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BOLÍVIA E PERU (SETEMBRO/OUTUBRO 2014) - Meu primeiro mochilão: histórias, gastos, fotos e vídeos.


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Viagem show cara. Peguei várias dicas valiosas aí no seu relato estou ansioso pro final do seu relato farei uma viagem com o roteiro parecido com o seu final do ano abraços ..

 

 

Valeu Daniel! Pode anotar e vou continuar postando, e esse roteiro foi muito bom mesmo, pode ir na fé que não se arrependerá. E boa trip pra ti! Abraço!

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21 DE SETEMBRO – 4º Dia

Uyuni - Tour do Salar

 

 

 

Acordamos umas 6h30, nos arrumamos, fizemos o check out e saímos com duas missões: tomar café, pois estavamos com bastante fome, e fechar o passeio. Era domingo, e estava tudo fechado, o lugar era um deserto, não tinha ninguém na rua, só nós. Estavamos preocupados em, por ser domingo, tudo abrir mais tarde, inclusive as agências. Demos uma volta pelas ruas da cidade e percebemos que Uyuni é pequena, mas não é tão quanto imaginavamos, me lembrou um pouco as cidades do Vale do Ribeira, em São Paulo (costumava muito ir para aqueles lados).

 

 

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Uyuni

 

 

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Finalmente, atravessando uma praça, fomos abordados por uma mulher, chamava Judite, e, ao contrário daquela do vídeo do Porta dos Fundos, essa estava disposta a ajudar (por que será né?). Perguntou se tinhamos fechado algum passeio e dissemos que precisavamos comer primeiro, estavamos com bastante fome. Foi aí que, como diria o filósofo contemporâneo Zagallo, fomos surpreendidos novamente, ela disse que na agência dela tinha uma cafeteria e nos convidou a, sem compromisso de fechar o passeio, comer lá. Filha da mãe, usou o truque sujo e nos pegou pelo estômago, obviamente fomos pra lá e chegando, achamos o lugar bem simpático, e quentinho, já que, segundo meu celular, estava 4ºC naquele momento ::Cold:: . Aliás, como estava muito frio e pelo que eu havia lido no deserto costumava ventar muito, dando uma sensação maior de frio, eu fui preparado com bastante roupa. Totalmente desnecessário, no final eu passei foi um calor da bexiga.

Olhamos o cardápio e pedimos uma espécie de combo, onde vinha a bebida (café, chá ou chocolate), uma cesta de pães, manteiga, geléia e custava 20 bolivianos. Como eu estava zoado por conta da altitude (já havia dormido mal por conta da dor de cabeça), pedi um chá de coca para saber se realmente é tão bom quanto falam. E é, não deu 5 minutos a dor de cabeça passou e me senti bem melhor. O gosto lembra um pouco o de chá de louro, até é razoável. Sobre o café, era bem servido, compensou bastante. ::otemo::::otemo::

 

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Meu primeiro de muitos chás de coca

 

Enquanto aguardávamos o café chegar, a Judite sentou conosco e nos passou a proposta dela. Explicou todo o percurso, o que faríamos a cada dia, falou sobre as entradas não inclusas e os valores, disse que com relação a motoristas bêbados, eles tinham um cuidado especial, pois eles assinavam um contrato onde dizia que se tivessem problemas com isso, ficariam impedidos de trabalhar com qualquer agência. Achamos que a mulher foi bem transparente e confiável, falou praticamente tudo o que queríamos ouvir, pois eu já havia me informado bastante aqui no Brasil, e no final nos passou o valor de 700 bolivianos, valor que sabíamos que estaria na média. Até dava pra achar mais barato, mas pelo que já havia lido era arriscado pegar uma empresa meio zoada. Conversamos enquanto comíamos e resolvemos fechar com ela mesmo, ao contrário do plano inicial de ir de agência em agência para cotar preços. Aliás, um detalhe, sobre aquela história de que os preços são dados conforme a cara do freguês é fato, quando fechamos o passeio ela pediu pra não falarmos o valor pra ninguém, pois para o grupo gringo da mesa ao lado ela fechou pos 800 bolivianos. Eu particularmente acho sacanagem isso, opinião compartilhada pelo Renan, mas enfim, fazer o que.

Enquanto conversávamos com a Judite, um brasileiro se aproximou de nós e, ouvindo a conversa, perguntou se podia fechar junto concosco, dissemos que sim. Era o Mário (que passei toda a viagem chamado de Márcio), um bombeiro de Maceió que já havia feito Machu Picchu e vinha de La Paz, o caminho inverso ao nosso.

Ainda durante o café, encontramos aqueles dois brasileiros que conhecemos no mirador em Sucre, eles já haviam fechado com outra agência, mas foram lá tomar café.

O curioso era o nome da agência: na nota que ela fez era Silioli (segundo ela era esse o nome, era uma agência nova), já na fachada do café estava escrito Cruz del Este, mas a oficina ao lado, onde iríamos aguardar o carro chegar chamava-se Oliver Tours.

 

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Fachada da agência e da cafeteria

 

Ela perguntou se iriamos para o Chile ou se voltaríamos, e quando dissemos que íamos a La Paz depois, ela nos ofereceu ônibus pra lá. Por comodidade, fechamos com ela as passagens, tinha duas opções: o ônibus cama que saia às 19h, pegava a estrada nova e custava 200 bolivianos e o semi cama que saia 20h e ia pela estrada velha, custava 120 bolivianos, eram da Todo Turismo, a mesma empresa que muita gente havia indicado como boa. Fechamos o de 200, pois seriam cerca de 10h de viagem e preferimos um pouco de conforto, e como eu havia chutado o valor de 1000 bolivianos entre o passeio e as entradas, tínhamos economizado 120 bolivianos (com tudo ficaria 880 o passeio: 700 mais 150 da Reserva e 30 da Ilha do Pescado), então no final valia a pena.

Como tínhamos umas 2h ainda, deixamos as mochilas no escritório vizinho e fomos dar um peão pela cidade, e na saída, um brasileiro mexeu comigo, pois eu estava com uma camisa do Santos e o cara gritou “Ae santista, é isso aí!”.

Tudo já havia aberto e tinha até uma feirinha simpática numa rua próxima, onde aproveitamos eu e a Marina e compramos um par de luvas cada, pois minha mão já havia congelado na noite anterior e imaginei que no deserto seria embaçado (no final, usei muito pouco e aqui nem usarei).

Aproveitei para procurar folha de coca, pois a dor de cabeça estava voltando com tudo. Finalmente achei uma senhora vendendo e pedi um pacote a ela. Ela encheu um saquinho bem grande com várias mãozadas e me entregou. Custou 12 bolivianos, achei caro, mas no final ficou barato, pois veio tanta folha que era apenas o 2º dia de viagem e, mesmo usando muito, dividindo com o Renan, dando pra algumas pessoas que vi que estavam mal, ainda sobrou a ponto de trazer um bom punhado para o Brasil, era muita coca.

 

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Parece pouco, mas rendeu esse pacote de folhas de coca, e me salvou o rolê!

 

Como nunca comprei, não sabia como era, mas achei que estavam um pouco secas e miúdas (o que me confirmado depois), mas o que importa é que coloquei umas na boca, masquei e rapidamente melhorei. Santa coca! O cheiro é desagradável, mas o gosto da folha, assim como o do chá, lembra um pouco o da folha de louro.

Voltamos à agência e sentamos na praça em frente e lá soubemos que mais dois brasileiros iriam com a gente. Lembram do cara que mexeu comigo, o santista? Pois é, ele e a mulher foram colocados conosco. Eram o Herbert e a Francine, um casal de São Caetano que estava comemorando 10 anos de casado e foram fazer essa viagem, eram só 10 dias, pois eles tinham dois filhos e não queriam ficar longe deles muito tempo, quando dissemos que a nossa duraria 23 dias ficaram impressionados. O Renan e a Marina queriam que tivesse uns estrangeiros no grupo, pois queriam treinar o inglês, eu já fiquei mais aliviado, pois o meu inglês é péssimo, ainda estou no nível Joel Santana Beginning.

Por volta de 11h15 mais ou menos, chegou a nossa van (uma das últimas, diga-se de passagem) e fomos pegar nossas coisas pra por no carro. Tudo certo e nada resolvido, entramos no carro e bora começar o rolê.

 

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O possante que nos levaria ao deserto

 

Antes, ele passou em um lugar, acho que era um restaurante, ele ficou uns minutos e saiu, acho que tinha ido pegar as coisas para fazer nossas refeições.

Partimos então para a primeira parada: o cemitério de trens. No caminho, ele se apresentou dizendo que se chamava Efraim (ainda ouviríamos esse nome novamente durante a nossa viagem) e explicou como seria o esquema do tour. Mal saímos da cidade e já avistamos o cemitério, era bem perto. Descemos e ele nos deu 15 minutos para tirarmos fotos. Sinceramente, é apenas um monte de sucatas de trens, nada demais, mas é uma coisa diferente, então aproveitamos bastante.

 

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Selfie no cemitério ::otemo::

 

Voltamos ao carro e agora iríamos ao Salar. Ele voltou até Uyuni e pegou uma estrada que saia pelo outro lado da cidade. Passamos por um pequeno aeroporto e já estávamos no meio do deserto, rodamos um pouco e chegamos ao vilarejo de Colchani. Lá descemos e fomos conhecer uma fábrica de sal, onde um tiozinho nos explicou o processo e demonstrou como ensacavam o sal, era tudo bem artesanal. No final, ele ligava um raio de um maçarico que deu um puta susto da porra (segue vídeo abaixo). No final, pediu para assinarmos um livro de presença e, claro, a praxe boliviana de pedir uma “contribuição”. Até onde sei, contribuição é algo espontâneo, mas quando o Herbert disse que ia pegar dinheiro no carro, o cara achou que ele embora sem pagar e gritou: “Ei, lá contribuición!”, mas gritou bem alto, achamos que ele ia bater no Herbert. Explicamos que ele só foi pegar no carro e ele fez aquela cara de “é bom mesmo!”. É mole!

 

 

Explicação do tiozinho

 

Aproveitamos para ver nas barraquinhas do lugar os produtos feitos de sal: chaveiros, estatuazinhas, artesanatos em geral. Senti vontade de comprar, era muito legal, mas lembrei do que falaram, que em contato com a umidade as coisas estragam, e como moro na praia, já viu né!

 

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Artigos feitos de sal

 

Seguimos então rumo ao Salar, estava ansioso ::hahaha:: , e ao poucos fomos começando a nos enturmar com o casal que estava conosco, com o Mário já havíamos conversado um pouco, e aos poucos também fomos nos enturmando com o motorista, que parecia gente boa, um pouco calado, mas respondia tudo o que perguntávamos. A única coisa que incomodava um pouco era o gosto musical dele, tocava umas músicas do tipo dor de cotovelo boliviano que faziam qualquer dupla sertaneja brasileira parece heavy metal.

Finalmente a paisagem começou a passar do marrom-avermelhado (foi a melhor definição que arrumei pra cor de deserto hahahahaha) para o branco, sinal de que estávamos chegando ao Salar. Primeiro paramos num lugar onde tinha uns montinhos de sal, paramos uns minutos pra tirar fotos, e nós achamos que era ali que tiravam aquelas fotos de perspectiva, tentamos várias, mas confesso que é mais difícil que pensávamos, acabamos desistindo porque dava muito trabalho e perderíamos muito tempo, e queríamos aproveitar o máximo aquele momento. Só o casal ficou tentando, eles levaram brinquedos e o escambau pra isso, tentaram várias vezes.

 

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Sim, é salgado mesmo! E olha esses dentes sujos de folha de coca hahahahahaha

 

 

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Se tem boneco de neve, porque não pode ter de sal?

 

O motorista nos chamou e seguimos rumo a parte alagada do Salar, que não era muito longe dali. Quando chegamos, vi que tinha bastante água, não o suficiente pra fazer aquele espelho, mas o suficiente pra afundar o pé, e pra não zoar o tênis, resolvi ficar descalço, arregacei a bainha da calça e desci. Gênio esse menino! A água trincava de gelada, fora o sal que depois ficou pinicando no pé, eu mal mantinha meu equilíbrio, porque aquela joça afundava toda a hora, e eu que tenho a leveza de um mamute e nem sou desastrado, a cada passo era um buraco que se abria aos meus pés. Nem precisa dizer que virei o motivo de piada geral, inclusive do motorista, que se mijava de rir comigo. Além disso, a bainha da calça não ficava levantada como eu queria, e no final detonei minha calça, tive que mandar pra lavanderia depois e ainda sim ficou um pouco manchada. No final, até desenvolvi uma técnica: comecei a andar como um astronauta, mal tocava no chão e saltava, assim parei de afundar. Fato, a cena era bizarra, mas funcionou. E claro, mais risos do povo!

 

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Salar, lugar incrível!

 

Agora vamos nos ater ao Salar, que é o mais importante. Que lugar incrível! Por mais que vejam fotos, ouçam relatos, vejam vídeos, não é igual estar lá, só indo pra saber, é realmente indescritível, um dos lugares mais bonitos, senão o mais bonito que vi na minha vida. Era uma imensidão branca sem fim, e aquela paz, é realmente um lugar que todos deveriam conhecer antes de morrer. O casal tava lá, firme na arte de tirar fotos de perspectiva, até conseguiram algumas, eu mesmo tirei umas pra eles.

Após curtir bastante, entramos no carro (para alegria dos meus pés) e seguimos viagem. Andamos um tempo e paramos naquele lugar onde fica o hotel de sal desativado, lá o povo estava almoçando, mas o nosso motorista disse que almoçaríamos depois, apenas tiramos fotos do monumento do Dakar e das bandeiras dos países, ficamos um pouco e saímos novamente com o carro. Estávamos no meio do nada, em volta apenas uma imensidão de figuras geométricas perfeitas feitas pelo sal no chão, pareciam paralelepípedos, quando de repente, o Efraim começou a reduzir a velocidade, olhou pra um lado e pro outro e do nada ele simplesmente parou e disse” Vamos almoçar, tirem algumas fotos enquanto preparo a comida!”. Como assim comer aqui manolo? No meio do nada, assim? A princípio estranhamos a ideia, tiramos algumas fotos enquanto ele preparava o almoço na parte de trás do carro, até que ele esticou uma toalha no chão, colocou as coisas e nos chamou. Quando sentamos e olhamos em volta, nos demos conta de que aquilo foi sensacional, imagina, você sentar no meio do nada, aquele silêncio e só vocês ali, em paz, compartilhando um almoço que, apesar de frio, estava muito bom: arroz, “pollo”, legumes, uma maionese deliciosa, coca-cola (quente, claro) e umas bananas de sobremesa. Mesmo com aquele sol forte na cabeça, foi sem dúvida o almoço mais surreal que tive! O casal achava que o motorista se chamava Raí e o chamaram várias vezes assim, até que os corrigimos, e aí ele disse que se quisessem podiam chama-lo de Primo, seu apelido. Pronto, o Efraim estava rebatizado, a partir de agora era só Primo (bem melhor, né).

 

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Almoço no deserto, reparem nos "paralelepípedos" de sal

 

Terminamos o almoço e seguimos para a Ilha do Pescado, não era muito longe dali, e logo chegamos. Sabíamos que para subir tinha que pagar 30 evos, e eu não estava muito disposto a pagar não, aliás nem eu e nem meus amigos, o Mário também não, acho que só o casal pagou pra subir. Resolvi ficar vagando por ali, tirando fotos, filmando, quando percebi que não havia ninguém olhando, o cara que cobrava tinha saído e eu, como não quer nada, fui indo, calmamente, na manha do gato, fotografando, e quando fui ver, já tava lá em cima. No final , o Renan, a Marina e o Mário também foram no embalo.

Ainda sofria dos males da altitude, então a subida da ilha foi um parto, parava toda hora pra tomar folego, mas consegui chegar.

O motorista tinha falado pra ficarmos até às 16h, e dando a hora fomos para o carro, mas o motorista demorou um pouco pra chegar, então por volta de umas 16h15, 16h20 fomos embora rumo ao Hotel de Sal, parada da primeira noite.

Chegamos um pouco depois das 17h, a primeira impressão é que o lugar era zoado, mas quando entramos vimos que o lugar era até aconchegante, simples, mas bem arrumadinho. Ainda estava claro, mas queríamos aproveitar que ainda não tinha muita gente e fomos pra fila do banho. Era um único banheiro, tinham apenas duas baias com chuveiro funcionando, mas tinha um problema: se ligasse os dois, caia os disjuntores, então fazíamos o seguinte, quando um acabava o banho gritava que acabou, e o outro, que já estava pronto (entende-se por pronto estar dentro da baia já nu), ligava o chuveiro, enquanto um outro já entrava no lugar do que acabou e ficava no aguardo até este gritar.

Além disso, para tomar banho tinha que pagar, e quem cobrava era uma menina, ela se chamava Guadalupe. Ela era engraçada, e ligeira, era só alguém entrar no banheiro, ela estendia a mão e dizia: “10 bolivianos”. O Herbert brincou dizendo que iria tomar banho frio mesmo, e ela sem pestanejar disse: “5 bolivianos”. Todos riram! Pelo menos o chuveiro esquentava bem.

 

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Refeitório do hotel de sal, ao fundo o banheiro

 

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Minha cama

 

Logo em seguida, servirão uma espécie de chá das 5, tinha sachês de chá, café solúvel, achocolatado em pó, leite em pó e uns pães gostosos, com manteiga e geleia. Aliás, nessa hora, aconteceu uma situação embaraçosa. No refeitório tem várias mesas e cada uma é reservada para um grupo, e os motoristas é que colocam as coisas do seu grupo na mesa. O problema é que o Primo colocou as coisas para nós, só que o pessoal da outra mesa não sabia e como ainda não havíamos chegado na nossa mesa, eles pegaram a caixa com os saquinhos de chá. A hora que o Primo viu, deu um tremendo esporro nos caras, faltou bater neles, e eu, que havia acabado de me sentar, acabei ficando no meio da discussão, confesso que fiquei sem graça, até por pensar que eles achassem que fui que reclamei, um deles até veio pedir desculpas pra mim, falei pra ele relaxar. E quando o motorista deles veio servir o “kit chá” dos caras, ainda deu uma bronca também, provavelmente nosso motorista deve ter reclamado com ele. Particularmente, achei desnecessário aquilo, bastava falar numa boa, mas cada um cada um né.

A noite caiu e logo serviram o jantar, no mesmo esquema, cada motorista servia a comida do seu grupo na mesa específica. O cardápio consistia numa sopa de entrada e o prato principal que era quinua (um cereal típico daquela região), legumes e carne de lhama. Achamos um pouco dura, mas acredito que é porque ela tenha passado um pouco do ponto. O gosto era bom até, tem um sabor diferente, forte. E foi regado a água mesmo, numas canecas de madeira que pareciam o Santo Graal hahahaha

 

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Vai uma lhama bem passada aí?

 

Acabando o jantar, alguns grupos ficaram nas mesas jogando carta, outros conversando e as nossas mentes maléficas (entendam por eu e o Renan) planejavam causar o caos naquele clima de paz e harmonia :twisted: . É que, ainda no Brasil, quando comprávamos as últimas coisas para levar, resolvemos levar um mimo brasileiro pra “adoçar” a viagem dos gringos: uma garrafa de cachaça São Francisco. Primeiro tentamos interagir com um grupo próximo à nossa mesa, o mesmo que havia pego o nosso chá, eles estavam jogando cartas e até nos convidaram a sentar com eles, mas meio que cagaram pra nossa presença, acredito que não por arrogância, acho que era o jeito deles mesmo.

Depois compramos na “vendinha” que uma senhora (conversando com ela, descobrimos que era avó da Guadalupe) montou próxima a porta uma garrafinha de licor de café com conhaque. Que delícia aquilo! Nessa vendinha tinha umas bebidas, chocolates, chicletes e até uns salgadinhos e os preços até eram bons, no licor mesmo pagamos 15 evos. Começamos a tomar o licor, até o Herbert, que não estava muito bem e não tava muito afim de beber, tomou um gole e gostou. Vimos que o licor não animou muito o povo e então resolvemos apelar, fomos no quarto e buscamos a “mardita” pra começar a beber com o pessoal. Logo encontramos dois caras do lado de fora e começamos a puxar papo, oferecemos a pinga pra eles e sem pestanejar aceitaram, os dois eram belgas e eram xaras inclusive, só não lembro o nome deles, mas de ambos era igual. Meu inglês, como disse antes, é limitado, mas mesmo assim tentei desenvolver um diálogo com eles. Na verdade, eu até tenho um vocabulário razoável, meu problema é formular frases, mas tudo bem, eles dizem que dá pra entender, então tá bom.

Estava muito frio, certamente estava abaixo de zero, mas ficamos junto a porta do hotel, então não sentíamos tanto o frio. Aliás, ficar do lado de fora é uma coisa que recomendo, a noite no deserto é espetacular, foi o céu mais lindo que vi na minha vida, parece que todas as estrelas do universo estavam presentes ali, pena que a câmera não conseguiu registrar isso, mas meu cérebro registrou, e isso é o que importa :). Teve direito até a uma nebulosa gigante, que riscava o céu de uma ponta a outra. Se não tivesse tanto frio, dava pra jogar o saco de dormir por lá e ficar deitado a noite inteira.

Voltando a conversa com os gringos, o Renan, não satisfeito, foi lá dentro recrutar mais gente, e voltou com uma suíça e um inglês. Fizemos uma roda e conversamos, rodando a cachaça. O mais engraçado é que o povo do hotel fechou a porta e apagou a luz conosco lá fora, me senti quando tão querendo fechar o bar com a gente dentro hahahaha

Ficamos um bom tempo ainda e depois fomos dormir, afinal no outro dia levantaríamos às 7h e o dia seria longo, ainda sobrou um pouco da cachaça e usaríamos numa outra ocasião. O único problema é que na hora de dormir começou a me dar dor de cabeça novamente, e pra piorar meu nariz ressecou muito, a sede era absurda e minha boca chegava a colar de tão seco que tava. Eu respirava e sentia o sal entrando pelo meu nariz. Foi uma noite longa! :(

 

Gastos do dia

 

Tour Salar: b$ 700,00

Café da manhã: b$ 20,00

Busão p/La Paz: b$ 200,00

Folhas de coca: b$ 12,00

Par de luvas: b$ 20,00

Ilha do Pescado: b$ 0,00 hahahahaha

Banho: b$ 10,00

Licor: b$ 15,00

 

 

Continua...

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22 DE SETEMBRO – 5º Dia

Tour do Salar

 

 

 

Acordamos cedo e claro, eu estava um prego, mas tudo bem, o dia seria longo e tinha muita coisa pra ver, então reforcei bem o café da manhã, mandei um chá de coca e um café solúvel (ruim pra caralho) pra acordar e bora pro jipe. Como no dia anterior passei um puta calor com toda aquela roupa, nesse dia coloquei só a calça e uma camisa e a blusa de frio levei amarrada na cintura. Como nasci pra me foder, é claro que hoje eu sentiria frio.

 

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Café da manhã

 

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Eis a Guadalupe, figuraça!

 

O amanhecer no deserto é muito bonito, e logo saímos com destino às lagunas e ao arbol de piedra. Por causa da poeira, os vidros do jipe vinham fechados o tempo todo, tornando a van, com 6 pessoas dentro, uma sauna. Aí saíamos da van e vinha aquele vento forte e gelado, voltava pra van, forno, e assim foi durante todo o dia.

O caminho era longo, rodamos muito e nunca chegávamos. Paramos no caminho numa cidadezinha chamada San Juan, onde usamos o banheiro (pago, claro) e esticamos um pouco a perna, mas o caminho até as lagunas ainda era longo.

 

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Amanhecer no deserto

 

Se no dia anterior o Primo tava numa dor de cotovelo danada, nesse dia ele resolveu ser o DJ da balada, colocou uma músicas mais agitadas, umas coisas tipo regaton, ou cumbia, ou sei lá que merda era aquela, umas estilo black music, só que daquelas quebradas lá, e nós começamos a brincar apelidando os “artistas”: um era o Eminem boliviano, teve mais outros que eu não lembro, até que começou uma mina começou a cantar umas músicas estilo Rihana, e eu emendei de primeira falando que aquela ali era a cover dela: a Rilhama (péssimo!). Risos gerais até do Primo.

Ainda paramos num lugar no meio do deserto, uma espécie de mirador, o lugar era bonito até, ficamos uns minutos e vazamos de novo, depois paramos novamente, pois a van precisava atravessar um trilho que era alto e tínhamos que descer. Nesse momento passou o trem de carga que ia pro Chile e depois a van atravessou e continuamos a jornada até que depois de quase uma hora chegamos a primeira delas: a Laguna Cañapa (confesso que não lembrava o nome dessa, precisei procurar na Internet depois), ela tinha uma cor esverdeada e muitos flamingos dentro.

 

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Laguna Cañapa

 

Tiramos algumas fotos e logo seguimos na van para a próxima: a Laguna Hedionda.

Ela, a exemplo da Cañapa, também tem a água esverdeada e, apesar do nome, é muito bonita, com muitos flamingos também. Esse nome se dá ao fato dela ser rica em enxofre, o que lhe dá um cheiro bem forte, parece ovo podre (mas não estava muito forte, dava pra suportar).

Aproveitamos para almoçar por ali mesmo, num restaurante que fica de frente pra lagoa. O cardápio era macarrão, coxa de frango, batatas, coca-cola e de sobremesa mexerica (ou tangerina, como queiram).

 

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Laguna Hedionda

 

 

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Bóia do dia

 

 

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Pergunta se alguém fala nessa hora

 

Acabamos de almoçar e fomos para a Laguna Honda, que fica do lado da Hedionda e é muito parecida com ela (aliás, achei até que fosse a mesma, mas nelas tinham placas diferentes com os nomes diferentes). Aliás, uma coisa em comum entre as lagunas que visitamos é que, além dos flamingos que habitavam todas, nas suas bordas tinham um negócio branco, que depois descobri que o tal do bórax, minério muito abundante na região e exportado para o Chile (transportado naquele trem que mencionei antes).

 

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Laguna Honda

 

Voltamos a van e continuamos nossas longa jornada deserto adentro, ainda no esquema do “Aqui tá quente, aqui tá frio, muito quente...tá frio”. Após rodar uma cota, chegamos ao Arbol de Piedra, um local que consiste em um monte de formações rochosas e uma delas lembra uma árvore feita de pedra, apenas isso. Ventava demais, chegava a quase cortar a pele, e como havia esquecido o gorro na mochila, tive que colocar o capuz da jaqueta, eu tava parecendo o sub zero preto hahaha, mas pelo menos atenuou um pouco. Demoramos bastante lá até, rendeu algumas fotos e vídeos e algumas escaladas. Um fato engraçado: meus amigos foram num banheiro que tinha lá (sim, tinha um banheiro no meio do deserto), consistia numa latrina e um balde que estava cheio de areia para jogar depois das necessidades, esquema tipo gato, você mija ou caga e enterra depois.

 

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Arbol de piedra e o dark sub zero hahahaha

 

 

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Foto do time, faltou o Herbert

 

Voltamos a van e seguimos rumo a última parada do dia: a Laguna Colorada. E lá chegando, conclui que fechamos com chave de ouro o dia, a lagoa era simplesmente espetacular, de um vermelho incrível, parecia um quadro. E claro, vários flamingos dentro e bórax em volta. Assim como o Salar, é o tipo de lugar que só estando lá pra saber como é. Ah, e detalhe, ela não tem essa cor o dia todo, normalmente ela tem uma cor meio escura, quase de café, acontece que tem um tipo de alga que reage sei lá com o que e a deixa vermelha, mas isso só acontece no final da tarde por causa do vento que espalha a cor pela lagoa, mas logo acaba.

 

 

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Laguna Colorada, feia demais!

 

Depois de admirar o lugar, o Primo nos chamou e voltamos pra van rumo ao hotel onde dormiríamos aquela noite. No caminho, nos pediu para separarmos os passaportes e os 150 bolivianos para pagar a entrada na Reserva. Aí surgiu uma polêmica: nos haviam informado que a entrada para o parque era a parte, OK, e nos deixaram entender que era opcional também, então perguntamos se podíamos não pagar e pular o parque, mas aí veio a surpresa, o hotel onde ficaríamos fica dentro do parque, e, além disso, a Laguna Colorada faz parte dele, portanto como já havíamos visto a laguna, teríamos que pagar. Portanto, quando forem fechar o pacote do tour, considerem já a entrada do parque, ela é obrigatória. Ficamos putos da vida, mas não tinha jeito, descemos na entrada, entramos numa salinha que estava lotada de gente, pagamos e voltamos pra van rumo ao hotel. Seguimos por uma estrada de terra margeando a Laguna, um visual espetacular, até que de repente o carro ficou estranho e o Primo parou para ver. A suspensão tinha ido pro saco e isso nos preocupou, perguntamos se isso atrapalharia a viagem do outro dia, se daria pra arrumar ou conseguir um outro carro, e ele só dizia “Tranquilo, deixa comigo, hoje mesmo eu arrumo, amanhã estará pronto!”. Ficamos apreensivos, o Primo seguiu, mas dirigindo super devagar, quase parando a cada buraco ou subida no caminho.

Logo chegamos ao hotel, que a exemplo do dia anterior era zoadaço por fora (aliás, a aparência era horrível, parecia um lugar abandonado), mas muito legal por dentro. Enquanto entravamos, o Primo pegou um macacão no carro, vestiu e tratou de já começar a mexer no carro.

 

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Entrada da reserva

 

 

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Fachada do nosso "resort"

 

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Por fora zoado...

 

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Por dentro até que bonitinho

 

Ao entrar percebemos que só estávamos nós, ficamos num quarto único, com 6 camas, e quando fomos carregar as câmeras, o caseiro do lugar disse que só teria energia elétrica às 19h, pois lá funcionava com gerador. Já para tomar banho, sem problema, tinha um aquecedor à lenha e por isso havia água quente. O banho custava 20 bolivianos, mais caro ainda que no outro, e quem cobrava era o caseiro, que se chamava Severino. Rimos, porque esse um nome tipicamente brasileiro, e em especial muito comum no Nordeste, não imaginamos encontrar um boliviano com esse nome.

Como eram umas 17h30 ainda, ficamos sentados conversando, nesse momento descobri que a Fran tinha comprado um livro igualzinho ao meu. O Severino nos serviu um chá da tarde, como no dia anterior, era a mesma coisa, percebemos que era um “kit chá” que era feito pra durar os três dias, entre café da manhã e chá da tarde, que o Primo levava, pois a caixa de saches de chá era a mesma e estava mais vazia.

Esperei o povo tomar banho, pois precisava mandar um “número dois” pesado, mas como não tinha energia, se eu fechasse a porta da baia ficaria escuro, então avisei o pessoal que trancaria a porta do banheiro (a exemplo do hotel de sal, a baia do chuveiro e as privadas ficavam juntas). Mal sabia que aquela cagada renderia...

Primeiro, porque estou eu lá de “buenas” quando de repente...POU...PUM...POFT...PA PA PA. ::ahhhh::::ahhhh::::ahhhh:: Tomei um puta susto que até cortou o rabo do macaco, era a bosta do aquecedor que ligou e aquele barulho era do encanamento trepidando. Claro que lá fora o povo começou a me zoar achando que era eu que tava fazendo aquele barulho. Porra, se fosse meu aquele barulho era só encomendar a alma porque o corpo já era! :(

Segundo, porque de repente escuto baterem forte na porta. Era o Severino. Ele achava que tinha ido tomar banho sem pagar e começou a berrar na porta do banheiro, e continuava batendo, até que tive que parar o download, me limpar rápido e ir lá atender o desesperado. Abri a porta e expliquei se só estava cagando, mostrei até o papel higiênico a ele. Pra que fiz aquilo, ele começou a rir e disse: “Ah, então és caganero? Caganero de Brasil!” Pronto, todos riram e o infeliz toda vez que passava por mim, fazia um barulho de peido com a boca, colocava a mão na barriga e gritava: “Caganero de Brasil!” Eu mereço mesmo. ::vapapu:: E mal sabia que faria jus a esse apelido no dia seguinte, mas não da forma literal.

E às 19h pontualmente, o Severino ligou o gerador e lá foi o povo colocar os celulares e câmera pra carregar, era uma floresta de carregadores naquela extensão, que ficava na tomada do banheiro (única do lugar), enquanto o Primo continuava a mexer no carro.

Em dado momento, descobrimos que naquele hotel só ficaríamos nós, os outros grupos ficaram nos outros alojamentos próximos dali. Mal saberia que isso seria um grande golpe de sorte meu...

A noite chegou e junto com ela a janta, com o padrão: uma sopa, um prato principal (naquela noite era macarronada), e, conforme já saberia que iria acontecer, ganhamos uma garrafa de vinho, e era seco, pra minha felicidade (vinho suave me estraga). A janta, ao contrário do chá da tarde, foi servida por outro funcionário de lá, um cara chamado Luis, falava pouco, aliás, quase nem abria a boca, mas será um personagem do qual me lembrarei pra sempre, vocês entenderam o porquê.

Após jantarmos, o Primo, que já havia acabado o conserto do carro, sentou conosco para combinarmos o dia seguinte, ele disse que como não iríamos nenhum de nós para o Chile, não compensaria ir até a Laguna Verde e o vulcão Licancabur, pois a laguna só “esverdearia” por volta de 11h, 11h30, e depois ficaria tarde para irmos pra Uyuni de novo, pois alguns de nós tínhamos ônibus marcado pras 19h e haveria risco de atrasarmos. Disse que quiséssemos, podíamos ir, mas era por nossa conta e risco. Avaliamos e decidimos deixar quieto então. Ele disse que, após passar pelos gêiseres, poderíamos ficar mais tempo nas águas termais e dali passar pelo Deserto de Dali antes de voltar. Todos concordaram.

Estava monótono lá, conversamos mas faltava algo, demos umas goladas pra matar o que sobrou do licor, pegamos o que sobrou do “Velho Chico” e tantamos animar o povo, mas levantaríamos às 4h e ninguém estava muito afim de beber, então eu, o Renan e o Mário resolvemos encarar a friaca do deserto e ir até os outros alojamentos pra tentar interagir com o povo e beber com eles. Peguei uma lanterna de cabeça que havia levado (foi o único momento que usei aquela merda, levei à toa) e saímos nós três no escuro e no frio. No primeiro, olhamos pela janela e vímos que o povo tava meio miado, então resolvemos ir no outro e encontramos dois coroas do lado de fora. Resolvemos chegar e puxar assunto, um era espanhol e o outro chileno, até conversaram, mas não quiseram a cachaça (fala sério, sempre que leio relatos, vejo só ouvir falar do povo que gosta de beber, só encontramos gente que não bebe pelo caminho, dá licença viu!). Porém, não demorou muito e logo eles quiseram entrar pois estava frio demais (segundo fiquei sabendo tava uns 20 negativos) e nós então voltamos com o rabo entre as pernas pro nosso alojamento. Aproveitamos o embalo e resolvemos ir dormir, era o tinha pra aquele momento.

 

Gastos do dia

 

Banheiro em San Juan: b$ 2,00

Entradas p/ Reserva: b$ 150,00

 

 

Continua...

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23 DE SETEMBRO – 6º Dia

Tour do Salar - Uyuni

 

 

 

Acordamos, conforme o Primo havia nos pedido, pois às 4h30 o café seria servido e às 5h sairíamos, pois os gêiseres só são vistos em atividades bem cedo, e era um pouco longe de lá. O problema é que o Primo, que aliás, dormiu lá também, deduzimos, inclusive, que ali deveria ser alojamento de motoristas, por isso não ficou ninguém lá, e o Severino não acordaram junto conosco e isso acabaria provocando uma certa correria na hora de sair, o que me causaria o grande transtorno da viagem.

Para variar, eu estava destruído, novamente havia dormido mal, mas essa noite foi a pior de todas, eu entrei numa espécie de “minuto da marmota” do inferno, pois meu nariz ressecou tanto que eu não conseguia respirar, daí respirava pela boca, minha garganta e minha boca secavam muito e eu bebia água, passava uns minutos e faltava ar, respirava pela boca, ela secava e assim foi a noite inteira. Dormi literalmente abraçado com uma garrafa de 2l de água, que eu sequei antes do amanhecer. O povo olhava pra mim e se espantava com minha cara de derrotado, olheiras fundas e tudo mais. Eu mal me aguentava de sono, nem fome conseguia ter, no entanto devo ter tomando umas 3 xícaras de chá, além de um copo de café bem forte pra ver se despertava. ::essa::

 

 

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Nosso quarto

 

Terminamos de arrumar as coisas e de repente o Primo surgiu das cinzas com o seu tradicional “Bamo, bamo, bamoooooo!”

E lá fomos nós correndo com as coisas para o carro, meia hora atrasados, tava muito escuro ainda, eu ainda tava baqueado pelo sono misturado com um pouco de dor de cabeça, que havia amenizado com o chá de coca. Mal sabia que essa pressa ia me foder e a todos por tabela...

Entramos na van e seguimos rumo ao gêiser, e no caminho fomos brindados com um belo amanhecer.

Como eu disse antes, seis pessoas dentro da van ficava um pouco apertado, um ia na frente, ao lado do motorista, três no meio e dois iam num banco lá nos fundos que era um pouco apertado, então combinamos um rodízio, e nesse dia eu e o Mário iríamos no “banco do castigo”.

Quando estávamos mais ou menos próximos dos gêiseres, aconteceu o fato que me faria jus ao apelido de “Caganero de Brasil”. Eu e o Renan sempre andávamos com a doleira presa no peito, virada pra trás, e praticamente fazíamos tudo com ela, menos tomar banho, o problema é que eu tirava pra dormir. Beleza! Daí estamos na van, de boa, seguindo pra mais um dia de passeios sensacionais, quando de repente, como sempre fazia, passei a mão no peito pra conferir se ela estava presa (aquela joça toda hora ficava laceando e eu tinha que apertar o tirante dela) e então...ops... cadê. Levantei meu agasalho e a camisa e... FODEU! A minha reação na hora foi dar um berro: “ESQUECI A DOLEIRA!” Todos olharam pra minha cara, e o Renan me perguntou: “Como esqueceu?” Só me lembrava que ela estava em cima da cama e eu jurava que havia colocado ela, mas tava tão zoreta de sono aliado ao “Bamo, bamo, baaaaaamoooo” do Primo que devo ter deixado ela em cima na cama. Perguntamos ao Primo se ele poderia voltar, mas ele disse que estávamos próximos do gêiser (portanto bem longe do hotel), então ficou combinado que iríamos ao gêiser e às águas termais primeiro, ficaríamos um pouco menos e na volta, ao invés de ir para o Deserto de Dali, voltaríamos ao alojamento para pegar a doleira. Nem precisa dizer que eu estava agoniado, pois meu medo era voltar e não achar ela lá, embora eu tivesse certeza que deixei em cima da cama. O Primo falou um monte dizendo que avisou para não esquecermos nada, e ficou tirando sarro, dizendo “Tinha que ser Caganero de Brasil!” Ok, eu merecia, afinal, caganeros fazem cagada!

Quando descemos no gêiser, enquanto o povo foi tirar fotos e conferia o lugar, o Primo pegou minha mochila no alto da van e eu conferi pra ver se não havia, por engano, guardado ela lá. Nada!

 

 

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Gêiser

 

 

Gêiser

 

 

Ficamos bem pouco nos gêiseres, logo seguimos rumo às águas termais. Ao chegar, percebi que era um espécie de piscina, eu achava que fosse tipo um lago, sei lá. Tinha uma casinha onde ficavam os banheiros e os armários onde se podiam guardar as coisas. Uma senhora ficava na porta cobrando o pessoal, eram 3 bolivianos pra entrar nas termas. Como eu estava sem um puto, pois meu dinheiro estava todo na doleira e eu iria separar a grana do dia dentro da van, o Renan pagou minha entrada. Fui me trocar e percebi o quanto estava frio, meus dentes trincavam, o vento era forte e apesar do sol que estava, a sensação era de muito frio. E como desgraça pouca é bobagem, na hora de entrar, mesmo tomando cuidado levei um puta escorregão que me fez entrar igual estive num tobogã, deslizando de bunda pela pedra, provocando risos gerais do povo. Dentro da piscina, a sensação era maravilhosa, água bem quentinha, estava bem cheio o lugar. O Mário encontrou com um grupo de brasileiros que já havia conhecido antes e ficamos conversando. Era uma família que, pelo sotaque, era do sul, mas moravam em Santa Cruz de la Sierra há anos. Falei da minha adaptação sofrida com a altitude e ele me ensinou a maneira correta de usar a folha de coca, aconselhando a comprar bicarbonato de sódio, que potencializa o efeito dela. A receita é simples: põe um punhado de folhas bem servido na palma da mão, polvilha um pouco de bicarbonato por cima, faz uma trouxinha e coloca no canto da boca, sem morder, apenas deixa lá. Comecei a fazer isso e realmente faz muita diferença, o efeito é bem melhor, a única coisa ruim é que fica formigando tudo no canto da boca, mas nada de tão insuportável assim. Ele ainda disse que também sofre com a altitude, aliás, o boliviano em geral sofre com a altitude, pois o país tem diferenças de altura das cidades. Até brincou falando que faz de tudo pra não precisar ir a La Paz, pois sempre sofre com o mal da altitude.

Ficamos nas termas por mais ou menos uma hora e depois fomos nos trocar para ir de volta buscar o raio da minha doleira. Essa hora foi foda, imagina sair daquela água quentinha, encarar o vento e se trocar. Que friaca da porra!

 

 

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Águas Termais de Polques

 

 

Entramos na van e fizemos o caminho de volta. Eu estava angustiado, já pensou não encontrar a doleira, todo o meu dinheiro estava lá, além do meu cartão e do meu RG. Estava fodido! Eu que normalmente sou de falar muito, mas tava calado, amoado, não só porque estava preocupado, mas também porque sabia que tinha zoado o rolê do povo, mesmo o pessoal não fazendo cara feia, até perguntavam porque eu tava calado, e me tranquilizavam dizendo pra não me preocupar pois acharia a doleira e ficaria tudo bem.

Parece que o caminho de volta era maior que o da ida, não chegava nunca, avistamos até a Laguna Colorada novamente e, eita! Falaram que ela só ficava vermelha no final da tarde, mas pra nossa surpresa, lá estava ela, talvez até mais vermelha do que no dia anterior, e eram mais ou menos entre nove e meia e dez horas da manhã.

Finalmente, depois de um século de estrada, era possível avistar o alojamento. Logo chegamos e eu desci feito boi louco pra ir direto ao quarto, enquanto o Primo explicava ao Severino o acontecido. Entro no quarto, chego na cama e...FODEU! Não estava lá! Aí cacete, e agora? Comecei a revirar tudo: levantei o lençol e os cobertores, nada; levantei o colchão, nada; olhei as outras camas, nada; pulei pra São Longuinho, nada; peguei uma pá e escavei o quarto, achei petróleo, mais a doleira, nada. Nisso o pessoal entrou e perguntou se eu havia achado, quando disse que não todos começaram a procurar comigo. Perguntamos ao Severino se ele havia achado, a resposta foi não. Eu já tava virado no Jiraya àquela altura pensando no que fazer, já cogitava de fazer uma transferência bancária pela Internet para a Marina, pois o banco dela é o mesmo que o meu, daí ela sacava pra mim. Olhei minha mochila novamente, tirei tudo, tudo mesmo e nada, pedi pro Renan olhar a dele, pois é exatamente igual a minha e vai que por engano ele guardou lá. Ele subiu na van e revirou a dele e nada. Daí lembramos do Luis, mas ele não estava lá, foi então que o Primo e o Severino foram atrás dele. Um fato causou estranheza, o Herbert e mais alguém estava na van, e o Primo mandou que descessem pra ele poder sair. Os dois foram lá e eu desesperado fiquei no aguardo, era a última esperança. Não demorou muito e eles voltaram trazendo o Luis, e para meu alívio ele havia achado a doleira. Nem acreditei, fiquei aliviado, mas o padrão boliviano imperou nessa hora: ele queira uma “propina” por ter achado. Filho da puta! ::grr:: Imediatamente pedi para olhar a doleira, abri, vi meus documentos e meus cartões, OK, e abri a parte do dinheiro, vi que os bolivianos estavam lá, mas como não lembrava quanto tinha exatamente, nem conferi o valor, e vi o bolinho de reais que tinha separado para o Peru, mais a nota de cem que estava separada que havia sobrado do cambio que fiz em Santa Cruz. Estava tudo OK. A minha vontade era dar um murro naquele cara, meu, achou, devolve, é simples, porra de recompensa, mas na hora pensei: o cara era parça do motorista, vai saber se ele também não tava envolvido, de repente arrumo treta com o cara e depois o motorista fode com a gente, sei lá, não era nosso país e sabe como é né, então abri a doleira e a menor nota que eu tinha era de 20, a contra gosto dei pra ele, e não é que o arrombado reclamou achando pouco? Olhei pra ele, respirei fundo pra não afundar o focinho dele e falei que tava era bom demais, agradeci por achar e virei as costas, ainda me segurando pra não dar um murro nele. Entramos logo na van e fomos embora rumo a Uyuni. O pior é que como o Primo já tinha colocado de volta a lona cobrindo as mochilas, tive que ir com a minha no colo naquele lugar apertado. Todo castigo pra corno, ou pra burro nesse caso, é pouco, já dizia o velho ditado!

Aproveitei para conferir novamente a doleira com mais calma, e aí percebi o seguinte: eu tinha deixado um bolo com 1500 reais para cambiar no Peru e uma nota de 100 separada que sobrou, OK! Só que a nota de cem estava lá, mas no bolo só tinha 1400. FILHO DA PUTAAAAAA! ::vapapu:: O lazarento havia me roubado 100 reais! O pessoal não acreditou quando disse. Caralho, se eu tivesse visto na hora, tinha socado a mão no maluco, foda-se se desse merda depois, faria ele cagar aquela nota de 100. Se pensar bem, ainda bem que não notei na hora, porque eu faria merda, certeza. Isso é pra aprender a não guardar tudo num único lugar, a partir de agora passei até a dormir com a doleira e dividir a grana em lugares diferentes. Mas acho que o grande golpe de sorte foi ficarmos sozinhos lá, imagina se tivesse mais gente, seria mais difícil achar e fora que o Luis poderia usar a desculpa que alguém pegou e levou embora. Enfim, no final das contas até que tive sorte, mesmo tendo um prejuízo de 20 bolivianos e 100 reais.

Bom, passado o susto, agora era encarar uma longa viagem até Uyuni, a previsão de chegada era por volta de 17h, e ainda eram entre 10h30 e 11h.

Mesmo estando aliviado, estava chateado, pois sabia que tinha zoado o passeio do povo, estávamos ansiosos para ver o Deserto de Dali que dizem ser lindo, mas por minha causa os planos mudaram. Mas o pessoal até que estava de boa (aparentemente), pelo menos ninguém falou nada a respeito.

Por volta de 12h30, paramos numa cidadezinha chamada Villamar para almoçar. Ventava muito e enquanto aguardávamos o almoço, do lado de fora, comemos muita areia. Aliás, aguardamos muito, pois só entrava uma turma de cada vez, e na nossa frente tinha algumas ainda. Demorou, mas finalmente o Primo nos chamou, e então nos sentamos à mesa e ele trouxe a comida, sempre preparada pro ele. O rango nesse dia estava um pouco mais pobre, era atum, para desespero do Herbert que não pode comer pois lhe faz mal, arroz, uma salada de tomate e pepino. E não é que o atum fez mal ao Herbert mesmo, pois foi acabar de comer, ele se trancou no banheiro e achamos que ele havia morrido lá, até brincamos falando pra mulher dele que ela estava viúva. O Primo já havia ligado a van e começou a buzinar com nós lá dentro, até que ele chegou, e o Primo, que era um tremendo de um sarrudo, começou a gritar: “Bamo Caganero de Brasil, bamo!” Pelo menos a cagada dele se limitou apenas a essa né...

 

 

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Villamar

 

 

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Tomamos a maior canseira esperando pra almoçar

 

 

E bora seguir estrada. E acompanhando a viagem, a “sensacionante” trilha sonora do Primo, com uma mistura das de “dor de corno / chororô” boliviano e umas meio agitadas, fora que teve uma hora que tocaram umas 3 ou 4 músicas seguidas onde na hora do refrão o cantor dizia “Marili, Marili” (parecia, mas não era a mesma música). Esse refrão virou motivo de piada entre nós e toda vez que chegava na parte do refrão, cantavamos em coro, tirando gargalhadas do Primo, que notou a gozação mas não ligou.

No caminho, ainda paramos num lugar chamado Valle de las Rocas. Eram várias formações rochosas, algumas inclusive pareciam com formas de animais esculpidas, o lugar era bem grande, mas só ficamos um pouco, pois ainda tinha chão pela frente.

 

 

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Valle de las Rocas

 

 

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Finalmente, por volta de umas 16h30, chegamos a Uyuni, estávamos cansados pela viagem longa. Ao chegar a agência, a Judite nos disse que nosso ônibus não era mais o de 19h da Todo Turismo, iríamos no semi cama da Turístico Omar às 20h. Ela não explicou bem o motivo, o que deixou eu e o Renan putos. Pelo menos ela devolveu o que foi pago a mais, pois esse era 120 e pagamos 200. Só que o Herbert e a Fran iam normalmente no outro, só nós três e o Mário íamos no semi cama mesmo. Seriam longas 10 horas de viagem (na verdade, durou mais).

 

 

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Da esquerda pra direita: Mário, Marina, Renan, Primo, eu, Herbert e Fran

 

 

Como ainda faltava muito pro ônibus, resolvemos comer uma pizza pra celebrar e fazer hora. Aliás, pizzaria é uma coisa que não falta em Uyuni, parece bar e igreja crente no Brasil. Escolhemos uma que tinha WiFi e entramos. Pedimos duas pizzas meio a meio e uma coca e ficamos usando a Internet até acabar o tempo (tínhamos direito a uma hora), comemos as pizzas, fizemos um pouco de hora andando pelo “centrinho”, o casal entrou no “mercadão” (esse era bem pequeno) e depois saímos rumo ao lugar de onde saiam os ônibus. Ah, no caminho vimos uma casa de câmbio e vi que o dólar tava 6.96 e o real 2.60 (23/09).

Nos despedimos do casal e fomos eu, Renan, Marina e Mário para esperar o nosso, que chegou e logo embarcamos. O ônibus era novo e bonito, era daqueles de dois andares e íamos em cima, nossos lugares era logo na frente junto do para-brisa. Tinha até cobertor, mas como não estava com frio usei ele de travesseiro.

Às 20h, o ônibus partiu rumo a La Paz, mas nosso ônibus seguiu pela estrada velha. Estrada, aliás, é bondade, porque aquilo parecia tudo, menos estrada, era de terra e cheia de buracos, o ônibus parecia um touro mecânico, o que tornou a viagem “puro conforto”. A estrada era tão zoada que era demarcada com garrafa pet pintada de vermelho nas bordas pra diferenciar do “acostamento”. E um breu só!

 

 

A viagem seria mais longa que o imaginado daquele jeito, eu estava meio desajeitado no banco. Num determinado pedaço, notei que havia um pedágio e pensei: “Os caras cobram pedágio por essa merda? Depois dessa, não xingo mais o Alckmin!” Mas logo entendi o porquê, assim que passou o pedágio, a estrada passou a ser asfaltada, e embora ainda esburacada, melhorou bastante, mas isso foi umas horas depois. Ao passar por Oruro, o ônibus parou rapidamente na rodoviária da cidade (na verdade, a rodoviária fica na rua mesmo) e nessa hora dei mais um de meus foras. Um pouco antes, levantei para ir ao banheiro, mas vi que a porta estava trancada e voltei. Quando ele parou, desci de novo e pedi pro motorista se ele podia abrir o banheiro para eu usar, ele fez uma cara de quem estranhou a pergunta, veio e eu mostrei que estava trancado, ele riu e disse: “Não é aí, é aqui!”, e deu uma batida com a mão (um murro), abrindo a porta, que estava atrás de mim. Explico, a anta lusitana aqui estava tentando abrir a porta que dá acesso a calefação do ônibus, e não reparei que o banheiro estava atrás de mim. Fiquei sem graça, e agradeci.

A viagem seguiu, eu claro, mas acordado do que dormindo, e logo que saímos de Oruro o ônibus parou. Tinha acontecido um acidente no meio da estrada, não deu para ver muito bem, estava escuro, mas tinha um ônibus, um caminhão e um carro atravessado e bastante polícia. Parece ter sido feio! Resultado: o busão teve que voltar um puta pedaço, pegar um desvio que a polícia orientou e seguir um trecho por uma estradinha lateral para passar pelo trecho do acidente. Tentei ver de novo quando passamos, mas tava muito escuro e não consegui enxergar.

 

Gastos do dia

 

Ingresso para piscina termal: b$ 3,00 (pago pelo Renan)

Cambeque do Luís: R$ 100,00 e b$ 20,00

Pizza: b$ 43,00

 

Reembolso do dia ::cool:::'>

Excedente do ônibus p/ La Paz: b$ 80,00

 

 

Continua...

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Alexandre,

 

voce acha que encarece muito a viagem um pulo básico no chile e de la seguir para o peru, basico digo só ir la e conhecer os passeiuos de graça e mais baratos

 

Vlw e otima viagem a sua .. muito bem detalhada.. sera a base para a minha

 

Abraços

 

 

Salve Luiz!Bom, eu já tive no Chile uma vez, mas foi só em Santiago e em outro esquema, viagem com hotel reservado, nada a ver com mochilão, mas posso dizer que o Chile é um país mais caro em relação ao Peru e à Bolívia. Com relação a passeios de graça ou baratos, básicos como você diz, não posso te afirmar como é justamente por não ter feito o Atacama, mas acredito que mesmo que encareça, se você pesquisar bem e se informar bastante, dá pra fazer sem estourar muito o orçamento. Na Bolívia e no Peru mesmo, li muito sobre valores e lá pesquisei bastante, em algumas coisas até consegui preços menores do que havia visto antes de ir.

Obrigado pelo elogio e qualquer dúvida pode perguntar!

Abraço!

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  • Membros
Alexandre,

 

Você lembra o nome dessa empresa de ônibus, que não é a Todo Turismo, que vai pela estrada nova até La Paz?

 

 

Na verdade, é o contrário, a Todo Turismo é a que foi pela estrada nova, a nossa, que foi pela "estrada" velha era a Turístico Omar.

Qualquer dúvida pode perguntar!

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