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Filmes em prol à sustentabilidade.


FabioMogli

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[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20100701173118.jpg 125 180 ]O gaúcho Jorge Furtado é diretor de uma das melhores comédias do cinema nacional recente, O Homem Que Copiava, de 2003. Muito antes disso, já era conhecido por uma pequena obra-prima, o premiadíssimo curta-metragem Ilha das Flores – melhor curta em Gramado e Urso de Prata em Berlim. Numa alucinada colagem de imagens, narradas pelo ator Paulo José a partir de um texto de assombrosa objetividade - ainda que por vezes beirando o surreal -, Furtado retrata sucintamente as mazelas da sociedade de consumo.

O senhor Suzuki planta tomates em Porto Alegre. Ele é um bípede, mamífero, possui o telencéfalo altamente desenvolvido e o polegar opositor. É, portanto, um ser humano. Ele vende os tomates no supermercado. Dona Anete, também um ser humano, vende perfumes e, com o dinheiro da venda, compra os tomates do senhor Suzuki e carne de porco para uma refeição da família.[/picturethis]

Um dos tomates está estragado e é jogado pela conscienciosa dona Anete no lixo. O refugo vai parar num lixão da capital gaúcha conhecido pelo irônico nome de Ilha das Flores. Nele, um homem compra um terreno e no local cria porcos. Seus funcionários catam no lixo o que pode ser considerado apropriado como alimentação para os porcos. Depois, o dono do terreno deixa entrar aqueles que então poderão escolher a parte que lhes cabe do lixo como alimentação - os seres humanos.

 

As últimas palavras do roteiro lembram: "O que coloca os seres humanos da Ilha das Flores numa posição posterior aos porcos na prioridade de escolha de materiais orgânicos é o fato de não terem dinheiro nem dono. Os humanos se diferenciam dos outros animais pelo telencéfalo altamente desenvolvido, pelo polegar opositor e por serem livres. Livre é o estado daquele que tem liberdade. Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda."

 

A Ilha das Flores não é uma ficção. Existe, e fica na margem esquerda do Rio Guaíba, a poucos quilômetros de Porto Alegre, a céu aberto. Assim como existem as circunstâncias descritas por Furtado, que escolheu uma ficção para descrevê-las.

 

O diretor disse ter entre suas influências no curta o escritor americano Kurt Vonnegut Jr. (um ídolo dos hippies), o diretor francês Alan Resnais (e, em especial, seu filme Meu Tio da América) e a enciclopédia Conhecer. Certamente encontra-se nele, também, a influência do cineasta americano e membro do grupo Monty Python, Terry Gilliam, e suas vinhetas animadas para antológico seriado Flying Circus.

 

Seja lá de onde for que o telencéfalo de Furtado tirou suas idéias, Ilha das Flores poderia e deveria ser matéria curricular, por registrar de forma didática e engajante uma realidade que, ao final, deixa um gosto amargo e funciona como um poderoso alerta: gente é pra brilhar, não pra morrer de fome.

 

Por José Eduardo Mendonça

 

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[creditos]Planeta Sustentável[/creditos]

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