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Viagem à anatomia da Terra Catarina


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FONTE: Clicrbs

http://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?source=DYNAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog&uf=2&local=18&template=3948.dwt&section=Blogs&post=203263&blog=630&coldir=1&topo=3994.dwt

 

Viajar, “ser outro em outros países”, como disse em verso o poeta Fernando Pessoa.

 

Encontrar o “sublime”, resumiria o grego Longinus, criando uma palavra nova para descrever um lago, uma montanha, uma floresta, uma Ilha, um pôr-do-sol — enfim, o panorama de uma paisagem pioneira, para o prazer da retina e o gozo da imaginação, como diria o filósofo-viajante, Alain de Botton.

 

Cedo, o homem descobriu que precisava viajar para que sua mente se elevasse ao encontro do sublime. O poeta Thomas Gray empreendeu em 1739 uma excursão a pé pelos Alpes — em busca do “seu” sublime. E relatou:

 

— Não há uma torrente, um penhasco, uma escultura de gelo que não esteja impregnado de poesia.

 

Viajar é perseguir o que é indizível apenas com as palavras. É embrenhar-se numa excursão ao sublime, com o espírito de aventura de um Indiana Jones.

 

Visão da Criação

 

Depois de testemunhar um amanhecer na Lagoa da Conceição, o homem jamais será o mesmo. As águas, o verde, as dunas, as donas...

 

Estas podem ter sido as primeiras imagens da Criação. Aquele exato momento em que o Senhor decidiu criar a luz para presidir o dia, separando o que era Terra e o que era Água.

 

Um concerto sinfônico de águas claras, areias douradas e o verde da mata nativa, debruando o dorso sensual das encostas. Do oriente, brota o mar vindo da África, em ondas eternas, lavando os costões de pedras nuas, que rebrilham ao sol. Neste recanto da Ilha de Santa Catarina repete-se todos os dias do ano o milagre da multiplicação da beleza, a materialização do sublime.

 

O olho do satélite enxerga o Estado de Santa Catarina como um triângulo — o vértice no rio Peperiguaçu, fronteira com a Argentina, onde se desenvolveu no oeste catarinense a nossa Califórnia agroindustrial.

 

O triângulo da beleza

 

A base fica na longa costa do Atlântico, onde se espreguiça a obra assinada pessoalmente pelo insuperável Arquiteto: 560 quilômetros de pequenos e grandes milagres, na forma de praias brancas, dunas, promontórios, enseadas, restingas e lagoas.

 

E um encanto único: a montanha convive com o mar.

 

Do mar heróico de Laguna, no litoral sul, a São Joaquim, resort alpina, uma estrada entalhada na rocha coleia a serra em vertiginosos 12 quilômetros de ascensão aos 1450 metros do Morro da Igreja — nosso Mont Blanc. De lá, com a mão longa do Criador e os olhos postos no “Sublime”, pode-se tocar as praias e as dunas do Rincão e da Laguna. É como se os Alpes deslizassem de esqui até a Costa Amalfitana...

 

Nos contrafortes da serra se hospedam enclaves de corte alpino, as estâncias termominerais, os hotéis-fazenda, as vinícolas de São Joaquim, as coxilhas de Lages — as parreiras e as araucárias, berço das sementes do pinhão, das melhores maçãs e de alguns dos melhores vinhos da América do Sul.

 

Para o viajante que chega do Hemisfério Norte, a surpresa: o clima é temperado, as quatro estações do ano são bem pronunciadas, o trópico cede lugar ao espanto: que não exclui a neve, nas agudezas do inverno...

 

À tiara das serras segue-se, paralelamente, o colar das praias.

 

De Imbituba, Garopaba e Laguna — águas da baleia franca — a Florianópolis, Ilha-Capital, passando por Porto Belo e Camboriú, resorts mundiais — chega-se ao litoral Norte, Piçarras, Barra Velha e São Francisco do Sul — uma sucessão de praias polvilhadas de areia fina, tocadas pela beleza das baías e pela eficiência dos portos abrigados, a serviço de locomotivas de alta tecnologia. As indústrias de base de Joinville. As indústrias do ciberconhecimento de Blumenau. E o diversificado parque industrial do seu Vale Europeu.

 

Santa Catarina e seus 293 municípios, PIB de 25 bilhões de dólares, dezenas de universidades e milhares de empresas industriais. A aprazível terra do “Sublime” cultiva a semente do calor humano, irradia um saudável espírito de empresa, exerce o ofício de viver armada de um certo dinamismo matizado de humor e uma sensibilidade recheada de cortesias.

 

Um mosaico de etnias

 

Seu povo criou uma civilização única, cevada num sortido mosaico de etnias, para o qual concorreram os índios, os afro-descendentes, os portugueses, os alemães, os italianos, os japoneses, os austríacos, romenos e holandeses.

 

Nossa Renânia de Blumenau exporta têxteis e cristais com o mesmo caráter com que expulsa de sua sala de visitas o temperamento excessivo do Itajaí-Açu — e, na primavera, o que extravasa é a alegria: todos se banham em chope e boa diversão nas Festas de Outubro.

 

Para consagrar a social harmonia desse magnífico painel humano, nosso Baudelaire nasceu negro — o universal simbolista Cruz e Sousa, poeta com Mallarmé e Stefan George. E nosso maior herói histórico nasceu mulher: Anita Garibaldi, a revolucionária de dois Mundos.

 

Para dar certo, ela fundou logo duas Repúblicas: uma aqui, outra na Itália.

 

As duas vingaram e passam muito bem.

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