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Poesias


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  • Membros de Honra

Por incrível que pareça não sou muito afeito a poesias, mas tem umas que são pérolas que devem ser cultuadas na essência.

Como esta de Augusto dos Anjos.

Versos Íntimos

 

Vês! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a Ingratidão - esta pantera -

Foi tua companheira inseparável!

 

Acostuma-te à lama que te espera!

O Homem, que, nesta terra miserável,

Mora, entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.

 

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.

 

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!

Editado por Visitante
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  • Membros de Honra

Valeu Mauro,na verdade leio sempre e gosto um pouco de poesia encontrei esta de Oswald de Andrade que nos faz pensar.

 

A Descoberta

 

Seguimos nosso caminho por este mar de longo

Até a oitava da Páscoa

Topamos aves

E houvemos vista de terra

os selvagens

Mostraram-lhes uma galinha

Quase havia medo nela

E não queriam por a mão

E depois a tomaram como espantados

primeiro chá

Depois de dançarem

Diogo Dias

Fez o salto real

as meninas da gare

Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis

Com cabelos mui pretos pelas espáduas

E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas

Que de nós as muito bem olharmos

Não tínhamos nenhuma vergonha.

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  • Membros de Honra

Esta eu li e nunca mais esqueci só não tenho certeza quem é o autor se é Raimunodo Correia o J. G. de Araujo Jorge

Mal Secreto

 

Se a cólera que espuma, a dor que mora

N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,

Tudo o que punge, tudo o que devora

O coração, no rosto se estampasse;

 

Se se pudesse o espírito que chora

Ver através da máscara da face,

Quanta gente, talvez, que inveja agora

Nos causa, então piedade nos causasse!

 

Quanta gente que ri, talvez, consigo

Guarda um atroz, recôndito inimigo,

Como invisível chaga cancerosa!

 

Quanta gente que ri, talvez existe,

Cuja a ventura única consiste

Em parecer aos outros venturosa!

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  • Membros de Honra

Óia só.Pois esses dias tava relendo Manuel Bandeira.......Ler poesias é bom pacas!!!! leitura simples e bacana curto mario Quintana....

 

Os Retratos”

Os antigos retratos de parede

 

Não conseguem ficar longo tempo abstratos.

 

Às vezes os seus olhos te fixam, obstinados

 

Porque eles nunca se desumanizam de todo

 

Jamais te voltes pra trás de repente.

 

Não, não olhes agora!

 

O remédio é cantares cantigas loucas e sem fim…

 

Sem fim e sem sentido…

 

Dessas que a gente inventava

 

enganar a solidão dos caminhos sem lua.

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  • 3 meses depois...
  • Membros de Honra

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,

mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo..

E que posso evitar que ela vá a falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver

apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e

se tornar um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar

um oásis no recôndito da sua alma .

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.

É saber falar de si mesmo.

É ter coragem para ouvir um 'não'.

É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

 

Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

 

(Fernando Pessoa)

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  • Membros

Poesia é o alimento da alma.

 

Mauro Brandão, o poema Mal Secreto é de Raimundo Correia.

Cebola, este texto que geralmente é atribuído a Fernando Pessoa, não foi escrito pelo genial poeta português. Trata-se na verdade de um "texto-mutante". Existem muitos circulando na internet e geralmente são atribuídos erroneamente a escritores famosos e renomados, de certo para dar crédito as esses plágios mal-feitos.

No caso do texto postado, a primeira parte é uma cópia transformada de um texto de Augusto Cury, presente em seu livro Dez Leis Para Ser Feliz. A outra parte (Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo...) é de autoria do blogueiro brasileiro Nemo Nox, publicada em seu blog.

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  • Membros de Honra

Arte de Amar

(Manuel Bandeira)

 

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.

A alma é que estraga o amor.

Só em Deus ela pode encontrar satisfação.

Não noutra alma.

Só em Deus — ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.

 

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

 

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

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  • Membros de Honra

O DESESPERO DA PIEDADE

(Vinicius de Moraes)

 

Meu Senhor, tende piedade dos que andam de bonde

E sonham no longo percurso com automóveis, apartamentos...

Mas tende piedade também dos que andam de automóvel

Quantos enfrentam a cidade movediça de sonâmbulos, na direção.

 

Tende piedade das pequenas famílias suburbanas

E em particular dos adolescentes que se embebedam de domingos

Mas tende mais piedade ainda de dois elegantes que passam

E sem saber inventam a doutrina do pão e da guilhotina

 

Tende muita piedade do mocinho franzino, três cruzes, poeta

Que só tem de seu as costeletas e a namorada pequenina

Mas tende mais piedade ainda do impávido forte colosso do esporte

E que se encaminha lutando, remando, nadando para a morte.

 

Tende imensa piedade dos músicos de cafés e de casas de chá

Que são virtuoses da própria tristeza e solidão

Mas tende piedade também dos que buscam o silêncio

E súbito se abate sobre eles uma ária da Tosca.

 

Não esqueçais também em vossa piedade os pobres que enriqueceram

E para quem o suicídio ainda é a mais doce solução

Mas tende realmente piedade dos ricos que empobreceram

E tornam-se heróicos e à santa pobreza dão um ar de grandeza.

 

Tende infinita piedade dos vendedores de passarinhos

Quem em suas alminhas claras deixam a lágrima e a incompreensão

E tende piedade também, menor embora, dos vendedores de balcão

Que amam as freguesas e saem de noite, quem sabe onde vão...

 

Tende piedade dos barbeiros em geral, e dos cabeleireiros

Que se efeminam por profissão mas são humildes nas suas carícias

Mas tende maior piedade ainda dos que cortam o cabelo:

Que espera, que angústia, que indigno, meu Deus!

 

Tende piedade dos sapateiros e caixeiros de sapataria

Quem lembram madalenas arrependidas pedindo piedade pelos sapatos

Mas lembrai-vos também dos que se calçam de novo

Nada pior que um sapato apertado, Senhor Deus.

Tende piedade dos homens úteis como os dentistas

Que sofrem de utilidade e vivem para fazer sofrer

Mas tente mais piedade dos veterinários e práticos de farmácia

Que muito eles gostariam de ser médicos, Senhor.

 

Tende piedade dos homens públicos e em particular dos políticos

Pela sua fala fácil, olhar brilhante e segurança dos gestos de mão

Mas tende mais piedade ainda dos seus criados, próximos e parentes

Fazei, Senhor, com que deles não saiam políticos também.

E no longo capítulo das mulheres, Senhor, tenha piedade das mulheres

Castigai minha alma, mas tende piedade das mulheres

Enlouquecei meu espírito, mas tende piedade das mulheres

Ulcerai minha carne, mas tende piedade das mulheres!

 

Tende piedade da moça feia que serve na vida

De casa, comida e roupa lavada da moça bonita

Mas tende mais piedade ainda da moça bonita

Que o homem molesta — que o homem não presta, não presta, meu Deus!

 

Tende piedade das moças pequenas das ruas transversais

Que de apoio na vida só têm Santa Janela da Consolação

E sonham exaltadas nos quartos humildes

Os olhos perdidos e o seio na mão.

 

Tende piedade da mulher no primeiro coito

Onde se cria a primeira alegria da Criação

E onde se consuma a tragédia dos anjos

E onde a morte encontra a vida em desintegração.

 

Tende piedade da mulher no instante do parto

Onde ela é como a água explodindo em convulsão

Onde ela é como a terra vomitando cólera

Onde ela é como a lua parindo desilusão.

 

Tende piedade das mulheres chamadas desquitadas

Porque nelas se refaz misteriosamente a virgindade

Mas tende piedade também das mulheres casadas

Que se sacrificam e se simplificam a troco de nada.

 

Tende piedade, Senhor, das mulheres chamadas vagabundas

Que são desgraçadas e são exploradas e são infecundas

Mas que vendem barato muito instante de esquecimento

E em paga o homem mata com a navalha, com o fogo, com o veneno.

 

Tende piedade, Senhor, das primeiras namoradas

De corpo hermético e coração patético

Que saem à rua felizes mas que sempre entram desgraçadas

Que se crêem vestidas mas que em verdade vivem nuas.

 

Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres

Que ninguém mais merece tanto amor e amizade

Que ninguém mais deseja tanto poesia e sinceridade

Que ninguém mais precisa tanto alegria e serenidade.

 

Tende infinita piedade delas, Senhor, que são puras

Que são crianças e são trágicas e são belas

Que caminham ao sopro dos ventos e que pecam

E que têm a única emoção da vida nelas.

 

Tende piedade delas, Senhor, que uma me disse

Ter piedade de si mesma e da sua louca mocidade

E outra, à simples emoção do amor piedoso

Delirava e se desfazia em gozos de amor de carne.

 

Tende piedade delas, Senhor, que dentro delas

A vida fere mais fundo e mais fecundo

E o sexo está nelas, e o mundo está nelas

E a loucura reside nesse mundo.

 

Tende piedade, Senhor, das santas mulheres

Dos meninos velhos, dos homens humilhados — sede enfim

Piedoso com todos, que tudo merece piedade

E se piedade vos sobrar, Senhor, tende piedade de mim!

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