cachoeira), e ali tinha alguma quedinhas (pequenas) e poços MUITO agradáveis para se nadar. Além disso, dava pra ver lá embaixo o rio se encontrando com o mar. Que lugar insanamente bonito.

 

Eu já havia visto outros encontros de rio com o mar, só que esse era diferente, porque o rio encontrava lá embaixo tipo , seguindo um rio de pedras até o fim, uma cena bem diferente e muito bela mesmo. Rendeu algumas fotos legais.

 

Eu me recuperei 100% com aquele banho em temperatura muito agradável, de água doce, e depois de 40minutos voltei a sede da Fazenda. Estava um pouquinho atrasado, segundo o meu plano, por causa daqueles 2km iniciais. Comprei mais uma água com Dona Nice e botei a mochila nas costas.

 

Ela me perguntou então, quantos dias eu iria passar em Bonete? Eu respondi:

 

-Só 1, porque no outro dia vou pra castelhanos.

-O queee?? Não vai não. É muito periogoso você não pode fazer isso você é doido e a chuva e os raios não faz isso [desatou a falar sem parar]

-Nossa... mas é tão perigoso assim?

-Faz o seguinte, tinha 3 caras acampados aqui hoje de manhã eles sairam também em direção a Bonete, procura eles lá, que eles também vão a Castelhanos! Não vai sozinho não! Os raios são muito perigosos!

 

 

Confesso que fiquei um pouco abismado com o tanto de medo que a senhora demosntrou quando disse que iria encarar sozinho a trilha para Castelhanso. Realmente eu sabia que era uma trilha com uma erta dificuldade, pois todos os relatos que tinha lido falavam sobre um trecho confuso com bambuzais e que havia muitas travessioas de rio. A chuva poderia complicar tudo de fato. Eu tinha um protocolo a ser seguido , no entanto, eu só iria se não chovesse. Com chuva eu cancelaria o plano. Não queria passar mal bocados em travessias de rio.

 

 

Depois de um pouco dei adeus a Dona Neide, com certeza voltaria ali, mas se tudo desse certo, seria apenas numa próxima oportunidade, pois eu daria meia volta na ilha, não voltando por ali.

 

Sai e continuei a trilha, muito bem refrescado depois de um banho no Lago Dourado, cortei a Cachoeira da Laje onde havia muitas pessoas escorregando pelo tobogã e segui as orientações de Neide para cortar reto o rio , segundo ela eu pouparia mais uma parte da trilha. Eu tive certa dificuldade para ver onde a trilha continuava do outro lado do rio . Na verdade não continua mesmo, é porque a estrada está bem próxima à cachoeira, depois de alguns poucos passos estava de volta à estrada, feliz com a parada que valeu demais os R$7,00 que gastei comprando duas águas e segui adiante com o mochilão nas costas.

 

A Cachoeira da Lage é uma cachoeira simples e de fácil acesso, com uma queda pequena (corredeira pequena), e um poço bacana pra se nadar.

 

Altura: 1m

Tamanho do Poço: 5mx3m

Profundidade do Poço: Raso

Pulabilidade no Poço: Básico. Poço pequeno.

Nadabilidade: Média.

Ficabilidade no Local: Boa. FIca próxima da Fazenda da Lage, bom local.

 

Eu tinha caminhado a primeira parte dessa trilha de forma bem tranquila, apesar do tempo muito abafado que fazia. Logo depois da Cachoeira da Lage, a trilha dá uma pequena ~esquentada~.

Cachoeira da Lage

 

Convencionei chamar o trecho entre Cachoeira da Lage e Cachoeira Areado de "Montanha Russa de Pedras". Não é que tenha nada demais nesse trecho, mas é um trecho que apesar de não parecer, é bem cansativo. Uma sequencia de subidas e descidas agora com muitas pedras pelo caminho vão te levando sem erro, mas com cansaço visível até Areado. São aproximadamente 3,63km de distância entre as duas cachoeiras. 3,63km de muita pedra sobes e desces. Não há inclinações que requeiram escalaminhaa não, nada disso. mas são subidas e descidas que vão te deixar bastante morto.

 

Acho que esse foi um dos passeios em que mais suei em toda a trilha. É sério: tinha alguns trechos da trilha que eu tinha uma CACHOEIRA de suor nas minhas costas e nas minhas laterais. Sério. Era muita água saindo do meu corpo. Eu tinha a impressão eu ia secar a qualquer instante.

Uma coisa que me chamou muito a atenção na Ilhabela foi a quantidade de água doce que descia das montanhas. Talvez eu tenha descoberto o mistério desse fenômeno. Com tanta água perdida através de suor, eu não duvido nada que um lençol freático seja formado só com o suor dos trilheiros que seguem por ali...

 

 

Cheguei bastante extenuado em Areado, confesso, já com bastante vontade de chegar à Bonete. Mas eu tinha feito uma pernada muito boa e recuperado todo o tempo que tinha atrasado nas paradas anteriores. é por isso que me dei ao luxo de parar 1h inteirinha em Areado. havia um casal de mulheres com um guia por ali, mas que logo sairam. Eu aproveitei o rio de Areado e fiquei lá saboreando seu frescor enquanto examinavan seus arredores, principalmente um pouco pra cima. Eu tinha lido em um site que recentemente haviam encontrado uma cachoeira muito alta (mais de 100m) subindo esse rio, mas com certeza isso é um mito a ser desvendado em outra época. não tinha tempo e nem plano de parar ali pra subir aquele rio pouco conhecido.

Rio Areado

 

A região do Areado é conhecida por muitos como Cachoeira Areado, fato é que essa porção do rio em que se atravessa não tem cachoeira, só o leito do rio mesmo, mas é um ponto muito bom pra se nadar. Eu aproveitei bastante a 1h ali, comi um lanche reforçado (meu almoço) pra então sair dali bem refrescado.

 

 

Quando eu estava explorando parte do Rio Areado um pouco acima da linha da trilha, avistei chegando um cara, parecia também um trilheiro solitário como eu. Vi que ele estava procurando um jeito de atravessar sem molhar. Eu não tive essa paciencia, molhei os pés e atravessei (com certa dificuldade). Enquanto ele passava o alcancei e trocamos uma rápida ideia.

 

areadoComo todos ali, ele também estava indo para Bonete, forte sotaque paulista. Nos cumprimentamos, mas ele ainda saiu antes que eu, pelo que se via, estava com pressa de chegar à Bonete. Devido a sua busca de um ponto pra se passar sem molhar, eu percebi que ele tinha uma boa experiência em trilhas. Mais alguns minutos, e saí de Areado, um pouco atrás de Alan, o outro trilheiro solitário.

 

Foto tirada na volta de Bonete

O Rio tinha subido significativamente. Na ida a água batia no joelho,

nesse dia estava batendo na cintura.

 

 

Depois de Areado, a trilha volta a ficar um pouco mais fácil, com os mesmos sobes e desces de antes, mas com menos pedras, pelo menos essa era a minha impressão, ou talvez fosse apenas o sol começando a ficar mais fraco. Eram 15h, o pior tinha passado. Um pouco mais adiante no topo de uma subida, encontrei com o ALan, que estava fazendo um lanche improvisado, depois de muito suor. Como eu já tinha descansado bastante em Areado, só troquei uma ideia rapida com ele, desejei bom resto de trilha , mesmo porque mais tarde provavelmente iriamos nos esbarrar em Bonete mesmo.

 

 

Não demorei muito pra chegar até um mirante que tem um pouco fora da trilha, com uma excelente vista da praia. Fiquei ali por alguns instantes, tirei algumas fotos e depois voltei pra trilha.

Mirante de Bonete, ao fim da trilha (chegando)

 

Era a descida derradeira. Fui tranquilo, até, agora com o tempo meio nublado. Passei pela Cachoeira do Saquinho, uma cachoeira de passagem mesmo, sem poço, bem no finzinho da trilha,

 

E agora às XXX horas pisava na areia de Bonete.

 

 

Praia do Bonete

A Praia do Bonete é uma praia isolada da civilização, só acessível via trilha ou via embarcação. Possui uma vila de moradores, vila muito simples.

 

A Luz elétrica não chegou a Bonete, e a vila tem energia elétrica através de um gerador, que funciona apenas em alguns horários determinados.

 

A vila possui algumas vendinhas simples e alguns poucos restaurantes.

 

A praia possui em seu lado esquerdo (quem está olhando para o mar) um rio que desemboca em sua praia. Rio muito limpo.

 

A primeira impressão da Praia não é tão bonita assim. Não é uma praia com areia clarinha, e você tem a impressão de que é uma praia suja. O que ocorre é que o rio que desagua na praia é bem largo então ele desemboca muitos "restos de natureza" e então as ondas trazem esses restos pra areia. Fica impressão de que a praia é suja, mas não é. Ela não é , apenas 'visualmente limpa'.

Placa graciosa em Bonete

 

 

 

Assim que pisei na praia, vi que a vila era maior do que eu achava. Eu achei que lá tinha tipo só 2 campings e uma pousada e pronto, mais nada de casas, mas a vila até que era grandinha (pro que eu estava esperando). Pequei em não ter anotado o nome dos campings que eu tinha lido a respeito. É porque eu queria ficar no camping "mais seguro" segundo diziam. E não queria correr o risco de chegar no camping "menos seguro" , não gostar de lá e ter que dar alguma desculpa esfarrapada pro dono pra sair de lá. Essa situação é meio chata.

 

Chegando na vila, avistei de novo sem querer o Alan, lendo uma placa na entrada da vila, na verdade um mapa informativo da região, com alguns pontos marcados. Ele me perguntou onde eu iria ficar e eu disse que estava como ele, sem saber direito. poderia ser uma pousada, poderia ser um camping. A principio eu estava querendo mais uma pousada, mais caro, mas eu ia descansar melhor para o próximo dia que era a parte mais dificil da trilha. Mas com o Alan ali como novo companheiro "sem querer", acabou que a animação pra camping aumentou um pouco.

 

 

 

 

 

Apesar disso, nos separamos novamente e combinamos que se alguém descobrisse alguma coisa sobre o camping, falaríamos um pro outro. Perguntando um pouco pelas vielas da vila, acabei descobrindo o Camping do Sr. Eugenio, que ficava mais escondido, lá pra trás, e mais pra parte esquerda da vila (esquerda de quem está olhando para o mar de desde a faixa de areia).

 

Eu entrei no camping, estava vazio. Não tive uma excelente impressão de lá, não porque era feio. Estava organizado, na verdade uma casinha simples com um grande quintal, mas um quintal sem grama, e isso foi que me desanimou um pouco.. mas oferecia banho, inclusive com banho quente (teoricamente) e uma pequena área coberta com fogão a lenha (nem usei). Perguntei o preço, era R$10,00 por pessoa, assim que terminei de perguntar, Alan também já havia descoberto o caminho das pedras para chegar até ali. Ele perguntou algumas coisas também e logo começou a olhar um lugar pra montar sua barraca (mais rápido que eu). Visivelmente o Alan estava muito mais determinado do que eu pra dormir em um camping, hehehehe. É que aquele solo de areia estava me incomodando um pouco, ainda mais com nuvens no céu.

 

Só que a certeza do Alan de ficar por ali me deu força de vontade de também ficar por ali. Afinal de contas, depois de uma troca de ideia, ele também comentou que pensava em ir a Castelhanos, então não seria nada mal ter um backup ao lado, mesmo porque eu não havia encontrado o trio que a Nice havia comentado que estava indo para lá no outro dia.

 

 

 

Depois de cerca de meia hora no Camping com tudo montado já, chega um trio de caras no camping em que estávamos. De alguma forma, nao sei muito bem como, o trio que a Nice tinha me comentado chegou depois que nós (se perderam em algum lugar (?)) e montaram por ali também. Eram mais jovens e estavam mais da doideira que eu e Alan, Trocamos alguma ideia, mas logo vi que os grupos Alan , Diego, Trio era de alguma forma individualistas (se tratamos o trio como um indivíduo também :) ).

 

Eu aproveitei a luz do dia do horário de verão para conhecer uma Cachoeira que havia na vila, que descobri que existia por acaso, vendo algumas plaquinhas informativas dentro da vila mesmo (nenhum relato tinha citado-as). Andei conforme as indicações e em 15 minutos estava no ponto dado como Cachoeira.

 

Mais uma vez, não é uma cachoeeeeeira mesmo, é apenas uma parte do leito do rio que banha a vila (e que desemboca lá no mar deixando a praia 'visualmente suja'). Mas tinha um poço muito bom. Mais uma vez, assim como Areado, mais um rio surpreendentemente largo para uma ilha (algo que não tinha visto nem em Florianópolis nem na Ilha Grande e nem em Morro de São Paulo, as 3 ilhas que já havia conhecido).

 

Deu pra curtir o bom poço (Poção) de lá, e voltar para o Camping. Como sempre, como não consigo deixar de cumprir, aproveitei estar numa vilhinha e decidi comer um prato fora. Sempre é bem mais caro do que fazer a própria comida, mas eu realmente não resisto a esse nível de preguiça, adoro sentar numa mesa e pedir um pratão. Acontece que em Bonete as coisas são bem , digamos..... SALGADAS no preço. Eu pesquisei toda a vila, passei pelo restaurante da Pousada Canto bravo (o mais caro do local), passei pelas duas vendinhas que vendiam pasteis e finalmente na Pousada da Rosa (a mais famosa por ali), e era tudo beeeeem carinho mesmo.

 

Apesar do preço, fui pedir uma pizza la na Pousada da Rosa mesmo (não tinha PF, só pizza). O pior que eles vendiam só uma pizza inteira de oito pedaços. Eu pedi pra ser meia mas não aceitaram. Não sou um bom pechinchador, então acabou ficando por isso mesmo. Pedi uma pizza inteira mesmo e uma coca, aaaah... uma coca gelada, como isso é bom, em um dia tão calorento e abafado...

 

A pizza saiu por não-bagatelas R$24,00 (!!! muito caro - eu já comprei sabendo do preço, não resisti) e o refrigerante (uma latinha) temíveis R$6,00. O mais barato que vc conseguia achar ali era R$5,00 (não tinha mais barato ue isso). Água? R$4,00 - cartel, isso mesmo, (só 4 lugares vendiam comidas e bebidas, todos com preços iguais nas bebidas).

 

Chutei o balde pro bolso, e gastei pelo bel prazer de comer uma comidinha e uma coquinha no restaurante. É muito bom chutar o balde de vez em quando hehe. além do mais, eu planejava ficar na pousada da rosa, ia gastar no mínimo R$60,00 por um quarto (NO MINIMO) então tinha um dinheiro "sobrando" pra aquela janta. Comi agradavelmente por ali e lá para umas 21h30min voltei para o Camping.

 

 

Hora de dormir! Deitei até que confortavelmente na minha barraca, cama de areia e me preparei pra dormir, mas quem disse? Exatamente as 22h começou a chover, fraco por enquanto mas...... pouco depois estava caindo só um diluvio, só. Eu estava tranquilo porque sabia que a minha barraca estava preparada para o que desse e viesse.

 

 

Mas....

Quem disse??

 

EM dado momento tanto chovia que a água começou a passar debaixo da barraca. "Bem, é impermeável" - pensei, não vai dar galho. Mas.......

 

 

Barracas são semi-impermeáveis, aprendam essa lição! Elas tem um limite de quantidade de água que podem aguentar. E vcs podem imaginar que o limite da minha foi testado, e ultrapassou o limite. A água ultrapassou a barraca e começou a molhar.... MUITO. Rapidamente guardei tudo dentro da mochila, não depois de ter bastante coisa molhada, a primeira coisa que salvei foi meu saco de dormir, unico item dormível que eu possuia.

 

EM dado momento não dava mais pra ficar dentro da barraca, não estava só umido, estava com alguns milimetros de água já la dentro. Tirei tudo da barraca e me salvei em um teto, local da churrasqueira, no camping. Imaginei que daqui a poucos minutos o Alan e o trio das outras barracas iriam sair de suas respectivas também, né possível ue a minha poderosa barraca seria a única a ficar inundada.

 

Foi por isso que rapidamente verifiquei onde seria o melhor pra dormir fora da barraca. ENcontrei um cantinho debaixo da churrasqueira, o lugar mais protegido da água possível. não que fosse super, o teto tinha apenas uns 6 metros quadrados, ali era o unico local intocado. Com sorte, ia dar pra espremer 5 pessoas debaixo daquele teto. Passa 1 minuto, 2, 5, 10. NInguem sai das barracas!

 

Pelo jeito, só a minha cara e top barraca ficou inundada, enquanto que as outras que pareciam barracas comuns não ficaram inundadas, bela merda hein!

 

Mais alguns minutos a chuva diminui um pouco. Eu estou sentado no banco só vendo a chuva e me lamentando pela barraca inundada, mas ia dar pra dormir bem debaixo daquele tetinho. Eu só tinha um medo de alguma cobra vir a noite. Aí, no escuro, eu acendo a miha lanterna de testa e miro para o saco de dormir ali no cantinho no chaõ e vejo o que??????? Um siri do tamanho da minha mão, azul, bonito, mas é um SIRI, em cima do meu saco de dormir, PQP!!!!!!!

 

Com um cabo de vassoura assustei o bicho e ele saiu de cima, mas comé dormir com siris vindo em cima de voce????

 

Mais alguns outros minutos e o Alan chega correndo, ele estava num bar com os caiçaras, heuaheuaheuaheua. todo molhado, falou que tava ilhado la no bar. Os riozinhos cercando a vila encheram e ele teve que se molhar bastante até chegar ao camping. Falei dele da barraca inundada. ele foi correndo ver como a dele estava. A dele estava intacta!!!! Maldita minha barraca cara a única que não aguentou nada! Grandes merda hein ~~

 

O Alan fez uma janta ali, ficamos conversando bastante e por sorte a chuva diminuiu muito, ficou apenas chuviscando. eu fui lá ver qual era o estado da minha barraca: Dormível. Úmida mas dormível. O Resultado dessa brincadeira foi quase que a totalidade da minha roupa molhada (ou úmida) com exceção da roupa de emergencia colocada em um saco plastico. Livro molhado e amassado, carregador solar todo molhado e mp4 perda total.

 

Ao menos agora dava pra dormir na barraca. Prefiria trocar o chão 100% seco mas com riscos de siris mordendo meu nariz pela minha barraca um pouco molhada mas mais segura, heheheh.

 

Deu pra dormir até umas 4h. quando...começou a chover muito forte de novo. Tive que recolher o saco de dormir (o resto ja tava na mochila preparado pra esse tipo de momento) e ficar de cócoras, a posição em que eu fazia o menor contato possível com o chão da barraca, minimizando a quantidade de água entrada. Pelo menos ja eram 4h, mesmo se a chuva não parasse, eu já teria descansado um minimo possível pra ser alguem na vida no outro dia. Pra minha sorte, o chuvão durou só uns 20 minutos, possibilitando depois de um tempinho que eu deitasse novamente com as minimas condições e dormisse até umas 7h..

Rio cheio após uma forte chuva

O dia amanheceu muito feio, muito nublado e com muita chuva. O passeio para Castelhanhos era um incógnita. Eu, na verdade, nme teria cogitado ir pra la, mas tendo conhecido o Alan, talvez ainda poderiamos tentar. Ele acordou e falou que até tentaria, mas teriamos que perguntar para os caiçaras primeiro pra ver o que eles sugeririam.

 

 

O trio acordou com um de seus componentes passando muito mal, muito pálido, febre e vomitando muito. O Alan era médico, deu algumas recomendações e deu um remédio a tiracolo que ele tinha levado. O menino tomou, enquanto isso Alan e eu olhavamos para o céu e para o relógio, nessa corrida conttra o tempo até ver onde o céu nos permitiria deixar sair para Castelhanos.

 

Só que o dia não melhorou, ficou muito chuvoso e bem dificil o dia. Quando bateram os relógios às 11h30min, nós declaramos oficial o cancelamento da empreitada até lá, ficaria para a próxima. Eu já havia desmontado minha barraca, pois mais uma noite dormindo numa piscina é que eu não ia passar. Precisava de uma boa noite.

 

Estávamos isolados na ilha. Não dava nem pra ir pra Castelhanos, nem voltar - muito provavelmente - pra vila, pois o Rio Areado já era meio dificiinho de se passar no tempo bom, imagina com chuva?

 

O dia foi quase que todo parado, devido a chuva. Eu ainda fiz uma pequena investida até a Praia de Enchovas (a próxima depois de Bonete). A praia estava muito feia (não sei se é sempre feia?) sem faixa de areia e o tempo totalmente nublado. Fui ao mirante de Bonete pelo lado esquero tirei belas fotos, exatamente na hora em que começou a cair um novo temporal. Paciencia.

Mirante do Lado Esquerdo

 

 

Eu tinha achado uma vaga na Pousada Margarida (a mais barata da vila Bonete). Um quarto simples, com luz e banho quente, servindo o café da manha. Mais do que suficiente para eu tirar uma bela noite de sono naquela vila isolada.

 

 

O relato termina mesmo, inacabado. A empreitada até Castelhanos não foi completada, ficando suspensa até a proxima tentativa pra la. No outro dia eu não tinha mais tempo disponivel suficiente para ir a Castelhanos, mas só mesmo de voltar para a Vila pela trilha do Bonete. O tempo não estava bom, mas um pouco melhor do que no dia anterior. Encontrei com Alan no camping e combinamos horário para voltar juntos. VOltamos num ritmo bom, o tempo estava mais agradável pra fazer a trilha. Foi muito bom termos voltado juntos, pois o Rio Areado estava na altura do peitoral. Seria possível voltar sozinho, mas bem complicado.

 

Para atravessar o rio, passamos uma mochila por vez. Um de nós pegava a mochila "no colo", enquanto o outro se posicionava 2 passos mais a frente, pegava a mochila das mãos do outro, no colo, e esperava o outro passar mais 2 passos adiante repetindo o processo até chegar do outro lado com segurança. Deu pra suar, o rio tem cerca de 10 metros de largura a serem atravessados.

 

 

 

Foi uma bela expedição, com alguns bons desafios, bastante chuva no meio e uma boa parceria com o Alan, trilheiro solitário paulista, quem sabe na próxima não nos encontraremos pelo mundo pra conquistar a famosa Castelhanos, via trilha.

 

É minha primeira contribuição de relato ao fórum.

Um agradecimento ao forum Mochileiros, que ajudou com bastante informação em minha primeira visita à Ilha.

 

Link do relato no blog dos Caçadores de Cachoeira:

http://trilhados.blogspot.com.br/2015/06/trilha-do-bonete-do-centro-da-ilha-ate_20.html

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