Membros Mathew Postado Janeiro 18, 2015 Membros Postado Janeiro 18, 2015 INTRODUÇÃO Eu e minha namorada (Neila) queríamos fazer algo diferente no fim do ano. Na virada de 2013 para 2014 queríamos ir para Bonito/MS. Como deixamos muito em cima da hora (decidi organizar final de novembro), não tinha mais passeios, nem hotéis em conta. Daí fomos em meados de janeiro de 2014. Esse ano pensamos em ir pra Buenos Aires, Santiago ou Floripa. Comecei a monitorar os preços das passagens, mas estavam bem caras. E o dólar não parava de subir. Olhei Floripa, e os preços dos hostels estavam absurdos (dizem que a virada do ano é um caos na cidade, trânsito horrível, falta água...). Pensamos em algo mais em conta, comecei a olhar os destinos próximos daqui e pronto: CAMBARÁ DO SUL!!! Entrei em contato com agências de lá para passeios, li os relatos daqui, e fui montando roteiro. Iria de carro próprio. Mas tinha um problema: fazer os cânions de carro? Alugar um? Ir de táxi? Ir com agência? Ninguém me dizia ao certo o estado das estradas. Até q um colega disse que nem pensar em ir com meu carro pro Fortaleza, que eu iria destruí-lo. Hmm... é, melhor gastar um pouquinho mais e ir com Agência de van. Fechei com a agência Cânion Turismo (http://www.canionturismo.com.br/) pacote de 3 dias (com 3 pernoites). Ficou R$ 1.000,00 por pessoa. Não muito barato, mas foi o melhor que achei (com os atrativos que eu queria). Ficaríamos na Pousada das Corucacas, um hotel fazenda bem bacana. Pra quem quiser eles tem local para acampamento, pelo valor de R$ 10,00/dia/pessoa. 01/01/2015 Saímos de Passo Fundo/RS depois do meio dia. Nesse dia nossa agência não funcionaria, então deixamos para fazer a viagem. Marquei no GPS e fui. Bem, primeiro problema. Quem for para Cambará do Noroeste do RS ou do resto do Brasil, normalmente os GPSs irão dar uma rota pela RS-020. Pois bem, os aparelinhos não sabem que ela NÃO É completamente asfaltada. Chega-se num ponto, depois de São José dos Ausentes, que tem uma placa assim "FIM DA ESTRADA". OMFG . A estrada é muito boa até ali, mas depois... Pensei "É só um trechinho". Esse pensamento acabou uns 3 km depois, qdo me deparei com um baita atoleiro (choveu muito naquele dia). Fiz a volta e fui me informar em São José. A boa notícia é que existiam 3 estradas para Cambará saindo dali. A ruim é que eram todas de CHÃO, e uns 40 km aproximadamente. Trecho de chão da RS-020 Chegamos em Cambará aproximadamente às 18h. Fizemos check in, fiz um chimarrão e fomos lá pra apreciar. Sem pôr do sol pq estava bem nublado, mas ficamos tirando fotos e sorvendo o amargo Vista do banco em que estávamos sentados e os patos passando Vista do banco onde estávamos e a pousada O proprietário da pousada uma pessoa extremamente simpática, veio nos informar que a janta ficava pronta às 20h, a um valor de R$ 30,00 por pessoa. Achei meio salgado e dispensamos. Uma das melhores coisas que gostei em Cambará foi a hospitalidade, principalmente na pousada e na agência. Fomos para a cidade procurar algo para comer (essa pousada fica há 1km da cidade + ou -). Jantamos numa pizaria, não lembro o nome agora. Nada de mais, bem comum, pelo preço de R$ 36,00 (pizza pequena, 2 sabores, + 1 refri). Voltamos, preparamos as coisas para o dia seguinte, e eu queria acordar às 5h30min para pegar o nascer do sol. 02/01/2015 Acordamos cedo, o céu estava um pouco nublado ainda, mas rendeu umas boas fotos. Nascer do dia na pousada Fomos para dentro e ali pelas 7h fui ver do café. Era servido somente às 8h! Bah, bem tarde. Mas eles adiantaram, pq às 8h viriam nos buscar para o passeio. Já na van, indo para o Cânion Fortaleza, descobri que foi bom não ir de carro. Muitos vão, mas olha... haja paciência. Dos 22km, + ou -, uns 10 são asfaltados (com lombada a cada 500m). O caminho de chão é HORRÍVEL!! Já vi trilhas no meio do mato melhor que aquilo. A van ia picando. Quase 1h pra andar 22km. Chegamos aproximadamente 9h30min, e tava um vento super forte e uma garoa fina. Ainda bem que levamos as jaquetas impermeáveis. Uma dica: compre uma jaqueta impermeável. Ela é útil em inúmeras ocasiões :'> O legal é que tinha um arco-íris muito bonito no Fortaleza. Mas como ele não tem proteção alguma, guia falava para cuidar pq o vento às vezes parava e depois vinha com tudo. Bom, dava pra se apoiar nele de tão forte! Vento forte, garoa e arco-íris ao fundo Logo parou de chover, mas o vento continuou. Foi bom, pq levantou a tal neblina dos cânions, chamada de "viração", mas o vento era tanto q ela era jogada para a praia. O tempo tava tão limpo que dava pra ver até o mar e a cidade de Torres. Foto tirada do Mirante. Se notarem bem, dá pra ver uma "fumaça" saindo da borda do cânion. Essa é a viração. Como o vento estava forte, ela estava sendo empurrada para o outro lado, para nossa alegria Cânion Fortaleza Bom, já tinha um solzinho entre as nuvens (que vai nos fazer um estrago...) e fomos para a trilha do Tigre Preto e da Pedra do Segredo. Essa trilha é antes do fim da estrada (tem que ir de carro, voltar alguns kms). Quem nunca foi, se forem os primeiros do dia fica meio difícil de achar (se for por conta própria). Mas se ir mais tarde tem sempre carros estacionados na entrada, daí fica tranquilo. Nessa trilha se passa pelo rio Tigre Preto. Se ele estiver um pouquinho cheio não sei se deixam, ou vai molhar o calçado. Bem, para nós tinha chovido bastante (tanto que a trilha do Rio do Boi estava fechada nesse dia), e o Tigre Preto estava relativamente tranquilo. Nem molhamos nada. MAs tem que cuidar as pedras escorregadias. Pessoas atravessando o rio Dá pra ver mais alguns trechos do cânion e a tal Pedra do Segredo. Antigamente se chegava bem perto dela, mas agora a trilha está bloqueada. Segundo o guia da pra chegar mais perto, mas não encostar nela como antigamente, visto que acabou desabando o pedaço que permitia isso. Talvez por tal motivo bloquearam a trilha (além das pessoas escreverem na pedra, claro). Pesa 50 toneladas se não me falha a memória... Pedra do Segredo Bom, nisso já era 13h, e pegamos o rumo de volta. Chegamos na cidade, fizemos alguns procedimentos administrativos na agência e fomos almoçar. Fomos ao Galpão Costaneira. Como era quase 15h, a comida estava no fim, mas conseguimos comer bem. Não chegamos a experimentar a opção de servir carne na mesa, mas dizem ser muito boa. Somente o buffet livre sai R$ 27,00 por pessoa. As outras opções (com grelhados) são R$ 34,00 e R$ 37,00, se não me engano. À tarde iríamos fazer rapel na cachoeira. Mas como estava frio, nosso rapel foi no paredão (que fica ao lado da cachoeira). Bem maneiro, desce 2 vezes. Altura de uns 30 metros. A empresa também fornece chocolate e uma graspa misturada com mel e outros ingredientes, bem bom. Rapel no paredão No rapel descobrimos o estrago do sol entre as nuvens. A Neila e eu estávamos assados . Pois bem, sempre é indicado passar o protetor, SEMPRE!!! Pior que os dois tínhamos esquecidos chapéu/boné. Compramos um hidratante e voltamos pra pousada. Mais um chimas, mais um final de tarde sentado nos banquinhos. Dessa vez tivemos pôr do sol! Pôr do sol na pousada À noite fomos jantar no Sandero Bistrô. Bem legal o ambiente, ele tem livros para ver enquanto se aguarda a comida. Uma comidas bem legais. Preço normal (o preço da comida é relativamente caro em Cambará). Deve ter dado em torno de R$ 60,00, não lembro ao certo. 03/01/2015 Dia da trilha do Rio do Boi! Nosso guia foi o Dedé. Fomos eu, a Neila, a Rita e a Simone. Essas duas catarinenses gente boa. A Rita possui uma empresa que faz rafting (fazer uma propaganda para ela http://ativaraftingvaleeuropeu.com/). Até conversamos de ir passar o carnaval lá, aí fazer rafting, rapel, tirolesa e caminhadas. Ela já viajou pra vários locais, então foi nos falando as peripécias. Precisa ir até Praia Grande/SC. A estrada de Cambará até lá não é agradável. Foi 2h se não me engano para andar 50 km. Saímos às 8h30min e começamos a trilha quase 11h. Precisa de identidade e ingresso. E tb de guia credenciado. Ou seja, não se faz essa trilha sem guia! Nessa trilha vai molhar até a cintura. Coloca-se umas caneleiras para evitar picadas de cobra, matos com espinhos e pedras afiadas. Caminhamos aproximadamente 1h no mato, encontrando taturanas (super perigosas). Ai chegamos ao rio, passamos por um ninho de cobras (são 3 cobrando no local, mas somente vimos 2) e paramos para comer um pouco logo em seguida. São 10 travessias do rio para ir, 10 para voltar. É bem cansativo, mas vale muito a pena. A Rita caiu na água com câmera e tudo. A minha tb quase foi molhada O Dedé avisou que tínhamos que chegar até às 14h no fim da trilha, por medida de segurança (para ter tempo de voltar durante o dia, caso acontecesse algum problema). Chegamos com folga, não se caminha muito no rio. O problema é que é um caminhar lento, mas muito bacana. Taturanas Cobra Trilhando Fim da trilha Chegamos de volta na guarita era umas 16h. Trocamos as roupas molhadas, comemos e embarcamos de volta. Ah, a agência deu comida para nós. 2 mega sanduíche, 1 banana, 1 maça, 2 sucos e 2 barras de cereal. Nem levamos tudo, pq era exagero. Deixamos 1 kit no carro e levamos somente 1 para ambos, e ainda sobrou. Na trilha tem nascentes para recarregar as garrafinhas de água. Os guias sabem onde elas estão. Muito, mas muito protetor solar. Eu passei 3x, tava com um lenço no pescoço emprestado das catarinenses (depois pedi na agência para eles dar um, muito bacana o item),e mesmo assim levei mais uma queimadinha básica... E a falta de chapéu prejudicou bastante tb. Nesse dia não teve chimarrão. Estávamos exaustos... Jantamos 1 xis (dividimos ao meio) num barzinho perto da praça. Estávamos sem fome com aqueles kits de comida enormes. Acho que custou R$ 16,00 com refri, e tb pegamos uma caixinha de bis (R$ 5,00). Colocamos as botas secar... bem, não adiantou NADA. No outro dia estava tão encharcada quanto no dia anterior. 04/01/2015 Nesse dia iríamos para o Cânion Itaimbezinho. Precisa pagar para entrar, mas uns R$ 6,00 se não me engano (vi na placa). Esse é tranquilo. A estrada é relativamente boa, as trilhas bem sinalizadas. Deve dar um total de 7 km para fazer as 2 trilhas. Itaimbezinho (esse rio que aparece é o Rio do Boi, mas não se chega tão longe na trilha) Cachoeira no Itaimbezinho Voltamos, almoçamos no restaurante O Casarão. Pois bem, absurdo R$ 43,00 por pessoa para comer frango!!! Era bom... mas extremamente caro. Só não sai por vergonha. Para comer truta era nada menos de R$ 67,00! À tarde fomos fazer cavalgada. No início achei meio chato, mas depois começa a passar por uns atoleiros e umas florestas de pinus, fica bem interessante. Quase 1h30min no lombo de um cavalo. Fazia uns 10 anos que não andava. E os cavalos teimosos, só respondiam ao guia Não foi fácil tirar foto com o cavalo andando. E parecia q ele via q eu ia tirar foto, se embrenhava mato adentro. To até hoje com a canela doendo de uma trombada com uma árvore. Passeio à cavalo Já tínhamos saído da pousada, aí fomos na agência acertar as despesas. Nos presentearam com mel, um DVD dos passeios da região, e ainda pedimos 2 das touquinhas para proteger pescoço/cabeça/boca... mil e uma utilidades! O legal é que a agência deu quase R$ 200,00 de desconto pq nos encaixou em outros grupos. Achei maneiro da parte deles. Poderiam simplesmente cobrar o total, nem iríamos ficar sabendo que deu a menos. A moça tb nos contou várias histórias de pq o parque é pouco explorado, a briga com a prefeitura, com o ICMBio. As peripécias do Dedé (nosso guia no Rio do Boi já teve que pernoitar 2x na trilha pq o rio encheu de repente por causa da chuva). Saímos da cidade às 18h. O proprietário da nossa pousada nos ensinou a voltar (ainda bem). Segue abaixou o trajeto que se deve fazer para evitar as estradas de chão (para quem se dirige a Cambará a partir do norte). Dá uns 30 km a mais, mas asfalto bom. Só cuidado com os pardais nos 10 km da Rota do Sol (BR 453). Eu acho que fui pego em um IMPRESSÕES FINAIS Vale muito a pena conhecer Cambará. Pra quem tem caminhonetes ou utilitários dá pra fazer os cânions sem guia. Os trechos são pequenos (média de 7km), então não precisa se preocupar com as caminhadas. As estradas são ruins mas esses carros dão conta. Dá pra ir com carros comuns (não rebaixados, óbvio), mas pode se complicar. Eu não fui com o meu... Aconselham a fazer os cânions pela manhã, pq à tarde a chance de ter a "viração" é bem maior. Além dos passeios que fizemos têm canoagem, bicicleta, outras trilhas (mais distantes de Cambará). Existem outras cachoeiras nas fazendas. Vários locais para pescar (pra quem gosta). Tb é um ótimo local para acampar. A cidade em si não tem muita coisa. Várias pousadas, com preços variados. A comida achei um pouco cara, mas dá pra comer barato se quiser. Uns 3 dias são o suficiente pra conhecer tudo. Pra quem quiser ir ver somente os cânions, 1 dia até consegue, mas vai ser beeeem puxado e corrido... No mínimo acho que teria que ficar uns 2 dias inteiros para ver as atrações principais. Citar
Membros Carla_Pacífico Postado Novembro 9, 2015 Membros Postado Novembro 9, 2015 Muito bom o seu relato!!! Parabéns!! Também gosto de relatos nesse estilo, acho mais fácil de ler e pegar informações! To sempre acompanhando posts sobre Cambará, tenho muita vontade de conhecer e vendo o relato de vocês deu vontade de ir o quanto antes!! rsrs Citar
Membros Mathew Postado Novembro 9, 2015 Autor Membros Postado Novembro 9, 2015 Que bom que gostaste Carla_Pacífico Sei que não é um relato muito mochileiro, por ter ido de carro e pego agência, mas ta aí pra quem se interessar. Inveja da tua viagem pra Patagônia. Todo meu planejamento pro ano que vem foi pro brejo com essa alta inesperada do dólar e do peso Vou ver teu relato, mas pelo início o roteiro é praticamente o mesmo do que eu tinha feito. Citar
Membros bihanquinha Postado Dezembro 13, 2016 Membros Postado Dezembro 13, 2016 Ótimo relato. Mesmo já sendo um pouco tarde estou pensando em ir em Janeiro/17. Obrigada pelas dicas. Citar
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