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A erupção de um esporte em um vulcão ativo na Nicarágua


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:arrow: FONTE: Uol Viagens

http://viagem.uol.com.br/ultnot/2009/08/09/ult4466u659.jhtm

 

Não há nada como o súbito silêncio que alguém experimenta na metade da descida por uma encosta vulcânica de 490 metros, após dar um salto mortal no ar em uma trajetória cheia de pedriscos antes ocupada por você e seu trampolim vulcânico.

 

Olhando de soslaio para o sol nicaraguense, eu vi os óculos que voaram da minha cabeça durante o baque e trepidação da minha prancha caírem lentamente colina abaixo. Eu de alguma forma consegui recuperar a posição sentada na prancha e novamente me submeti à gravidade, descendo à toda e deslizando até uma parada gentil em meio aos aplausos dos meus colegas.

 

Esta foi minha introdução ao "volcano boarding", um novo esporte radical que surgiu mais notadamente em Cerro Negro, um agourento vulcão preto como carvão no oeste da Nicarágua. Os praticantes disparam pela encosta escarpada e lisa do vulcão ativo sobre uma espécie de trenó de madeira compensada, a velocidades de até 80 km/h. É quente, empoeirado e assustador - e louco o bastante para ser divertido.

 

 

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Membro tour do Bigfoot Hostel desce o Cerro Negro, na Nicarágua

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Cerro Negro é acessível por León, uma cidade colonial historicamente conhecida como centro do intelectualismo de centro-esquerda que fica a cerca de 24 quilômetros a sudoeste da montanha de aproximadamente 728 metros (a altura pode variar de uma erupção a outra, dizem os especialistas). A cidade já foi uma fortaleza sandinista ocupada por poetas, revolucionários e estudantes universitários. Mas hoje, fora suas igrejas magníficas, arquitetura colonial e murais anticorrupção, León está se tornando sinônimo, pelo menos entre os mochileiros em busca de aventura, de volcano boarding.

 

Em fevereiro, meu marido, Scott, e eu decidimos que era algo incomum demais para deixar passar. Escalar um vulcão era uma coisa, mas deslizar por sua encosta? Esta é uma história para contar aos netos.

 

Eu soube de uma excursão oferecida pelo albergue da juventude Bigfoot, que Darryn Webb, um guia turístico da Austrália, fundou em 2005, quando estava desenvolvendo o esporte em Cerro Negro. Ele cresceu praticando sandboarding em Queensland e, assim que visitou o vulcão, ele percebeu seu potencial. Aqui estava uma encosta semelhante a uma duna de areia, apenas maior e mais escura, e com a emoção adicional de uma erupção potencial.

 

Após muitas tentativas e erros com os tipos de trenós -ele tentou pranchas morey-boogie, colchões e até mesmo um refrigerador minibar- ele decidiu por um compensado reforçado com metal e fórmica sob o assento. "Assim que optamos pelas pranchas sentadas, se tornou muito mais divertido para as pessoas", me disse Webb por telefone de Perth, onde ele mora atualmente.

 

Quando chegamos ao albergue, duas excursões naquela semana já estavam esgotadas, mas conseguimos ingressar em uma no dia seguinte. (O Bigfoot, que Webb vendeu em 2008, reúne em média 15 pessoas por excursão, mas já lidou com até 34 - números que mesmo Webb nunca previu.) Atualmente, Gemma Cope, a gerente do Bigfoot, comanda as excursões. Sem nenhum documento assinado de responsabilidade, nosso grupo de 17 se amontoou em picapes para a viagem de 40 minutos até Parque Nacional de Cerro Negro. As estradas rurais de terra ainda são em grande parte cobertas pelas cinzas escuras expelidas pela última erupção, em 1999.

 

Cerro Negro é o vulcão mais jovem na América Central, e como um jovem ruidoso, ele está ativo. Nascido em 1850, ele já passou por 20 erupções.

 

Na base do vulcão, nós recebemos as pranchas e uma bolsa contendo um macacão e óculos. A subida íngreme de 45 minutos pela traseira rochosa do cone, durante a qual carregamos a prancha de 2,5 a 4,5 quilos, foi moderadamente difícil.

 

Deixando nossas coisas no ponto de partida, nós continuamos subindo até a borda exposta da cratera principal. A vista provou ser sublime: de um lado, grandes crateras escuras manchadas de amarelo gema de ovo e sienita queimada; do outro, os imensos vizinhos do Cerro Negro na cadeia de Maribios e abaixo León sob uma névoa.

 

Logo era hora da descida. Nós vestimos desajeitadamente os macacões laranja enormes e nos reunimos para as breves instruções de Cope para descida na prancha -como nos equilibrarmos, guiarmos e controlarmos a velocidade na encosta, que no ponto mais íngreme tem 41 graus, ela disse. Então ela nos informou que as mulheres desceriam primeiro, para que pudessem se recostar e rir de seus pares masculinos, que provavelmente se arrebentariam ao tentar de forma imprudente estabelecer recordes de velocidade.

 

Duas mulheres se candidataram relutantemente a descerem primeiro. Elas logo se transformaram em listras cor de lava descendo a encosta. Uma deslizou de forma suave e controlada até a chegada. Eu me senti encorajada.

 

Então vi outra tomar um tombo. E então outro.

 

Após mais duas pessoas, eu não conseguia mais suportar o suspense. Eu deslizei até o ponto de partida, me preparei e parti.

 

Imediatamente, eu percebi que dar um grito foi uma má idéia: pedriscos e poeira voavam por toda parte, incluindo dentro da minha boca. Diferente da descida suave em duna de areia no sandboarding, a descida era acidentada e o barulho ensurdecedor.

 

Eu me abaixei e comecei a bater o pé na encosta nas laterais da prancha -uma técnica para reduzir a velocidade- mas eu evidentemente pisei muito forte. O resultado foi o mesmo de uma frenagem repentina de bicicleta: tombo.

 

Lá embaixo, a pistola de radar do Bigfoot registrou minha velocidade máxima em respeitáveis 46 km/h. A descida toda levou apenas poucos minutos, com tombo e tudo.

 

Eu cambaleei até o grupo, repentinamente ciente da mão arranhada e do joelho dolorido. Todos estavam estupefatos, mas sorrindo, com os rostos cobertos de pó. Alguns exibiam arranhões na pele que ficou exposta pelos macacões; os pedriscos vulcânicos não são tão clementes quanto a areia.

 

Todos concordaram que o volcano boarding não era tão fácil de dominar, mas que era inevitável querer provar. É uma aventura barata e um novo desafio, com técnica de verdade necessária e velocidades registradas. O mojito pós-esporte radical oferecido pelo Bigfoot também ajuda.

 

"Eu não gostei de ter caído três vezes", disse um praticante alemão, rindo, "mas quero tentar de novo".

 

Subindo e descendo

 

O albergue Bigfoot (meia quadra ao sul do Banco Procredit em León, 505-917-8832; www.bigfootnicaragua.com) realiza excursões para volcano boarding às segundas, quartas, sextas e sábados. O preço é US$ 28, incluindo US$ 5 para ingresso no parque. Os dormitórios no albergue custam US$ 6 por noite; também há quatro quartos duplos por US$ 13, e um quarto para quatro por US$ 28.

 

O elegeante e neo-clássico Hotel La Perla (uma quadra e meia ao norte da Iglesia La Merced; 505-311-3125; www.laperlaleon.com) oferece 15 quartos modernos ao redor de um pátio adorável ou uma pequena piscina. Diárias a partir de US$ 80,50, incluindo café da manhã.

 

Os mais arrojados também podem tentar as pranchas em pé fornecidas pela Va Pues Tours (505-315-4099; www.vapues.com; US$ 33 por pessoa) e pela Tierra Tours (505-315-4278; www.tierratour.com; US$ 28 ou US$ 30).

 

Para um lanche rápido em León, as barracas de comida perto da catedral e, à noite, ao longo da Calle Ruben Dario são bons pontos para os taquitos crocantes de frango e carne de porco apreciados pelos moradores locais, enquanto a CocinArte (face norte da Iglesia El Laborío; 505-315-4099) oferece uma cozinha basicamente vegetariana.

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