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Preparativos

 

Depois de minha última viagem próxima ao Círculo Polar Antártico, escolhi a Linha do Equador dessa vez. No fim de 2014 aproveitei uma promoção razoável (1450 reais com impostos) e comprei passagens pela Avianca, com destino final San Andrés, no caribe colombiano. Diferentemente do normal, dessa vez não planejei minuciosamente o roteiro e deixei algum tempo para relaxar.

 

Entre janeiro e fevereiro desse ano comprei por 420 mil pesos colombianos (COP) os voos da Satena para a ilha de Providencia e por 250 mil COP para Medellín na VivaColombia, a companhia de baixo custo do país. Por causa desses voos com limitação de espaço, tive que usar uma mochila tão pequena que as nadadeiras de mergulho foram dobradas para caber.

 

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Como o voo com escala em Lima saía de Porto Alegre na madrugada, resolvi pernoitar no aeroporto.

 

1° dia

 

No meio da manhã chuvosa aterrissei nas terras áridas de Lima. Mais precisamente em Callao, município vizinho. Quando passei pela imigração tive a má notícia que teria que pagar cerca de 100 soles, que na época valiam quase o mesmo do real, para sair do aeroporto e voltar. Azar, como iria passar o dia inteiro ali não tive outra escolha.

 

Peguei um táxi na rua para economizar, pagando uns 30 soles para me deixar na Plaza Mayor, onde fica o centro histórico.

 

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O local fotografado por muitos turistas é cercado por edifícios religiosos e governamentais. Ali se pode observar uma característica marcante da arquitetura, a presença de balcões no segundo piso das edificações.

 

Segui ao norte, parando nas lojas de souvenires, onde fiquei impressionado com o preço barato dos itens, mas meu espaço limitado só me permitiu levar o chullo (toca) e o pisco (bebida).

 

Na rua seguinte fica o parque La Muralla, com os resquícios das camadas de fortificação colonial do século 17, às margens do rio Rímac. Não há muito que ver, mas pelo menos não há cobrança de entrada.

 

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Voltando pelo mesmo caminho, presenciei a banda militar tocando no Palácio do Governo e fui entrevistado por um grupo de estudantes sobre minha impressão de Lima.

 

Por menos de 10 reais almocei um saboroso e baratíssimo ceviche, acompanhado de uma variedade de milho crocante, um litro de limonada e o famoso prato feito.

 

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Continuei andando pelas ruas da cidade, ganhando mais confiança quanto à segurança, minha maior preocupação inicial. Passei pelo bairro Jesus María e os parques urbanos mais sem graça que já vi na vida. A beleza foi aumentando conforme percorria o bairro San Isidro até chegar ao turístico e ajeitado Miraflores, alguns quilômetros depois.

 

Do alto do desfiladeiro se tem uma ótima visão da praia e do mar abaixo.

 

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Zona frequentada por turistas e locais, surfistas e parapentistas, impressiona também pela areia, que na verdade é composta por seixos escuros.

 

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Fui caminhando em direção ao aeroporto enquanto o pôr-do-sol se aproximava, até ser resgatado por um taxista camarada. Como estavam ocorrendo dois eventos na proximidade, passamos um longo tempo parados no trânsito. O engraçado é que esse taxista estava como motorista particular para um português que estava morando ali e que nem se importou em deixá-lo fazer um extra.

 

Cheguei à noite a tempo para a próxima conexão, em Bogotá. Ali eu passaria a noite no aeroporto para pegar o próximo voo cedo. O problema foi que me esqueci que a capital colombiana fica a mais de 2600 metros de altitude. Consequentemente, fazia um frio bem considerável à noite. E o esperto aqui despachou a mochila com calça e jaqueta para não ter que carregar em Lima, onde fazia calor. Resultado: outra noite mal dormida.

 

2° dia

 

Depois de um café-da-manhã nada saudável à base de Dunkin Donuts, embarquei a San Andrés. Ao sair do avião senti aquele calorzão. Com o GPS em mãos fui caminhando até o albergue El Viajero, o mais famoso da ilha.

 

Assim que coloquei meus pés na recepção, antes mesmo de arrumar um quarto para largar minhas tralhas, já fui chamado por um grupo e convidado a ir à praia Rocky Cay. Perfeito, pois já tinha planejado ir nesse lugar, mas não sabia bem como. Com a turma composta por uma colombiana que não recordo o nome, o colombiano Juan, a argentina Flor e o italiano Luca, nos esprememos num táxi e chegamos lá alguns minutos depois.

 

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A agradável praia consiste em uma faixa muito rasa que leva até uma ilhota e, logo depois, um dos muitos naufrágios de San Andrés. O diferencial é que a profundidade máxima é de menos de 3 metros, ficando a maior parte do navio acima do nível do mar.

 

Sob a estrutura metálica partida, cardumes de algumas espécies de peixes como cirurgiões, além de corais, ouriços, outros invertebrados e algas, bom para um primeiro contato. Ali percebi que na água quente caribenha seria inútil o neoprene que levara e que ocupou um espaço precioso na mochila.

 

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Fiquei conhecendo essas pessoas legais que me acompanhariam ao longo da viagem, até o pôr-do-sol, quando voltamos ao hostel.

Junto com Mauro e outro argentino que estavam em meu quarto, jantei uma pizza no restaurante Don Aníbal, no centro.

Cansado de 2 dias noites praticamente sem dormir, fui pra cama cedo, mas não sem antes agendar um passeio para a manhã seguinte.

 

3° dia

 

Eu, o basco Josué, os argentinos do dia anterior, Flor e mais sua amiga e compatriota Sol, fomos todos ao aquário. O passeio mais sem graça que fiz consiste em um curto trecho de lancha até uma curta ilha, com curtas quantidades de peixe e longas aglomerações de turistas. Ou seja, não dá para curtir muito.

 

Ainda bem que havia uma continuação para esse passeio, a ilha Johnny Cay. Logo ao chegar esperamos para provar um dos muitos pargos e patacones (banana verde frita) que eu iria ingerir durante essa viagem.

 

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Enquanto os demais torravam na areia da única praia da pequena ilha, fui explorar o resto dela. Conheci os onipresentes lagartos e iguanas fora da água e alguns corais cérebro e ramificados abaixo.

 

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Depois voltei à praia para ouvir o reggae rápido de San Andrés e tirar fotos com aquelas argentinas que rapidamente se tornariam minhas melhores companhias de viagem.

 

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À noite, jantamos no mesmo lugar e depois tomamos umas aguadas cervejas Sko..., digo, Águila, no bar do albergue.

 

4° dia

 

Dia de dar a volta na ilha com um carrinho de golfe alugado. Primeira impressão do trânsito no centro: péssimo! Motos produzindo fumaça, buzinas e manobras arriscadas para tudo quanto é lado, e um infeliz motorista de caminhão que deu ré em cima do carrinho. Com a velocidade de uma pessoa trotando, esse veículo não é nada adequado pra rodar na cidade.

 

Saímos o mais rápido possível para ir até a primeira parada, um manguezal meio degradado. Não vi nem aves e nem caranguejos.

 

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À continuação, passamos pela bela e longa praia de San Luis, mas não chegamos a parar. Seguimos sendo ultrapassados por todos até chegar ao extremo sul da ilha, onde paramos no Hoyo Soplador. Ali era para existir um fenômeno similar ao gêiser, mas com a ausência de ventos nada acontecia. Ao menos a vista dos muitos tons do mar era bonita.

 

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Contornamos para o lado oeste, onde os pontos de mergulho se situam. Como já tínhamos um em vista, não paramos nos pontos turísticos pagos, como a Piscinita. Na altura da Cueva de Morgan, simulação de vilarejo típico que também deixamos passar, achamos um restaurante de comida regional para o almoço. O baita rango incluiu um tal de caracol-do-mar afrodisíaco, que muito depois fiquei sabendo que é o extraído da concha gigante mais comum das ilhas (Eustrombus gigas). Um pouco emborrachado, mas gostoso.

 

Rápida digestão antes do mergulho no naufrágio conhecido como Barco Hundido, sinalizado por uma boia, já que fica a cerca de 10 metros de profundidade e a alguma centena de metros da costa. Deixamos o carro aos cuidados de um rastafári que vivia ali, um pouco apreensivos já que não há chaves no veículo, basta pisar no acelerador e se mandar!

 

Já no mergulho, vi que havia um pouco mais de diversidade por lá, principalmente nos mastros.

 

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Na hora em que cheguei aportou um navio de mergulhadores americanos, que me ofereceram uma água e bateram um papo. Em nova descida, vi quatro barracudas, uma raia de esporão, entre outras coisas.

 

Voltei até a margem, onde as chicas estavam, passando por uma gorgônia e um peixe-cofre.

 

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Prosseguimos com o circuito, completando a volta na ilha depois de mais um tempinho cruzando coqueirais.

 

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Paramos em uma praia já que havia tempo de sobra. Após fritar no sol o suficiente, tentei explorar uma região próxima ao centro conhecida como La Loma, mas fui desrecomendado por alguns locais, por ser perigoso.

 

Uma corridinha antes, e para jantar agregamos mais um ao grupo, o britânico James. Foi a despedida do Don Aníbal, com comida mexicana.

 

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Para fechar o dia, mais confraternização no albergue.

 

5° dia

 

Cedinho fomos novamente ao píer. Dessa vez o destino seria o Cayo Bolívar, porção de terra mais distante do arquipélago de San Andrés. Conseguimos uma promoção por 160 mil COP, quase 200 reais, o que não é exatamente barato, mas pelo menos a comida e bebida estavam incluídas.

 

Fortes emoções com a lancha na ida, parecia uma montanha-russa. Uma hora depois chegamos todos inteiros à ilha completamente deserta.

 

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Caímos na água com nossos equipamentos de snorkeling. Há que nadar bastante até chegar aos corais de verdade, ou caminhar no caso, já que é bastante raso no entorno do ilhote. Tive a felicidade de ver duas criaturas magníficas. Uma raia de espécie diferente da que vi anteriormente flutuava na mesma hora em que eu e outros poucos turistas estávamos na água.

 

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Em seguida, um bicho mais surpreendente ainda surgiu quase na areia da praia, um tubarão-enfermeiro! O peixe que tinha uns 1,5 metros ficou por uns minutos rondando a região enquanto eu me esforçava inutilmente para acompanhá-lo. Foi uma experiência legal.

 

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O almoço foi logicamente à base de peixe, e a sobremesa foi cerveja à vontade, o que fez um colombiano falar pelos cotovelos enquanto o resto fazia a siesta. Curtimos mais um pouco a praia de areia branca e o sol cancerígeno (eu sempre de camiseta e chapéu de safari) antes de voltar.

 

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Entre as muitas andanças pelo centro, que pode ser facilmente percorrido a pé, no fim do dia conhecemos o Café Café, outro restaurante bastante recomendável em frente ao anterior. Além da variedade de pratos e possibilidade de uso do cartão de crédito como o Don Aníbal, ainda tem ar-condicionado.

 

E a noite terminou de forma excelente em ótima companhia no albergue.

 

6° dia

 

Eu e Sol fomos mergulhar nesse dia. Minha intenção era fazer o curso PADI Águas Abertas, mas como não sobrou tempo me contentei com um batismo. Lá conheci o Fernando, um brasileiro que mora no mesmo lugar que eu. Depois da parte teórica do minicurso e da prática na piscina, submergimos no Shark Point, a sudoeste da ilha.

 

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Descemos tranquilamente até quase 11 metros de profundidade, equalizando a pressão nos ouvidos. Até esse momento tudo estava bem. O problema ocorreu quando usei a técnica de desembaçar a máscara embaixo da água. Me atrapalhei inspirando água em vez de expirá-la, e com isso também soltei o regulador da boca. Sem ver nada por estar com a máscara cheia de água, que era bem salgada por lá, me apavorei e com isso voltei o mais rápido possível para a superfície, pois já estava sem ar. Além de ter engolido água, nada de mais grave aconteceu, mas o susto foi grande. E depois disso o instrutor não me largou mais e nem me deixou ir tão fundo. Acho que vou continuar no snorkeling por enquanto...

 

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Passei a tarde com minha parceira pelo centro. Já a noite foi de salsa no hostel. Meu colega de quarto colombiano Jeseva mandou bem nessa sessão. Depois, como surgiu um grupo de brasileiras por lá, a parte final foi à base de músicas daqui.

 

Com essa turma fui ao último lugar que me restava de novo na ilha, a balada Coco Loco. Ritmos latinos embalavam nativos e turistas até altas horas.

 

7° dia

 

Dia de despedida. Depois de encarar a praia de Rocky Cay novamente, junto com James, Flor, Sol e mais um americano, com direito a selfie com uma enorme caravela-portuguesa, tive que partir para o aeroporto e deixar para trás essas pessoas incríveis que conheci.

 

Subi no teco-teco e torci para o barulhento avião não cair antes de chegar à remota ilha, cujo acesso é apenas através desse avião ou de um catamarã, ambos de San Andrés.

 

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Na saída do aeroporto dividi um táxi na garupa de uma picape com alguém que ia pro mesmo lado que eu, na Bahía Aguadulce, ou Freshwater Bay, já que lá se fala tanto inglês quanto espanhol (na verdade assim como em San Andrés falam o crioulo, mistura incompreensível dos idiomas anteriores).

 

O “albergue” Blue Almond na verdade é um quarto compartilhado da pousada Cabañas Agua Dulce. Não que isso tenha sido ruim, pois o preço foi bem em conta pela qualidade.

 

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Antes de conhecer meus companheiros de quarto aproveitei o fim do dia para praticar snorkeling na frente do hotel. Não é um ponto muito bom, mas vi uma raia marrom, ou seja, até agora tinha visto três raias, sendo cada uma de uma espécie!

 

Quando não enxergava mais nada e minha câmera menos ainda, saí da água e assisti o dia terminar.

 

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Conheci meus colegas, a senhora alemã Ines e o jovem austríaco Andi. Começou a confusão linguística: Ines falava alemão e espanhol, mas não inglês; Andi falava alemão e inglês, mas não espanhol; e eu falava inglês e espanhol, mas não alemão!

 

A janta foi no ponto mais movimentado do bairro, onde se concentrava um mercado, algumas pousadas e restaurantes. Estava apenas começando a descobrir o quanto o lugar era tranquilo.

 

8° dia

 

Agitei o Andi, que estava há uma semana por ali e ainda não tinha feito muita coisa, e a Ines, que havia chegado comigo, para fazermos a trilha do pico mais alto da ilha pela manhã. Fomos de moto-táxi, que carrega até 2 passageiros por vez e que, como iria descobrir posteriormente, te leva a qualquer lugar da ilha por menos de 10 reais.

 

Apesar do “The Peak” ter apenas 360 metros de altitude, não era tão fácil assim. Recomendaram que fizéssemos com guia, mas o GPS foi suficiente. Os primeiros trechos foram de mata tropical, com a presença constante de variados lagartos.

 

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A segunda metade era aberta, com outro tipo de formação mais adaptada à luminosidade. Lá do alto a visão de 360 graus é incrível. Muito verde no meio da montanhosa ilha, e no mar os diversos tons de verde e azul da 3ª maior barreira de corais do mundo.

 

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Dali, seguimos para a praia Manzanillo, onde fica a “balada” mais famosa da ilha, o Roland Roots Reggae Bar. Uns poucos turistas e nativos frequentavam o ambiente situado à beira-mar.

 

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Embora o almoço marítimo estivesse bom, para mim o auge foi o passo seguinte, a siesta em uma rede sob a sombra de um coqueiro em frente ao mar turquesa e ouvindo reggae, o som eterno que toca nessa e nas demais praias de Providencia.

 

Boas horas depois, quando meus companheiros já tinham partido, me levantei para investigar o manguezal e as aves que ficavam no caminho até a praia seguinte, pois até o momento não tinha visto uma sequer, deste que é considerado um paraíso de aves endêmicas pelo seu isolamento.

 

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Cheguei à praia de Southwest Bay. Caminhei pela areia através dos poucos bares, até que vi uma coisa estranha por trás de um deles. As águas do manguezal eram de um tom rosa/roxo! Jurei que era algum efluente, mas pesquisando na internet depois descobri que é um fenômeno natural que ocorre em períodos de seca, devido à concentração de uma substância que escoa das raízes dos mangues vermelhos na água. Muito louco.

 

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Em seguida, mais um fascinante pôr-do-sol.

 

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O jantar foi como sempre em Freshwater Bay, como sempre com Andi e como sempre acompanhado de uma Club Colombia, a melhor das cervejas colombianas populares.

 

Em sequência, aquela bela dormida de longas horas no aconchegante chalé compartilhado com os outros dois.

 

9° dia

 

Mais um baita dia de sol. Eu e Andi seguimos de motoca até Bahia Maracaibo, norte do aeroporto. Nesse lugar fica o Parque Nacional Old Providence McBean Lagoon, que protege alguns ilhotes, barreiras de coral, pastos marinhos e manguezal.

 

Alugamos um caiaque duplo por um preço ótimo, e ainda veio com uma sacola estanque de graça. Remamos até Cayo Cangrejo a 600 metros da costa. Poderia ser facilmente renomeada para Cayo Tortuga, visto que tem o formato de um casco de tartaruga. Ali fica a portaria do parque, que embora não ofereça nenhuma facilidade, cobra sua entrada.

 

Uma rápida ascensão ao topo revelou uma vista muito bonita.

 

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Caímos na água. Legal, mas nada de excepcional, e de novo apenas o Rhinesomus triqueter da foto a seguir. O melhor estava na longínqua barreira de coral que ficava afastada dali e não podia ser acessada, para sua melhor preservação.

 

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Um pouco mais de remada até próximo ao Cayo Tres Hermanos, também inacessível. Paramos para um rápido mergulho, enquanto surgiu uma nuvem negra que resultou em alguns pingos.

 

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Por fim, passamos rentes ao manguezal e o respectivo banco de algas que o cercava, para voltar à terra firme.

 

Subimos em outra moto para almoçarmos em Santa Isabel, que é o centro limítrofe com a Ilha de Santa Catalina e também aonde chega o catamarã. Como era domingo quase tudo estava fechado. Entramos no único restaurante que achamos aberto. Consegui finalmente saborear carne de siri, que estava em falta em todos os locais que já tinha almoçado. Também provei o suco do tal lulo, fruta cítrica parecida por fora com uma laranja. Aprovado.

 

Fui até Santa Catalina, inacessível a veículos motorizados. Como Andi já conhecia, picou a mula.

 

O primeiro passo para entrar na ilha é atravessar a Puente de Los Enamorados. Reza a lenda que sempre há raias passando pelo canal abaixo. Não vi nenhuma.

 

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O que há do outro lado são apenas algumas residências, restaurantes e a trilha que conta um pouco da história da colônia pirata estabelecida ali (vide Fort Warwick e os resquícios de Morgan), além de levar a belas praias e à Cabeza de Morgan.

 

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O sol já estava quase dando adeus quando retornei, enchi meu tanque de água e decidi ir correr, pois meu treinamento estava um tanto relapso nessas férias. Não pretendia ir tão longe, mas como meu ritmo ia bem decidi continuar subindo e descendo as lombas intermináveis da rodovia que circundava a ilha principal. Como os bairros se desenvolveram basicamente só ao longo dessa estrada, posso dizer que depois de 2 horas correndo quase na escuridão conheci cada canto de Providencia. Eu havia completado 17,5 km pela primeira vez na vida, e olha que o caminho não era nem um pouco plano. Cheguei me arrastando no final, com dor em tudo, mas bastante satisfeito. Fui até parabenizado por um policial que soube do meu feito.

 

Dormi como um anjo nessa noite.

 

10° dia

 

O último dia inteiro em Providencia foi usado para o pouco que ainda havia a fazer fora da água. Pela manhã caminhei até a represa da ilha. Cheguei lá pensando que ia ter bastante gente, mas para meu espanto não havia absolutamente ninguém.

 

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Assim pude finalmente conseguir ver diversas aves, tanto nas margens do lago artificial quanto nas matas conservadas em volta, sendo que boa parte delas são existentes também no Brasil.

 

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Percorri algumas trilhas pela volta antes de descer até a praia de Southwest Bay, onde encontraria Andi para comer o famoso plato mixto, essa enormidade gastronômica da foto que inclui até lagosta. Muito bom e em conta.

 

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Se fiz mais algo no dia não foi relevante, mas dormi cedo para pegar o voo de volta.

 

11° dia

 

Cheguei a San Andrés a tempo de despedir-me de Flora, que recém chegara ao aeroporto para retornar à Argentina.

 

A essa altura minha pele estava começando a descascar. A única parte que faltava começou depois de mais esse dia ensolarado, em que não tive nada para fazer além de ficar na praia.

 

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No fim do dia voltei ao aeroporto, dessa vez rumo a Medellín, a terra de Pablo Escobar, que contribuiu para a decadência da cidade no passado, embora há uma década tenha sofrido uma revitalização surpreendente.

 

Ao chegar, usei o micro-ônibus barato para ir até a cidade propriamente dita, já que esse aeroporto ficava em Rionegro, ainda que haja outro menor dentro de Medellín.

 

Já era noite quando peguei o metrô até a estação Poblado, na periferia da metrópole, em uma zona residencial mista abastada. Como não sabia disso, caminhei meio desconfiado até o albergue Black Sheep. Para minha surpresa, o idioma falado por lá era o inglês. Um pouco decepcionante, pois estava ali para melhorar meu espanhol. Outra coisa ruim foi o quarto onde fiquei, pois os beliches quase encostam no teto. Cheguei a bater em cima no meio da noite ao sentar na cama.

 

12° dia

 

O sistema de transporte público é uma das atrações da capital do departamento de Antioquia. A linha principal do metrô, que é elevado em algumas partes, percorre todo o vale que contém a cidade. De uma ponta saem linhas secundárias que seguem para o alto dos morros, bastante ocupados. Só que não são trens que sobem, e sim teleféricos!

 

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Para seguir mais adiante, com destino ao Parque Arví, tomei outro bondinho (pago à parte, e que também vale como entrada do parque) que atravessou quilômetros de mata protegida muito acima de Medellín. O clima fresco dali contrastava com o calor da cidade abaixo.

 

Logo na entrada há uma feira orgânica abastecida pelos agricultores que vivem na região montanhosa. Provei alguns salgados e frutas, dentre as diversas opções, só não gostei da fisális. Também havia bastante artesanato por ali.

 

Segui uma guia e um grupo por uma trilha curta, passando por árvores de grande porte e musgos de vários tons de verde.

 

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Em seguida havia outra trilha a se iniciar, mas eu optei por almoçar e descer, pois tinha ainda muito a ver, como o jardim botânico. A princípio não estava em meus planos, mas como ficava no caminho do metrô e não precisava pagar a entrada, dei um pulo. Bem razoável, mas é mais para moradores do que turistas. Como atração, há um bocado de iguanas e um borboletário, além de alguns jardins temáticos. Vi mais passarinhos ali do que no parque anterior.

 

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Como ainda havia tempo, o passo seguinte foi o Parque Explora, ao lado do jardim botânico. É um prédio composto por aquário e por diversas salas interativas que buscam ensinar ciência na prática, como o museu da PUC em Porto Alegre. Se pretende aproveitar para valer, prepara-se para sair de lá suado como eu e vá com mais de 2 horas restantes, pois há bastante coisa para ver e fazer.

 

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13° dia

 

Devido ao feriadão santo, a cidade começou a se esvaziar e fechar as portas dos estabelecimentos nesse dia. Pelo menos assim consegui caminhar mais tranquilo pelo centro. Para melhorar ainda mais estava na companhia de um guia, Juan, aquele simpático careca que conheci em San Andrés.

Primeiro, uma pegadinha na rechonchuda estátua do famoso artista local Fernando Botero.

 

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Seguindo, me levou para conhecer as praças e os prédios históricos religiosos e governamentais à distância de uma caminhada.

 

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De lá, tomamos um ônibus até o pé do Cerro Nutibara. Uma íngreme subida a pé nos revelou uma boa vista cidade que é quase toda marrom, por ocasião dos tijolos à vista nas construções.

 

Em seu topo fica o Pueblito Paisa, uma réplica de um vilarejo típico da região, com igreja, restaurante e lojas de souvenir.

 

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O gentil colega me pagou um chope antioquenho (cerveja, sal e limão) enquanto eu tirava algumas fotos da cidade.

 

De lá, fomos caminhando pelas ruas até o supermercado de um shopping center, onde almoçamos novamente por sua conta, embora eu tivesse insistido para pagar. Que baita feijoada comi naquele dia!

 

Para finalizar, me guiou até a outra rota de teleféricos sobre os morros e se foi. Como havia tempo livre, fui de metrô até a estação final já bem fora de Medellín e retornei até o Poblado. Não havia muito o que ver, além de indústrias, lixo e pobreza.

 

A atividade noturna foi uma corrida pelo desnivelado Poblado. Condomínios chiques, shopping centers e até cassinos dominam as ruas e avenidas arborizadas.

 

Jantei no aglomerado de lanchonetes que há próximo ao albergue e capotei.

 

14° dia

 

De manhã, depois de provar deliciosas granadilhas (frutos do mesmo gênero do maracujá), dei uma caminhada próximo a onde tinha passado na noite anterior correndo. Nada de mais para se ver, além da procissão saindo da igreja mais antiga do lugar e carregando estátuas. Descobri também um incrível mercado de comida saudável, o Carulla. Sai de lá devorando um pacote de oxicocos (como é chamado cranberry em português) desidratados.

 

Fiz o check-out e voltei ao centro para ver a praça onde ficavam concentradas as esculturas de Botero e o Museu de Antioquia, o qual adentrei em seguida. Entre outras coisas, havia uma exposição dos quadros de Botero que retratam a temática do circo.

 

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Juro que me esforço, mas não consigo compreender a arte. Tomei o micro para o aeroporto e fiquei zanzando pelo aeroporto até a hora do voo. Como saí da região de San Andrés e Providencia eu teoricamente necessitaria pagar mais quase 50k COP por outra tarjeta turística, como fiz na primeira vez que cheguei. Mas conversando com o pessoal da companhia aérea e da imigração consegui não desembolsar nada, visto que minha estadia seria inferior a 24 horas. Fica a dica.

 

Ao chegar ao mesmo albergue El Viajero, uma situação diferente: os argentinos haviam debandado em massa e cedido lugar aos brasileiros! Falei com uns 3 grupos diferentes enquanto as simpáticas recepcionistas me arrumavam um quarto. Tive o prazer de reencontrar Luca, um sobrevivente de minha estadia anterior, e também o carioca Fabio, que já estava praticamente morando ali. Nós e mais uma galera fomos juntos ao Coco Loco, não sem antes provar o aguardente Antioqueño.

 

15° dia

 

E a festa rolou até altas horas...

 

...tanto que perdi a hora e depois do café-da-manhã reforçado tive que correr para o aeroporto, sem poder ter feito as compras que pretendia no centro.

 

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E assim peguei um voo até Bogotá, onde gastei meus últimos pesos em comida. Depois fiz a mesma coisa na escala interminável em Lima, pois nem o wi-fi era liberado lá. Dormi bonito no avião e finalmente cheguei a Porto Alegre na madrugada seguinte. Com o dólar nas alturas não vi vantagem em fazer compras no duty free, então passei facilmente pela Receita Federal e tive a agradável surpresa de meus pais me esperando para a Páscoa!

 

Ps: Se você curtiu as dicas, quer economizar ainda mais, conhecer outros destinos e apoiar novas relatos, não deixe de conferir meu blog! http://www.rediscoveringtheworld.com ::otemo::

  • Colaboradores
Postado

Obrigado! ;D

 

Apesar de ser um pouco caro o voo, valeu a pena sim. Apesar do meu tempo ocioso lá, poderia ter feito um mergulho com cilindro, mas minha intenção era relaxar mesmo.

  • 1 mês depois...
  • Colaboradores
Postado

Cara, voltei da Colômbia faz pouco mais de 1 mês e deu pra perceber que fizemos muitas coisas parecidas em San Andrés e Providencia. Aliás, também fiquei no Viajero e no Blue Almond!

 

Quanto ao seu problema da máscara no mergulho, eu passei por uma situação semelhante quando fiz minha prova prática aqui no Brasil para tirar a certificação PADI. No entanto, eu estava fazendo um exercício e me apavorei na hora e acabei inspirando água e soltei o regulador da boca e subi desesperado para a superfície! O bom é pensar que uma situação assim aconteceu em baixa profundidade e no fim deu tudo certo!

 

Parabéns pelo relato!

  • Colaboradores
Postado

Que coincidência! Mas em parte por não ter muito mais o que fazer por lá, né. Queria ter aproveitado mais os mergulhos, mas essa experiência me deixou meio traumatizado. Valeu, seu relato ficou show também!

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