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Olá a todos do mochileiros.com, vou relatar aqui uma bela travessia que fiz a algumas semanas atrás, no dia 11/01/15, ela corta em sentido sudoeste x nordeste o Parque Estadual da Pedra Branca, na cidade do Rio de Janeiro. A travessia passa por vários poços, cachoeiras e algumas construções que serviam as antigas fazendas da região, tudo por rústicos caminhos coloniais que adentram a nossa incrível Mata Atlântica.

 

Cheguei a Estrada do Pacuí, no bairro de Vargem Grande, por volta das 8h40 da manhã, logo já estava virando a direita e seguindo pela Estr. do Mucuíba até passar por um Aras. Fui subindo a rua e virei a esquerda, em uma bifurcação, continuei pela estradinha de calçamento de pedra e após alguns metros virei novamente a esquerda onde a mesma se torna de terra batida. Logo depois, seguindo pelo caminho principal passando por umas propriedades e terrenos a esquerda, já estava entrando nos limites do Parque Estadual da Pedra Branca, por volta das 9h25, onde a antes estradinha vai se tornando uma trilha.

 

Poucos minutos andando pela trilha e já avisto um belo pocinho, entrando por uma curta picada a esquerda da trilha principal, o dia era de forte calor então não perdi a oportunidade e caí de encontro à água gelada. Marquei um dez, tirei umas fotos e já me pus a continuar o percurso principal que, após cerca de 500m, se divide em três opções de caminho. A esquerda, que passa por uma pequena ponte sobre o Rio da Divisa, é o Caminho do Cafundá que segue para Campo Grande e a opção a direita é a própria Estr. do Mucuíba (para quem veio até aqui de carro), então segui em frente onde a trilha vai margeando o rio.

 

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Comecei a ver pessoas pela trilha logo após o primeiro pocinho que descrevi antes, nesse trecho da travessia em particular avistei muita “farofa” e lixo. Apesar de estar margeando um rio que ao longo do seu percurso vai formando pequenas quedas d’água e poços de águas claras e com fundo de areia, muito convidativos, mas a “farofada” me espantou. Passei batido por uma grande laje e em alguns minutos, passando por um córrego e uma casa de pau-a-pique, cheguei a outra enorme laje. Como estava cheio de gente nem tirei foto dos poços e cachoeiras que vão se formando até aqui, ficando para uma outra oportunidade.

 

Dessa grande laje eu não consegui achar a continuação da trilha, então chequei o mapa e me dei conta que havia passado batido pela bifurcação que continua o caminho pelo Vale do Gunza. Voltei a trilha até achar a bendita bifurcação, não é difícil de achar essa tal bifurcação mas como são poucas as pessoas que fazem essa travessia o caminho que segue para essa grande laje com poços e quedas (de onde não avistei a continuação da trilha) é bem mais visível.

 

Agora pelo caminho certo fui andando até me deparar com uma outra bifurcação, segui pela esquerda já que sabia que chegaria em alguns poços talvez menos cheios. Para minha surpresa tinha gente, não tantas, apenas uma família grande. Fiquei ali por um tempo, admirando a beleza do local, depois voltei até a bifurcação e segui pelo caminho do Gunza (sentido nordeste), é ai que a brincadeira começa.

 

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Fui seguindo tranquilamente pela trilha, passei por uma bifurcação que subia pela direita, mas continuei na principal até chegar em um pequeno fio d’água. Marquei um dez ali, tomei uma água, o calor era forte mas a mata me mantinha sempre a sombra. Energia recuperada, continuei a trilha que em vários trechos estava coberta por mato, fui num ritmo bom e logo já estava cruzando um outro córrego para mais a frente adentrar um bananal, por volta das 11h20. No começo do bananal há uma bifurcação onde o caminho a direita leva a uma pequena gruta, resolvi bater algumas fotos e descansar um pouco até retornar a bifurcação e seguir pelo caminho a esquerda.

 

Seguindo pelo caminho a esquerda, estava bem fechado mas é só ficar atento aos sinais da trilha (há uma pegada pintada de amarelo em uma pedra, bem no começo dessa trilha a esquerda), logo já estava no final do bananal e iniciando a parte mais punk da travessia, a subida da serra.

 

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No início da subida há uma bifurcação, onde a trilha que segue pela esquerda dá na escondida Cachoeira Encontro dos Rios, infelizmente havia uma bananeira caída no meio da trilha e logo após a trilha “terminava”. Meu faro apontou uma descida junto a umas bromélias, mas como o tempo era curto e ainda faltava a pesada subida da serra decidi retornar e seguir pela direita. Era a cachoeira que eu mais aguardava, vai ficar para outra oportunidade.

 

A subida da serra, cerca de 1km, é bem desgastante. Um interminável zig-zag em forte aclive no meio da mata é como eu defino esse trecho. Fui subindo, subindo, subindo, subindo... e subindo mais um pouco até alcançar uma parte com muitas samambaias e em mais alguns minutos o que me parecia o topo da borda do vale. Nessa parte a trilha “desaparece”, fiquei uns 10min farejando até que, nas marcas de facão quase apagadas, achei a picada e retornei a subida.

 

Eu já estava ficando sem água e aguardava ansiosamente por um ponto d’água que estaria logo por vir, mas diante do forte verão infelizmente todos os córregos que eu passaria dali pela frente (até terminar a Travessia do Gunza) haviam secado. Tive que economizar água até chegar no Caminho de Santa Barbara, onde eu cruzaria por alguns pontos d’água formados pela descida do Rio da Pedra Branca.

 

A trilha continua margeando o vale em leve aclive e após mais algum tempo caminhando na mata eis que me surge o tão esperado casebre de pau-a-pique, que para a minha surpresa abrigava alguns amiguinhos peçonhentos. Parei e fiz o meu tão merecido descanso pós subida do vale, nos 15min de parada aproveitei para fazer um breve lanche e tirar fotos dos moradores do casebre. Encontrei por lá um vespeiro, uma exúvia de armadeira (Phoneutria sp.) na parte de dentro da morada e uma autentica aranha-marrom (Loxosceles sp.) deu as caras escalando a minha mochila.

 

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Voltei ao pé no mato às 13h55, e em alguns minutos cruzo por dois córregos secos e chego em uma área aberta coberta por capim de médio porte, o que me deu uma bela visão do Vale do Gunza, na foto é possível reparar o contraforte da Pedra Branca a direita e a encosta do Morro de Santa Bárbara (onde eu estava) a esquerda.

 

Parei rapidamente para admirar a paisagem, era uma área aberta e o sol estava de queimar, então logo segui a trilha que nessa parte do percurso vai margeando em declive o Morro do Virgílio até chegar na Casa Amarela, antiga sede do Sítio de Santa Bárbara. Mas engana-se quem pensa que essa parte do percurso é trilha batidinha, atualmente as samambaias e outras plantas cobriram completamente a picada que, apesar de ainda estar lá, em boa parte desse trecho encontra-se totalmente coberta pela vegetação que cresce as margens dela.

 

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Em um pouco mais de 20min desde o mirante, lá estava eu chegando na Casa Amarela. Tirei algumas fotos e repousei à sombra enquanto dava o ultimo gole d’água até encontrar o próximo córrego. Passei pelo grande portão de madeira que marca o início da travessia conhecida como “Caminho de Santa Bárbara”, que corta o Vale do Rio Grande até o Pau da Fome, onde há um núcleo do parque.

 

Essa foi a parte mais light da pernada, fui seguindo pela bem marcada descida em meio a mata por uns 45min até chegar no primeiro córrego. Alegria foi a reação, aguardava ansiosamente por esse filete de água! ::mmm: Recarreguei minha garrafa e aproveitei para fazer um lanche. Continuei o caminho principal e em poucos metros passo por mais um ponto d’água, aproveitei para bater umas fotos.

 

Seguindo em um bom ritmo e já encontro a bifurcação que dá em uma queda de cerca de 8 metros. A picada até essa pequena cachoeira é curta e passa por uma frondosa árvore de grandes raízes tabulares. Chegando fui logo tomar uma ducha para refrescar, marquei um dez trocando ideia com um sujeito boa praça que me contou alguma de suas aventuras pela região, como a vez que ele deu um tur de helicóptero pela orla da cidade após ser resgatado nas praias selvagens de Grumari, resultado de um pé fraturado em um acidente com uma catraca de slackline.

 

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Depois de jogar conversa fora por uns 30min em um revigorante descanso as margens da cachoeira, segui pé a frente e voltei até a bifurcação para continuar o caminho rumo Pau da Fome. A trilha continua o ritmo de declive e em um trecho é necessário passar pulando pelas pedras do Rio Grande até chegar a sua margem oposta. Essa parte do percurso é tão rica em poços como o começo da Travessia do Gunza, mas também havia bastante gente e o sol já estava descendo então nem parei para bater umas fotos.

 

Seguindo por mais alguns minutos e passando por trechos com diversas raízes de grande porte, lá estava eu, às 17h, chegando ao núcleo do PEPB no Pau da Fome.

 

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Uma travessia e tanto em um local pouco explorando na belíssima cidade maravilhosa que, apesar dos diversos problemas e ritmo acelerado que é comum as grandes cidades, ainda guarda lugares de profunda calma e beleza surpreendente. :D

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