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Meu povo e minha pova, obrigado mesmo pelas palavras. É gratificante ver como os relatos nos inspiram e ajudam, eu mesmo senti isso quando lia os relatos antes da minha viagem.

 

Sei que ando relapso nas postagens, mas trago boas novas... o próximo capítulo sai ainda nessa semana, e pra compensar vou postar não 1, mas os 2 dias de trekking logo e assim concluir o assunto "Cañon del Colca" de uma vez.

 

Já estou aqui separando as informações, com um olho aberto e outro fechado de tanto cansaço, mas o que vale é contribuir com o fórum, porque fui muito ajudado também hehe.

 

Abraços!!! ::otemo::

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Rodrigo demaisssss seu relato!!! Tb estou adorando!!!

 

Tenho uma dúvida.... tem o passeio dos gleisers no atacama e no uyuni tb? São iguais? Vou fazer atacama e uyuni depois... Posso deixar esse passeio + as termas só para o uyuni?

 

Valeuuu!

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Rodrigo demaisssss seu relato!!! Tb estou adorando!!!

 

Tenho uma dúvida.... tem o passeio dos gleisers no atacama e no uyuni tb? São iguais? Vou fazer atacama e uyuni depois... Posso deixar esse passeio + as termas só para o uyuni?

 

Valeuuu!

 

Ei, Cintia. Valeu :D

 

Então, são passeios/locais diferentes. Eu não conheci os Geisers del Tatio (Atacama), não tive interesse (nem tempo e nem grana hehe) mas a maioria que vai lá costuma gostar. O de Uyuni eu achei bem legal. Seria interessante alguém que foi em ambos te dar essa dica se vale ou não a pena.

 

De toda forma, o de Uyuni você irá inevitavelmente conhecer. Será uma das primeiras "atrações" do seu tour, já que fará a rota no sentido SPA x Uyuni.

 

Espero ter ajudado. Abraço!

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Capítulo 12: Dois dias de calotes, perrengues e superação pelo magnífico Cañon del Colca. [1ª Parte]

 

10/04/15

 

Ainda estava escuro quando levantamos, terminamos de arrumar nossas coisas e fomos para o pátio do hostel aguardar a van que passaria ali para nos pegar. Logo vieram alguns gringos que também esperavam por seus passeios. Não demorou muito e uma moça surgiu chamando por nossos nomes, e lá fomos nós pra van.

 

O trajeto até a entrada do parque do Cañon del Colca levaria algumas horas, e, enquanto isso, aproveitamos pra tirar um cochilo. Ou ao menos tentar. Sentei na janela da van e a parte do meu corpo que ficava encostada nela quase congelou de tanto frio que fazia lá fora.

 

Quando avistamos as placas de chegada ao local de entrada, nossa van parou. O guia nos disse que era ali que pagávamos a taxa de ingresso ao parque, 40 soles para sul americanos e, se não me engano, 70 para os demais estrangeiros. Como nós já havíamos pagado todas as taxas na agência, não precisávamos nos preocupar.

 

Mas foi aí que minha intuição me deu um soco na boca do estômago.

 

Por algum motivo achei que aquilo estava com cara de que ia dar merda. Fui até o guia, aqueles peruanos metidos a gostosão-pegador-espertão-"O" cara, e perguntei, já prevendo a resposta:

 

[início de portunhol]"Nosso ticket devemos pegar com você? Pois já deixamos tudo pago na agência."[/fim de portunhol]

 

Ele olhou com uma cara de completa e total indiferença e disse "Não nos passaram nada."

 

Na hora veio aquela sensação de estar fazendo o típico papel de gringo idiota passado pra trás. É claro que iria dar merda. É claro que não haveria organização nenhuma. É claro que não deveríamos ter pagado tudo de uma vez na agência. Esses passeios, todos eles, são sempre terceirizados. Era a situação perfeita pra dar errado.

 

Por sorte, mas por MUITA sorte, nós levamos um dinheiro extra, porque a ideia era não levar nada além de uns trocados. Foi a salvação para ir lá fora e comprar duas entradas. Na volta, eu questionei o guia, mostrei o boleto, onde estava nitidamente marcado tudo o que já estava incluso, e ele disse que não poderia fazer nada, porque não foi passado nada pra ele. E que, no máximo, pediria a um outro guia, mais a frente, pra tentar ligar pra minha agência e falar com eles pra trazerem o nosso dinheiro. Olha só... completo descaso.

 

Ali o meu dia já tinha acabado antes mesmo de começar. Fiquei num mal humor completo. Mas depois me toquei de que o que não tem remédio, remediado está, e que era melhor deixar aquilo para ser resolvido depois do que estragar meu passeio. Então engoli toda a raiva e seguimos em frente.

 

Nossa primeira parada foi em Chivay, um vilarejo onde tivemos nosso café da manhã. Se é que aquilo pode ser chamado de café da manhã: pão seco, umas milhos torrados e café solúvel. Mas era o que tinha, então melhor forrar o bucho. Logo seguimos viagem para a próxima parada, essa sim mais aguardada: o mirante da "Cruz del Condor", onde seria possível ver o famoso voo dos condores.

 

21254823833_a6e9514a66_k.jpg01_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

Um dos mirantes para se observar o voo dos condores.

 

21863957922_a552ca0199_k.jpg02_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

Cruz del Condor.

 

E demos sorte, porque os bichos estavam lá, dando seu show. Dizem que os locais jogam carniça nos arredores para que os condores estejam sempre por ali perto dos turistas. Se é verdade, eu não sei, só sei que o grupo que chegou meia hora depois da gente não conseguiu ver mais nada. A verdade é que nem achei lááááá grandes coisas assim. É como ver urubus gigantes voando pra lá e pra cá. O legal é o fato de ser uma das maiores aves do mundo (a segunda maior, se não me engano) e uma grande atração turística, mas, tirando isso, não vi nada demais. Talvez outros se divirtam mais.

 

21688058158_050e0c6338_b.jpg03_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

O voo dos Condores. Tipo urubus gigantes.

 

O que me impressionava mesmo era outra coisa. O protagonista daquele show todo não era o condor. Era o magnífico Cañon del Colca. Que imensidão linda, viva, profunda. Põe profunda nisso.

 

Por muito tempo o Cañon del Colca foi considerado o canyon mais profundo do mundo - ficando em terceiro lugar após o avanço tecnológico e a medição mais precisa dos diversos canyons no mundo. Mas ainda é o mais profundo das américas, mais até que o Grand Canyon, nos EUA.

 

21688057028_141cbd2466_k.jpg04_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

Cañon del Colca.

 

21687821280_8ef91b2e94_k.jpg05_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

Cañon del Colca.

 

Agora, o mais louco de tudo aquilo era pensar... eu vou DESCER E SUBIR ANDANDO ISSO TUDO AÍ??!! hahaha Na hora bateu uma mistura de desespero, expectativa, adrenalina e empolgação. Mal sabia eu dos perrengues que estavam a minha espera rs.

 

Depois de quase uma hora no mirante, voltamos pra van e seguimos por uns 10 minutos para Cabanaconde, local de onde partiria nosso trekking. Lá, nosso guia disse que nos dividiríamos em dois grupos: um grupo ficaria com ele, e outro com a guia que estava chegando, pois só era permitido 8 pessoas por guia, se não me engano.

 

Para nossa sorte, ficamos no outro grupo. Então chegou nossa guia, e já posso adiantar a vocês que foi uma das pessoas mais incríveis e simpáticas que conhecemos nessa viagem. Rose Angie é o nome dela. Que espanhol bem falado, paciente, admiradora do Brasil, ficou nossa amiga tão logo falamos de onde éramos. Disse que seu sonho é conhecer o Brasil, e que irá nos visitar quando vier. Tremenda conhecedora do Cañon, nos explicava tudo, e muito, muito bem disposta. Ah, um detalhe: ela tinha ACABADO de subir o Canyon com um grupo e já estava iniciando uma nova descida conosco. Haja preparo físico!!!

 

Dadas as instruções, seguimos nosso trekking. A primeira etapa seria uma descida em zig zag de aproximadamente 2h30 até uma ponte que passava sobre um rio que ali de cima mais parecia um córrego, de tão fino. Falando assim, parecia tranquila essa descida. Mas, meus amigos... preparem seus joelhos. Eles são bem castigados, pois é o tempo todo travando o peso do corpo e pisando em cascalhos e pedras escorregadias por caminhos muitas vezes bem estreitos, com alguns penhascos de vizinhança.

 

Mas sabe o que compensa? O visual.

 

21849715376_146510e285_k.jpg06_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

Simbora que tem muito chão, meu povo.

 

21875862275_ecb2eba17c_k.jpg07_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

Trilhas estreitas.

 

21875847065_3d9b830082_k.jpg09_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

Eu disse BEM estreitas.

 

21687799670_7a3158b4ce_k.jpg08_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

E se cair acho que machuca um pouco.

 

21688012698_c9d175d745_k.jpg10_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

Pausa no Rio Colca.

 

Depois de chegar à ponte, pudemos descansar alguns minutos enquanto o restante do grupo chegava também. Foi o tempo de tirar a bota, massagear um pouco os pés, tomar mais água e comer uma fruta. Quando o grupo se reuniu, seguimos adiante. Agora a guia nos falou que seria um trecho de mais ou menos 30 minutos, porém cansativo, porque era subida.

 

Eu vou falar uma coisa pra vocês... descer o canyon todo foi como brincar no parque perto dessa subidinha de meia hora. Se pra descer seus joelhos reclamam, pra subir você faz muito esforço físico. E como ninguém queria parar muito pra poder chegar logo ao local do almoço, tava rolando aquela taquicardia básica hehe. Ô subidinha do satanás.

 

Chegamos a San Juan de Chuccho, um simpático vilarejo (lê-se uma meia dúzia de casinha junta) onde nos foi servido o almoço. Estava gostoso, e aproveitamos pra repor nosso estoque de água. Pagamos 12 soles (DOZE FUCKING SOLES) numa garrafa d'água, mas depois entendemos os motivos. Os mantimentos ali são caros porque o acesso é extremamente difícil, então geralmente vem tudo em cima de mulas.

 

Depois do almoço, demos uma esticadinha na grama pra tirar um cochilo de meia hora e repor as energias. Nessa hora eu fiquei olhando praquele paredão imenso que tínhamos descido e pensei "Amanhã teremos que subir essa coisa toda? Ok, onde que eu aperto o botão de chamar o helicóptero?". Mas não adiantava chorar, o jeito era seguir em frente. Depois daqueles 30 minutos terem passado mais rápido que download japonês, seguimos pelo último trecho até o oásis.

 

21885464831_3ef9207dc7_k.jpg11_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

E o pensamento era só "Tô f*dido pra subir isso depois!".

 

No meio do caminho, quase 1 hora depois, fizemos uma nova parada, e dessa vez pudemos comprar alguns mantimentos. Água (a nossa já tinha acabado), chocolates e biscoitos. Gastamos 30 soles ali. Aproveitamos para experimentar umas frutas típicas, como um cacto que tem gosto de mamão, bem gostoso.

 

Seguimos viagem rumo a nossa última parada do dia. Quando já conseguíamos avistar o Oasis Sangalle - Paraiso Las Palmeras Lodge, nome conhecido de um conjunto de pequenos "hotéis" bem no fundo do Cañon, o tempo começou a fechar. Apressamos o passo, e logo os primeiros pingos de chuva chegaram. A descida até o oasis estava bem escorregadia, cheia de lascas de pedras, então foi um desafio a mais.

 

21254751673_28fcef2040_k.jpg12_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

Oásis Sangalle. O clima quase sempre tropical ali no fundo permitiu a existência desse oásis.

 

Chegamos vivos, isso é o que importa. Quando planejei essa viagem, ficava imaginando esse lugar naquele sol de rachar e a gente na piscina curtindo um merecido descanso. Mas a realidade foi um tempo nublado, vento forte e muita vontade de cair numa cama haha. Acha que desistimos da piscina? Na-na-ni-na-não! Já que estávamos ali, iríamos entrar. Demos um longo e extenso mergulho de 21 segundos e saímos correndo. Água gelada da porra, tá doido rs.

 

O lugar é bem bonitinho, isso é inegável. E como nós, brasileiros cheios da ginga, éramos best friends da guia, acabamos sendo "premiados". Ela nos disse "hoje é o dia de sorte de vocês" e nos deixou com a única suíte do lugar. Os demais ficaram em alojamentos de 3 camas cada e com banheiro externo. Ah, o lugar não tem eletricidade, só no restaurante.

 

21875821605_e07ffd5689_k.jpg13_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

Quase um resort, dadas as condições locais.

 

Saca só o LUXO da suíte presidencial:

 

21875819145_a1178a7a68_k.jpg14_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

Cenário do filme "O Exorcismo de Sangalle" hehe #brincadeiradeusmelivreguarde

 

Isso aí era 5 estrelas, meu povo. TINHA ATÉ BANHEIRO DENTRO. Um chuveiro de mangueira improvisada com água gelada, mas tinha. E foi banho no escuro mesmo. Sofrido, eu sei, mas eu precisava de um banho. E depois vimos que certamente tínhamos sido os únicos a se arriscar num banho. Sei lá, acho que é coisa de brasileiro, herança de índio. Sério... esses gringos não tomam banho nunca.

 

Aproveitamos pra tirar um cochilo rápido até a guia chegar e nos acordar pra irmos jantar. A janta estava bem gostosinha. Compramos uma coca-cola quente por 6 soles (lá não tinha geladeira) e depois fomos dormir de novo.

 

E o outro dia, vocês me perguntam? Sabe aquilo tudo que nós levamos o dia todo pra descer? Pois é, teríamos que SUBIR em umas 3 horas. E sabe que horas iríamos começar a subida? 5 DA MATINA, com lanternas e tudo mais.

 

Pois é, meus jovens... Vou encerrar esse capítulo por aqui porque ficou extenso demais, mas até o final de semana eu posto a continuação.

 

Ah, uma última observação. Vocês devem estar se perguntando o que ficou resolvido daquela confusão do dinheiro pago à agência e que não foi repassado aos guias, certo?

 

Pois bem, a Angie entrou em contato com eles e só nos disse assim "Situação resolvida. Amanhã eu devolvo o dinheiro que vocês pagaram na entrada e pago também a entrada nas aguas termales".

 

Ufa. Parece então que todos os problemas haviam se resolvido.

 

Pois é... Nem todos.

 

SALDO DO DIA:

s/40 entrada no parque (valor devolvido, vou desconsiderar da conta)

s/12 água

s/30 água, biscoitos e chocolates.

TOTAL: s/42 (US$ 13)

 

Próximo capítulo: Continuação...

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Capítulo 12: Dois dias de calotes, perrengues e superação pelo magnífico Cañon del Colca. [2ª Parte]

 

11/04/15

 

Quando o celular despertou e eu acordei, tive uma daquelas sensações únicas, típicas de quando você acorda meio desnorteado: eu não sabia onde estava. Por alguns segundos, meu cérebro trabalhou para me situar, até que a ficha caiu. Eu estava em outro país, numa cabana, de madrugada, sem energia elétrica, no fundo de um dos maiores canyons do planeta. Todos os passeios, fotos e pontos turísticos são incríveis, claro, mas são esses pequenos momentos que ficam marcados em você de uma forma mágica e faz a gente entender porque viajar é um dos maiores bens que podemos fazer a nós mesmos.

 

Meu cérebro me lembrou de outra coisa, também, e essa não foi tão animadora. Havia um p*ta paredão estilo joão-e-o-pé-de-feijão pra subir, e, dado nosso ainda persistente esgotamento físico, isso não seria fácil. Mas desânimo definitivamente não estava em nossos planos, e lá fomos nós nos encontrar com o resto do pessoal, prontos para mais uma batalha. Nos reunimos às 5h, e às 5h15 demos início à caminhada.

 

Se eu for descrever em detalhes toda a subida, o capítulo teria que terminar aqui, de tão grande que seria. Então vou tentar resumir dizendo apenas que subir o Cañon del Colca foi uma das experiências mais desafiadoras da minha vida. É um esforço tremendo, e são horas de caminhada. Por conta do cansaço, exponenciado pelos efeitos da altitude (oxigênio sempre mais escasso por essas bandas), chega a um determinado momento que são 10 passos pra 2 minutos de descanso. E a gente olhava pra cima e via aquele paredão imenso com pequenos micro pontos se locomovendo lá no alto, que seriam pessoas de grupos que saíram antes, no caso. Teve um momento que eu quase sentei e chorei, literalmente, de tão cansado. Olha, eu não sou fresco, muito pelo contrário. Faço exercícios regularmente, adoro esportes e aventuras radicais. Mas vou dizer uma coisa pra vocês, porque não li isso em relato nenhum: o trekking NÃO É SIMPLES como fazem parecer. Eu prometi pra mim mesmo que deixaria isso muito claro no meu relato. Depois da tarefa concluída, a sensação de conquista toma conta e a gente tende a relevar os perrengues que passamos, mas, acreditem, é puxado. Requer um mínimo de preparo e determinação.

 

Pulando a parte da subida sofrida, muita falta de ar e cada gota de água sendo disputada no instinto de sobrevivência (haha exagerei), CHEGAMOS. FOI A MELHOR SENSAÇÃO DO MUNDO. Todo mundo se abraça, bate palma, grita, chora, se cumprimenta... Todo aquele esforço acabou e você CONQUISTOU o desafio. Sério, é muito bom.

 

Aí você me pergunta... Vale a pena o esforço: SIM, VALE. Se você estiver disposto a encarar o desafio, a conclusão é muito gratificante. É, sem dúvidas, uma experiência que você contará aos seus netos e bisnetos.

 

21728561809_96d5fb9986_k.jpg16_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

Galera guerreira, só não mais que esse cão alienígena que subia e descia o Canyon o dia todo.

 

Nosso grupo era formado por umas meninas espanholas, um canadense, um francês e um outro espanhol. Todos foram na raça e subiram tudo pelos próprios pés. Uns caras espanhóis que estavam em outras cabanas do oásis não tiveram a mesma disposição, e alugaram mulas para auxiliar na subida. É uma prática comum, se não me engano você paga 60 soles (não sei o valor ao certo) e sobe em 1h30 no lombo delas. Eu acho arriscado - além de menos honrável. E há um histórico desse risco. Em 2012, uma estudante brasileira que subia de mula morreu após o animal se desequilibrar na trilha e despencar no penhasco. Ela estava a poucos minutos de completar a subida. Há uma cruz no local em sua memória.

 

21889285576_4f24ae7da0_k.jpg15_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

Local onde a brasileira sofreu uma queda fatal, em 2012.

 

Quando achamos que a moleza tinha acabado 100%, nossa guia nos avisa que teríamos que andar mais 15 minutos até o vilarejo de Cabanaconde, local onde seria servido nosso café da manhã. Todos fizeram um "ahhhhh" generalizado de desânimo haha, mas ela disse que seria um caminho mais plano. Assim acreditamos e, apesar de ser realmente plano, havia umas pequenas subidinhas (coisa pouca), mas que, dado o nosso esgotamento físico e o pavor da palavra "subida", eram realizadas como se estivéssemos escalando o Everest.

 

Mas a paisagem recompensava.

 

21727366120_72d139846a_k.jpg17_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

Caminho até Cabanaconde.

 

Quando chegamos ao local e pudemos relaxar nas cadeiras e tomar o nosso café, foi demais. Parecia o melhor café do mundo. Sabíamos que dali em diante iriamos de van, então já tava todo mundo jogado no chão, descalço, tomando chá e rindo de alívio. Missão dada é missão cumprida!

 

Seguimos viagem e, no caminho, paramos no vilarejo de Maca, onde pudemos conhecer uma igreja colonial e uma feirinha de artesanato. Aproveitei pra fazer uma amizade nova, um falcão domesticado que depois fui descobrir que é bem famoso por essas bandas (até meu tio tem uma foto com ele de anos atrás rs).

 

21727574258_ae4002005e_k.jpg18_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

Olha que coisa mais linda! O falcão também. ::hãã2::

 

Nossa próxima parada foi nas Aguas Termales. Um local à margem do Rio Colca com umas piscinas artificiais aquecidas (uns 38ºC), perfeitas para dar aquela relaxada no corpo após tanto esforço. Pagamos os 15 soles na entrada e ficamos lá por cerca de uma hora. Foi bom pra relaxar e poder, enfim, tomar um banho de verdade (no local há diversos vestiários individuais).

 

21925122901_e1db3725e3_k.jpg19_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

Aguas Termales.

 

Seguimos com a van rumo a Chivay, onde faríamos nosso almoço. A comida estava gostosa, e eu tirei a barriga da miséria, pra compensar o valor de 28 soles (buffet liberado) + 7 soles pagos pelo refrigerante de 1 litro. Havia opção de prato feito por 25 soles, mas achei que não compensava a economia.

 

21727563068_5e0938deca_k.jpg20_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

Hora do rango!

 

Por volta das 14h30, seguimos viagem de volta a Arequipa. No meio do caminho, passamos por uma região chamada Patapampa, e nosso motorista de repente parou. O guia vira pra gente e diz "Está nevando. Alguém quer sair?". Todos fizeram aquela cara de indiferença tipicamente europeia como quem diz "Por que sairíamos nesse frio da porra pra ver neve? Que coisa sem graça", e devem ter se espantado com a reação dos únicos dois brasileiros da van - nós, no caso: "NEVE??? ONDE?? EU QUERO EU QUERO EU QUERO!" hahaha.

 

E lá foram os brasileiros que nunca tinham presenciado neve caindo antes (pelo menos nunca assim, NEVANDO de fato), e foi aquela "passação de vergonha" tradicional. Estava bem fraquinha, parecia isopor ralado, mas não importa, era neve, e a gente não deixaria aquela oportunidade passar nunca.

 

21915382275_d4abfa74c5_k.jpg21_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

Congelando, mas feliz hehe.

 

Antes que nos largassem pra trás, voltamos pra van e seguimos viagem. Havia mais uma parada programada, e tão logo avistamos algumas lhamas (agora sim houve comoção e empolgação geral da gringaiada), paramos para vê-las. Estávamos na "Reserva Nacional de Salinas y Aguada Blanca".

 

21925103751_1a13653045_k.jpg22_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

Lhamas na Reserva Nacional.

 

21292644814_46f21a4bea_k.jpg23_canon_del_colca by Rodrigo Alcure, no Flickr

Ei, psiu, olha pra foto!

 

Por fim, seguimos para Arequipa, agora sem mais paradas. Chegamos à cidade por volta das 16h30. Como nosso ônibus pra Ica sairia às 19h, e o cara da agência disse que nos levaria até a rodoviária às 18h, decidimos agilizar umas coisas no tempo que tínhamos. Pegamos nossos mochilões que havíamos deixado na sala de bagagens do hostel e fomos cambiar mais uns dólares, pois já sabíamos (pelos relatos) que as cotações em Huacachina e Cusco não seriam melhores que em Arequipa (e, de fato, não eram). Então calculamos mais ou menos o que iriamos precisar e trocamos tudo de uma vez.

 

Aproveitamos para pegar mais 2kg de roupa que havíamos deixado na lavanderia (3 soles cada), passamos no supermercado pra comprar alguns mantimentos (biscoito, água, higiene pessoal: 8 soles cada), e fomos fazer um lanche rápido antes de voltar pra agência. Pegamos uma promoção de 14 soles o menu completo no burger king, todo duplicado (dois hamburgers, duas batatas e dois refrigerantes). Deu pra encher a pança hehe.

 

Uma última admirada da belíssima Plaza de Armas antes de deixarmos Arequipa para trás em nosso roteiro.

 

21727316100_0b507aa0a1_k.jpg24_arequipa by Rodrigo Alcure, no Flickr

Adeus, Arequipa. Até quem sabe um dia.

 

Sabe todos os perrengues e problemas pelos quais passamos nos últimos 2 dias? Então, achávamos que tinha acabado, mas não. Fomos à agência para, finalmente, fazer nossa reclamação com a péssima e irresponsável situação que eles nos colocaram, e aguardar o cara para nos levar ao terminal de buses, como combinado. Para nossa - não tão grande - surpresa, o filho da p*ta já nem lá estava mais, tinha ido embora mais cedo, e a mulher que estava lá ficava com cara de sonsa pra gente só dizendo "pedimos desculpas" e fingindo que tentava ligar pro cara.

 

Infelizmente, a foto da fachada da agência ficou no celular de Antenor, que acabou sendo perdida. Senão eu mostraria aqui pra vocês para que nunca ninguém pisasse lá. Mas, se serve de alerta, o recibo que eles dão é verde e tava escrito Magic Mountain, e o endereço é Portal San Agustin, 123 - Cercado - Arequipa - Peru. Fica ali na Plaza de Armas, junto com varias outras agências, uma do lado da outra. Se com essas informações conseguirem identificá-la, VAZEM DE LÁ que esse tipo de gente irresponsável não merece um centavo nosso. Fica a dica.

 

Pegamos um táxi por conta própria e fomos para o terminal de buses. Pagamos 5 soles cada. Quando chegamos lá, aconteceu algo muito legal. Lembram da Nina e do Lukka, aqueles eslovenhos que estavam conosco no tour de Uyuni? Então, demos de cara com eles na entrada do terminal. Meuuuu, pensa numa festa. Nessas viagens, quando você faz uma amizade, é quase como se fosse irmão. Todo mundo se abraçou e comemorou o reencontro. E o melhor, iríamos para o mesmo lugar: Huacachina. Pegaríamos o mesmo ônibus, inclusive - só que eles iriam no andar de cima (semi-cama) e a gente no de baixo (bus-cama).

 

Trocamos o voucher das passagens no guichê da Cruz del Sur e ficamos aguardando numa área reservada da empresa. Quando deu a hora marcada, embarcamos. Sério, essa empresa é muito top, é considerada a melhor do Peru. E como nós combinamos que todas as viagens noturnas seriam feitas no melhor conforto disponível, pra podermos dormir e descansar bem, viajamos sempre no bus-cama deles.

 

Saca só o conforto: poltronas largas de couro, inclinação 160º, apoio para os pés, monitor com diversos filmes e músicas disponíveis, e até comissária de bordo pra nos servir as refeições rs.

 

21292627324_5b81fc92e1_k.jpg25_cruz_del_sur by Rodrigo Alcure, no Flickr

Só achei um absurdo não servirem champagne e profiteroles! Tsc, tsc, tsc.

 

21728490019_595ded231c_k.jpg26_cruz_del_sur by Rodrigo Alcure, no Flickr

Jantar.

 

O ônibus partiu sem atraso. A viagem para Ica levaria cerca de 10 horas. O próximo destino seria o fantástico oásis de Huacachina, que decidi incluir no meu roteiro depois que vi umas fotos pela internet.

 

Esse sim era um daqueles oásis de filme, no meio do deserto. E já posso adiantar pra vocês... valeu cada dia gasto. O lugar é S-U-R-R-E-A-L.

 

SALDO DO DIA:

s/15 banho aguas termales (não vou incluir porque foi reembolsado)

s/28 buffet almoço em Chivay

s/7 refrigerante 1L

s/3 roupas lavanderia

s/8 água, biscoito, etc (supermercado)

s/14 lanche no Burger King

s/5 táxi para o terminal de buses

TOTAL: s/65 (US$ 19)

 

Próximo capítulo: Oásis são reais! Um dia de muita diversão pelas dunas de Huacachina.

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Rodrigo, fazendo o passeio ao cañon de um dia só (porque não tenho cardio para essa trilha aí não hahahah). Tens uma idéia de que horas chega de volta a Arequipa?

 

Acredito que chegue por volta de 17h30, Frann. Tenho quase certeza. Mas seria legal se alguém que já fez o tour de 1 dia confirmasse pra gente.

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Rodrigo vc descreveu exatamente como é de fato esse trekking. Muuuito puxado.

Nunca tinha lido nenhum relato de como é realmente. Mas pra mim foi surreal. ::dãã2::ãã2::'>

Eu estava com um bom preparo físico, mas mesmo assim não foi fácil. :( No meu grupo de maioria espanhol, todos acostumados a fazer trekking também não foi diferente. Todos sentiram a dificuldade da subida. Na noite do segundo dia já de volta a Arequipa minhas pernas estavam destroçadas.

 

Fiz Salkantay 5 dias/4 noites pra ir a Machu Picchu e foi muito mais tranquilo. Não fiquei dolorido nenhum dia. E era quase sempre o primeiro a chegar nos acampamentos, pois puxava o bonde. Mas o Canion é surreal. Aquela subida é desafiadora. Vc sobe aquilo com intenso trabalho cardiovascular e o pior, falta o ar.

 

No acampamento lá em Sangalle tinha só um escorpião em um dos quartos rsrsrs. E dos gringos que cruzei na viagem, me parece que apenas os espanhóis tem um hábito de higiene semelhante ao nosso e tomam banho. Ah e eu peguei essa neve rala no mesmo ponto da viagem. Acho que é brinde para brasileiros.

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