Membros mariameiroz Postado Janeiro 2, 2015 Autor Membros Compartilhar Postado Janeiro 2, 2015 (editado) Isla del Sol - parte II Enfim, continuando a pedidos No alto da Isla del Sol tem alguns monumentos muito legais. Tem uma pedra sagrada que para os povos primitivos foi onde o deus Viracocha inventou o mundo. Claro que para eles, a pedra tinha forma de puma... assim como tudo naquela região. Se você virar a cabeça e entrar no clima talvez pareça... O guia apressadinho ficou horas mostrando o rosto do próprio deus na rocha e depois todo mundo foi convidado a colocar as mãos e trocar energia com a pedra sagrada. Tinha outros monumentos importantes como uma mesa para sacrifícios... no final da trilha, tem algumas ruínas deixadas pelo povo quechua bem antes dos Incas, antes de Cristo e antes de tudo. Esse lugar é mágico. Tem uma energia muito diferente, a brisa é deliciosa e dá uma vontade de sentar em um dos muros e passar a tarde lá. É uma sensação muito boa. O guia ensinou que era um templo sagrado de um dos povos pré-incas e claro que devia estar lotado de grandes estátuas de ouro... em um determinado momento, já no final da excursão, o guia disse que tinha uma fonte da juventude... ele entrou em um buraco e saiu de lá com uma água fresquinha... deu um pouco para cada um tomar e passar no rosto! Ficamos mais jovens? Não sei... mas a beleza custa...rs... ele pediu uma contribuição com o preço estabelecido de 10 Bs pela ajuda. Ou seja, nessa altura, o preço real da parte Norte da Isla del Sol já custava 50 Bs por pessoa. Na volta, conhecemos duas irmãs de Aracaju que ficaram nossas amigas. A volta foi difícil assim como a ida mas o guia tinha dado um matinho com cheiro de Vick que ajudava a respirar se colocarmos no nariz.... Algumas pessoas pegaram o acesso da trilha que corta a ilha no meio e vai até a parte Sul... dura mais ou menos três horas.... os outros, mais folgados - como eu e o Henrique - voltam para o barco enquanto isso. Assim, voltamos para a parte Sul para esperar os aventureiros. Eu e Henrique decidimos ir em cima do barco para dar uma olhada na vista. Tava ventando muito, muito mesmo. Reparem que apesar do Sol, do calor e do esforço nós estávamos com roupas de frio. O Titicaca castiga... estava mais ou menos uns 10ºC essa hora. Chegamos na parte Sul da ilha e pagamos mais 5 Bs para entrar. Não tinha muita coisa para ver e eu e as irmãs jogamos a toalha e sentamos em um restaurante. O Henrique topou subir um outro monte, tirou umas fotos mas disse que não tinha nada demais por aquelas bandas. Lá pelas três da tarde, voltamos para Copa. Na parte Sul da Ilha tem uns hostels e umas hospedagens para quem deseja passar a noite por lá. Deve ser bem pacato mas é gosto de cada um.. Eu e o Henrique já estávamos pensando em uma cervejinha vendo o Pôr do Sol instalados em um dos bares na beira do lago que parece mar. Editado Janeiro 13, 2015 por Visitante Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros mariameiroz Postado Janeiro 2, 2015 Autor Membros Compartilhar Postado Janeiro 2, 2015 De volta a Copa... Quando eu comecei a pesquisar sobre o relato eu achei interessante que a cidade chamasse Copacabana. Achei que eles tinham copiado a nossa ideia.... Quanta presunção!! Depois que eu fiquei sabendo que na verdade, a santa Nossa Senhora de Copacabana é originária da Bolívia e foi levada para o Rio pelos portugueses que resolveram construir uma capelinha para abrigá-la na famosa praia carioca. Fiquei fascinada pela santa... caramba, ela devia ter uma história muito legal. Devia ter aparecido no lago Ttiticaca que nem Nossa Senhora Aparecida!!! Não sei porque eu inventei essa história na minha cabeça porque a verdade foi extremamente decepcionante. Claro que fomos na Basílica da padroeira da Bolívia e sim, é muito bonita. A realidade é que a imagem da santa foi talhada por Francisco Tito Yupanqui, que era de linhagem real inca. Ele esculpiu uma santa semelhante a Nossa Senhora de Lurdes, mas com uma pele morena que nem os habitantes da região e enfeitada com várias pedras preciosas, ouro e prata. O seu manto é trocado de tempos em tempos, assim como suas joias. E ai começaram os milagres na cidade. A santa ficou famosa. Não tem que pagar nada para entrar na Igreja. Eu, as duas sergipanas e o Henrique fomos da Basílica para o mercado que tinha perto. Encontramos todos os tipos de coisas estranhas para se vender, inclusive, bebês lhamas mumificados que para os andinos é sinal de sorte. Nós andamos bastante pela cidade, entrando em cada ruela, dando risada e impressionados com a cultura boliviana. Em uma agência de viagem, perguntamos quanto que era o passeio do Salar de Uyuni... uma moça muito mal encarada disse que era 850Bs fora uma taxa que tem que pagar de 150Bs para entrar em uma reserva. Eu sabia que esse preço era exagerado...mas a descoberta da taxa extra para entrar no parque nacional era novidade. Ficamos impressionados, fazendo os cálculos de cabeça de quanto dinheiro ainda tínhamos. As meninas tinham aparecido com uma notícia cruel: para sair da Bolívia de avião é cobrado uma taxa de US$ 24 por pessoa!!! Não contávamos MESMO com isso!!!! Fiquei um pouco deprimida, pensando como fui pega tão de surpresa depois de ler tantos e tantos relatos de viagem. Pois é, não importa quanto a gente acha que está preparado, na Bolívia nada é previsto. O país é desorganizado ao extremo. Totalmente maluco. A saída é respirar apenas e curtir. e a partir daquele momento, economizar. Entramos em um barzinho que fica na frente do lago para vermos o pôr-do-Sol na laje. Não lembro se consumimos algo, acho que apenas pedimos a senha do wi-fi Economia! haha Sem comentários para o pôr-do-Sol de Copacabana na Bolívia. Sensacional. Como um país pode ser tão caótico e tão lindo??? Estava começando a ficar com saudades de casa.... Combinamos com as irmãs de jantarmos. Elas estavam em La Paz, iriam voltar no dia seguinte assim como nós, e combinamos de nos encontrar no Loki - nosso hostel. Assim poderíamos ir juntos para Uyuni e tentarmos um desconto juntos. Eu tinha comprado as passagens no site aqui no Brasil (http://www.ticketsbolivia.com/) e o nosso ônibus era as 13h30... achei estranho ter comprado para tão tarde... Antes eu e o Henrique tínhamos trocado ainda um pouco de dinheiro com uma chola, em uma das esquinas da rua principal, perto do local onde saem os ônibus. Ficamos felizes porque ela fez a cotação de R$ 1 - 2,65Bs. Jantamos em um dos restaurantes da rua principal (sim, Copacabana tem apenas uma rua principal...rs...) e dividimos o prato como já tinha virado de praxe para nós dois. E ainda ganhamos um drink horroroso que deu para matar a abstinência de álcool resultado de tantas taxas inesperadas... Adicionamos as meninas do whatsapp e fomos dormir. No outro dia acordamos e fomos na guichê da Trans Titicaca, que para variar, fica em uma das esquinas da rua principal tentar trocar o nosso comprovante de pagamento por uma passagem. (Custa US$ 5.88 esse trecho). A moça disse que não precisava trocar era só estar ali no horário. Detalhe que ninguém pegou a nossa passagem do trecho de Puno para Copacabana, do motorista traficante... então esperamos para ver. A esquina era o centro da suposta rodoviária e tinham outras empresas perto. Eu e o Henrique ficamos nos divertindo vendo as maluquices do povo boliviano.. ali ao lado, onde estavam um milhão de mochileiros gringos esperando um busão ser consertado, uns caras estavam erguendo um luminoso por duas cordas precárias. A chance de dar merda era altíssima mas a santa da cidade é forte...rs.... deu tudo certo. O ônibus atrasou bastante e quando fomos embarcar a moça recolheu o meu comprovante e pronto. Não sei porque, naquele momento, alguma coisa me disse que eu precisava pedir uma cópia. Será que foram os relatos que eu li aqui no mochileiros? A moça respondeu curta e grossa que não tinha como me dar um comprovante. Bom, se lá não tem nem bilhete impresso imagina compras pela internet???!!! Mas eu insisti. Disse que precisava de uma comprovação de que eu tinha comprado a passagem. Ela não arredou o pé. O Henrique nessa altura já tinha descoberto como funcionava o Bolívia´s way of life... perguntou se podia tirar um xerox e a moça assentiu. O mais maluco dessa confusão toda foi que na metade do caminho, o motorista parou o ônibus e disse que a gente teria que atravessar o lago Titicaca por balsa, que não cabia todo mundo na balsa, então teríamos que descer e entrar em uns barquinhos de pescadores e pagar dois Bs pela travessia. E que na outra margem, ele ia verificar os comprovantes para embarcarmos novamente. Eu e o Henrique caímos na gargalhada ao vermos aquele bando de gringo se espremerem em um barquinho precário para atravessar o lago e esperamos o busão na outra margem. A resposta para as perguntas "Por que não cobram esse valor direto na passagem?!, "Por que eles não avisam que vai essa travessia de balsa na hora que embarcamos?" "Por que a moça não ia nos dar um comprovante sabendo que ia acontecer isso?" ou "Por que não constroem uma ponte para atravessar os 650 metros de lago na estrada principal que liga o Peru a capital do país?" é: porque é a Bolívia. Eu achei que estava expert em Bolívia e achava que tinha vivenciado toda sua desorganização. Até chegar em La Paz. Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros de Honra Sandro Postado Janeiro 3, 2015 Membros de Honra Compartilhar Postado Janeiro 3, 2015 O mais maluco dessa confusão toda foi que na metade do caminho, o motorista parou o ônibus e disse que a gente teria que atravessar o lago Titicaca por balsa, que não cabia todo mundo na balsa, então teríamos que descer e entrar em uns barquinhos de pescadores e pagar dois Bs pela travessia. E que na outra margem, ele ia verificar os comprovantes para embarcarmos novamente. Ah vaí! Foi suave. Agora imagine como é atravessar o Estreito de Tiquina já no escuro? Mas que dá um medo do busão afundar com todas as nossas coisas dá. Bolívia... Sempre garantia de fortes emoções. Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros sara_izabeliza Postado Janeiro 4, 2015 Membros Compartilhar Postado Janeiro 4, 2015 Muito bom seu relato! Continua , espero seguir ele =) Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros mariameiroz Postado Janeiro 5, 2015 Autor Membros Compartilhar Postado Janeiro 5, 2015 hahaha sandro foi muito tranquilo!!! mas foi engraçado.. o jeito que eles fazem as coisas acontecer!!! Não sabia que chamava Estreito de Tiquina!!! Obrigada pela informação!!!!! =) Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros mariameiroz Postado Janeiro 5, 2015 Autor Membros Compartilhar Postado Janeiro 5, 2015 La Paz Tenho certeza que outro relatos poderão inspirar mais as pessoas acerca de La Paz do que o meu. Primeiro porque nós ficamos apenas 24 horas lá. Depois, porque de fato, a cidade estava no nosso roteiro apenas para servir de ponte para Uyuni porque as passagens diretamente de Copacabana são bem mais caras. Foi aquela coisa: se está no meio do caminho, por que não? Chegamos em La Paz com as passagens para Uyuni compradas no famigerado Tickets Bolívia. Fomos tá o guichê trocar... e depois de um tempão fuçando nas pastas, a moça achou achou uma passagem e mandou eu tirar xerox. Nessa altura do campeonato eu não achava mais nada estranho. Que nem minha vó dizia "Em terra de sapo, de cócoras com ele". Voltei com o xerox e a moça me entrega: "Essa é a sua passagem". E então eu olhei e o nome estava em coreano. Eu perguntei se ela tinha certeza. Ai ela disse que sim e eu disse que aquele não era meu nome pensando "Eu tenho cara de coreana?" "Não???" ela exclamou assustada e começou a fuçar em inúmeras pastas até achar a nossa - obviamente escrita a mão. Eu olhei e estava com a data errada. "Não é essa data, é para amanhã". E ela: "Não pode ser". Eu saquei o comprovante da internet,ela fez alguns telefonemas, duvidou de mim mais alguns minutos e então ela resolveu: passou corretivo no dia e mudou de 18/10 para 19/10. Simples assim!!!! Era sábado e pegamos um táxi até o Loki e o cara nos disse 10 Bs. A gente aceitou porque no mapa parecia que era realmente longe. Mas foram só duas quadras. O hostel mudou de lugar, do centro, para perto da rodoviária. E ainda não atualizaram o endereço no site do hostelworld, pelo menos na época que fomos. Tinha acabado de mudar, as paredes estavam sendo grafitadas (uns desenhos muito loucos por sinal) e como tudo acontece por uma razão, o taxista cobrou caro mas nos salvou de ir para outro lugar. O Loki em La Paz é sensacional (Av. Las Americas #120, La Paz, Bolívia). É um prédio de sete andares e no último fica o bar com uma vista insana da cidade. La Paz, como tentar descrever? Uma cidade pobre, com construções monótonas, casas mal acabadas e montanhas lindíssimas e cobertas de neve em volta. Quando voltei um amigo descreveu como 'O buraco do caos". É isso mesmo, o caos com os andes majestosos em volta. Eu fiquei acho que uns cinco minutos boquiaberta olhando para todos aqueles morros com luzes piscando e uma montanha imensa me olhando. "Estou no topo do mundo", pensei. O Henrique resolveu mandar mensagem para as meninas de Aracaju. Qual a surpresa quando elas disseram que tinham sido SEQUESTRADAS em La Paz? Lembra que eu tinha dito que achei estranho ter comprado as passagens de Copa para La Paz às 13h30 apenas? Então, porque esse é o primeiro horário dos ônibus oficiais e os que são vendidos no site. Você consegue ir mais cedo para La Paz mas se for com os ônibus clandestinos que saem de lá da pracinha no meio da cidade e deixam as pessoas e algum cemitério X no centro de La Paz. O problema com as meninas não foi o ônibus propriamente dito. Elas pegaram um táxi até o hostel e, segundo elas, foram abordadas por um "policial" que disse que estavam procurando brasileiras com notas falsas. Lá pelas tantas o cara entrou no táxi que ficou com elas por cerca de duas horas rodando a cidade e levaram todo o dinheiro e a GoPro. Deixaram apenas 80 bs e o cartão para elas voltarem para casa. Lamentamos muito. De verdade. Elas eram gente finíssima. Mas disseram que não tiveram que pagar nada para sair da Bolívia. Ficamos com um pouco de esperança apesar de termos confirmado a informação no site do consulado boliviano. Então, naturalmente, eu e o Henrique ficamos com medo de sair à noite. E ficamos no bar do Loki mesmo. Encontramos uns mineiros muito engraçados, super gente fina, e... bebemos como se estivéssemos em um prédio de sete andares, em uma cidade enorme, caótica, curiosa, muito interessante, localizada a 3660 metros de mil metros de altitude. Outro dia, 20/10: RESSACA! Das piores, daquela que consome você. Com um litro de água na mão, o Henrique olhava para mim perguntando como iríamos sobreviver... hahaha E pior: ainda tínhamos que fazer câmbio afinal o dinheiro estava acabando e Uyuni com certeza não nos ofereceria alternativas boas. As sergipanas ainda nós deixaram com um endereço valioso de uma casa de câmbio perto do Loki que tinha uma cotação legal. Só que não contávamos com uma condição: era domingo. "Nenhuma casa de câmbio abre hoje" disse a moça da recepção. No entanto, vou repassar a dica: a casa fica na Avenida Illampu na quadra que fica entre as duas Santa Cruz e Sagarnaga em frente a uma loja chamada Tattoo. Dizem que a cotação do dólar é de 1/6.95Bs. Mas tinha que rolar algum câmbio em algum lugar. TINHA. Então eu arrastei um Henrique de mau humor e reclamão pelas ruas de La Paz, subindo e descendo ladeira, os dois com medo de roubarem todo nosso dinheiro, abrindo o mapa na surdina para não parecer turista demais. Fomos na casa de câmbio e realmente estava fechada. Mas ali por perto tinha várias casas de câmbio então pedimos algumas referências, fuçamos um pouco, vimos dois ou três gringos com máquinas fotográficas imensas sem nenhum receio (destemidos ou sem noção?) e chegamos em uma casa de câmbio que tinha um velhinho muito estranho mas que trocou nosso dinheiro por 1/2,67Bs!!! Vitória!!!! La Paz ficou bem mais colorida depois disso. Voltamos para o hostel e ficamos.... no bar. Conhecemos um casal gay que o cara tinha pegado uma mega bactéria comendo a comida inclusa no passeio do Down Hill e que tinha ficado três dias no quarto sem poder sair. O companheiro dele disse que insistia para ele ir para o hospital mas que ele ficava dizendo que não queria ir para o hospital na Bolívia (imagino o porquê). No entanto, eles disseram que ligaram para o seguro (o que não deu certo) mas o hostel tinha o telefone de uma clínica (o que deu certo) e veio uma médica atendê-los lá no Loki e cobrou quase nada, alguma coisa tipo 25 dólares! Ela sabia exatamente qual bactéria era e receitou o remédio adequado e cerca de seis horas depois o nosso amigo moribundo já estava querendo beber e fumar a protestos do namorado dele!!! E o coitado do namorado ainda tinha tido um problema com o dente do siso e foi parar em um hospital para gringos em um lado da Bolívia que disseram que era tipo Miami (mas que ficou fora do nosso alcance) e foram super bem atendidos. Hospital para gringos.... Ficamos tomando litros de água até a hora de irmos para a rodoviária. Nosso ônibus era as 19h00. Resolvemos ir a pé porque como disse antes, era muito perto. Andamos no meio de uma festa bem comemorativa e desconfiamos que estava acontecendo alguma coisa diferente. Google. O Loki fica na frente da Praça que foi fundada La Paz no dia... 20/10! Fomos até a rodoviária em clima de comemoração! Chegamos na rodo, falamos oi para a moça do balcão de passagens que já era nossa amiga, fomos obedientemente procurar o guichê que vende a taxa de embarque que eu sabia que não estava inclusa (estava me sentido boliviana já tentando ainda ler as placas em quéchua) e esperamos nossa hora de ir para o que nos disseram que parecia o céu: o Salar de Uyuni. Mas o céu não é perto. Ainda faltava 12 horas de viagem em uma estrada de terra com uma gringa vomitando ao nosso lado para chegarmos lá. Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros mariameiroz Postado Janeiro 7, 2015 Autor Membros Compartilhar Postado Janeiro 7, 2015 (editado) Uyuni O busão para Uyuni era precário. Sentamos, pegamos nossas mantinhas empoeiradas e tentamos nos acomodar nas poltronas para aguentar as 12 horas de viagem. Entrou um casal de franceses reclamando e dois brasileiros que nós já tínhamos visto em algum lugar. O engraçado dessa viagem é que como o roteiro e o tempo em cada cidade é parecido, as pessoas se encontram em várias cidades diferentes. Esses dois nós já tínhamos visto em Cusco, no Wild Rover. Um barbudo e um cara com o boné do Rappa. Lá pelas tantas entrou um funcionário pedindo os tickets das taxas de embarque (aquelas que pagamos separadamente em outro guichê e que ninguém comenta que existe) e dois japoneses não tinham nem ideia do que o cara estava falando porque ninguém avisa que você precisa pagar a taxa. Demoramos um pouco para sair por causa disso porque os japas não foram os únicos. A viagem em si é no limite entre o de boa e o suportável. O problema é a poeira que entra pelas frestas e vai inundando o ônibus. A estrada é de terra na maior parte do caminho e balança demais. Uma gringa que estava ao nosso lado começou a passar mal... vomitou a viagem inteira. Desesperador. Quando chegamos em Uyuni nós entendemos o que era Uyuni. Assim que abre a porta, você é atacado por pessoas oferecendo passeios com panfletos e acenando na sua cara. Eram 7h00 da manhã de um noite bem mal dormida e eu não consegue entender nada do que está acontecendo. Um te puxa para cá, outro para lá, o Henrique correu para pegar nossas mochilas (esquece que existe papelzinho para pegar as bagagens. Tem que ficar de olho e correr na hora que desembarca) e aquela confusão, todo mundo que nem zumbi, falando falando naquela rapidez que ninguém entende, o bagageiro estava perto do tanque do banheiro e tinha uma gringa com os pés embaixo do ônibus - o mijo do busão começou a escorrer na menina e ela não percebeu. Eu estava tentando avisar ela, um cara abanando um panfleto na minha frente, outro puxando meu braço, o Henrique acenando que tinha conseguido pegar as mochilas, eu tentando avisar a menina, os brasileiros conhecidos estavam perto... conversando com uma das vendedoras, eu consegui avisar a menina finalmente e ela ficou em choque, e no meio da confusão eu só consegui ouvir: "Café forte que nem vocês tomam no Brasil". Eu virei a cabeça na hora. A mulher de uma das agências tinha comprado meu irmão e os dois brasileiros com apenas uma xícara de café (mochileiro se vende por pouco...) e eles já estavam seguindo ela...eu fui correndo junto. A companhia chamava Tiago Tours. Quando entramos tinham vários bilhetes agradecendo os guias e o Tiago - que segundo eles, era brasileiro e morava em San Pablo. Ok. Era um companhia especializada em brasileiros, tinha bandeira em quase todo canto e canecas com o Fuleco. A moça nos deu café que era, digamos, médio mas de longe o melhor que tomei na viagem. Pelo menos não era aguado. Chegou um cara para nos explicar a viagem. Conversa para cá, conversa para lá ele disse que o passeio dos três dias, com hospedagem, comida e água, custava 700 bs fora os 150 Bs que vc paga para entrar na reserva nacional. Claro que eu dei uma choradinha, contei que não sabíamos da taxa de embarque, que estávamos sem dinheiro e ele "ligou" para o Tiago que ficou com dó dos seus compatriotas e fez um desconto de 70Bs. Foi 630 Bs então. Fechamos. No carro estava eu, Henrique, o Rafa (o cara do boné do Rappa) e o Caio (o barbudo). Faltava mais dois. Em pouco tempo, entrou um casal de Brasília que o cara achou que encaixava perfeitamente no nosso coche de brasileños. Fechado nossa turminha, nós pagamos 1Bs para entrar no PIOR BANHEIRO QUE EU USEI NA MINHA VIDA e esperamos. Eu, o Henrique e o Rafa andamos pela cidade para comprar comida, achamos uma barraquinha que vendia salgadinho por 1Bs. Compramos água e esperamos. E esperamos. E esperamos. Lá pelas 11h00 chegou nosso guia, o Rossando com todos os dentes da frente de ouro. E ai, partiu maior deserto de sal do mundo. Editado Janeiro 9, 2015 por Visitante Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros mariameiroz Postado Janeiro 8, 2015 Autor Membros Compartilhar Postado Janeiro 8, 2015 Salar de Uyuni ou de Tunupa O Rossando, o nosso guia, era um cara peculiar. Ele tinha cara de boliviano malandrão, com vários dentes de ouro na boca, e disse que fazia aquele percurso há 15 anos. Depois perguntamos a idade dele e ele não conseguiu responder, fez umas contas malucas nos dedos, e disse que achava que tinha 40 anos. Achava. Ele enrolou um pouco, passou em uma casa aleatória, falou mais um pouco e deixou a gente em uma feirinha que vendia algumas coisas feitas de sal. Eu comprei um imã que está na minha geladeira e eu notei esses dias que está se desmanchando... Já na feirinha eu percebi que nosso grupo era um tanto quanto excêntrico. O Henrique se juntou com o Rafa e os dois começaram tramar uma compra de um vinho de marca duvidosa das cholas e o Caio quase não falava com a gente, só tirando fotos e mais fotos. O casal estava de lua de mel. Ficavam andando com sua GoPro e com o pau de selfie para cima e para baixo. E o pior, sempre que descíamos do carro, era isso que acontecia: Henrique e Rafa procuravam bebida, o casal tirava fotos com a GoPro e ficavam se amando, o Caio tirava umas 7000 fotos e fumava um cigarro e eu anotava tudo que via. Depois disso, o Rossando deixou a gente no Cemitérios de Trens. É um local onde abandonaram alguns trens de carga e era ok mas ficamos mais tempo que o necessário porque ele foi buscar a nossa comida Deus sabe onde. Daí vimos que o casal tinha escalado o trem com uma velocidade impressionante e descobrimos que eles eram bombeiros. Foi interessante viajar com brasileiros. Nos relatos que eu li disseram que essa viagem dependia das companhias e do guia. Como compatriotas, nós nos sentimos unidos contra qualquer coisa que podia acontecer. Brasileiro sempre cuida de brasileiro fora do país. E o melhor: podíamos falar português compulsivamente. Rossando voltou com as nossas marmita e entramos no coche, rumo ao Salar. Ele disse que aquilo tudo era um mar e se você olhar para as montanhas dá para ver a marca da água. Não sei muito bem o que era, não vi a tal da marca, mas posso dizer o que é hoje em dia: alguma coisa bem diferente do que você já viu. É sal a perder de vista. E a vista, não tem um fim. Estava seco então não rolou aquelas fotos de quando está com aquela lâmina de água que reflete o céu. Mas mesmo assim, é impressionante. O Rossando explicou: o Salar de Uyuni na verdade chama Salar de Tunupa é a maior planície de sal do mundo, com 10.582 Km² (ele falou o número preciso como se fosse uma enciclopédia) e está a uma altitude de 3.656 metros acima do nível médio do mar. O grande lance do Salar de Tunupa é que tem uma crosta de sal de mais ou menos um metro. Essa crosta, além de ser rica em cobre e lítio, permite que o Salar vire uma planície gigante. Como a área é muito grande, o sol incide diretamente e o nivelamento da superfície é excepcional o Salar é um objeto ideal para calibrar os altímetros de satélites de observação da Terra. Fiquei imaginando aquele lugar visto do espaço. Eu e o Henrique tínhamos esquecidos os óculos escuros e o cara do Tiago Tours emprestou dois para nós. Disseram que era insuportável ficar sem mas sinceramente.. foi mais tranquilo do que pensei. Fiquei sem alguns momentos. Claro que é mais confortável usar então fica a dica: Protetor e óculos!!! O Rally Dakar teve uma edição em Uyuni em janeiro de 2014 e acho que vai ter esse janeiro tbm que é quando o deserto alaga. O slogan é "nunca antes do Dakar foi no céu". Acho que resume bem a sensação de estar ali. Depois de 700 fotos, hora do almoço. Decidimos almoçar dentro do Hotel de Sal desativado onde sentamos em uma mesa e comemos pollo com arroz e alguns legumes. Ainda rolou uma banana de sobremesa e uma coca quente. O Rossando disse que era para a gente deixar comida para ele e ficamos na dúvida se ele estava falando sério. Estava muito quente, abafado, uns 30ºC dentro do hotel. Comemos e fomos tirar fotos com as bandeiras... fiquei feliz que tinha duas do Brasil novas. Depois entramos no coche e fomos para a Ilha do Pescado que é um dos poucos pontos com alta concentração de seres vivos no Salar. É cheia de cactos com até dez metros de altura com mais de 600 anos de idade segundo o Rossando. Não sei o que é verdade ou não mas temos sempre que acreditar no guia. Custa 30Bs para entrar nessa ilha e ir nos baños mas eu não vi necessidade de ver ainda mais cactos do que estávamos vendo. Então nosso grupo fez o que cada um sempre fazia quando descia do carro. Henrique o o Rafa descobriram que tinha cerveja mas custava 15Bs a long neck então... apenas os gringos estavam tomando. Os latinos americanos, como nós, apenas sentavam na sombra e esperavam. A gente encontrou os brasileiros da fronteira, que tinham cruzado por Corumbá com as muambas, e ficamos literalmente, chorando de rir. Depois disso, fomos embora. Andamos mais um pouco e então o Rossando parou o coche e disse: "Tirem suas últimas fotos do Salar porque vocês não irão mais vê-lo". Fiquei surpresa porque achei que o passeio de três dias era todo dentro do Salar. Mas não é. Os outros dias são dentro do Deserto Siloli - que é como chama o deserto do Atacama do lado da Bolívia. Então, após 6531263 fotos nos despedimos do Salar. Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros mariameiroz Postado Janeiro 8, 2015 Autor Membros Compartilhar Postado Janeiro 8, 2015 Deserto Siloli Depois que nos despedimos do Salar, subimos uma montanha muito louca o que permitiu que víssemos as coisas de cima. Era uma visão muito... inusitada. Parecia que estávamos em outro planeta. Quando chegamos no hostel de sal, umas 18h00, onde passaríamos a noite, o sol estava se pondo. E olha, nos meus 28 anos de existência, foi o pôr do Sol mais grandioso que eu vi na minha vida. Surreal. Como todas as paisagens que eu vi nesse passeio. Chegamos no hostel, instalações confortáveis, limpas e quentes. O casal ficou com um quarto só para eles, eu e o Henrique ficamos sós tbm. Eu tinha lido tanta coisa ruim dessa viagem, tanto perregue - desde pulgas no colchão até não ter onde tomar banho. Nesse lugar, rolava tomar banho por 10 Bs. Teve um chá da tarde com biscoito e chá. Foi essencial porque a gente tinha acabado com os Cheesitos no carro e estávamos morrendo de fome.E ficamos jogando conversa fora. Depois rolou o jantar, que acho que foi uma sopa, e ficamos bebendo cerveja (a Passeña custava 30 Bs). Lá pela meia noite fomos dormir. No outro dia, saímos umas 7h00 da manhã depois do desayuno rumo ao segundo dia do passeio. O Rossando chegou atrasado com cara de ressaca. Mencionou que não teria bebida no próximo hostel, perguntou se queríamos comprar alguma coisa, olhou para o céu, e afirmou despretensiosamente: hoje vai nevar. AHN???? Que nevar o quê? A gente tava no deserto, tava quente!!! Mas por via das dúvidas, compramos duas garrafas de 1,5 de vinho. Primeiro, paramos em um local onde tinha um trilho de trem com destino ao Chile. Fotos. Rossando xingando o Chile porque roubaram a passagem da Bolívia para o mar. Fotos. Sol estranho do Dragon Ball Z. Fotos. Pedras rochosas feitas de lava do vulcão Uturuncu. Fotos. Laguna Celeste com os flamingos. Fotos. Fotos. A laguna é linda, os flamingos são flamingos e nessa hora o vento cortava o rosto da gente. Fazia muito muito muito (e mil vezes muito) frio. A gente não conseguia andar. Almoçamos em um lugar atrás do coche, tremendo, a comida escapando da mão. Foi pollo e macarrão em quantidades bem menores do que no dia anterior - relembrando que tínhamos quatro homens, eu e uma menina que era bombeira comendo. E uma mexerica para cada. Ficamos com fome. Ai andamos cerca de uma hora e meia deserto a dentro. Frio, frio... frio... frio... e de repente: NEVE. Sim, começou a nevar. Rossando desgraçado. Foi a primeira vez que eu vi neve na vida. No deserto. Na Bolívia. O limpador de para-brisa não funcionava. O Rossando colocou a cabeça para fora e começou a dirigir que nem o Ace Ventura. A gente deu muita risada. Ficamos tremendo, cada parada era um sacríficio. Paramos em mais uma laguna e também na famosa Árvore de Pedra - que foi moldada devido aos ventos da região. Acho que sentimos na pele esse vento. Ventava tanto, fazia tanto frio, que os passeios foram encurtados. Não demorou muito para pararmos na porta da Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa - o local onde custa 150Bs para entrar. (Lembre-se de guardar o ticket porque eles pedem para sair, no dia seguinte). Depois, chegamos na Laguna Colorada que é incrível mas naquela hora, a única coisa que a gente pensava era nas duas garrafas de vinho. A sensação térmica era de menos dois. Chegamos nas nossas instalações às 15h00 quando o previsto era as 18h00. Estava ventando muito.... (já mencionei que estava ventando e frio?? ) Rossando disse que tínhamos que sair às 5h00 do outro dia para pegar os gêiseres pela manhã. Essa hospedagem era aceitável. Era o mínimo do conforto possível mas parecia limpa levando em consideração que estávamos no meio do deserto. Jantamos macarrão e sopa e eles ainda nos deram gentilmente mais uma garrafa de vinho (quase choramos de emoção). Ficamos conversando uma boa parte da noite nos lamentando por não ter comprado mais duas (ou trinta) garrafas de vinho. Lá pelas 21h00, vieram e retiraram o gerador! 4600 de altitude, -2 graus, escuro. Levemente embriagados, limpos com lenços umedecidos apenas, fomos dormir as duas horas que nos restavam. Dica a fica para quem for fazer o passeio, não esqueçam de colocar na mala: Lenços umedecidos, muita roupas de frio e uma mantinha extra!!! Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros julirosacarvalho Postado Janeiro 8, 2015 Membros Compartilhar Postado Janeiro 8, 2015 Maria estou amando seus relatos e pegando todas as dicas possíveis, vou com meu marido dia 31/01... frio na barriga, mas ficaremos 12 dias só na Bolívia!! Aguardando o resto... Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Posts Recomendados
Participe da conversa
Você pode postar agora e se cadastrar mais tarde. Se você tem uma conta, faça o login para postar com sua conta.