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Depois de visitar os principais pontos do Atacama, chegou a hora de subir pra Bolívia. Comprei mantimentos, troquei dinheiro, comprei água e abasteci os tanques até a boca. Fui para a aduana chilena, onde deveria dar baixa no visto. Lá perguntei qual era o procedimento para ir para a Bolívia, o senhor respondeu que apenas era necessário dar o papel que recebi quando entrei no Chile, com as características do carro e bagagem e que o resto era na aduana boliviana. Ok. Ainda perguntei mais de uma vez, ‘é tudo feito lá? Para sair do chile e entrar na Bolívia, tudo lá?’ ‘sim, pode ir que é lá agora’.

 

Beleza, entrei no carro e peguei a estrada em direção ao Paso Jama. Após uns 40 km você vê a entrada pra Bolívia, pelo Hito Cajón.

Cheguei lá e estava lotado de turistas, muitos carros e guias.. Pedi informação ao guarda e ele disse que eu tinha prioridade e já me colocou pra dentro. Quando fui dar os papéis pro oficial da aduana, veio a surpresa: não havia ninguém da aduana chilena lá para dar baixa no meu passaporte! Aquele coroa safado tinha me dito tudo errado! Óbvio que sem a baixa do visto chileno, eu não conseguiria o boliviano. O que fazer? “SÓ” descer a cordilheira toda de novo, e depois subir! No mínimo mais umas 3 horas.

 

Pensa em alguém puto... ainda perguntei mais de uma vez pra ele....

 

Ok, desci e cheguei na aduana. Disse o que havia acontecido e o cara fingiu que nem sabia de nada, que não tinha dito nada.. que raiva! Tive que praticamente desenhar o que tinha acontecido para que eles entendessem. Enfim, como subi e desci a cordilheira, precisava abastecer novamente o carro, afinal, eu iria rodar até Uyuni talvez sem ter onde abastecer.

 

Beleza, completei de novo os tanques e fui novamente pra imigração boliviana. Lá, já completamente vazio, fiz a papelada e fui informado que precisaria passar depois na aduana, que fica uns 40, 50 km pra frente, pra pegar a ‘declaração jurada’.

 

ATENÇÃO: a Declaração Jurada é de EXTREMA importância pra quem vai com veículo próprio. Caso você seja abordado e não tenha, os policiais podem e vão querer apreender seu veículo. Segundo li, não é nem apreender, e sim CONFISCAR. Sim, eles confiscam o veículo e aí só embaixada pra resolver.

 

Depois de sair da imigração, segui sempre com o GPS, pois existe a pista principal e outros rastros de veículos para TODOS os lados. Siga a pista principal e não terá maiores problemas!

Cheguei na portaria da reserva, onde paguei a taxa de 150 bolivianos para poder entrar no parque. Peguei um panfleto com informações e ali já começavam os atrativos da Bolívia.

 

Ao lado da portaria, já é possível ver a Laguna Blanca e mais pra trás, a Laguna Verde. Existem muitas trilhas de carro ali, todas de areia. Dei uma rodeada por ali, tirei fotos e quando estava já pra voltar e seguir o caminho, o carro entrou num areal mais fofo, perdi o controle do veículo e rampei numa duna na beira da estrada e quase virei com o carro. A suspensão abriu muito e o cardã dianteiro desengatou. Além do meu outro amortecedor ter quebrado o pino do olhal superior também.

 

Ok, estava apenas com tração traseira e com os feixes de mola na frente. No pior trecho da viagem. Se desisti? De forma alguma, confiei no carro e segui.

Seguindo, passei pelo belo Deserto de Siloli, o deserto mais alto do mundo. Na verdade, todo o trecho dentro da reserva é em torno de 4500m de altitude. As montanhas nesse trecho são muito coloridas e a imensidão do deserto deixam você de boca aberta. É magnífico! Não tem nada e é tudo lindo! Cruzava de hora em hora com outras toyotas levando e trazendo turistas. Sempre em alta velocidade. Vira e mexe acontecem acidentes nesse trecho.

 

Após o deserto de Siloli, encontro as Termas de Polques e o Salar de Chalviri. Decido parar ali para tentar encaixar novamente o cardã, mas não consegui colocar a luva na ponteira, e pra piorar, começou a cair uma neve repentina, esfriando muito. O que fiz foi retirar a saída da tração dianteira para que ao menos pudesse usar a reduzida, sem ficar roçando na travessa inferior do carro.

 

Já estava todo cagado de graxa, barro e sal. Decidi ficar por ali e tomar um banho nas termas. Não havia ninguém para cobrar e a terma estava vazia, nenhum outro turista, e toda aquela vista incrível do Salar só pra mim hehehe

Detalhe, as termas de Polques são muito mais quentes que as de Puritama.

Valeu até a pena ter perdido aquele tempo na imigração.

 

Ali conheci outro maluco que estava viajando sozinho de carro, um austríaco. Estava com uma Land Rover toda cheia de pendurico, placas solares, bicicleta.. Gente boa, conversamos sobre os acontecidos de viagem e outras coisas.

 

Fui dormi cedo e de noite acordei para fotografar o céu noturno. Estava bem frio, segundo o termômetro do carro -5º. Tirei algumas fotos e voltei pro carro. Foi a noite mais difícil de dormir por conta do frio.

 

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Caramba Guilherme, que demais! Muito bom seu relato, estou aguardando as próximas partes. Parabéns pelo texto, fotos, viagem e pela Toyota!

 

Abraço, boas viagens!

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Acordei com o dia clareando, o sol ainda não pontava. Peguei a máquina e esperei o sol subir, com muito frio, tirei boas fotos com toda a área das termas fumaçando.

 

Dei um tempo e a cada minuto apareciam mais e mais toyotas com turistas, alguns vindo de Uyuni e outros indo para lá. Mas todos paravam ali para as termas. Ela ficou completamente cheia, devia ter umas 40 cabeças lá dentro. E pensar que aproveitei ela a tarde toda sozinho hehehe

 

Conversei com uma senhora boliviana que tinha um pequenino restaurante ali na frente, sobre o café da manhã. Ela cobrou 10 bolivianos pelo café que tinha pão, geleia, manteiga, toddy e leite. Simples, mas valeu.

 

Depois de arrumar as coisas, fui dar partida na band, mas ela não pegou. Tentei 3 vezes, enquanto conversava com os guias bolivianos que diziam que o Salar estava completamente cheio, impossível de entrar com carro próprio lá dentro.

O diesel aumenta muito a viscosidade quando frio, dificultando a partida. Nesse dia eu vacilei, pois tinha comprado um ‘anticongelante’ pro diesel e esqueci de misturar no tanque. Fora a questão da bateria, que tinha uma baixa corrente de arranque no frio.

 

Solução: afrouxei a entrada do coletor e espirrei um pouco de desengripante pra dentro. Bati a chave e acelerando um pouco o carro pegou. Deixei na lenta um bom tempo antes de andar.

 

Saí e fui seguindo pelas estradas, estradas mesmo, pois várias indo se abrindo com os rastros de pneus. Procurava sempre a com mais areia, apesar de mais fácil atolar, era mais confortável do que as que tinham as costelas de vaca, que sacolejavam a suspensão de feixe de mola da band.

 

Como dito, precisava passar pela aduana boliviana, que era próxima de outro atrativo: os gêiseres Sol de la Manana. Próximo ao caminho, avista-se já a grande atividade termal da área, muitas fumarolas e algumas estações de energia termal. Pelo GPS encontrei a rota pros gêiseres e parei por ali para fotografar.

Esses sim, são fortes! Faziam um barulho estridente, muito alto! Um soprava constantemente como uma panela de pressão, não me atrevi a chegar muito perto. Ali também tinham várias crateras com uma lama borbulhante que volta e meia respingava pra fora.

Como o cheiro de enxofre era muito forte, peguei o carro e segui. Um pouco mais pra frente, havia uma estradinha que levava até uma fábrica de algum produto químico e lá dentro, havia a aduana.

 

Ali atingi a maior altitude da viagem: 5033 metros.

 

Quando parei o carro para ir na aduana, o gringo da land rover chegou também, com o carro fervendo. Aparentemente o sistema de arrefecimento da land rover não suportou a altitude e estava jorrando água pra fora. Ele disse que estava parando a cada 5km pra completar o radiador. Sorte dele que ele tinha um tanque com uns 100 litros de água em cima do carro hehehehe

Fiz os trâmites e peguei a tal declaração jurada.

 

Segui e andando e andando e encontrei a Laguna Colorada. A Laguna Colorada tem a coloração avermelhada por conta de pigmentos produzidos por algas que ali habitam. Segui para o mirador e lá tirei fotos do grande contraste das ilhas de sal e do vermelho da laguna. Além da infinidade de flamingos e lhamas.

Voltei ao carro, comi alguma coisa e segui. Próxima parada era a Arbol de Piedra. Não há sinalização, nem pista principal, nem qualquer outra coisa. Apenas ‘as estradas’.

 

Chegando na Arbol de Piedra, haviam mais toyotas com turistas, alguns subindo em cima das formações rochosas e tirando fotos. Não concordo com isso, mas....

Ok, estava de tarde e eu pretendia chegar até Uyuni, e era muito chão ainda. Segui e pra frente peguei um dos piores trechos. Havia uma grande fenda pela qual seguia o caminho, com grandes pedras e buracos. Passei bem devagar por ali, pois estava sem a tração dianteira e se caísse num buraco ia ser feio sair.

 

Seguindo, passei pelas Lagunas Honda, Hedionda e cheguei na Cañapa. Na laguna Cañapa, há um pequeno hotel. Entrei e pra minha sorte aceitaram fazer um prato de comida já pras 4h da tarde. Na verdade dois, pois um só não deu conta. Ali também tirei foto com uma vicuna de estimação do pessoal do hotel, engraçado ver um bicho tão arisco ser domesticado.

Logo chegaram uns motociclitas, brasileiros, perguntando sobre combustível... Quando disse que só havia em San Pedro, alguns até pensaram em voltar. Depois de conversarem decidiram seguir em frente.. não sei o que aconteceu com eles.

 

Segui mais uma hora e com o sol de pondo, cheguei na ruta 701, que leva até Uyuni.

Essa estrada é totalmente de terra, mas muito boa. No trecho que estava seco, fui na média de 90km/h e quando peguei o trecho molhado, com uma lama fina, fui beirando os 80.

 

Chegando em Uyuni, fiquei meio receoso sobre onde dormir. A cidade era suja, escura e haviam muitas pessoas suspeitas. Procurei por um hotel e nenhum havia disponibilidade. Cheguei a cogitar a ideia de ir direto pra Colchani, que é de onde sai para o Salar, mas por sorte encontrei um posto de combustível, onde consegui estacionar atrás de um caminhão. Dormi por ali mesmo.

 

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Dormi meio mal, acordando várias vezes de noite com receio daquela estranha cidade.

 

De manhã, peguei o carro e fui até o centro. Precisava trocar reais por bolivianos e comprar comida/água. O câmbio estava absurdo, 1 real valendo 1.90 bolivianos.. decidi guardar meu dinheiro e fazer um saque no caixa eletrônico. Como já tinha visto que o preço do diesel para estrangeiro era de 8,88 bol, o que dava em torno de R$ 3,60, já previ quanto iria gastar de combustível até o Brasil e fiz o saque nesse valor aproximado.

 

Depois, fui procurar o que comer, e quase nada me agradou.. talvez pela tradição deles, pouca higiene é oferecida. O mercado municipal é tenso.. cachorros, comida no chão, carne em cima do balcão com as pessoas metendo a mão.. enfim, aquilo não me deixou seguro do que comer por lá.

Não é frescura, uma infecção alimentar, lá, deve ser foda.

 

Procurei por alguma lanchonete e não achei nada assim bom. Então decidi comprar biscoitos e mais outras porcarias prontas. Comprei também um saco de pão caseiro.

Voltei praquele mesmo posto, abasteci o carro e fiz toda a papelada pra venda pra gringo. Pedem passaporte, doc do carro e fazem umas 3 vias da venda, com vários valores que não entendi nada. Só sei que o valor do litro era de 8,88.

 

Abasteci bem os tanques e fui em direção a cidade de Colchani, que é de onde partem as rotas pro Salar. O caminho até lá é ruim, muita lama, buracos e costelas de vaca. Como não sabia ao certo aonde ir, fui seguindo as toyotas das agências de turismo. Segui até parar numa rua onde vendem artesanatos de sal, como não tinha interesse, fiquei ali esperando alguma outra Toyota seguir. Enquanto isso vários turistas chineses/japoneses vinham tirar foto do carro. Quando a primeira Toyota saiu, eu já liguei o carro e fui atrás. Segui por entre as ruas encharcadas de lama de Colchani e depois peguei uma estrada com costelas de vaca que pareciam que ia desmontar a band. Trecho ruim demais!

 

E aí cheguei ao Salar.

 

Só de olhar da borda pra ele já é maravilhoso. Mas quando vi a entrada dele, com um meio metro de água salgada, fiquei receoso, afinal, os guias disseram que estava tudo cheio. O que fazer.. eu sem tração dianteira, entrar no Salar de Uyuni.. sendo que eu não havia visto em nenhum relato, gente com carro próprio entrando no Salar cheio de água..

 

É, era uma grande dúvida. Pensei em deixar o carro ali, entrar à pé e tirar umas fotos.. pensei em deixar o carro e pedir carona, em contratar na hora um passeio, em voltar pra uyuni. Enfim.

 

Entrei no carro, dei partida. Quando ouvi aquele ronco gostoso do motor diesel de quase 4 litros, com o escapamento quebrado, tremendo a cabine. Não tive dúvidas.

 

Vou entrar e é agora!

 

Engatei a reduzida e fui pelo caminho que os outros carros haviam entrado. Quando entrei na água, veio aquele medo de atolar naquela mistura de lama e sal que havia no fundo. Fui devagar, subindo e descendo pelos pequenos rios de água salgada que ali corriam e então subi pra parte mais seca. Andei mais uns 200 metros e percebi que não havia mais que 5cm de água. Fiquei aliviado.

 

Tirei a reduzida e fui seguindo calmamente pelas marcas de pneus deixadas no sal, entrei, entrei, entrei e a imensidão do salar me deixava sem noção de distância. Andei uns 20 minutos e então parei. Desci do carro e constatei que a camada de sal era bem dura, não aparentava ser tão fácil atolar ali.

Fiquei ali observando todo o salar. Os carros que ao longe passavam, parecendo formigas no horizonte. As montanhas que refletiam perfeitamente na camada de água. E as pessoas que tiravam fotos em poses estranhas com seus guias.

 

Botei o novo álbum do Rappa pra tocar, e no aleatório caiu em “Um Dia Lindo”. Música mais que perfeita pra situação.

 

Tirei várias fotos, comi, descansei um pouco ali no meio do Salar. Não satisfeito, rumei ao Hotel de Sal que fica no meio do Salar. Continuei na trilha dos carros e mais uns 20 minutos, a água do salar sumiu, dando espaço a uma imensidão de sal branco. Cheguei ao Hotel, que estava cheio de turistas. Cogitei continuar até a Ilha Incahuasi, mas achei muito arriscado pela minha situação.

Dei a volta no hotel e voltei em direção a Uyuni.

 

Em uyuni, tive a informação que todos os dias anteriores tinham sido de muita chuva e que a previsão pra noite era de temporal. Sabendo disso, decidi abortar o plano de tirar fotos do céu noturno no salar.

 

Programei o GPS e o rumo era Corumbá. Passaria por Sucre, Potosi, e Santa Cruz de la Sierra.

 

Saí do Salar umas 4h da tarde, e assim peguei uma boa estrada asfaltada e consegui chegar em Sucre. Dormi em um posto.

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Estou maravilhada com o seu relato! ::love::

E estou chocada com o cambio de reais para bolivianos!! ::tchann::::hãã2::::ahhhh::

 

Obrigado tufatah, e todos os outros amigos pelos elogios.

 

Pra não mentir, na primeira vez que fui na casa de cÂmbio, estava 1 real pra 2,1 bol, fui procurar outra e não achei nenhuma aberta, quando voltei já tinham riscado o quadro e agora valia apenas 1,90 bol.. aham, troquei sim ::cool:::'> ::cool:::'>

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Acordei e continuei seguindo, rumo ao Brasil. Depois de certo tempo, o asfalto acabou e começou uma estrada de chão péssima, muito esburacada, com lama, pedras.. e o mais supreendente: COM PEDÁGIO!

Isso mesmo, pedágio naquele fim do mundo, e o pior: VOCÊ que tinha que ir até a cabine pagar o pedágio.. isso mesmo, parar o carro, descer e ir até a cabine do outro lado da pista pagar o pedágio... fala sério..

Não aconselho a irem por essa estrada.. o estado é muito ruim. Numa dessas eu acabei caindo num buraco enorme, arregaçando minha suspensão. Quebrei duas folhas do feixe de mola esquerdo e uma na direita... vacilei..

 

Faltavam ainda cerca de 100km dessa estrada fudida, e eu ia a uns 30km/h, afinal, não podia arriscar mais com a suspensão daquele jeito.. A estrada parecia interminável..

Certa hora passei por uma cidade bem pequena, onde encontrei um posto. Parei pra abastecer e fiquei muito feliz quando o rapaz disse que ia me cobrar ‘apenas’ 4 bol por litro.. Eu sabia que ele fazer a venda como local e embolsar o resto, mas não me importei, afinal, já achava um absurdo ter que pagar mais por ser estrangeiro. Enchi os tanques atééé... afinal, era metade do preço legal.

Depois de muito tempo, muito buraco, muita encosta com barranco caindo, rios e etc, voltei ao asfalto. Quase chorei de felicidade hehehehe

 

Era carnaval, e quando comecei a me aproximar de Santa Cruz, fui percebendo como eram as comemorações por lá. Da pior forma possível. Passando por um vilarejo, via várias crianças no acostamento, com arminhas de água, bolas de água e tal, achei que estavam brincando ali entre eles.. quando de repente, sem mais nem menos, vejo um vulto vindo na minha direção, pela janela do motorista.

Parecia que havia batido o carro. A cabeça ficou zonza e meu óculos caiu pelo fundo do carro. Estava todo molhado e não estava entendendo nada. Parei o carro rapidamente e entendi o que havia acontecido: me acertaram duas bexigas de aniversário, cheias de água com sabão. Uma acertou minha cabeça e a outra os bancos traseiros.. o carro ficou todo molhado.. por sorte os eletrônicos não foram atingidos, mas toda a poeira que tinha no carro virou lama.

Fiquei puto da vida, fechei os vidros e segui até anoitecer, sendo alvo de tinta, bolas de água, espuma.. meu carro estava totalmente cagado. Dentro de Santa Cruz haviam até caminhões carregando ‘crianças’, com mais de 20 anos, que atiravam tinta e bolas de água nos carros. Era uma zona. A cidade estava toda pintada.

 

Passei Santa Cruz e fui andando e andando, e já de noite, numa rodovia bem escura, eu já andando próximo de 100km/h, vejo duas figuras no meio da pista. Rapidamente eu freio, segurando a bandeirante, que sempre joga pra algum lado da pista e parando. Quando vou ver... eram soldados do exército da Bolívia.. caralho..

 

PENSA EM ALGUÉM QUE FICOU TRANCANDO! Hhahahahahaahaha

 

Caralho, pensei que iam me prender! Quase atropelei eles!

Tentei disfarçar, dando a entender que eu tinha parado tranquilamente.. pedi uma informação qualquer e responderam de qualquer forma também.. deram uma olhada no carro, documentos e segui viagem..

 

Segui e dormi num posto já próximo da divisa com o Brasil.

 

Acordei, abasteci o carro novamente pagando o valor ‘pra gringo’ e fui pra Puerto Soarez. Passei pela imigração boliviana, dei baixa na declaração jurada e entrei no Brasil, pela cidade de Corumbá.

Estava procurando um posto de molas pra resolver meu problema, mas era carnaval e nada estava aberto. Segui viagem até depois de Ribas do Rio Pardo. Dormi em um posto.

 

Logo pela manhã, acordei e segui na busca por um posto de molas. Encontrei um em Três Lagoas, onde fiz o serviço. Agora com suspensão zero bala.. taca-lhe pau nessa Toyota!

 

Segui por fora de sp capital, passei por franca e cidade vizinhas, saí em minas gerais e dormi em alguma cidade logo depois da divisa.

 

E então, mais um dia de estrada sem parar.. passei por bh, desci na BR-262 e cheguei em casa já perto das 11h da noite.. depois de 20 dias de estrada.

 

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