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[EDITADO EM 22/04]

 

Dando retorno de minha viagem ao Paraguai, pois me sinto na obrigação moral de retribuir as preciosas informações que retirei daqui.

 

Como surgiu a ideia de ir ao Paraguai: vontade de conhecer a América Latina, começando pelos paises mais próximos e depois estendendo as distancias. Além, é claro, de ter apenas quatro dias do feriado.

 

Objetivos: melhorar a compreensão e fluência de espanhol; conhecer a cultura local; testar meios de baratear as viagens; fazer contato com outros mochileiros.

 

Roteiro programado: chegar sexta à tarde, recorrer um pouco do centro de Asunción, dormir no hostel, ir a Tobati sábado de manha, praticar a aventura Tobati com a agência AventuraXtrema, dormir em San Bernardino, ir a Paraguari domingo pela manha, ir na Eco Reserva Mbatovi, voltar a Asunción domingo à tardinha para ficar até terça pela manhã. Ufa!

 

1° dia: chegada as 14:15 (hora local).

 

Maior temporal que já houve na história. Achei que o avião não pousaria. Cambiei R$ 40 para o caso de ter que pegar um táxi, mas a ideia era ir de ônibus. Cambio de valor semelhante aos demais pontos de cambio, por incrível que pareça. Fui até o guichê de informações turísticas, onde fui muito bem atendido e recebi dois panfletos super completos: um livreto apenas sobre a capital e um caderninho sobre todo o país. E aí começa a loucura...

 

Na saída do guichê turístico vi dois brasileiros pagando quase R$ 100 por uma corrida de 15km sem reclamar. Resolvi manter a ideia de pegar o bus, visto que a parada fica a 200m da porta do aeroporto e a passagem custa cerca de R$ 1,50.

 

Fiquei esperando a chuva diminuir para sair do aero, então puxei papo com um tiozinho que estava na mesma situação. Foi assim que descobri como é falado o guarani... devo ter entendido umas três palavras de cada dez. Conversamos, ele começou a falar espanhol e então disse enfaticamente que a língua deles era o PARAGUAIO. Quem chamou de língua guarani foram os espanhóis e tal e coisa... Quando o temporal deu uma leve trégua, corri os primeiros 100m até as cancelas de entrada e saída de carros, e foi o tempo da tormenta voltar com tudo. Quando estava aguardando, passou um maluco em uma camionete, se apiedou da minha situação e ofereceu uma carona. Aceitei, é claro. Começamos a papear, o cara muito gente boa. Passamos em frente à sede da Conmebol, em Luque, então entramos no assunto futebol. O cara era Cerrista fanático, eu Gremista nem tão fanático, então falamos muito tempo sobre jogadores, ídolos, jogos de Libertadores e por aí afora. Expliquei em que hostel ficaria e qual seria meu planejamento para sábado, na cidade de Tobati. Ele argumentou que seria uma contramão, mais pela tempestade do que pela distância, então me convidou para dormir em sua casa. Cara, que loucuuura!! Couchsurfing sem convite prévio? Hehe! Morava com toda familia: pais e três irmas mais novas. Me apresentou a todos, a exceção do pai que estava viajando a trabalho. Me levou na casa de sua namorada, talvez o lugar mais humilde que já freqüentei. Pobreza, honestidade e humanidade na mesma medida. Da mesma forma, me levou a uma casa que está em fase final de construção, que será a sede da empresa que quer abrir em parceria com o sogro. Que gente interessante! Recebem um estranho em sua casa com a maior hospitalidade e bondade, ainda que se tratasse de um lugar muitíssimo humilde. Aliás, só depois de estar lá descobri que nem agua encanada havia. Periodicamente os caminhoes do governo abastecem uma fonte a partir da qual os moradores podem retirar agua em baldes ou toneis. Isso a 30km de Asunción!!

 

Como estava muito cansado, jantamos e pelas 22:30 já estava dormindo.

 

Continua...

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[EDITADO EM 22/04]

 

Bem, esqueci de mencionar algumas coisas no primeiro post, visto que escrevi no celular ainda no hostel em Asuncion, em uma manhâ chuvosa. A partir do momento em que aceitei ficar na casa do amigo paraguaio, de modo que não era necessário ir até Asunción, ele sugeriu fazermos um pequeno tour pelas cercanias. Passamos por Areguá sem entrar na cidade; vimos o lago Ypacaray a partir de um balneário na cidade homônima; passamos por Luque onde são fanáticos por um clube de futebol local, que tem as mesmas cores do Boca Juniors (e também pintam as paredes de amarelo e azul); fomos até a catedral de Caacupe onde todos os anos ocorre uma grande procissão católica e passamos por outros locais que já nem lembro o nome. Tudo é tão próximo e mal sinalizado que fica difícil distinguir uma cidade da outra.

 

2° dia: plano furado e algumas surpresas

 

Acordei cedo com o canto dos galos e o mugido das vacas solicitando serem ordenhadas. Sim, o Paraguay é um pais predominantemente rural. Levantei só pelas 8h. Meu anfitrião desculpou-se por acordar tarde, visto que levanta todos os dias entre 5 e 6h. Que loucuuuura!! Fomos tomar cafe da manha, o qual consistia em cerca de uma dezena de tipos de pães: gordos, finos, bolinhas, fatias, massinhas... Aliás, no Paraguay qualquer refeição é servida com pão. Resolvemos ir até o centro da cidade fazer cambio (o banco estava aberto sábado!) e depois ir até a Cantera de Ypacaray. Trata-se de um pequeno lago entre rochas onde uma empresa de turismo de aventuras (Aventura Xtrema) costuma oferecer mergulhos guiados e também solo para os mais experientes. E.... primeira surpresa! Uma pessoa havia se afogado no local e um policial não nos deixou entrar. Concordamos, agradecemos, demos uma volta, ele falou em guarani com alguns conhecidos que estavam por ali e entramos pelo outro lado. Surpresa maior ainda ao ver que o local é feio e está sendo rapidamente devastado por 'artesãos' que quebram as rochas para depois entalha-las grosseiramente. Nesse meio tempo alguem gritou algo em guarani e meu guia fez sinal para corrermos. Era um aviso de que outro carro da policia estava chegando no local. Partimos dali.

 

Voltamos para casa para almoçar, o que fizemos rapidamente pois às 13h teríamos que estar na cidade de Tobati. Despedi-me daquela linda familia muito agradecido pela hospitalidade, por receber tão bem um estranho em sua casa. São muito amáveis os paraguaios, sem dúvida. Chegamos ao ponto de encontro na cidade de Tobati, um posto de gasolina. Após uns 10min de espera, liguei para a empresa e então... segunda surpresa! Devido ao temporal do dia anterior, onde de fato choveu rios de água, as pessoas desistiram da aventura. Tentaram me avisar no hostel onde ficariia hospedado, mas por razões óbvias não me encontraram. Combinamos de nos encontrar em San Bernardino, cidade sede da empresa.

 

Fomos até o local combinado, onde o famoso Lolo (dono da empresa) estava à nossa espera. Me despedi de Carlos e segui no carro de Lolo, onde seus cães me fizeram uma calorosíssima recepção, se jogando sobre mim, lambendo, latindo, soltando um cobertor de pêlos na minha roupa e etc. A sede da empresa está localizada a umas duas quadras do lago Ypacaray e se encontra na peatonal (calçadão) da cidade, bastante pequena mas bem bonitinha. Pratiquei arvorismo (circuito sobre a copa das árvores + tirolesa + mini-rapel) e depois fui dar uma volta de bike pela cidade. Me acompanhou na pedalada um colombiano que está dando um tempo em San Bernardino para juntar $$$, visando seguir sua jornada pela America do Sul. Começou em Bogotá, seguiu pela costa do Equador, foi até Lima, subiu até Cusco, rumou para a Bolivia e agora deu uma parada no Paraguay para depois seguir rumo à Argentina. Show!! Quando voltamos, estava pensando em oonde dormiria quando Lolo me ofereceu ficar em sua 'vivienda'. Uma casa grande e muito confortável, onde ele mora com a namorada e eventualmente recebe pessoal de outros países para passar alguns períodos. Aceitei. Passada básica no mercado, cozinhei um grude qualquer para comer e depois ficamos conversando. Quando falei do inicidente na cantera ele comentou com um ar de completa normalidade que só ele já havia retirado 24 mortos do local!! :shock::shock: Não contente com isto, me mostrou os vídeos do resgate de pelo menos cinco afogados, desde aqueles com causas simples (não sabiam nadar, estavam com roupas inadequadas, etc) até um louco que saltou amarrado a uma moto para ver se conseguia executar um backflip e sair do outro lado... ::quilpish:: Logo se vê que a manobra não restou bem-sucedida... Conversamos mais um tempo depois fui dormir.

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3°dia: plano novamente furado e Asuncion

 

Acordei cedo, fui falar com a rapaziada da AX e comentaram que não havia um grupo sufciente para fazer a aventura em Tobati naquele dia. Com a negativa, liguei novamente para os proprietários da Eco Reserva Mbatovi, na cidade de Paraguari, os quais talvez tenham sido os menos amigáveis da minha estada no país. Todas as três vezes me 'sugeriram' usar um automóvel para chegar à reserva e usaram respostas protocolares, maquinais. As três vezes tive que lhes reinformar que estava de turista, usando transporte coletivo e não tinha carro, então só faltou dizerem que não tinham o que fazer. Devem estar lotados de turistas, pelo jeito... Pena, pois a Eco Reserva parece bastante bonita. Avaliei as opções, dei mais uma volta pela agradabilissima San Ber, tirei umas fotos no Hotel do Lago - o mais antigo do país em funcionamento - e resolvi partir para Asuncion. O sistema de transporte coletivo apresenta uma grande variedade de opções, no entanto os ônibus são extremamente velhos, poluentes, inseguros, barulhentos e frequentados por toda a sorte de figuras. O que mais tem são vendedores de tudo o que se possa imaginar que entram e saem a todo momento. Chipas, frutas embaladas e a granel, doces de amendoim, rapaduras, refrigerantes, pastéis deixam um cheiro agradabilíssimo no interior das conduções, como se pode imaginar. Desci em San Lorenzo, uma das maiores cidades nas cercanias de Asuncion, esperei alguns minutos e já veio outro onibus com destino ao centro de Asuncion. Confesso que me assustei ao entrar na cidade desta forma, pois me pareceu um caos completo. Fumaça, sujeira, lixo, barulho, concreto por todos os lados, nada de sinalização... Me deu a impressão de estar ingressando em uma cidade da África Subsaariana, e não em uma das capitais do Mercosul.

 

Rumei meio perdido no ônibus, tentando me localizar em uns mapinhas de bolso, até que passamos pela rua do hostel e saltei ali mesmo. Um calor abafado, meio sufocante, e as ruas quase desertas. Estranho... Fui a caminho do hostel, até que o encontrei em um lugar agradável, considerando a situação. Consegui uma cama em um quarto coletivo para seis pessoas. Saí corrrendo para o mercado comprar comida, pois não tinha almoçado e já eram umas 15h. Cozinhei algo, comi e fiquei atirado numa rede, visto que nesse momento o tempo já estava nublado e o hostel estava uma calmaria total. Entrei no clima, hehe. Gostei da hopsitalidade dos donos, do ambiente agradável e da tranquilidade. Estranhei duas coisas: os viajantes não pareciam muito interessados em manter contato com outros viajantes, mas o que mais me espantou foi o uso absurdo dos tablets, notebooks e celulares de forma obsessiva. Ninguém conversava, nem mesmo os conhecidos, apenas teclavam em seus equipamentos. Tentei entabular uma conversa, sem muito sucesso, então fui ler um pouco. Haviam franceses, alemães, norteamericanos, sulamericanos e coreanas naquela noite. Jantei e uma paraguaia que estava por lá sugeriu irmos à Loma San Jeronimo, um lugar parecido com uma favela que dizem ser turístico. Dei um jeito de sair rapidinho daquele lugar terrível. Voltando ao hostel, fui assistir um filme, para o qual uma colombiana resolveu acompanhar a sessão. Incrível como as mulheres estão encarando viagens sozinhas, ao passo que os homens parecem na maioria estar acompanhados de pelo menos um outro amigo. A noite foi meio conturbada, visto que dividir quarto com mais cinco pessoas é uma tarefa que exige um tanto de desapego e relax. Um brasileiro, pra variar, resolveu acordar as 5h30 e teclar no celular com as teclas fazendo barulhinhos insuportáves a cada toque. Parecia uma máquina de escrever, ainda mais naquele silêncio que estava... Imaginem se ele parou, mesmo após os pedidos de silêncio.

 

Continua...

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4º dia: Asunción, a feia

A segunda-feira, véspera de feriado no BR, amanheceu nublada e chuvosa. Depois de um café da manhã bem servido, para os padrões dos hostels, o pessoal resolveu ficar (adivinhem!) teclando em seus equipos eletrônicos. A dona do hostel, muito simpática, me comentou que era comum chover durante um período do dia e abrir sol no outro. Ou seja, muito provavelmente o sol apareceria à tarde. Resolvi pegar os mapas e dicas de viagem para traçar um roteiro para a tarde, começando pelo centro histórico, dando uma volta de barco pelo Rio Paraguay e, se desse tempo, visitando o Parque da Saúde ou até mesmo o Parque Nu Guazu. Depois disso, tomei uma térmica de mate, li um pouco mais uns livros que levei junto e almocei pelas 12h30.

 

Dito e feito: após as 13h cessou a chuva e me toquei a pé para o centro. De início já estranhei por estar tão próximo ao centro de uma capital e haver uma infinidade de casas abandonadas, terrenos semi-baldios, construções mal-cuidadas e pequenas oficinas. Resolvi começar pela tal Escalinata Antequera, uma escadinha que fica na rua de mesmo nome. E... nada! Só uma escadinha que une uma rua superior à rua de baixo. No centro de Porto Alegre tem uma muito semelhante, até mais bonita. Mal e mal se pode ver um fiapo do rio por sobre uns telhados. Haviam ali uns estudantes matando aula e algumas pessoas nos bancos mateando e mexendo no celular. Cinco minutos, umas duas fotos e continuei.

 

Chegando finalmente ao início do recorrido, me surpreendi negativamente com a sujeira do local e com o barulho e incrível poluição que a frota antiguissima dos onibus consegue produzir. Paira uma névoa cinzenta, fedorenta horrível, sobre nossa cabeças. Cheguei à Plaza Uruguaya e me deparei com uma pracinha modesta, cercada, com uma pequena livraria (caríssima!) e um monumento no centro. Pensei tratar-se de uma praça imponente, mas não é maior do que as pracinhas de meio quadra da cidade de interior onde resido atualmente. Segunda decepção. No outro lado da praça avistei o prédio da antiga Estação Central do Ferrocarril, até onde fui. A funcionária da portaria estava ouvindo Roberto Carlos cantando em espanhol em um radinho de pilhas ::bruuu:: e comendo algo que parecia ser um sonho, toda lambuzada de açucar por todo o rosto. Nem me viu chegar. Entrei no museu, muito mal conservado e sem explicações lógicas que unam as partes da história, apenas uma pilha de livros e outros objetos expostos em quatro salinhas. Saindo das salinhas, há dois vagões da época estacionados na estação. Em um deles, antigo comedor (isso mesmo), se pode ingressar e tirar umas fotos. O outro estava trancado. Grande museu... ::bruuu:: 15 minutos e fui embora.

 

Saindo do museu à direita, andando uma quadra se chega à principal rua do centro, a Calle Palma.

 

[CONTINUA]

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Rumei pela Calle Palma, que apesar a principal rua do centro da cidade é até bem modesta, pequena. Passei pelos pontos principais e alguns outros não tão movimentados. Queria ir ao Cabildo, mas bem em frente fica uma favela e tinha uma galerinha sinistra circulando por ali de olho nos turistas distraídos. Desisti. Uma das quadras da Plaza Independencia, que dá acesso ao Cabildo e Catedral, apesar de ser um dos pontos principais da cidade estava com várias malocas erguidas bem no seu centro. Um horror. Muito artesanato sendo vendido pot todos os cantos, predominantemente por indígenas que ficam jogados em qualquer lugar das calçadas, no chão mesmo. Até no aeroporto acontece a venda de artesanias, no chão do saguão! :shock::o

 

Resolvi parar para tomar um café, comer algo e depois ir em direção ao porto para dar uma volta pelo Rio Paraguay. O barco que faz o trajeto recém havia saído para levar pessoas ao outro lado. O pessoal que estava por ali informou que em no máximo 15 minutos ele estaria de volta para outra saída. Aguardei 40 minutos e o barco não fez menção de sair para fazer o caminho de volta. Fui embora. O pessoal continuou lá, meio que achando normal o atraso. Essa foi uma das coisas que reparei em Asuncion: horários definitivamente existem para NÃO ser cumpridos por lá, ainda que seja um serviço da municipalidade ou federal, muitas coisas abrem e fecham ao prazer de quem se encontra no local. No Museu da Conmebol ocorreu o mesmo - cheguei às 11h e o guarda informou que estava fechado para o almoço. Argumentei que era um pouco cedo para almoçar e perguntei quais os horários de funcionamento, no que ele respondeu que abriam e fechavam de acordo com o movimento, ou a falta dele. Perguntei se poderia visitar à tarde, e ele disse que SE o funcionário responsável viesse seria lá pelas 16h, mas não tinha muita certeza disso.

 

Esse tipo de coisa foi minando cada vez mais a má impressão que já havia tido da cidade. Resolvi caminhar um pouco pela Costanera, que está revitalizada e é até que bonita, mas logo voltei ao centro e depois ao hostel - depois de passar no supermercado. Os moradores e lá advertem para que se dê toda uma volta para sair ou ingressar da Costanera por locais específicos, pois se cortar caminho vai sair dentro da favela que ja mencionei anteriormente, portanto pode ser um atalho que custa caro.

 

Esta noite foi a que realmente valeu a pena ter ficado na cidade, pois agora havia uma galera mais aberta a conversar e fazer novas amizades. Me dei muito bem com um argentino que está morando lá há algum tempo e também um libiano de Tripoli, cuja língua-mãe é o árabe, porém fala italiano devido À colonização do país e o inglês por ser um viajante inveterado. Conheceu 65 países já! ::hãã2:: Falamos em espanhol, inglês e até um pouco de italiano, e esse foi um ponto muito positivo da viagem: não ter falado uma palavra em português durante toda a estadia no país. Se pode ficar afiado em poucos dias! Muitas risadas, conversa e troca de experiências incrível. Valeu a pena, realmente.

 

5º dia: Conmebol frustrada e retorno ao RS

 

Após o café da manhã, me despedi do pessoal e rumei com o ônibus linha 30 para Luque, cidade onde fica o aeroporto, a sede da Conmebol e o parque Nu Guazu. Como relatei acima, não possível entrar no museu do futebol, e não havia tempo suficiente para caminhar pelo gigantesco parque Nu Guazu. Vi uma placa em frente, dizendo que ali se enconttrava o centro de treinamento do time de futebol Guarani. Fui conferir. Tratava-se de uma base aérea e centro militar, cujas instalações essa equipe usa para treinar suas equipes juvenis. É uma ampla área verde, falei com o guardinha e ele me deixou circular por ali numa boa. Caminhei um pouco, tirei fotos de aviões em exposição, deitei na grama e fiz um tempinho até chegar a hora de rumar para o aeroporto. Fui a pé, 15 min de caminhada, e daí de volta ao BR.

 

Impressões gerais:

 

Já havia lido relatos de que os paraguaios eram um povo amável, mas é mais que isso>: eles são absurdamente hospitaleiros, gentis, cordiais e abertos a informar e receber os estrangeiros. Evidente que é uma via de mão dupla, é preciso ser gentil para que a gentileza retorne a você. O turismo ainda é bastante incipiente e a capital está sendo preparada para tal, mas no momento é bastante precário ainda. Não há a grandeza de Buenos Aires, o charme de Montevidéu ou a beleza de Santiago, longe disso. O maravilhoso relato da (do?) colega MCM retrata bem como pode ser uma divertida viagem com amigos à Asunción, a qual pode ser muito legal - como seria qualquer viagem com amigos para qualquer lugar do mundo. No entanto, se pretende fazer uma trip solo, pode ser bastante decepcionante, ao contrário das capitais que citei acima. Se nas capitais da AR, UR e CH se pode ficar tranquilamente visitando lugares diferente durantte uma semana ou mais, em Asuncion não necessita mais do que dois dias.

 

O ponto negativo é o descumprimento ou ausência de horários de funcionamennto dos pontos turísticos. Nunca se sabe a que horas os lugares abrem, fecham ou mesmo se vão estar abertos naquele dia. Isso parece ser determinado pelo humor e vontade de quem está ali naquele dia, o que é péssimo para o turismo. Ademais, fora a Costanera, não há uma revitalização/valorização dos locais de interesse, apenas alguém atirado em uma mesa na porta permitindo o ingresso sem muito desejo de explicar do que se trata aquela atração, etc.

 

Vale a pena para conhecer, como qualquer viagem é válida, mas não pretendo retornar a Asuncion - pelo menos não tão cedo.

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