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Oi, pessoal!

 

Desde que resolvi ir para o Chile, no começo deste ano, descobri o Mochileiros e virei fã. Já li vários relatos de viagem legais aqui, e assim que voltar, pretendo contar minhas aventuras na terra do Neruda (faltam só duas semanas, não vejo a hora!)

 

Enquanto isso, me deu vontade de contar a maior viagem da minha vida. Já faz um tempo, mas lembro de tudo como se fosse ontem! Espero que vocês se divirtam lendo esta história, e que as dicas ajudem quem tiver vontade de fazer a mesma coisa: vale a pena, e marcou minha vida para sempre!

 

Quando estava terminando a faculdade, meu marido (na época era meu namorado...) e eu resolvemos passar um tempo na Califórnia, para estudar inglês. Através de dicas de amigos, escolhemos Santa Bárbara, uma cidade a beira-mar, a 40 minutos de Los Angeles, com um campus da Universidade da Califórnia super bacana. Compramos o curso de 30 dias no STB, para janeiro de 98. Marcamos a passagem de ida para comecinho de dezembro, e a volta para comecinho de março - ou seja, um mês de curso, e dois meses inteiros para bater perna sem destino!

 

Não quis contratar o homestay, nem alojamento no campus. Pensamos em alugar um apartamento quando chegássemos lá. Uns amigos disseram que era bem fácil... Tá bom! Antes de viajar, pesquisei bastante na internet, inclusive no site da cidade de Santa Bárbara. Me cadastrei, e me mandaram uma revista da cidade, super organizada... Escolhi um hotel legal para ficar nos primeiros dias, o Country Inn by the Sea (recomendo muitíssimo), e a intenção era mudar para um apê logo depois.

 

Dia 4 de dezembro, embarcamos para LA. O vôo é longo, mas eu estava tão ansiosa que não dormi nada! Chegamos lá cedo e pegamos um ônibus para Santa Bárbara. Eu nem podia acreditar! Chegamos ao hotel, era muito legal, na beira da praia, pertinho do centro! Mas o tempo estava péssimo, naquela época tinha o El Niño, deu tempestade por três dias seguidos, e nem pudemos pôr a cara fora do hotel. Quando o tempo melhorou, fomos passear a vimos as lojas todas com sacos de areia na porta, tapumes nas janelas... Furacão! O mar tinha invadido tudo!

 

Procurei a escola de inglês para nos ajudar a encontrar um lugar para ficar. Putz! Os aluguéis eram caríssimos, mais de U$800,00 por mês, sem contar todos os extras, luz, gás, lixo, sei lá mais o quê! Não tinha a menor chance. Os lugares baratos eram uns muquifos imposíveis. E agora? A estada de dois dias no hotel virou 10 dias! Nossa sorte é que o gerente era muito gente boa, deu tanto desconto prá gente que no fim quase valia a pena ter ficado lá direto.

 

Acabamos indo prá uma casa de família, em Goleta, um bairro afastado do centro, perto da escola onde íamos fazer o curso (ah, a escola era da UCSB mesmo, mas era fora do campus). Contratamos sem comida, era um "studio", com banheiro, pia e geladeira... Na verdade, era a garagem da casa, que os donos transformaram em micro-loft... Tínhamos a chave e entrada independete, uau! A família tinha dois filhos, um menino e uma menina, um gato e um golden retriever - an all american family! Nos levaram para fazer compras, e foram muito gentis. Mas depois disso, quase não vimos a cara deles até o fim da viagem!

 

Aí começou o período de adaptação à vida americana. Primeiro o ônibus. Domingão, fomos visitar a Missão de Santa Bárbara, um prédio histórico num lugar bem alto, com uma vista maravilhosa da cidade. Andamos a State Street inteira a pé, uns vinte quarteirões! Na hora de ir embora, fomos para o ponto de ônibus e ficamos lá umas duas horas. E aí, descobrimos que os ônibus lá tinham hora marcada para passar no ponto, e que domingo não tinha ônibus ali!!!! A partir desse momento, o guia de ônibus virou nossa bíblia. Em Santa Bárbara, não saia de casa sem ele!

 

Santa Bárbara é muito legal para quem quer fazer intercâmbio porque é muito linda, tem muitas baladas, praias maravilhosas, e gente simpática. O povo lá adora brasileiros. A cidade é limpíssima, segura, e nos fins de semana enche de gente, inclusive muitos artistas de cinema... Mas é uma cidade turística, o que a faz ser muito cara. Uma corrida de táxi do centro até nossa casa custava U$40,00! Facada no peito.

 

O bom de estar lá era a facilidade de fazer passeios. No aviversário do meu marido, na véspera do Natal, fomos para Las Vegas. Um pacote de três noites com avião e tudo para o MGM Grand ficou um U$90,00 por pessoa, na época. Uau, aniversário em Las Vegas! Tem gente que acha brega, mas eu amei. E olha que naquela época nem tinha tantos hotéis bacanas como tem hoje. Passamos quase três dias sem dormir direto, andando de um lado pro outro, prá poder conhecer tudo. Pena que não deu tempo de ir ao Grand Canyon... Fica prá próxima (que espero seja breve!). Tava um frio de lascar, com tempestade de areia no deserto e tudo. Não percam a Manhattan Express, uma montanha russa muito doida no hotel NewYorkNewYork.

 

Pausa pro café. Daqui a pouco conto do nosso reveillon em San Diego.

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Oi, voltei.

 

Antes do ano novo, tem o Natal! Ganhamos da family um pinheirinho! Passamos a noite de Natal em casa, com uma garrafa de champagne ruim e pizza congelada do SevenEleven. Ninguém avisou prá nós que nos EUA não abre nada em feriado! Um a zero prá eles! Que fome danada! Que Natal sem graça... Bacana mesmo foi ir na liquidação da Macy's (uma megaloja de departamentos, prá quem não conhece) dia 26. Tudo com 90% de desconto. Uau!

 

Dia 29 de dezembro começou uma nova aventura - nossa primeira viagem de trem! Em Santa Bárbara tem uma estação da Amtrak, é um jeito muito barato e gostoso de viajar pela Califórnia. As paisagens são lindas, o trem pára numas estações pequenas que são muito bonitas... E entrar em Los Angeles de trem também dá uma perspectiva bem diferente da cidade. E o ponto alto é a Estação Santa Fé, em San Diego, em estilo colonial, toda com azulejos... linda! San Diego é uma delícia de cidade, toda cortada por metrô de superfície e ônibus integrados... dá prá ir prá todo lado. Visitamos o Seaport Village, o Horton Plaza (um shopping enorme, bem no centro), o Gaslamp Quarter (imperdível), passamos um dia no SeaWorld e outro no Zoo de San Diego (lindo!). Mas o melhor foi o Old Town. No dia que chegamos, à noitinha, passamos por umas barracas, uma coisa estranha que parecia meio obra, meio favela... Fiquei com medo. No dia seguinte, descobri que aquilo era uma escavação arqueológica!!! Fica bem na entrada do Old Town, um quarteirão preservado da época da colonização da Califórnia, da época da Corrida do Ouro (1869). São casinhas de faroeste (parece o Playmobil, prá quem tem minha idade... hehe!), com lojas de artesanato, roupas de cowboy, é imperdível! E tem o melhor restaurante mexicano! Fajitas, música, e margaritas gigantes (500ml)!!

Na véspera do ano novo, saímos prá passear e vimos todo mundo jantando às nove da noite... que costume estranho! Compramos outro champagne vagabundo, um saco de pretzels, e cervejas... Ah, à meia-noite a gente janta, pensamos... Pois à meia-noite, depois de três segundos de fogos de artifício, sumiu todo mundo. Tudo estava fechado, exceto um pub inglês na esquina do nosso hotel, muito feio prá encarar, e assim ficou até o meio-dia do dia primeiro... Dois a zero para eles, ficamos com fome de novo. Êta povo que não sabe fazer festa!!!!

 

Voltamos para Santa Bárbara famintos e felizes, porque afinal, estávamos na Califórnia... Só isso já bastava. E também, se dá tudo certo, depois não tem história prá contar!!

 

Em janeiro começou o curso de inglês, e o tempo para passeios parecia que ia ficar mais escasso... Que nada! Juntamos uma galera, e nos fins-de-semana a gente alugava uma van e ia explorar as redondezas. (esse truque é bom também para ir às baladas à noite, porque todo mundo mora longe do centro, e os ônibus páram cedo... tudo bem que balada lá é só até 2 da manhã, mas último ônibus sai 11:30...) Só tem que ficar alguém sem beber, porque a polícia pára mesmo, e é super cri-cri. Uma noite, uma colega nossa foi parada pelo guarda, e depois de fazer ela andar em linha reta, soprar no bafômetro, etc... ele a dispensou. Ela, sem entender direito, foi confirmar: "Posso ir embora?", e ficou repetindo: "Go away, go away, go away..." O cara ficou furioso, porque ela estava mando ELE ir embora. Todo mundo no carro morria de rir, meio bêbado, e ela com medo de ser presa, enxotando o guarda!

 

Com a turma, fomos passear em Solvang, um vilarejo dinamarquês nas montanhas de Santa Bárbara, parece casinha de boneca! Fomos a Los Angeles, Santa Mônica, Venice Beach, Beverlly Hills, Hollywood... Nos hospedamos num muquifinho na Sunset Boulevard, a uns dez quarteirões do Pacific Park de Santa Mônica. A maior parte do pessoal tinha seus 18, 19 anos. Eu, meu marido e mais um ou dois tínhamos mais de 21 anos, e podíamos comprar bebida alcoólica. Então, lá fomos nós ao supermercado fazer a festa da galera. Nem preciso dizer que ficou todo mundo bêbado, e fazendo a maior algazarra. Até "Um sonho a mais" no violão rolou... Imagine o barulho que fazem 15 brasileiros num quardo de hotel às duas da manhã... Quase fomos expulsos! Fomos passear pela rua, resolvemos andar até o píer. Não sei de quem foi a idéia... Um frio de rachar, quase congelamos e quase fomos assaltados na madrugada de Los Angeles.

 

Num outro fim-de-semana, eu e meu marido fomos até a Disneyland de Anaheim, de novo de trem (muito bom viajar de trem, repito!) Para quem já conhece a de Orlando, como era meu caso, é meio sem-graça. Mas o Indiana Jones Adventure é muuuito legal! Um parque que eu perdi foi o Six Flags, mas na próxima a gente vai... Ficamos num hotel chamado Candy Cane Inn. Era hiper barato, dava para ir a pé até o parque, e tinha um café da manhã muito bom! Coisa rara nos EUA. Esse parque é tão pitoresco, que dá até para sair e almoçar no McDonald's do outro lado da rua (lá dentro a comida é cara prá chuchu).

 

Fim de passeio, pegamos o trem de volta prá casa. Oba, perseguição policial, igual de filme! Um cara passou a mão numa menina, ela reclamou, e na próxima estação a polícia estava esperando o cara, entraram correndo no trem, ele pulou pela janela, o policial jogou no chão e espirrou spray de pimenta no sujeito... Até que enfim prenderam o figura. Eu não podia acreditar no que eu estava vendo! Chips em ação!

 

Durante janeiro, nos dias de semana, a aula ia só até duas da tarde. Então sobrava bastante tempo prá caminhar pela praia (as praias de Goleta são tipo falésia, lindíssimas... o mar é gelado, nadar nem por sonho, mas era legal ver o pessoal surfando, um povo com sofá no jardim bem estilo Friends... Passear pelo bairro universitário é bacana, principalmente domingo de manhã. Se você der sorte (ou azar...) vai ver uns bêbados dormindo no jardim dos outros, copos e mais copos, papel higiênico nas árvores... Bem frat-parties... Parece que você está num filme, quando vive na Califórnia.

 

Visitamos uma vinícola chamada Gainey Vineyards, muito bacana, conhecemos a produção de vinhos, experimentamos uns goles... Também fizémos um julgamento simulado na Court House de Santa Bárbara, foi bom conhecer o sistema legal americano, é bem diferente do brasileiro. Até roupinha laranja de preso a gente usou, eca! O curso de inglês foi legal, aprendemos mais através da cultura e de passeios do que dentro da sala de aula.

 

Sempre que dava, pegávamos o ônibus de tarde e íamos prá State Street (no centro) bater perna, tomar um Coffee Mocha na "Coffee Bean & Tea Leaf" (tipo Starbucks, mas muito melhor), e andar até o o píer prá ver o pôr-do-sol, ver os pelicanos e albatrozes... às vezes até a companhia de leões marinhos a gente tinha...

 

Duas coisas que eu não contei ainda: fazer o curso de inglês na UCSB te dá uma carteirinha com a qual você anda de ônibus de graça (yes!) e tem acesso aos equipamentos da univerisade, entre eles uma academia de ginástica top de linha, com piscina olímpica aquecida (yes! yes!).

 

E outra coisa é o píer de Santa Bárbara (Stearns Warf). É o lugar do qual eu tenho mais saudade. Ficar ali, só olhando o mar, vendo o céu e as aves, já me fazia feliz. Sempre que estou meio deprê, lembro daquele lugar e meu espírito se enche de vida de novo! Parece bobeira, mas poucos lugares têm o poder de marcar alguém assim.

 

Bom, amanhã eu continuo. Quando janeiro acabou, fizemos as malas, botamos a casa nas costas e fomos embora de Santa Bárbara. Próxima parada: Hawaii!!!!!

 

Até mais,

 

Marília.

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ah!!!! California!!! Terra dos sonhos!! Quem nao gostaria de ir até lá!! Las vegas, deve ser um mundo, o proprio deserto deve ser espectacular! e depois LA com as suas misturas étnicas, com hollywood... um dos locais onde tudo é permitido... podemos dar asas á imaginaçao e sermos quem quisermos!!!

  • 1 mês depois...
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Oi, gente, voltei!

 

Um aparte! O Chile é M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O! Fiz um relatinho da nossa viagem por lá, está no tópico "Dicas Chilenas", para quem se interessar. Um outro dia ponho a história toda aqui.

 

Antes de contar as aventuras havaianas, lembrei de um detalhe que acho que esqueci de escrever: tínhamos um par de bicicletas à nossa disposição. Andar de bicicleta em Goleta é baba, tem ciclovia em todas as avenidas principais, e os automóveis respeitam mesmo... Passear de bicicleta pelo campus da UCSB era uma delícia, arborizado, tranqüilo, com esquilinhos pelos parques... Assim dava para queimar um pouco as calorias de tantos lanches e jarras de cerveja que a gente consumia, hehe! E as praias de Goleta também são muito bonitas, são tipo falésia, um visual incrível, altas ondas, mesmo no frio!

 

Bom, ao Hawaii! No início de fevereiro, compramos um pacote e lá fomos nós passar uma semana em Oahu, a ilha onde está a capital Honolulu. É uma oportunidade que não dá para perder, estando na Califórnia, porque um pacote com hotel bom e avião sai muito barato (comparando com os preços saindo aqui do Brasil), ainda mais com a carteirinha de estudante da UCSB. Pena que não deu para ir ver as outras ilhas...

 

O Hawaii tem uma cultura bem diferente do resto dos EUA, que até lembra a nossa em alguns aspectos, como alguns pratos típicos, e a língua - as vogais se pronunciam igualzinho ao português: a e i o u. Então, Hawaii se diz "avaí" mesmo, e não "rauai" como os americanos falam. O "h" é mudo no início das palavras, e tem som de "rr" no meio - aloha se diz mesmo "alorra", e serve tanto para oi como para tchau como para "tudo bem?". Se diz "aloha and mahalo", quando se quer dizer "vá em paz", ou "seja bem vindo". Mahalo é um "tudo de bom" havaiano...

 

Chegando ao aeroporto, havia um ônibus nos esperando, e o "guia" avisou que não precisaríamos pegar as malas na esteira, um funcionário recolheria todas as bagagens com etiquetas da agência... Mas nós tínhamos muitas malas, e nem todas tinham a tal etiqueta! Pânico! Iam perder nossas coisas! Meu marido saiu correndo para resgatar as tais malas, e eu fiquei lá com o grupo... Umas havaianas estavam dando "leis" (colares de flores) de boas-vindas, e tirando fotos dos casais sorridentes... Eu fui ficando por último, e quando chegou minha vez, desatei a chorar! Nada do meu marido voltar! O ônibus foi embora, e eu fiquei lá com o tiozinho me consolando!

 

Uns quinze minutos depois, ele apareceu - o guarda não tinha deixado ele sair por onde entrou, ele teve que dar a maior volta, foi para do outro lado do aeroporto e se perdeu! No fim, acabou dando tudo certo, fomos ao hotel de van particular... hehe.

 

Honolulu tem umas coisas engraçadas - uma delas é o nome dos hotéis. Tem uma rede chamada Outrigger (o nome de uma canoa típica havaiana), que tem vários hotéis espalhados pela cidade: Outrigger Reef, Outrigger Reef Tower, Outrigger Beach, Outrigger Beach Lanai, Outrigger Beach Tower, etc... Todos os nomes são parecidos! E tem uma rede de lojinhas de conveniência chamada ABC, e tem duas delas em cada quarteirão! Ou seja: praticamente todo turista em Honolulu está hospedado num Outrigger ao lado de uma ABC!! Então, anote o endereço certo, porque senão um taxista não saberá te levar de volta ao seu hotel!

 

Outra coisa que se aprende logo ao chegar é que as distâncias em Honolulu enganam, afinal, é uma ilhota no meio do Pacífico... Mas é bem grande! Tudo fica a "quinze minutos havaianos" de distância... Pode ser 1 km ou 30km! - Onde fica tal coisa? - ah, são só quinze minutos... Aí você anda meia hora e a coisa ainda não está nem perto! O sistema de ônibus no centro é ok, mas para ir ao North Shore prefira alugar um carro, de preferência um jipe, como fizemos, para tomar um ventinho na cara e se sentir de verdade no Hawaii! Os ônibus daquele lado demoram séculos!

 

Em Waikiki, a praia do centro, você nem sente muito que está no Hawaii, é até meio decepcionante... Parece um Rio de Janeiro melhorado, ou uma Beverly Hills à beira-mar... Tem montes de lojas de grifes caras, e centenas de japoneses e coreanos e chineses comprando feito loucos! Afinal, a Ásia está ali do lado, a seis horas de avião, metade do caminho para Los Angeles, e com as taxas bem mais baratinhas que no continente... O imposto no Hawaii era 4%, enquanto na Califórnia era cerca de 11%, se não me engano... Até pensei em comprar uma passagem pro Japão, já que estávamos tão perto, mas aí já era outra viagem...!

 

Á noite, nas calçadas de Waikiki, acontece um "espetáculo" pitoresco... prostitutas vestidas de Madonna, Marylin Monroe, etc, perseguem os homens nas ruas, cercam mesmo, se oferecendo... é grotesco e engraçado!

 

Honolulu tem tanta coisa legal prá ver, que a gente quase esquece das praias de ondas gigantes. O Memorial de Pearl Harbour é clássico, o filme sobre o ataque é emocionante, muita gente sai chorando (não é o filmão do cinema, heim? O ano aqui era 98!) Você pega um barquinho e vai até o Memorial, construído sobre os destroços do navio USS Arizona. Os corpos dos marinheiros estão lá até hoje, nunca foram resgatados... o lugar passa uma energia, uma força impressionantes, só indo lá para saber...

 

Também tem um Memorial da Guerra em Waikiki, perto do hotel Hilton (este hotel em si já é uma atração, dá para passear pelas áreas comuns, tem até uns pingüins africanos que vivem no calor, imagina?). Este memorial é um antigo bunker da 2a Guerra, tem uns corredores estreitos e escuros, com uns manequins vestidos de soldados de arma em punho, a gente toma cada susto! É bem legal, vale a pena.

 

Fomos a um lugar chamado Polinesia Cultural Center, é um parque com 12 "ilhas", cada uma reproduzindo a cultura de um povo da Polinésia: Samoa, Tonga, Fidji, Ilhas Virgens, Nova Zelândia, etc... é muito bacana, tem tocadores de tambor, nativos que sobem em coqueiros, casamento típico, peixes e porcos assados em folhas de bananeira, em rochas vulcânicas aquecidas sob a terra (o microondas polinésio, hehe!)... tem bastante coisa que lembra nossa própria cultura indígena, o que nos faz lembrar que, de um jeito ou de outro, devemos ter vindo todos do mesmo lugar... À noite tem um jantar típico e shows de dança folclórica - o jantar é meia-boca, mas o show é o máximo - hula-hula, pirofagia, malabarismos... Detalhe - se você for a este lugar e te oferecerem para ir visitar o templo, esqueça, é perda de tempo. Eu fui, achando que era algum templo antigo, sei lá. Não era. É um templo mórmon (aparentemente, é uma religião muito comum no Hawaii), e passam um filminho tentando te catequizar. Nada contra a religião dos outros, mas nas minhas férias, eu não estava nem um pouco a fim... No Polinesia Cultural Center não tem bebida alcoólica nem cigarro, e coca-cola e café, só descafeinado! (mórmons não consomem essas coisas).

 

Passeamos muito pelas praias de North shore, onde estão Sunset, Pipeline, Waimea, Haleiwa, etc... Big waves, yes! Not! Não dá para ver as ondas de perto, como a incauta aqui pensou. As ondas quebram super longe da costa, e você, sem binóculos ou luneta, só percebe o tamanho das ondas quando vê uma pessoinha muito pequenininha surfando, e três corpos de parede d'água sobre ela... Mas é emocionante mesmo assim... E gelado! Brrr! Waimea é uma praia pequena, boa para bodyboard, segundo disseram - não tive coragem de entrar naquela água fria, só molhei o dedão. Meu marido entrou, foi pegar jacaré e tomou um caldo. O mar é muito, muito forte! Aproveitem North Shore, o Hawaii dos filmes é aqui. Surfistas bronzeados, pickups com rodas gigantes, longboards para todos os lados...

 

A paisagem da ilha é linda, tem um lugar onde filmaram uma parte do Jurassic Park, que parece mesmo saído da pré-história). Pare para uma foto! Visitamos até uma plantação de abacaxis. Os havaianos só comem abacaxi em calda, não entendi porque não comem a fruta ao natural, que é muito melhor! O café havaiano é muito bom, o Kona Coffee, cultivado nas encostas dos vulcões, delicioso. E prove uns cookies de Macadamia Nuts, água na boca. Tome muitos Mai-tais, a bebida típica. Peça drinks com guarda-chuvas, e sorvete dentro do abacaxi (hum, para quem vai à praia no Brasil, isso é meio ridículo, não é novidade nenhuma, mas você está no Hawaii, puxa vida!)

 

Fomos a um Luau (claro, não podia faltar), em um lugar chamado Paradise Cove. O lugar é lindo, a festa começa ao pôr-do-sol, tem várias cerimônias, eles contam como o luau surgiu, era uma celebração ao rei (sim, o Hawaii era um reino), assam um porco sob a terra, que a gente janta depois. Tomei um drink chamado Lava Flow (corrente de lava), com abacaxi, morango, leite-condensado, nham! E durante o jantar eles servem jarras e jarras de mai-tais, todo mundo esquece o caminho de casa (este é um bom momento para se lembrar em qual Outrigger, perto de qual ABC você está, viu?). E tem um show maravilhoso, as moças podem subir ao palco e aprender a dançar hula-hula em um curso expresso - eu fui, e ganhei até diplominha! A hula-hula é uma dança onde a expressão corporal é fundamental, pois cada posição do pé e da mão significa uma coisa. E requebrar como aquelas havaianas não é mole, não... samba, hula-hula, acho que somos parentes dos havaianos, de algum modo!

 

No fim do jantar, a sobremesa era um "pudim de coco", como o guia tinha avisado. As outras pessoas eram todas americanas, só eu e meu marido éramos brasileiros no grupo. O cara disse para ter cuidado com esse doce, porque dava "desarranjo"... Quando fui ver o que era, era um manjar de coco, igualzinho ao brasileiro! Comida típica havaiana, bah! (não estou dizendo que somos parentes?) Eu ri, e contei ao pessoal que no Brasil a gente come com calda ameixa preta. Ninguém acreditou, afinal, ameixa tem fama de ser laxante, e se come com um pudim laxante? Ah, esses brasileiros são doidos, devem ter pensado os gringos!

 

Para fechar com chave de ouro, Honolulu reserva um passeio que exige um pouco de preparo físico, mas que não mata ninguém: subir a Diamond Head. Esta montanha é o cartão postal de Waikiki, é uma cratera de um vulcão extinto há muitos anos, e bem no meio dela há uma base militar. O resto é um parque, onde as pessoas vão se exercitar e passear. Há uma trilha, que vai até o topo, e de lá eu tive uma das vistas mais impressionantes da minha vida: se vê Honolulu quase inteira, o mar magnífico, e em dias de céu bem claro, dá para ver até as outras ilhas. A trilha é forte, bem íngreme em alguns pontos, mas o pior é um túnel escuro muito inclinado (te dão lanternas lá no pé da subida, hehe), e uma escada caracol apertada e escura (han?). É, no topo da montanha tem um bunker encravado na pedra, com uns labirintos escuros, e um mirante de onde os militares observavam as movimentações inimigas (hum, não viram nada no dia do ataque a Pearl Harbour, deviam estar cochilando!).

 

Tem um passeio que eu não fiz, porque era muito caro, mas quem tiver oportunidade, deve fazer: sobrevoar os vulcões de helicóptero. Dizem que é lindo, tem um vulcão que fica lançando lava no mar direto, deve ser demais. Mas custa mais de 500 pratas por pessoa, aí não ia dar....

 

Bom, enquanto estávamos curtindo o Hawaii, uma tempestade varreu a costa da Califórnia de novo. Quando voltamos para Los Angeles, nossa intenção era pegar um carro e ir até San Francisco pela Hwy 1, a estrada que vai beirando as praias, e que é uma das mais belas do mundo. Mas tivemos que nos contentar com a I5 (Interstate 5), que vai por dentro do estado, mas que estava inteira... Mas a viagem não foi menos proveitosa por causa disso.

 

Mais detalhes no próximo capítulo!

  • 7 meses depois...
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Olá, voltei!

 

Puxa, faz tanto tempo que eu comecei a escrever este relato, e não tive tempo de terminar... Nesse meio tempo, fui aos Estados Unidos de novo, sozinha!, fiz um "Amazing Race" em 9 dias, que dará outro relato e tanto! Imaginem só: passei 1 dia em NY, 1 em Philadelphia, 1 em Annapolis (perto de Washington e Baltimore), 2 em Atlanta, 3 em San Francisco (dos quais 1 tarde em Monterey) e 1 em Placerville (uma cidadezinha da época da corrida do ouro entre Sacramento e Lake Tahoe)... Ufa! Nem sei como consegui!

 

Continuando de onde eu tinha parado. Chegando de Honolulu, desembarcamos em Los Angeles. Antes de ir para o Hawaii, tínhamos dormido uma noite em LA num hotel próximo ao aeroporto (LAX) chamado Hacienda, por recomendação da agente de viagem que nos vendeu os pacotes. Foi bom porque tinha transfer grátis ao Aeroporto. Na volta, resolvemos ficar hospedados aí de novo - era um hotel bom e barato, e íamos alugar um carro, mesmo... O mais legal foi que, dessa vez, o rapaz da recepção, ao perceber que éramos brasileiros, perguntou se trabalhávamos na Varig. Por quê? Ah, porque o pessoal da Varig fica na ala especial? Ah, então somos da Varig, sim! (muitos risos!) O cara nos colocou num big quarto com cama king size, pela bagatela de 30 dólares. Com portas duplas direto para a piscina... Num corredor onde não circulava quase ninguém, só os pilotos e comissários! Vip total! E o cara ainda nos deu a dica de que ia ter jogo da Seleção Brasileira naquela noite... Imagine só! Nós assistimos a partida entre Brasil e Estados Unidos pela Golden Cup de 1998, no Estádio Olímpico de Los Angeles. Praticamente só tinha mexicanos na torcida, e torciam para qualquer um que estivesse no ataque... O Brasil jogou mal prá burro, e perdeu de 1x0... Mas valeu a diversão. E valeu a emoção de perder a entrada da freeway e atravessar LA pelas ruas dos bairros mais barra-pesadas... Eu lembro de ver a placa "Welcome to Inglewood" e gelar... Para quem é cinéfilo, vai lembrar do Samuel L. Jackson falando "I'm the king of Inglewood!" em Pulp Fiction... Esse é um dos bairros onde acontecem os piores conflitos raciais de LA, e nós dois somos branquinhos que nem papel... Mas no fim deu tudo certo.

 

Depois de mais algumas aventuras pelas redondezas de LA, umas voltinhas pelo Santa Monica Boulevard, partimos de mala e cuia rumo a San Francisco. Não resistimos a mais uma parada em Santa Barbara, e dormimos lá mais uma noite, só para ter o gostinho de passear de carro, ir para a balada sem ter que pegar ônibus para voltar... Depois, rumo norte, paramos no caminho para conhecer San Luis Obispo, que é parecida com Santa Barbara, tem a história de colonização espanhola e Missões semelhante. Mas nosso destino mesmo era Monterey. Passamos a tarde na estrada, chegamos em Monterey já à noite. Nos hospedamos num hotel bonzinho e fomos dormir.

 

Amanhã conto mais. A história melhora muito daqui para frente.

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Então, continuando.

 

Engraçado, desta vez que estive em Monterey e San Francisco, em novembro do ano passado, achei tudo mais lindo, mais limpo, mais bacana do que da primeira vez. Acho que porque em 98 era inverno, o tempo estava sempre cinza, nublado e chuvoso. Desta vez, dei a sorte de encontrar um outono ensolarado e quente, e o céu estava sempre de um azul de tirar o fôlego.

 

Monterey, Carmel, Pebble Beach, são todas cidades pequenas e lindas, à beira-mar, onde o luxo está no ar. Em Monterey ainda dá para ver os leões-marinhos, aos montes, ao longo dos píeres. É um espetáculo da natureza ver os bichos tranquilões, tomando sol, livres, leves e soltos...

 

Passamos a tarde passeando pelas cidadezinhas da costa, e rumamos para San Francisco. Chovia muito. Chegamos lá à noite, a cidade estava super cheia, feriado emendado, dia dos namorados e ano novo chinês. Um monte de atrações, enfim. Só foi meio complicado achar hotel. Estava tudo lotado. Acabamos ficando no Travelodge da Lombard Street, bem localizado, dava para ir à pé à Girardelli Square, Píer 39 e arredores. Porque estávamos de carro, mas parar carro em SF não é nada fácil. Um aparte sobre este hotel - na época me pareceu bom, e desta vez, como ia estar sozinha, resolvi me hospedar nele de novo, pelo comodidade de estar numa área com a qual eu já estava um pouco familiarizada... Pois o hotel é uma droga! Não sei se da outra vez eu não percebi, ou se ele piorou muito, mas é uma catástrofe. Sujo, tinha bichos na minha cama, a tomada do secador pegou fogo, eca! Pelo menos os atendentes da recepção foram muito atenciosos, e me ajudaram bastante. Mas se for pela localização, tem um Comfort Inn do outo lado da rua, e mais uma dezena de outros hoteizinhos que parecem bem melhores nas imediações. Fujam do Travelodge by the Bay!

 

Também tive outra impressão de SF desta vez. Achei mais limpa e mais bonita, o comércio da região dos Píeres está mais bacana, com restaurantes melhores... Acho que deram uma reformada geral em tudo. A minha impressão é que San Francisco teve um grande upgrade desde 98 até agora. Que bom - o que já era legal ficou melhor ainda!

 

San Francisco tem tantas atrações que é difícil ver tudo e fazer tudo. E ainda assim é uma cidade relativamente pequena, e é fácil se locomover. A pé ou de Cable Car, você vai a quase todos os lugares bacanas. Só a Golden Gate mesmo, e o parque que leva o mesmo nome, é que ficam um pouco mais longe.

 

Não percam: subir na Coit Tower, em Telegraph Hill, de dia e de noite. A vista da cidade é espetacular. Passar de carro ou a pé na Golden Gate, principalmente de noite. É lindo demais. Ir a Alcatraz e passear pelos corredores da prisão mais famosa do mundo - dá um arrepio, é meio macabro, tem até um tour noturno fantasmagórico, hehe! Mas é muito bacana. Ver os leões marinhos que escolheram o Píer 39 para morar - eles ficam ali principalemnte no inverno, dando um show para os turistas. E ninguém colocou eles lá - eles moram ali porque querem e se sentem seguros.

 

Tivemos até a experiência de sentir um terremoto, 5 graus Richter - tremeu tudo durante a noite. Os locais nem ligam, prá eles isso não é nada. Mas parece um trovão, e você sente tudo chacoalhar - "ih, será que bebi demais ou a cama está balançando?"

 

A Union Square é maravilhosa, especialmente para os consumistas de plantão. É a Beverly Hills sanfranciscana. Tem uma mega loja Levis onde dá para cusomizar as calças e jaquetas, show de bola (isso hoje, né? Naquela época não tinha). Tem museus para todos os gostos, restaurantes para todos os bolsos, e paisagens para todos os olhos. O cartão postal das casinhas vitorianas só vi desta vez. Parecem casinhas de bonecas, uma mais linda que a outra. Descer de carro a Lombard Street, com seu quarteirão cheio de curvas, é uma experiência divertida. Andar de Cable Car é obrigatório! Visitar Chinatown e entrar naquele monte de lojinhas de quinquilharias... Por sinal, quem quer comprar eletrônicos e outros badulaques tecnológicos, San Francisco é o lugar - é mais barato que NY, que Miami, que qualquer outro lugar! Em NY o cara queria me vender um Memory Stick da Sony c/ 256 MB por 80 dólares! Em SF, comprei por 40.

 

San Francisco também é um bom lugar para aprender a lidar com a diversidade. Como era dia dos namorados, os restaurantes estavam cheios de casaizinhos de todos os tipos - homens e mulheres, homens e homens, mulheres e mulheres - todo mundo na sua, com respeito, com discrição... A gente nem se sente no direito de achar ruim... E depois de um tempo, nem repara mais. Lembrem - era 1998, e a coisa era um pouco menos aberta por aqui...

 

Viémos para ficar um fim de semana, e acabamos ficando cinco dias, é uma cidade de onde não dá vontade de ir embora. Levantamos acampamento e fomos em direção à Yosemite, para viver aventuras na neve pela primeira vez na vida, eba!

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Então, lá vamos nós para as montanhas geladas. Saímos de San Francisco pela Oakland-Bay Bridge, uma ponte belíssima, com dois andares (um vai, outro volta). Chovia e ventava horrores (chove e venta bastante em SF, sempre). A ponte balança. Que sensação esquisita! Fomos rumo sul, em direção a Merced, uma cidadezinha que é a "porta de entrada" de Yosemite, segundo o guia... Pois naquela época não havia quase nada em Merced, exceto um McDonalds, e por incrível que pareça comemos ali um sanduíche tão gostoso que nem parecia McDonalds. Nem na rodoviária sabiam dizer se Yosemite estava perto ou longe... Por um instante tive a impressão que, ou estávamos perdidos, ou tínhamos caído numa roubada... Ih, acho que esse parque não existe... Mas eu queria muito ver neve, e fomos em frente. O Frommers e o mapa não podiam estar, os dois, errados...

 

A gente podia ver as Montanhas Rochosas da estrada... É uma viagem incrível... Conforme fomos nos aproximando da cordilheira, pudemos perceber seu tamanho e sua imponência... De repente, estávamos dirigindo numa estrada estreitinha e serpenteante, e ao nosso lado estava um rio pedregoso e raso, e do outro lado do rio o paredão de pedra... Sobre as pedras, começamos a ver montes de neve, e de vez em quando passava por nós, em sentido contrário, uma pickup coberta de neve... Eu mal podia acreditar! NEVE! Pode parecer ridículo, mas ver neve era um dos maiores sonhos da minha vida... Deve ser coisa de nativo de país tropical... Mais um pouco, e a estrada entrou no parque de vez, estávamos dirigindo num bosque de pinheiros todo coberto de neve, a pista ficou gelada... Estávamos sem correntes, que medo. Não resisti: parei o carro, desci e fui pegar um pouco na mão, queria sentir a textura... É molhada! (dãããã.... Não riam - eu não tinha idéia de como era a neve, e naquele momento eu tinha apenas quatro anos de idade mental...).

 

Frio, muito, muito frio... Não tínhamos roupas apropriadas... Paramos numa lojinha logo na entrada da vila para comprar acessórios - cachecol, luvas, gorro, meia grossa... Eu queria comprar uma bota, mas meu namorado me desencorajou, dizendo que era besteira, que eu ia usar uma vez na vida... Não comprei, e depois quase congelei o pé...

 

Chegamos à recepção do Lodge. Yosemite é assim: dentro do parque há alguns hotéis, um mais luxuoso, e uns outros médios, e há um camping, com aquelas barracas grandes de desenho animado, que só funciona no verão. Ficamos num Lodge (não me lembro o nome) que tem a sede e vários chalés espalhados, você anda ao ar livre para ir de um lado ao outro, no meio da neve e da noite. O chalé é super confortável, num estilo bem de montanha, e não tem televisão nos quartos, para não tirar o espírito de aventura e de convivência com outras pessoas. TV só na sala comum. Este lugar era mesmo incrível.

 

Na recepção, pedi um quarto, e a atendente perguntou de onde éramos, pelo óbvio sotaque. Quando contei, ela começou a me dar mil dicas de sobrevivência na floresta e no frio. Mandou não deixar comida nem nenhum cosmético dentro do carro. Por quê? Ora, por causa dos ursos, eles arrombam os carros e pegam tudo que parecer apetitoso: shampoo, batom, perfume, salgadinhos, etc. Hã? Mas tem ursos andando lá fora? Ah, tem, mas eles não fazem nada... Se vir um, é só ficar parado quieto e esperar um pouco, que ele vai embora...

 

Quase morri de pânico da possibilidade de dar de cara com um urso pardo no meio da noite, mas no fim, saí arrasada de não ter visto nenhum, nem de longe. Nenhum cervo, nenhum alce, nada! Nem um esquilinho para contar a história...

 

À noite, um ônibus levava os hóspedes para patinar no gelo, numa pista ao ar livre. Eu aprendi a patinar naquelas pistas de férias, quando criança, mas a essa altura da vida já não lembrava mais. Meu marido nunca tinha posto patins no pé. Fomos mesmo assim - quem tá na chuva, ou melhor na neve... Mais caímos do que ficamos de pé, mas a experiência foi bem engraçada. Mas o melhor de tudo foi que, lá pelas tantas, começou a nevar. Nevar prá valer mesmo. Caíam flocos enormes! Pela primeira vez na vida eu estava vendo nevar! Olhei para o céu, muito escuro, e havia aqueles pinheiros enormes, branquinhos, e a neve caía levemente, iluminada pelos refletores ao redor da pista... A neve brilhava... Não resisti - chorei feito criança. Foi a coisa mais linda que já vi em toda minha vida.

 

No dia seguinte de manhã, subimos para a estação de esqui, nos aventurar pelos teleféricos e pistas pela primeira vez... preciso voltar ao trabalho agora... Depois eu continuo contando.

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