Membros Mateus Stanoga Postado Janeiro 18, 2013 Membros Postado Janeiro 18, 2013 Olá Pessoal! Bacana a reportagem. Só a vi aqui hoje... Algumas considerações minhas acerca do tema HIPOTERMIA, baseadas na experiência prática de campo e treinamentos realizados, complementando e corrigindo alguns aspectos abordados: Aqui no Paraná, em especial na Serra do Ibitiraquire (Pico Paraná) infelizmente têm sido comuns os casos de hipotermia e, basicamente, na grande maioria dos casos (se não a sua totalidade) apenas por falta do pessoal observar o básico quanto à vestimentas e alimentação adequadas. Nesta temporada (que ainda não findou) tivemos ao menos dois casos. Num deles, um grupo de jovens subiram em direção ao PP somente com roupas leves, com intenção de fazer "um ataquezinho" e foram colhidos perto do cume por uma abrupta alteração metereológica (fato comum nas montanhas) com forte chuva e frio. Despreparados, sem abrigo (barracas, toldo, lona plástica) ou roupas apropriadas (anorak, etc), se viram em situação difícil, especialmente depois que uma garota do grupo torceu o pé e obrigou-os a reduzir o ritmo de descida, "travando" logo em seguida, ficando todo o grupo ainda mais exposto aos efeitos das intempéries. Não preciso dizer que a garota em questão, em razão das condições fisiológicas (desgaste físico + exposição abrupta ao frio) somadas ao trauma sofrido, começou a apresentar sintomas de hipotermia e a situação só não se complicou mais porque o grupo conseguiu acionar por celular o serviço de emergência e um dos rapazes conseguiu descer rápído na frente para guiar o resgate até a vítima. O mecanismo "termoregulador" citado na matéria que originou este tópico é composto por 2 processos orgânicos, destinados a manter a temperatura central do corpo humano equilibrada em 37ºC: produção de calor (termogênese) e a sua dissipação (termólise). A termogênese depende da reserva de calorias e do oxigênio necessários para a metabolização das reservas de energia, diminuindo em pessoas fisicamente exauridas, com falta de oxigênio (situações de alta montanha - acima de 4000m) ou vítimas de trauma. Já a termólise depende do biotipo, vestimentas e condições ambientais (temperatura, vento, umidade) e também é acelerada em situações de traumatismos diversos. O desequilíbrio, seja, o excesso de perda de calor (termólise) ou a falta de produção (termogênese) levam à hipotermia. PREVENÇÃO É o melhor a se fazer. Aqui se atacam paralelamente dois aspectos - justamente ligados aos 2 processos orgânicos citados acima: a alimentação adequada (combustível para a termogênese) e a proteção/isolamento (vestimentas, abrigos, etc) - visando permitir o controle da termólise. Um organismo combalido, seja por um trauma (acidente) ou enfraquecido após um grande esforço físico, como o que geralmente ocorre ao subirmos uma montanha, costuma ter mais dificuldade para gerar calor, por isso é necessário contar sempre com uma boa fonte de energia extra. Nada de levar apenas bolacha, sanduíche e comidas frias para a montanha. Uma comida quente com carboidratos, gorduras e proteínas é essencial para a reposição enérgética e vai ajudar o organismo a se manter aquecido. Ao ingerir alimentos calóricos estamos favorecendo o processo de termogênese, ajudando nosso corpo a produzir calor. Deixe para fazer regime em outras ocasiões, nunca durante o período em que será submetido a grandes esforços físicos - salvo se você é atleta profissional de alta performance e está com seu organismo acostumado às circunstâncias climáticas e de privação a serem experimentadas. Lembro que, mesmo tendo sido desmentido por estudos médicos o fato de que perdemos muito calor pela cabeça, pescoço e extremidades, protegê-los do frio, da umidade e do vento costuma ser muito eficiente para prevenir e mesmo tratar uma hipotermia. Ter à disposição um casaco corta-vento impermeável (anorak), um gorro, um cachecol/pescoceira e luvas, bem como roupas sobressalentes secas e quentes é fundamental na mochila de qualquer excursionista e muita gente vem esquecendo disso, especialmente quando vai passear na montanha. Sem estes recursos de proteção, numa situação extrema poderá ocorrer a perda demasiada de calor do corpo para o ambiente por falta de isolamento térmico, desequilibrando assim o mecanismo termoregulador e levando à hipotermia. O QUE FAZER E O QUE NÃO FAZER... Se a situação já se deteriorou a ponto de gerar uma vítima de hipotermia, geralmente a aguda (tipo mais comum nos esportes de aventura e também a mais perigosa - em que temperatura do organismo cai rapidamente, em minutos), a primeira providência é abrigá-la do frio e da umidade, retirando as roupas molhadas da chuva ou úmidas de suor, secar rapidamente a pele e vesti-la novamente com roupas secas e quentes, enrolando-a em um cobertor de emergência (ou, em sua ausência, num pedaço de plástico ou nylon) e de imediato fazê-la repousar, deitada. Buscar socorro imediato a partir disso é o mais indicado. Adicionalmente a vítima pode ser enrolada em cobertores e/ou no saco de dormir (caso disponíveis), colocando-se junto ao corpo garrafas pet com água quente - em especial junto às axilas, tórax e pernas. Isso irá diminuir a perda de calor. Outra providência importante é fornecer à vítima bebida e/ou alimento quente quando possível. Contrariamente ao que se ouve, deve-se evitar massagear ou esfregar a vítima ou fornecer-lhe álcool, pois estas atitudes podem desviar a circulação do sangue dos órgãos centrais, vitais à sobrevivência, comprometendo ainda mais a situação. Exercícios físicos supostamente usados para estimular a produção de calor são igualmente desaconselhados pelo mesmo motivo. É isso. Não é um tratado para esgotar o assunto, mas se observados esses cuidados na prevenção dificilmente haverá exposição aos fatores de risco, reduzindo as probabilidades de ocorrência da hipotermia. Abraço! Ate me emocionei ao ver o colega postando sobre os jovens, pois nessa ocasiao, eu estava com meu grupo fazendo o PP, e na volta, na metade do caminho, encontramos esse grupo de jovens subindo, estavam totalmente despreparados, vestindo calças jeans e agasalhos de moletom, ficamos extremamente preucupados, pois a situaçao naquele dia estava realmente complicada, muito frio (julho) e chuva a todo instante, eles ainda disseram que pretendiam pernoitar no local, ai bateu nosso desespero, eles nao portavam sequer uma mochila, forçamos eles a descer conosco, porem nao quiseram, entao deixamos com eles uma lona grande, a qual tinhamos usado, e agua, eles prosseguiram, no outro dia ouvimos a noticia na radio, felizmente estavam bem, no posto tio doca haviam comentado que a menina que estava com hiportermia nao piorou por que se enrolou em uma lona, agradecemos realmente a Deus nesse instante, e vimos o quanto e importante sair preparados, roupas a mais, porem sem medo de passar um sufoco que é a hipotermia.
Colaboradores nathan_mg Postado Março 26, 2015 Colaboradores Postado Março 26, 2015 Excelentes e preciosas informações, pessoal. Estou respondendo ao tópico para "subir" ele entre os ativos, levando este conhecimento a outras pessoas que possam precisar. Na semana que vem, vou subir o pico da bandeira com minha namorada, e será a primeira vez que enfrentaremos esta situação de frio de 0 grau ou até negativo. Por isso fiz a pesquisa aqui, primeiro sobre o pico, e agora sobre hipotermia. Inicialmente eu não pretendia comprar Anorak, segunda pele, etc. Mas lendo este tópico e com as informações que um amigo me passou, fui convencido a arcar com esta prevenção. Obrigado!
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