Membros de Honra MauroBrandão Postado Julho 6, 2009 Membros de Honra Postado Julho 6, 2009 (editado) Por incrível que pareça não sou muito afeito a poesias, mas tem umas que são pérolas que devem ser cultuadas na essência. Como esta de Augusto dos Anjos. Versos Íntimos Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão - esta pantera - Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija! Editado Dezembro 11, 2009 por Visitante
Membros de Honra billythekid Postado Julho 6, 2009 Membros de Honra Postado Julho 6, 2009 Valeu Mauro,na verdade leio sempre e gosto um pouco de poesia encontrei esta de Oswald de Andrade que nos faz pensar. A Descoberta Seguimos nosso caminho por este mar de longo Até a oitava da Páscoa Topamos aves E houvemos vista de terra os selvagens Mostraram-lhes uma galinha Quase havia medo nela E não queriam por a mão E depois a tomaram como espantados primeiro chá Depois de dançarem Diogo Dias Fez o salto real as meninas da gare Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis Com cabelos mui pretos pelas espáduas E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas Que de nós as muito bem olharmos Não tínhamos nenhuma vergonha.
Membros de Honra MauroBrandão Postado Julho 6, 2009 Autor Membros de Honra Postado Julho 6, 2009 Esta eu li e nunca mais esqueci só não tenho certeza quem é o autor se é Raimunodo Correia o J. G. de Araujo Jorge Mal Secreto Se a cólera que espuma, a dor que mora N’alma, e destrói cada ilusão que nasce, Tudo o que punge, tudo o que devora O coração, no rosto se estampasse; Se se pudesse o espírito que chora Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse! Quanta gente que ri, talvez, consigo Guarda um atroz, recôndito inimigo, Como invisível chaga cancerosa! Quanta gente que ri, talvez existe, Cuja a ventura única consiste Em parecer aos outros venturosa!
Membros de Honra LEO_THC Postado Julho 6, 2009 Membros de Honra Postado Julho 6, 2009 "Ali, onde florescem aqueles prédios, flor nenhuma se edifica" Leonardo Parente
Membros de Honra cebola Postado Julho 10, 2009 Membros de Honra Postado Julho 10, 2009 Óia só.Pois esses dias tava relendo Manuel Bandeira.......Ler poesias é bom pacas!!!! leitura simples e bacana curto mario Quintana.... Os Retratos” Os antigos retratos de parede Não conseguem ficar longo tempo abstratos. Às vezes os seus olhos te fixam, obstinados Porque eles nunca se desumanizam de todo Jamais te voltes pra trás de repente. Não, não olhes agora! O remédio é cantares cantigas loucas e sem fim… Sem fim e sem sentido… Dessas que a gente inventava enganar a solidão dos caminhos sem lua.
Membros de Honra cebola Postado Novembro 4, 2009 Membros de Honra Postado Novembro 4, 2009 Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.. E que posso evitar que ela vá a falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma . É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um 'não'. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo... (Fernando Pessoa)
Membros raulagronomo Postado Novembro 4, 2009 Membros Postado Novembro 4, 2009 Poesia é o alimento da alma. Mauro Brandão, o poema Mal Secreto é de Raimundo Correia. Cebola, este texto que geralmente é atribuído a Fernando Pessoa, não foi escrito pelo genial poeta português. Trata-se na verdade de um "texto-mutante". Existem muitos circulando na internet e geralmente são atribuídos erroneamente a escritores famosos e renomados, de certo para dar crédito as esses plágios mal-feitos. No caso do texto postado, a primeira parte é uma cópia transformada de um texto de Augusto Cury, presente em seu livro Dez Leis Para Ser Feliz. A outra parte (Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo...) é de autoria do blogueiro brasileiro Nemo Nox, publicada em seu blog.
Membros de Honra MauroBrandão Postado Novembro 4, 2009 Autor Membros de Honra Postado Novembro 4, 2009 Valeu Raul pelas informações preciosas.
Membros de Honra Karenldc Postado Novembro 4, 2009 Membros de Honra Postado Novembro 4, 2009 Arte de Amar (Manuel Bandeira) Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma. A alma é que estraga o amor. Só em Deus ela pode encontrar satisfação. Não noutra alma. Só em Deus — ou fora do mundo. As almas são incomunicáveis. Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo. Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
Membros de Honra Karenldc Postado Novembro 4, 2009 Membros de Honra Postado Novembro 4, 2009 O DESESPERO DA PIEDADE (Vinicius de Moraes) Meu Senhor, tende piedade dos que andam de bonde E sonham no longo percurso com automóveis, apartamentos... Mas tende piedade também dos que andam de automóvel Quantos enfrentam a cidade movediça de sonâmbulos, na direção. Tende piedade das pequenas famílias suburbanas E em particular dos adolescentes que se embebedam de domingos Mas tende mais piedade ainda de dois elegantes que passam E sem saber inventam a doutrina do pão e da guilhotina Tende muita piedade do mocinho franzino, três cruzes, poeta Que só tem de seu as costeletas e a namorada pequenina Mas tende mais piedade ainda do impávido forte colosso do esporte E que se encaminha lutando, remando, nadando para a morte. Tende imensa piedade dos músicos de cafés e de casas de chá Que são virtuoses da própria tristeza e solidão Mas tende piedade também dos que buscam o silêncio E súbito se abate sobre eles uma ária da Tosca. Não esqueçais também em vossa piedade os pobres que enriqueceram E para quem o suicídio ainda é a mais doce solução Mas tende realmente piedade dos ricos que empobreceram E tornam-se heróicos e à santa pobreza dão um ar de grandeza. Tende infinita piedade dos vendedores de passarinhos Quem em suas alminhas claras deixam a lágrima e a incompreensão E tende piedade também, menor embora, dos vendedores de balcão Que amam as freguesas e saem de noite, quem sabe onde vão... Tende piedade dos barbeiros em geral, e dos cabeleireiros Que se efeminam por profissão mas são humildes nas suas carícias Mas tende maior piedade ainda dos que cortam o cabelo: Que espera, que angústia, que indigno, meu Deus! Tende piedade dos sapateiros e caixeiros de sapataria Quem lembram madalenas arrependidas pedindo piedade pelos sapatos Mas lembrai-vos também dos que se calçam de novo Nada pior que um sapato apertado, Senhor Deus. Tende piedade dos homens úteis como os dentistas Que sofrem de utilidade e vivem para fazer sofrer Mas tente mais piedade dos veterinários e práticos de farmácia Que muito eles gostariam de ser médicos, Senhor. Tende piedade dos homens públicos e em particular dos políticos Pela sua fala fácil, olhar brilhante e segurança dos gestos de mão Mas tende mais piedade ainda dos seus criados, próximos e parentes Fazei, Senhor, com que deles não saiam políticos também. E no longo capítulo das mulheres, Senhor, tenha piedade das mulheres Castigai minha alma, mas tende piedade das mulheres Enlouquecei meu espírito, mas tende piedade das mulheres Ulcerai minha carne, mas tende piedade das mulheres! Tende piedade da moça feia que serve na vida De casa, comida e roupa lavada da moça bonita Mas tende mais piedade ainda da moça bonita Que o homem molesta — que o homem não presta, não presta, meu Deus! Tende piedade das moças pequenas das ruas transversais Que de apoio na vida só têm Santa Janela da Consolação E sonham exaltadas nos quartos humildes Os olhos perdidos e o seio na mão. Tende piedade da mulher no primeiro coito Onde se cria a primeira alegria da Criação E onde se consuma a tragédia dos anjos E onde a morte encontra a vida em desintegração. Tende piedade da mulher no instante do parto Onde ela é como a água explodindo em convulsão Onde ela é como a terra vomitando cólera Onde ela é como a lua parindo desilusão. Tende piedade das mulheres chamadas desquitadas Porque nelas se refaz misteriosamente a virgindade Mas tende piedade também das mulheres casadas Que se sacrificam e se simplificam a troco de nada. Tende piedade, Senhor, das mulheres chamadas vagabundas Que são desgraçadas e são exploradas e são infecundas Mas que vendem barato muito instante de esquecimento E em paga o homem mata com a navalha, com o fogo, com o veneno. Tende piedade, Senhor, das primeiras namoradas De corpo hermético e coração patético Que saem à rua felizes mas que sempre entram desgraçadas Que se crêem vestidas mas que em verdade vivem nuas. Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres Que ninguém mais merece tanto amor e amizade Que ninguém mais deseja tanto poesia e sinceridade Que ninguém mais precisa tanto alegria e serenidade. Tende infinita piedade delas, Senhor, que são puras Que são crianças e são trágicas e são belas Que caminham ao sopro dos ventos e que pecam E que têm a única emoção da vida nelas. Tende piedade delas, Senhor, que uma me disse Ter piedade de si mesma e da sua louca mocidade E outra, à simples emoção do amor piedoso Delirava e se desfazia em gozos de amor de carne. Tende piedade delas, Senhor, que dentro delas A vida fere mais fundo e mais fecundo E o sexo está nelas, e o mundo está nelas E a loucura reside nesse mundo. Tende piedade, Senhor, das santas mulheres Dos meninos velhos, dos homens humilhados — sede enfim Piedoso com todos, que tudo merece piedade E se piedade vos sobrar, Senhor, tende piedade de mim!
Posts Recomendados