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Parque Nacional da Serra do Divisor - Acre, Brasil.


Paulo Neves

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E aí pessoal?

Hoje repasso minha experiência pelo Parque Nacional da Serra do Divisor, que fica situado no estado do Acre, próximo à fronteira com o Peru. Fiz a viagem no dia 30/04/15 até 03/05/15.

O lugar é magnífico de lindo! A floresta lá é exuberante e também diferente, pois conheço algumas partes da amazônia próxima a Cruzeiro do Sul (CZS), Acre, mas acredito que devido à serra, a floresta ganha uma nova visão.

 

Vou dividir o relato em partes para tentar facilitar a compreensão.

 

Parte 1 - Como chegar ao parque

 

Tenho que admitir, chegar ao Parque Nacional da Serra do Divisor (PNSD) não é uma tarefa muito fácil. Prepare-se para passar longas horas em um barco. Não existem rodovias que chegam até o parque, o único meio de transporte é à barco (se você for muito rico, pode alugar um avião - mas para mochileiros isso é bem improvável rsrs). Apesar da distância, o passeio é fantástico, eu adorei!

Para ir até o PNSD é preciso chegar ao município de Mâncio Lima (ML), que o município mais ocidental do Brasil. Agora para se chegar a ML, é bem provável que você terá de passar por CZS (a segunda maior cidade acriana). Os principais meios para ir para CZS são aéreo e terrestre. Existem voos direto de Rio Branco para CZS diariamente pela Gol (demora cerca de 50 min.). Também é possível chegar de ônibus ou carro, mas prepare-se pois a rodovia que liga Rio Branco a CZS é simplesmente horrível; extremamente esburacada, pista simples e a maioria das cidades ficam bem distantes umas das outras (mas não é impossível - a viagem de ônibus CZS para Rio Branco dura em média 12 horas, pois são 700 Km). Por fim, de CZS para ML pode-se optar por ônibus ou mesmo táxi (dependendo do tamanho da turma, divide-se o valor da corrida; nós pagamos 80 reais dividido em 4, mas a média é de 100 reais - fomos de táxi pois não tinham horários de ônibus na hora em que saímos). As cidades são próximas, cerca de 35 Km.

Antes de embarcar para ML, duas coisas são extremamente importantes: combinar com um barqueiro de ML a viagem e pegar autorização no ICMBio para entrar no PNSD.

A autorização pode ser conseguida com Diogo (responsável técnico pelo PNSD) no ICMBio em CZS (Rua Jaminauas, 1556 - Bairro Cruzeirão. Tel 68 33227851. Email: pnsd.ac@gmail.com). Diogo é uma cara bem legal e ele pode dar boas dicas para os viajantes, inclusive de barqueiros que fazem a viagem.

Com a autorização em mãos, é preciso definir quem vai te levar até o PNSD. Nossa primeira tentativa foi com um cara que tem um barco bastante "luxuoso" pois tem rede para descanso, mas é muito caro (perdi o telefone dele). Então tentamos contato com Gilson (68 9999-2233) que é bem legal, mas ele estava lotado de viagens e nos repassou para outro barqueiro (não tenho telefone também), o Marcos, que foi muito atencioso e prestativo. A parte dos preços passarei mais adiante.

Marcos tem um barco relativamente grande, com cadeiras para sentar e com encosto dos lados, que dão maior sensação de proteção. Isso é importante, pois apesar de apertado, existem pessoas pelo caminho indo para o PNSD em canoas ou barcos menores, mas bem desconfortáveis. O ponto fraco de nossa viagem foi o tempo. Marcos é um barqueiro experiente, porém não com barcos do tamanho que fomos viajar. Dessa forma a viagem foi bem demorada. Saímos do porto de ML às 07:00 de quinta. Tivemos de dormir no meio do caminho na casa de um indígena, da aldeia Nikon, cujo nome é Firon (pessoa excepcional, muito atencioso, prestativo, amigável e que nos recebeu de portas abertas sem cobrar nenhum real. Chegamos à casa de Firon por volta de 18:00. Na sexta, saímos às 07:00 novamente e chegamos ao PNSD às 09:30 (apesar de apenas 2h, para quem já havia ficado o dia todo em um barco desconfortável, achamos mais prudente dormir do que viajar pelo rio Moa à noite). Também o fato de estarmos subindo o rio, contra a correnteza, contribuiu para tamanha demora.

Dica: apesar de calor na amazônia, recomendo à todos levarem um agasalho durante a viagem de barco pois sempre existe um vento mais frio, devido à velocidade do barco. Apenas por garantia.

 

Parte 2 - Estadia

 

Para ficar no PNSD, você pode optar por ficar na pousada que existe, cujo proprietário é o Miro (68 4400-7832 - orelhão da comunidade), na casa do ICMBio ou mesmo acampar. Como a pousada estava cheia, resolvemos ficar na casa do ICMBio. A casa é confortável, com 2 quartos, 2 banheiros, 1 cozinha, 1 sala e 1 varanda. Possui gerador de luz. Não acampamos pois conhecíamos o clima amazônico e prevíamos dificuldades com umidade e muita chuva, além de ser o mesmo preço entre acampar e ficar na casa do ICMBio.

A casa é bem equipada, com fogão à gás, colchões, 2 ventiladores, mesa com cadeiras, geladeira e coisas de cozinha.

Achei bastante agradável ficar lá.

 

Parte 3 - O que levar e comprar

 

Como resolvemos ficar na casa do ICMBio nós compramos toda comida que consumimos, o que deixou a viagem mais barata. A esposa de Miro pode cozinhar alguns pratos caso queiram, mas como o dinheiro era curto resolvemos cozinhar nós mesmos. Todas as compras que fizemos foram feitas em CZS, por ter supermercados maiores e com mais opções do que ML. Caso falte alguma coisa, existe a possibilidade de conseguir com algum vizinho da pousada ou da casa do ICMBio (mas é melhor ir preparado, pois devido à distância da cidade, algumas coisas podem estar em falta).

Sempre levar coisas de comer e beber para a viagem, pois não existe nenhum lugar para parar e comprar coisas (talheres e copos descartáveis). Se possível leve água potável para ingerir durante a estadia no parque.

Com relação a roupas é bom se prevenir, pois pode chover a qualquer momento e o clima muda. À noite fez até um friozinho, mas nada insuportável. Leve ao menso duas calças e um bom sapato fechado para aventuras na mata (o solo é bastante úmido e tem água em várias partes). Não conte com o sol ára secar as roupas já que a umidade praticamente torna impossível isso.

Repelente de insetos é sempre bem-vindo.

As câmeras do celular servem muito bem, porém se tiver alguma câmera mais avançada não exite me levar (sempre leve os carregadores e mais bateria).

Os barcos não tem colete salva-vidas. Dessa forma é sempre bom tentar conseguir com algum conhecido na cidade ou mesmo alugar, caso não tenha.

 

Parte 4 - Roteiros

 

No primeiro dia no parque, fomos ao mirante, à cachoeira do amor e ao buraco da central (podem ver algumas fotos abaixo). Já no segundo dia, fomos à cachoeira do ar condicionado e resolvemos cozinhar na mata, próximo ao buraco. Infelizmente, devido ao tempo, não conseguimos ir até a cachoeira da Formosa (bem distante, cerca de 30 Km de caminhada ida e volta). Não existem muitos segredos; na página do PNSD no facebook é possível consguir mais informações sobre os locais a visitar (https://www.facebook.com/parnadaserradodivisor?fref=ts).

 

Parte 5 - Volta para casa

 

No domingo, saímos bem cedinho, às 06:00 e chegamos em ML por volta de 16:00. Como estávamos descendo o rio, a viagem foi bem mais rápida. A volta foi espetacular pois pudemos ver uma preguiça nadando para atravessar o rio Moa, um jacaré, além de várias aves e macacos pelas árvores. Voltamos para CZS novamente de táxi, pois não tinham mais ônibus de ML para CZS no dia. Da mesma forma, levamos comida e água.

 

Parte 6 - Gastos

 

Uma viagem ao PNSD fica, no mínimo, em torno de 300 reais. O caro da viagem é o barqueiro e a gasolina, e neste é difícil economizar.

De gasolina foram gastos 100,00 por pessoa.

O barqueiro custou 84,00 por pessoas (ele fica com você no parque e te leva aos pontos turísticos).

Táxi (ida e volta para CZS) foram 40,00 por pessoa.

Comida gastamos 35 reais por pessoa (apesar de ter levado carne, demos sorte de ter ganhado carne de porco do vizinho).

Na casa do ICMBio pagamos 15,00 a diária por pessoa, mas sem nenhuma refeição.

Na pousada se paga se paga 40,00 a diária, mas com café da manhã incluso.

 

Bom, espero ter ajudado com esse relato para os próximos viajantes ao PNSD. É um lugar especial do Brasil e quase totalmente desconhecido. Temos que conhecer para preservar tamanha beleza e magnitude de nosso país.

 

Abaixo seguem algumas fotos...

Abs, Paulo!

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