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  • Colaboradores
Postado
Oi, Rodrigo! =)

 

Ansiosa aqui para ler os próximos capítulos.

Vou fazer o mesmo roteiro agora dia 17/12 até 12/01 (27 dias) e seu relato está me ajudando muuuuito!

 

Vi que tais na correria e é provável que eu não consiga acompanhar por aqui, falta só um mês pra minha viagem e falta fechar muita coisa ainda.

Achas que rola me mandar o teu pré-roteiro? (sem todos os detalhes emocionantes)

Eu agradeceria bastante. Segue meu e-mail: dianicaroline@gmail.com

 

Valeu!

Diani

 

Ei, Diani. Então, eu perdi minha planilha, então só poderei construir uma após ter passado todo o relato a limpo. Por isso não anexei nenhuma ao tópico ainda. Manda uma DM pra mim com as suas principais dúvidas que eu vou tentando esclarecê-las, pode ser? Assim dá pra te ajudar um pouco. Obs.: evite colocar seu e-mail aqui nos posts porque os "robôs" que fazem leitura na net acabam copiando pra ficar mandando SPAM e propaganda.

 

Abraço!

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Oi, Rodrigo! =)

 

Ansiosa aqui para ler os próximos capítulos.

Vou fazer o mesmo roteiro agora dia 17/12 até 12/01 (27 dias) e seu relato está me ajudando muuuuito!

 

Vi que tais na correria e é provável que eu não consiga acompanhar por aqui, falta só um mês pra minha viagem e falta fechar muita coisa ainda.

Achas que rola me mandar o teu pré-roteiro? (sem todos os detalhes emocionantes)

Eu agradeceria bastante. Segue meu e-mail: dianicaroline@gmail.com

 

Valeu!

Diani

 

Diani !pretende gastar quanto nessa trip? (Sem passagens até Santa Cruz)

Vou em abril, 26 dias!

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Oi, Rodrigo! =)

 

Ansiosa aqui para ler os próximos capítulos.

Vou fazer o mesmo roteiro agora dia 17/12 até 12/01 (27 dias) e seu relato está me ajudando muuuuito!

 

Vi que tais na correria e é provável que eu não consiga acompanhar por aqui, falta só um mês pra minha viagem e falta fechar muita coisa ainda.

Achas que rola me mandar o teu pré-roteiro? (sem todos os detalhes emocionantes)

Eu agradeceria bastante. Segue meu epó-mail: dianicaroline@gmail.com

 

Valeu!

Diani

 

Diani !pretende gastar quanto nessa trip? (Sem passagens até Santa Cruz)

Vou em abril, 26 dias!

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Postado (editado)

Capítulo 17: O lindo – e traumatizante – caminho até Aguas Calientes.

 

16/04/15

 

Eu já havia lido bastante sobre o caminho que levava à hidrelétrica de Santa Teresa. Estradas sem asfalto, beirada por barrancos e penhascos, muitas pedras e cascalhos. Mas não estava muito apreensivo por conta disso. Além de gostar da adrenalina, costumo me apegar ao lado racional da probabilidade nessas horas. Igual viajar de avião. Mas o que eu não poderia prever era que aquela viagem me traumatizaria de uma outra forma rs.

 

Acordamos bem cedo nesse dia. A van passou para nos pegar às 6h. Demos uma volta pela cidade buscando o restante do grupo e, então, seguimos viagem. Uma parada para o café da manhã estava prevista para as 8h, numa lanchonete de beira de estrada.

 

Chegando lá, uma chuvinha agradável já dava as caras. Eu não estava com tanta vontade de comer, me sentia um pouco enjoado. “Náusea matinal”, pensei. Pagamos 6 soles cada na opção mais barata disponível: um pão com queijo e um café simples. E até que estava gostosinho.

 

Voltamos pra van e seguimos nosso rumo. O motorista havia nos avisado que, a partir dali, só voltaríamos a parar para o almoço, meia hora antes do nosso destino final. Ou seja, as próximas quase 5 horas seriam dentro da van, sem parada.

 

Uns 20 minutos depois de partirmos, aquela náusea já se fazia mais presente. Eu, que não sou de enjoar em viagem, comecei a ficar preocupado. Meia hora depois disso, senti a primeira pontada na barriga. Aí sim eu fiquei preocupado de vez.

 

As próximas duas horas que se seguiram foram de um mau humor tremendo da minha parte. Eu lutava contra um enjoo e uma dor de barriga. Até aquele momento, ambos estavam sob um pseudo-controle. Num primeiro momento, pensei no pão do café da manhã. Mas logo descartei a hipótese, porque vários comeram dele, e todos estavam bem. Sem falar que eu já estava me sentindo estranho antes mesmo do café da manhã. A única coisa então era... o molho em Cusco na noite anterior.

 

Eu já estava suando frio. Seguíamos por aquelas estradas horríveis, chacoalhando sem parar. No começo, não senti necessidade de pedir ninguém pra parar em nenhum lugar, isso por diversos motivos: 1) eu achava que aguentaria até a próxima parada, 2) o motorista disse que não iria parar e que deveríamos usar o banheiro antes, 3) eu iria chamar a atenção de todos por conta disso e 4) não havia nenhum lugar além de barranco seco e penhasco, então não adiantaria muito.

 

Antenor fez esse vídeo de um pedacinho da estrada. Vejam vocês mesmos.

 

[media]

[/media]

 

Num certo ponto da viagem, eu comecei a ter tanta cólica, suava tão frio, que todos os meus músculos se contraíam. Até os dedos dos pés sentiam dor. Antenor tentava conversar comigo, me chamando a atenção para as coisas que ele via na paisagem, e tudo o que eu sentia vontade era dar uma cotovelada na boca dele de tão mau humorado e que eu não estava afim de ver P****RA de paisagem NENHUMA ::grr:: kkkkkk. Coitado, mal sabia. Eu estava ali, olhando pra frente, quieto, concentrado na única coisa que importava na minha vida naquele momento: não-cagar-nas-calças.

 

Uma hora... duas horas... e nada de chegar. “Mais meia hora”, ele falava, e, depois de meia hora, “mais 20 minutos”, e, depois de 20 minutos, “mais uns 15 minutinhos”. Naquele momento eu estava tendo cólica de 20 em 20 segundos, tipo mulher em trabalho de parto, só que o neném seria outro KKKKK. Eu já não tinha controle nenhum a não ser a fé e a oração em todas as santidades existentes. Fiz 14 promessas, 40 pai-nossos, pedi perdão por todos os meus pecados. Tudo o que eu queria era aguentar até a nossa parada pro almoço.

 

Engraçado que muitas pessoas depois, quando contei essa história, falavam comigo “Mas por que você não pediu pra parar a van? Por que não saiu dali? Nem que fosse em qualquer lugar...” MEUS AMIGOS, eu simplesmente não tinha força sequer para FALAR. Se eu pronunciasse um “A” pro motorista, a barragem da Samarco iria estourar ali naquela van e eu viraria piada internacional nas manchetes “El Mochilero Cagon de Machupicchu”.

 

Quando o motorista falou “depois daquela curva chegaremos” eu tive uma carga de ânimo pra aguentar mais um pouco. Aí quando ele vira a curva eu vejo mais trezentas e sessenta e sete curvas pela frente, chacoalhando e pulando o tempo todo. O duelo interno continuava, a pior batalha da minha vida.

 

Nesse momento, eu já estava me conformando com a desgraça e pensando em possíveis estratégias. Fugir para o himalaia, mudar de nome, até mesmo assassinar todas as testemunhas (brincadeira, vai que a PF tá lendo isso). O pessoal na van tava com medo de cair nos penhascos, e eu mais preocupado com o fato de cair no penhasco e morrer cagado lá em baixo, e o povo pensar que eu morri me borrando de medo.

 

Por uns 3 ou 4 instantes, eu jurava que tinha perdido a guerra, jurava que a coisa ia ceder, literalmente. Mas conseguia controlar. Sentia dor até na orelha a cada contração, cada cólica contida. Foi a viagem inteira imóvel, calado, olhando apenas pra frente, respirando fundo e concentrado em manter minha dignidade hahaha. Sério, foi, de longe, a pior viagem da minha vida. Hoje eu dou risada, mas foi muito triste lá na hora.

 

Quando eu já havia desistido, surge o primeiro sinal de civilização. Quase caiu uma lágrima. Só não caiu porque até meu canal lacrimal devia ter sido convocado pra guerra interna contra a caganeira que tava rolando lá no meu intestino. Uns 10 minutos depois, ele parou em frente a um restaurante, e eu nem sei se tinha alguém na minha frente, só sei que sai empurrando todo mundo e fui correndo pro banheiro de um bar que tinha ao lado. “Baño 1 sole” estava escrito. Pois eu pagaria até a minha mãe naquela hora. Entrei direto e fechei a porta.

 

Aqui vou poupar-lhes do que aconteceu lá dentro, porque esse capítulo já tá nojento demais. Mas digamos que ao sair quase deixei uns 10 soles, de tanta dó que senti da dona do bar.

 

Nessa hora, Antenor já estava me procurando, porque todo mundo tava terminando de almoçar e eu tinha sumido. Expliquei toda a situação pra ele e ele, enfim, entendeu por que eu estava estranho e calado a viagem toda. Pedimos uma refeição leve e, apesar de eu não estar com muita fome, sabia que aquilo me faria bem. O time lá dentro precisava de um reforço depois de vencer a maior batalha de nossas vidas hahaha. Pagamos 10 soles num menu que incluía uma sopinha de quinoa.

 

Esqueci de falar que ali onde paramos para o almoço é a cidade de Santa Teresa. Seguimos viagem e, meia hora depois, chegamos à hidrelétrica, o ponto mais próximo de Machu Picchu que os veículos conseguem chegar. Dali em diante, só de trem ou andando.

 

O local concentra várias vans e tem vários mochileiros iniciando a trilha, então é bem tranquilo. O motorista já deixa combinado que todos devem estar de volta àquele local até as 13h30 do dia em que está marcado o retorno a Cusco.

 

Começamos a nossa trilha logo que chegamos, por volta das 13h40. O local é todo sinalizado, então não há problema nenhum. No começo, tem umas subidinhas bobas, mas logo o caminho fica inteiramente plano, e a gente segue junto ao trilho do trem. Há um bom espaço nas laterais, e você escuta o trem bem de longe dando sinal, então é só chegar pro lado e ficar aguardando ele passar. A média de duração da trilha é de 2 horas (pessoal mais rápido) até 4 horas (pessoal que anda mais devagar). Como eu não estava nas melhores condições, acabamos fazendo em 2h40.

 

Eu nem sei se devo contar isso, porque esse capítulo já tá uma *merda* kkkk, e foi uma situação ainda mais constrangedora, mas, enfim, tô sendo sincero aqui, e é bom pra saber que pode acontecer com qualquer um. Mas logo no início da caminhada veio um contra ataque insuportável daquela cólica. Quase chorei de dor. Larguei tudo no chão, peguei o papel higiênico na mochila e corri pra uma mata fechada. Foi a primeira vez na vida que passei por uma situação dessa kkkk, mas nessas horas você perde a vergonha, perde o medo, perde tudo, só não perde a dignidade. Teeeeenso! ::tchann::

 

Juro que até hoje estou esperando chegar uma maldição Inca como punição por esse sacrilégio em solo sagrado. ::lol4:: Bom, pelo menos era adubo. kkkkk

 

Mas chega de papo nojento!!! Vamos falar de coisa agradável agora.

 

A trilha é LINDA! Se você gosta de natureza, vai adorar caminhar por aquele lugar. Mesmo passando mal, segui o caminho todo curtindo aquela vibe, tomando muita água e comendo muita fruta (granadilla, minha preferida nessa trip).

 

Vou deixar as fotos falarem por mim.

 

22595544393_32c7c3584d_k.jpg02_trilha_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Iniciando a trilha.

 

22854660499_e31313adb2_k.jpg03_trilha_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Logo no início já dá pra avistar a local de Machu Picchu.

 

22595513113_1d01eb56d7_k.jpg04_trilha_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Trilha até Aguas Calientes.

 

23222582445_079f0de5df_k.jpg05_trilha_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Trilha até Aguas Calientes. Natureza de tirar o fôlego.

 

22828405127_26afa9f4ac_k.jpg06_trilha_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Trilha até Aguas Calientes.

 

22926734240_0c65a372f6_k.jpg07_trilha_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Trilha até Aguas Calientes.

 

22926720330_6868e1c1c1_k.jpg08_trilha_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Trilha até Aguas Calientes. Que tal uma parada para se refrescar?

 

23222521435_0f3b945811_k.jpg09_trilha_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Trilha até Aguas Calientes. Aguardando o trem passar.

 

No final da trilha, é preciso muita atenção. Isso porque não devemos continuar seguindo pelo trilho do trem, e sim descer por um outro caminho. Se você seguir pelo trilho, irá passar pelo túnel, que é proibido. Se o trem passa ali na hora, não tem “acostamento” pra você se proteger, aí já era. Muito cuidado com isso. Tem um pessoal que avisa, mas nem sempre eles estão ali. Então observem bem o caminho.

 

divisao_de_caminhos.JPG.5acc69b005b00597494e8aa5408430a9.JPG

 

De longe, avistamos a cidadezinha de Machupicchu Pueblo (ou Aguas Calientes, como é mais conhecida pelos mochileiros). Eu fiquei encantado. Ela é muito charmosa. E quando cai a noite, fica mais bonita ainda.

 

22854560579_78531cfaa9_k.jpg10_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Machupicchu Pueblo (Aguas Calientes).

 

23222497265_07e67b10b3_k.jpg11_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Machupicchu Pueblo (Aguas Calientes).

 

22594041914_af1881e03b_k.jpg12_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Machupicchu Pueblo (Aguas Calientes).

 

22828316387_b9e0b74997_k.jpg13_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Machupicchu Pueblo (Aguas Calientes).

 

22854514199_c64375de81_k.jpg14_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

 

23196339876_9c5149d901_k.jpg15_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Machupicchu Pueblo (Aguas Calientes).

 

23222443945_5f23b0ce7a_k.jpg16_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Machupicchu Pueblo (Aguas Calientes).

 

Ficamos hospedados no hostel Supertramp. Quarto compartilhado, banheiros legais, tem até uma lanchonete/restaurante/pizzaria onde é servido o café da manhã. Achei bem legal. Pagamos 60 soles cada por 2 diárias.

 

Tomamos um banho pra tirar aquela “nhaca” da viagem e da trilha, e saímos pra jantar. Optamos por comer algo mais leve, obviamente.

 

Aguas Calientes é uma cidade totalmente turística. Vive em função de Machu Picchu. Então não espere os mesmos preços de Cusco. Entretanto, a concorrência pelo turista é alta, e pesquisando você acha coisa boa. Nós achamos um restaurante super bonitinho, não me conformo até agora de não ter anotado o nome pra passar pra vocês. Mas pagamos 13 soles num menu completo: entrada de salada (bem simples) + sopa + prato principal + sobremesa (bem simples, banana com doce de leite) + bebida. Um copo de limonada peruana. Estava muito gostoso e achei muito barato pelo que comemos, ainda mais na cidade onde estávamos. A limonada leva uma colherzinha pequena de clara de ovo na hora de batê-la. Não fique com nojo, experimente sem preconceito. Eu achei delicioso.

 

Depois de jantar, tomei uma decisão não programada. Nós originalmente subiríamos até Machu Picchu andando. Só que eu não estava nas melhores das condições, e nós já iriamos subir o Huaynapicchu também. Acabamos comprando um ticket somente de subida no ônibus que vai até lá em cima. É uma facada, 12 dólares pra meia horinha de zigue-zague. Mas não tinha outra opção.

 

tabela_de_precos.JPG.7af96f3e33ef59a9a4c1296c9a358022.JPG

 

Voltamos pro hostel e fomos dormir cedo. Eu estava meio febril, e no outro dia levantaríamos cedo pra entrar no parque logo no horário de abertura. Faltava muito pouco para, enfim, conhecer uma das grandes maravilhas do nosso mundo.

 

E QUE MARAVILHA, meus amigos!!! ::hahaha::

 

SALDO DO DIA:

s/6 desayuno

s/1 baño (banheiro)

s/10 almoço

s/60 duas diárias Supertramp

US$/14 bus ticket subida Machu Picchu

TOTAL: s/77 + US$ 12 (US$ 35)

 

Próximo capítulo: Machu Picchu, a Cidade Perdida dos Incas... e uma noite no hospital.

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Capítulo 17: O lindo – e traumatizante – caminho até Aguas Calientes.

 

16/04/15

 

Eu já havia lido bastante sobre o caminho que levava à hidrelétrica de Santa Teresa. Estradas sem asfalto, beirada por barrancos e penhascos, muitas pedras e cascalhos. Mas não estava muito apreensivo por conta disso. Além de gostar da adrenalina, costumo me apegar ao lado racional da probabilidade nessas horas. Igual viajar de avião. Mas o que eu não poderia prever era que aquela viagem me traumatizaria de uma outra forma rs.

 

Acordamos bem cedo nesse dia. A van passou para nos pegar às 6h. Demos uma volta pela cidade buscando o restante do grupo e, então, seguimos viagem. Uma parada para o café da manhã estava prevista para as 8h, numa lanchonete de beira de estrada.

 

Chegando lá, uma chuvinha agradável já dava as caras. Eu não estava com tanta vontade de comer, me sentia um pouco enjoado. “Náusea matinal”, pensei. Pagamos 6 soles cada na opção mais barata disponível: um pão com queijo e um café simples. E até que estava gostosinho.

 

Voltamos pra van e seguimos nosso rumo. O motorista havia nos avisado que, a partir dali, só voltaríamos a parar para o almoço, meia hora antes do nosso destino final. Ou seja, as próximas quase 5 horas seriam dentro da van, sem parada.

 

Uns 20 minutos depois de partirmos, aquela náusea já se fazia mais presente. Eu, que não sou de enjoar em viagem, comecei a ficar preocupado. Meia hora depois disso, senti a primeira pontada na barriga. Aí sim eu fiquei preocupado de vez.

 

As próximas duas horas que se seguiram foram de um mau humor tremendo da minha parte. Eu lutava contra um enjoo e uma dor de barriga. Até aquele momento, ambos estavam sob um pseudo-controle. Num primeiro momento, pensei no pão do café da manhã. Mas logo descartei a hipótese, porque vários comeram dele, e todos estavam bem. Sem falar que eu já estava me sentindo estranho antes mesmo do café da manhã. A única coisa então era... o molho em Cusco na noite anterior.

 

Eu já estava suando frio. Seguíamos por aquelas estradas horríveis, chacoalhando sem parar. No começo, não senti necessidade de pedir ninguém pra parar em nenhum lugar, isso por diversos motivos: 1) eu achava que aguentaria até a próxima parada, 2) o motorista disse que não iria parar e que deveríamos usar o banheiro antes, 3) eu iria chamar a atenção de todos por conta disso e 4) não havia nenhum lugar além de barranco seco e penhasco, então não adiantaria muito.

 

Antenor fez esse vídeo de um pedacinho da estrada. Vejam vocês mesmos.

 

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Num certo ponto da viagem, eu comecei a ter tanta cólica, suava tão frio, que todos os meus músculos se contraíam. Até os dedos dos pés sentiam dor. Antenor tentava conversar comigo, me chamando a atenção para as coisas que ele via na paisagem, e tudo o que eu sentia vontade era dar uma cotovelada na boca dele de tão mau humorado e que eu não estava afim de ver P****RA de paisagem NENHUMA ::grr:: kkkkkk. Coitado, mal sabia. Eu estava ali, olhando pra frente, quieto, concentrado na única coisa que importava na minha vida naquele momento: não-cagar-nas-calças.

 

Uma hora... duas horas... e nada de chegar. “Mais meia hora”, ele falava, e, depois de meia hora, “mais 20 minutos”, e, depois de 20 minutos, “mais uns 15 minutinhos”. Naquele momento eu estava tendo cólica de 20 em 20 segundos, tipo mulher em trabalho de parto, só que o neném seria outro KKKKK. Eu já não tinha controle nenhum a não ser a fé e a oração em todas as santidades existentes. Fiz 14 promessas, 40 pai-nossos, pedi perdão por todos os meus pecados. Tudo o que eu queria era aguentar até a nossa parada pro almoço.

 

Engraçado que muitas pessoas depois, quando contei essa história, falavam comigo “Mas por que você não pediu pra parar a van? Por que não saiu dali? Nem que fosse em qualquer lugar...” MEUS AMIGOS, eu simplesmente não tinha força sequer para FALAR. Se eu pronunciasse um “A” pro motorista, a barragem da Samarco iria estourar ali naquela van e eu viraria piada internacional nas manchetes “El Mochilero Cagon de Machupicchu”.

 

Quando o motorista falou “depois daquela curva chegaremos” eu tive uma carga de ânimo pra aguentar mais um pouco. Aí quando ele vira a curva eu vejo mais trezentas e sessenta e sete curvas pela frente, chacoalhando e pulando o tempo todo. O duelo interno continuava, a pior batalha da minha vida.

 

Nesse momento, eu já estava me conformando com a desgraça e pensando em possíveis estratégias. Fugir para o himalaia, mudar de nome, até mesmo assassinar todas as testemunhas (brincadeira, vai que a PF tá lendo isso). O pessoal na van tava com medo de cair nos penhascos, e eu mais preocupado com o fato de cair no penhasco e morrer cagado lá em baixo, e o povo pensar que eu morri me borrando de medo.

 

Por uns 3 ou 4 instantes, eu jurava que tinha perdido a guerra, jurava que a coisa ia ceder, literalmente. Mas conseguia controlar. Sentia dor até na orelha a cada contração, cada cólica contida. Foi a viagem inteira imóvel, calado, olhando apenas pra frente, respirando fundo e concentrado em manter minha dignidade hahaha. Sério, foi, de longe, a pior viagem da minha vida. Hoje eu dou risada, mas foi muito triste lá na hora.

 

Quando eu já havia desistido, surge o primeiro sinal de civilização. Quase caiu uma lágrima. Só não caiu porque até meu canal lacrimal devia ter sido convocado pra guerra interna contra a caganeira que tava rolando lá no meu intestino. Uns 10 minutos depois, ele parou em frente a um restaurante, e eu nem sei se tinha alguém na minha frente, só sei que sai empurrando todo mundo e fui correndo pro banheiro de um bar que tinha ao lado. “Baño 1 sole” estava escrito. Pois eu pagaria até a minha mãe naquela hora. Entrei direto e fechei a porta.

 

Aqui vou poupar-lhes do que aconteceu lá dentro, porque esse capítulo já tá nojento demais. Mas digamos que ao sair quase deixei uns 10 soles, de tanta dó que senti da dona do bar.

 

Nessa hora, Antenor já estava me procurando, porque todo mundo tava terminando de almoçar e eu tinha sumido. Expliquei toda a situação pra ele e ele, enfim, entendeu por que eu estava estranho e calado a viagem toda. Pedimos uma refeição leve e, apesar de eu não estar com muita fome, sabia que aquilo me faria bem. O time lá dentro precisava de um reforço depois de vencer a maior batalha de nossas vidas hahaha. Pagamos 10 soles num menu que incluía uma sopinha de quinoa.

 

Esqueci de falar que ali onde paramos para o almoço é a cidade de Santa Teresa. Seguimos viagem e, meia hora depois, chegamos à hidrelétrica, o ponto mais próximo de Machu Picchu que os veículos conseguem chegar. Dali em diante, só de trem ou andando.

 

O local concentra várias vans e tem vários mochileiros iniciando a trilha, então é bem tranquilo. O motorista já deixa combinado que todos devem estar de volta àquele local até as 13h30 do dia em que está marcado o retorno a Cusco.

 

Começamos a nossa trilha logo que chegamos, por volta das 13h40. O local é todo sinalizado, então não há problema nenhum. No começo, tem umas subidinhas bobas, mas logo o caminho fica inteiramente plano, e a gente segue junto ao trilho do trem. Há um bom espaço nas laterais, e você escuta o trem bem de longe dando sinal, então é só chegar pro lado e ficar aguardando ele passar. A média de duração da trilha é de 2 horas (pessoal mais rápido) até 4 horas (pessoal que anda mais devagar). Como eu não estava nas melhores condições, acabamos fazendo em 2h40.

 

Eu nem sei se devo contar isso, porque esse capítulo já tá uma *merda* kkkk, e foi uma situação ainda mais constrangedora, mas, enfim, tô sendo sincero aqui, e é bom pra saber que pode acontecer com qualquer um. Mas logo no início da caminhada veio um contra ataque insuportável daquela cólica. Quase chorei de dor. Larguei tudo no chão, peguei o papel higiênico na mochila e corri pra uma mata fechada. Foi a primeira vez na vida que passei por uma situação dessa kkkk, mas nessas horas você perde a vergonha, perde o medo, perde tudo, só não perde a dignidade. Teeeeenso! ::tchann::

 

Juro que até hoje estou esperando chegar uma maldição Inca como punição por esse sacrilégio em solo sagrado. ::lol4:: Bom, pelo menos era adubo. kkkkk

 

Mas chega de papo nojento!!! Vamos falar de coisa agradável agora.

 

A trilha é LINDA! Se você gosta de natureza, vai adorar caminhar por aquele lugar. Mesmo passando mal, segui o caminho todo curtindo aquela vibe, tomando muita água e comendo muita fruta (granadilla, minha preferida nessa trip).

 

Vou deixar as fotos falarem por mim.

 

22595544393_32c7c3584d_k.jpg02_trilha_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Iniciando a trilha.

 

22854660499_e31313adb2_k.jpg03_trilha_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Logo no início já dá pra avistar a local de Machu Picchu.

 

22595513113_1d01eb56d7_k.jpg04_trilha_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Trilha até Aguas Calientes.

 

23222582445_079f0de5df_k.jpg05_trilha_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Trilha até Aguas Calientes. Natureza de tirar o fôlego.

 

22828405127_26afa9f4ac_k.jpg06_trilha_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Trilha até Aguas Calientes.

 

22926734240_0c65a372f6_k.jpg07_trilha_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Trilha até Aguas Calientes.

 

22926720330_6868e1c1c1_k.jpg08_trilha_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Trilha até Aguas Calientes. Que tal uma parada para se refrescar?

 

23222521435_0f3b945811_k.jpg09_trilha_aguas_calientes by Rodrigo Alcure, no Flickr

Trilha até Aguas Calientes. Aguardando o trem passar.

 

No final da trilha, é preciso muita atenção. Isso porque não devemos continuar seguindo pelo trilho do trem, e sim descer por um outro caminho. Se você seguir pelo trilho, irá passar pelo túnel, que é proibido. Se o trem passa ali na hora, não tem “acostamento” pra você se proteger, aí já era. Muito cuidado com isso. Tem um pessoal que avisa, mas nem sempre eles estão ali. Então observem bem o caminho.

 

IMG_20170806_135123126.thumb.jpg.3fd6adee03e168a086db7ea838c59550.jpgtabela_de_precos.JPG[/attachment]

 

Voltamos pro hostel e fomos dormir cedo. Eu estava meio febril, e no outro dia levantaríamos cedo pra entrar no parque logo no horário de abertura. Faltava muito pouco para, enfim, conhecer uma das grandes maravilhas do nosso mundo.

 

E QUE MARAVILHA, meus amigos!!! ::hahaha::

 

SALDO DO DIA:

s/6 desayuno

s/1 baño (banheiro)

s/10 almoço

s/60 duas diárias Supertramp

US$/14 bus ticket subida Machu Picchu

TOTAL: s/77 + US$ 12 (US$ 35)

 

Próximo capítulo: Machu Picchu, a Cidade Perdida dos Incas.

 

Rodrigo , que aperto hein mano?puuuts

Vc foi um cara forte hein conseguir esperar a próxima parada, eu já teria liberado a Samarco ::essa::

E depois pular o penhasco de tanta vergonha! ::sos::::putz::::putz::

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Oi,

 

Eu to planejando essa viagem faz tempinho, então me preparei financeiramente também.

Meu orçamento geral é de R$ 5.000, já gastei R$ 1.400 nas passagens (ida e volta até sta cruz).

 

::cool:::'>

Di

 

 

 

Oi, Rodrigo! =)

 

Ansiosa aqui para ler os próximos capítulos.

Vou fazer o mesmo roteiro agora dia 17/12 até 12/01 (27 dias) e seu relato está me ajudando muuuuito!

 

Vi que tais na correria e é provável que eu não consiga acompanhar por aqui, falta só um mês pra minha viagem e falta fechar muita coisa ainda.

Achas que rola me mandar o teu pré-roteiro? (sem todos os detalhes emocionantes)

Eu agradeceria bastante. Segue meu e-mail: dianicaroline@gmail.com

 

Valeu!

Diani

 

Diani !pretende gastar quanto nessa trip? (Sem passagens até Santa Cruz)

Vou em abril, 26 dias!

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