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SVANETI

 

Se há uma região imperdível na Geórgia, é essa. A montanhosa Svaneti, a despeito do acesso complicado (há uma estrada pavimentada até Mestia, a capital da região, mas no inverno ela é frequentemente interditada por avalanches, além do número absurdo de vacas soltas na pista), seria a joia da coroa georgiana. Esparsamente populada, os seus habitantes, os svans, são meio que temidos pelos outros georgianos, por serem demasiadamente desconfiados e gostarem de uma briga; mas também são generosos e efusivos quando se ganha a confiança deles. Devido ao temperamento difícil dos svans, nem mesmo os russos (apesar de a fronteira russa ser muito próxima) se atreveram a afrontá-los diretamente, consequentemente, eles puderam viver o estilo de vida que lhes era característico mesmo nos tempos de União Soviética. A marca registrada daqui são as torres de vigilância, espalhadas por toda a região e construídas nos séculos XI e XII; algumas são utilizadas até hoje como moradia. Como destinos turísticos tradicionais, temos a capital, Mestia, e Ushguli, que é considerada a povoação de maior altitude da Europa (2.200m). Mestia possui pouco mais que 10 mil habitantes, mas a infraestrutura para o turismo até que é boa; o que não faltam aqui são hotéis, hostels e pousadas, além de restaurantes de comidas típicas e lanchonetes mais adaptadas ao estilo ocidental. Também costuma ser o ponto de partida para se visitar Ushguli, que fica a 46km; apesar da pouca distância, esta viagem só pode ser realizada por veículos 4x4 e demora mais de duas horas, devido às condições precárias da estrada, que não é asfaltada. É comum os habitantes permanecerem ilhados durante alguns períodos do inverno, devido a avalanches, então, se alguém vai para a Geórgia no inverno, precisa sobretudo checar as condições de trafegabilidade desta área. Quando estive em Ushguli, não estava tão frio por ser verão (devia estar uns 17 graus, mais ou menos), mas peguei chuva, o que me impediu de ver totalmente o ponto culminante de toda a Geórgia, o Pico Shkhara (5.068m), facilmente visível a partir da vila. Svaneti é definitivamente uma visita obrigatória para quem se aventurar pela Geórgia, ainda que no inverno; nesse caso, só é preciso ser prudente e checar as condições meteorológicas e de tráfego, caso contrário, corre-se o risco de ficar alguns dias preso em Mestia (ao menos aqui tem aeroporto; dá para pegar um voo até Tbilisi, se a grana permitir) ou em Ushguli (aqui não tem como sair mesmo numa interdição de pista). Fotos abaixo (a foto de Ushguli com dia ensolarado eu peguei da internet, assim como a foto da vila no inverno; infelizmente, não pude ver nenhuma das duas situações pessoalmente).

 

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Símbolo-mor da região de Svaneti: a torre de vigilância (existem centenas espalhadas por aqui).

 

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Praça central de Mestia, maior cidade de Svaneti.

 

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Ushguli. Ao fundo, o Pico Shkhara, infelizmente quase que totalmente encoberto.

 

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Torres de vigilância em Ushguli.

 

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Em Ushguli. Da esquerda para a direita, o motorista, Revas, eu e a guia, Nino (sim, Nino é um nome feminino muito comum na Geórgia, devido à Santa Nino, que introduziu o cristianismo no país e, dizem, seria prima de São Jorge).

 

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Ushguli em um dia ensolarado, ocasião em que é possível avistar todo o Pico Shkhara.

 

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Ushguli num dia de inverno; nessa época, não é raro o vilarejo perder contato com o mundo por conta de avalanches, que causam a interdição da estrada que leva até Mestia.

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BATUMI

 

Maior cidade da Geórgia no litoral do Mar Negro (uns 130 mil habitantes, aproximadamente), Batumi é o destino de verão preferido dos armênios (uma vez que a Armênia não possui saída para o mar) e dos turcos do leste (a fronteira com a Turquia fica a apenas 15km); russos também batem ponto por aqui, embora em menor número. A praia em si não é grande coisa; aliás, para nós, brasileiros, é esdrúxulo ver pessoas estirando toalhas para se deitar em cima de pedregulhos (isso mesmo: as praias não são de areia, mas sim de pedregulhos arredondados; quando as ondas batem neles, produz um barulho bem forte), mas a mistura de georgianos, armênios, turcos e russos dá um colorido todo especial à cidade, e o calçadão é muito gostoso de se andar. Batumi é bem projetada, muito agradável, fácil de caminhar, com ótimos restaurantes e vida noturna agitada; mas apresenta alguns edifícios e monumentos arquitetônicos de gosto bem duvidoso (a Torre do Alfabeto é o primeiro exemplo que me vem à cabeça). Atrações turísticas nos arredores são o Jardim Botânico, com plantas do mundo todo (inclusive do Brasil, com palmeiras e a folhinha que é conhecida como sensitiva ou dormideira) e a Fortaleza Gonio, construída pelos romanos (não é notável, e muita coisa foi destruída, mas vale a pena conhecer). Pelo menos dois dias são necessários para se conhecer Batumi, e deixar de fora essa cidade numa eventual visita ao país seria um pecado. Fotos abaixo:

 

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Praia em Batumi.

 

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Nada de areia: as praias aqui são de pedregulhos.

 

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Calçadão de Batumi.

 

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Arquitetura de gosto duvidoso; à esquerda, a Torre do Alfabeto.

 

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Torre do Alfabeto vista mais de perto.

 

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Batumi vista a partir do Jardim Botânico.

 

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Fortaleza Gonio.

 

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Estátua de Medeia segurando o Velocino de Ouro; teria sido em Batumi que os Argonautas chegaram na Cólquida, e teriam subido rio acima até chegarem à capital.

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  • 9 meses depois...
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Parabéns pelo seu relato! Realmente a Geórgia parece ser um lugar nem interessante, juntamente com a Armênia. Só uma dúvida: quanto foi o valor da guia? E um guia é realmente indispensável pra visitar o país?

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Oi Dante, eu não me lembro o valor exato, mas é um pouco salgado (acho que em torno de 1000 euros). Mas um guia não é de forma alguma indispensável, é perfeitamente possível (e até mais divertido, acredito) fazer tudo por conta própria, mas é preciso ter paciência; o principal problema ao se fazer turismo na Geórgia é a inconstância dos transportes públicos. Geralmente o transporte público é feito por vans (que eles chamam de mashrutkas), que só saem depois que estiverem lotadas, e dirigir é péssima ideia; além dos georgianos serem descuidados ao volante, a quantidade de vacas soltas (e até deitadas) na pista é assustadora. Em todo caso, encontrei com um brasileiro residente em Brasília que estava fazendo tudo por conta própria, então se tiver vontade de conhecer esse país fascinante, vá sem medo.

  • 5 semanas depois...
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Olá, Marcos!

Gosto de ver aqui no mochileiros relatos como o seu, que saem da rotina e aumentam as possibilidades de uma viagem. Parabéns!

Pergunta: que idioma você usou mais lá? Dá pra se virar no inglês?

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Olá, Beto, obrigado. Como eu estava com uma guia local que falava inglês, não tive problemas de comunicação. Em cidades maiores como Tbilisi, Kutaisi e na hiperturística Batumi, dá para se virar bem com inglês; o problema são os lugares mais remotos, como Kazbegi, Akhaltsikhe e na região de Svaneti, nesses lugares quase ninguém fala inglês e, para piorar, o alfabeto usado não é o latino, mas o georgiano, o que confunde ainda mais a cabeça. Mas isso não é motivo para deixar de ir: o povo de lá é muito paciente e fara o possível (e até o impossível) para te compreender.

  • 2 meses depois...
  • 3 anos depois...
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Geórgia é relamente incrível. Somos apaixonadas por esse país. Ficamos 2 meses viajando e criamos um e-Book com as melhores dicas! Quem se interessar: http://mundosemmuros.com/produto/explorando-a-georgia-ebook-guia-exclusivo/

Também fizemos um vídeo cinemático 4k sobre essa trip: https://youtu.be/Q8M9byAPzsk

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