Membros VIRUNGA Postado Dezembro 13, 2009 Autor Membros Postado Dezembro 13, 2009 Fala pessoal, Puxa, estou com vergonha pelo tamanho do relato mas agora é tarde. Prometo numa outra viagem, caso eu faça um relato, ser mais sucinto. O mais louco é que estou cortando um monte de coisas e nem estou caprichando tanto assim, apesar de vocês merecerem muito mais. Mas vamos deixar o relato resumido para uma próxima viagem, combinado ? Provavelmente vai ser RTW também mas isso a gente vê depois. Dito isto, simbora pegar van errada nos recônditos das Filipinas em direção a capital dos Butandings. Confortavelmente instalado no último banco da van e sentado na janela, era hora de partirmos em direção ao vilarejo de pescadores que ficou famoso por abrigar umas das maiores concentrações de Butandings do mundo. A essa hora eu estava tão animado por estar indo para um lugar tão pitoresco que tudo era motivo festa, até pegar van errada...oops. Pra falar a verdade eu já tinha desencanado de cair no mar atrás dos bichos naquele dia mesmo, o pouco que eu sabia era que os barcos saiam bem cedo pela manhã e como não consegui pegar o primeiro vôo proveniente de Manila, uma hora daquelas acho que nem dava mais. Sabem de uma coisa, não tava nem aí, nunca fui muito bom com horários mesmo, ainda mais em férias. O negócio era relaxar e aproveitar a jornada, caso desse certo cair nesse dia, beleza. Se não conseguisse, beleza do mesmo jeito. Eu tinha algumas informações sobre o lugar então o primeiro passo é chegar, depois a gente vê como tá pra saber como é que fica. Rapidamente pegamos a estrada e fiquei impressionado com a beleza do lugar, bastante verdejante e bonito que chegou a me lembrar Fiji mas pra isso ficou faltando as plantações de cana. As paisagens passavam rápido pela janela e aos poucos a cidade ia ficando para trás enquanto adentrávamos cada vez mais no interior da ilha, longe do mar. A estrada era estreita e com alguns trechos sinuosos aqui e ali. Viajar por terra costuma ser bastante gratificante pois se tem um contato maior com a geografia, o povo e as paisagens do lugar. Em muitos casos pode ser muito mais legal do que ficar trancafiado num gigantesco tubo de alumínio a uns 10 quilômetros de altura passando por cima de gente, cidade, montanhas e oceanos. Dentre outras coisas, o bonito dali era que tinha muito verde com campos de arroz, vegetação, montanhas e coqueiros. Também quase me lembrou o Vietnam, mas sem os locais agachados e com chapéus em forma de cone trabalhando agachados nos arrozais formando aquela paisagem de cartão postal. Com lotação esgotada, a van não parou no caminho e a viagem foi direta e dividi o momento com os outros passageiros, todos locais, que também ficaram curtindo o visual. Apesar do Brasil também ter estradas bonitas (eu gosto muito da Rio-Santos mas hoje ela está muito longe de mim, infelizmente) e com bastante verde no caminho, aquela ali era diferente, tinha aquele toque especial asiático. Certamente vai ficar na memória como uma das mais bonitas que percorri, não necessariamente pelo belo visual mas também pelo conjunto da obra e pelo momento. Juntamente com o Tahiti, aquele percurso só perdeu para a imbátivel estrada montanhosa que eu percorri quando estava também indo em direção a mais um espetáculo da natureza selvagem : os magníficos e bastante ameaçados de extinção gorilas das montanhas em algum lugar da África Central. Já ouviram falar de Diane Fossey ? Não, não é uma gorila, é uma pesquisadora mas...ah, deixa pra lá. Dia desses eu explico. Uma e hora e meia depois chegamos numa cidadezinha bastante movimentada e como não tinha avistado o mar até então, desconfiei um pouco. Quase todos os passageiros desembarcaram e quando o motorista me perguntou onde eu ia ficar eu falei pra ele me deixar no “centro do Butanding” que de lá eu me ajeitava. O cara me olhou assustado no exato instante que eu vi o nome da cidade, que por sinal eu já tinha ouvido falar mas sabia que NÃO era exatamente onde eu deveria estar. Oops. Em situações assim a gente sente falta de viajar com uma outra pessoa nem que seja para poder jogar a culpa nela mas no meu caso a situação que se apresentou só tinha um culpado : eu. Geralmente quando isso acontece a pessoa costuma ficar muito p@#$% da vida com ela mesma e comigo não é diferente mas por incrível que pareça isso não aconteceu. Claro que não fiquei nem um pouco feliz porque a pequena chance de cair no mar naquele dia atrás do motivo principal que me levou praquele lugar no planeta ficou ainda menor e não adiantava xingar, reclamar ou espernear. Naquele momento me senti um ser de orelhas grandes e com cascos mas paciência, não chegou a tirar meu humor que continuava em alta, ainda mais num lugar daqueles, isso aqui são férias ! O negócio foi ver pelo lado positivo : teria que pegar mais uma vez aquela estrada bonita nas Filipinas. Conversei com o motorista que foi muito atencioso e, gente finíssima (algo bastante normal até ali o que aumentou ainda mais meu conceito para com o povo local), me ajudou a resolver a situação. Ele terminou de deixar os outros passageiros, deu meia volta e me deixou numa espécie de estacionamento de vans. De dentro do carro ele falou num outro idioma com seu colega de trabalho que me apontou uma van que estava esperando mais passageiros para poder sair. Explicou para o colega motorista que ele deveria me deixar na intersecção entre “Napoleão perdeu as meias” com “Judas perdeu as botas”, umas quinze léguas a noroeste de onde “o vento faz a curva” que estava tudo certo. Ali era o lugar ? Não, exatamente, ali era onde eu tinha que desembarcar e depois era só pegar um transporte para chegar na cidadezinha que eu queria ir. “Ah tá, sei. Entendi, valeu mesmo”, respondi, sincero, com um bom humor que até eu duvidei. Nem deu tempo de esquentar o banco, a van saiu poucos minutos e mais uma vez tomamos o rumo da estrada na direção contrária da onde eu vim. Nossa, que vacilo. Pra quem não tem muito tempo isso poderia custar muito mas como diz o ditado “o que vale é a jornada” e até ali a jornada tinha sido muito boa. Curti mais uma vez a estrada e sabia que ia ter que ficar mais ou menos no meio do caminho, fiz uns cálculos rápidos (pobre sabe como é, tá sempre fazendo conta) e acho que o trajeto devia ser algo entre 30 e 45 minutos. Deu 37. Não que eu estivesse contando... Estava com a cabeça a milhão, fruto do aumento da ansiedade e do tempo para chegar ao lugar correto, nada de vacilos dessa vez. Aí pensei : “ o que falta agora acontecer, chuva ?”. Maldita boca. E não é que ela veio ? E junto veio o lugar onde eu tinha que descer. É sempre assim. O motorista parou no acostamento, me apontou um pequeno mercado que ficava na esquina no outro lado da estrada e disse que era ali onde eu devia pegar o transporte. Agradeci efusivamente pela ajuda, peguei minhas coisas, atravessei a rua quando começou a cair um temporal de proporções bíblicas que até Noé duvidaria e sairia correndo, ou seria nadando ? Arrumei um abrigo ali na vendinha mesmo e fiquei esperando o ônibus, riquixá, disco-voador, triciclo, sei lá, o que viesse eu tava pegando (mas sempre no bom sentido, é claro). Com direito a raios, relâmpagos e muita chuva e o céu a ponto de desabar, o negócio foi puxar conversa com os tímidos locais que estavam por ali até eles irem embora em busca de um abrigo para se protegerem melhor da chuva. Com o barulho dos trovões e pra ajudar a passar o tempo não tive como não pensar numa música chamada “thunderstruck” da melhor banda de rock deste e de outros planetas afinal como eu costumo dizer “AC/DC é AC/DC, o resto é pagode !” Pois é, quem disse que na Austrália não tem coisa boa ? Enquanto esperava minha condução, na estrada passava de tudo : carros, ônibus, motos e vans mas o que eu queria não, é sempre assim...rs. Depois de esperar por uns quinze minutos tentando me proteger do dilúvio em que tive que procurar um lugar para não molhar nem eu nem minha mochila, disputando um espaço exíguo entre a calçada e um saco de batatas, chegou meu transporte. “what the porra is that ?”, perguntei pra mim mesmo, não acreditando na minha sorte que começava a virar. Não era bem um ônibus, acho que estava mais para uma jardineira - mas nada a ver com aquela que leva(va) a super-valorizada (até demais...) Jericoacoara - mas vou fazer como os gringos e chamar aquilo de jeepney, que tá para as Filipinas assim como os le trucks estão para o Tahiti. É o meio de transporte mais popular das ilhas e, mais uma vez, um dos mais engraçados e divertidos que tive o privilégio de andar. Vai ter meios de transporte engraçados assim lá na Ásia. Não era necessariamente confortável mas quem liga para conforto numa hora dessas e num lugar tão bacana assim ? Pra mim tava bom (e divertido) demais, nada daquelas boiolagens tipo “ah, mas não tem tv, ar condicionado e nem wi-fi”. Ele veio um tanto quanto cheio mas eu consegui me instalar ali atrás, disputando o espaço com locais, bagagem, cocos e bananas. Apesar de eu detestar chuva estraga-prazeres, principalmente nas férias, aquela veio em boa hora para refrescar um dia quente num país tropical; chuva de verão, uma pancada d´agua daquelas mas não a ponto de estragar a viagem porque logo depois passa e o sol volta a brilhar de novo. Eu estava era curtindo tudo aquilo, realmente nada para se preocupar, ainda mais devidamente instalado num veículo que era o resultado improvável do cruzamento de um jeep abandonado da Segunda Guerra Mundial com um ônibus e tudo isso enfeitado de maneira espalhafatosamente engraçada daqueles caminhões que percorrem a Estrada Karakoram. E dividir isso tudo numa estrada bonita com um povo hospitaleiro, bastante receptivo e amigável tava bom demais ! Falei alguma coisa com a mulher (tomei um susto com o nível de inglês dela porque até o momento as pessoas só conversavam numa outra língua. Algo a ver com o período de domínio pelos americanos, que derrotaram os espanhóis e “ganharam” as Filipinas ao invés de um cheque de duas dezenas de milhões de doletas. Por ironia do destino a história desses países se cruza em guerras, onde lutaram juntos. Certos líderes de certas nações, sabe como é, adoram uma guerra pra manter a paz, vide States. Falem-me de contradição...E depois ainda ganham Nobel da Paz, vai entender. Quem será o próximo, Kim Jong II, Ahmadinejad, Netanyahu talvez ?) que servia de cobradora e era também a esposa do motorista, que por sua vez dirigia com bastante destreza sob chuva numa estrada agora bastante sinuosa e íngreme, mas igualmente bonita. Acostumados as chuvas torrenciais de verão, rapidamente deram um jeito de baixar a lona para não molhar as pessoas ali dentro. Como estava cheio, um cara sumiu pela porta de trás e eu só vi ele quando desceu, mais de meia hora depois, de cima do teto. Apesar da chuva que agora caia mais fraca, o visual deve ter sido something else. Depois de ter arrumado um espaço pra mim, minha mochila e minha bota anti-indiano, só bastava curtir a viagem naquela chuva que ia e voltava (no bom sentido, é claro). Agora entendi porque as Filipinas é tão verde. Com o tempo os outros passageiros foram descendo, a chuva foi diminuindo e a viagem ficou mais confortável. Um bom tempo depois, algo como uma hora quiçá uma hora e meia, chegamos numa cidadezinha e a mulher me perguntou onde eu iria ficar : “ai meu Buda, só falta eu estar na cidade errada de novo” mas a preocupação foi em vão, eu sou perdido mas não sou bobo (já disse que o médico falou para não contrariar...). Expliquei pra ela o nome do lugar que estava guardado em algum lugar da minha sofrida memória, ela pensou um pouco e propôs me deixar perto da igreja (igreja, na Ásia ? Ah tá isso aqui é as Filipinas e os coitados foram ludibriad...digo...apresentados para o catolicismo da maneira mais “pacifica” possível, entre a cruz e a espada. O primeiro padre foi levado pela expedição de Fernão de Magalhães mais ou menos na época do descobrimento do Brasil). Ela me disse que o jeepney não passava onde eu queria ir (e não passava mesmo) e me deixou num ponto onde tinha alguns triciclos. Ela falou com o cara que se dispôs a me levar no lugar combinado. Se fosse em outro lugar eu deduziria de bate e pronto que alguma coisa nebulosa estava rolando “ihhh, aí tem. Conheço essa história de outros carnavais. No Camboja rola direto” mas não naquele momento, naquela situação e naquele lugar, ali nas Filipinas. Tava tudo ok, o que eu achei ótimo. Combinamos o preço que, apesar de eu não saber direto quanto valia a corrida, eu saquei que sairia bem barato, fiz aqueles cálculos tomando por base quanto eu havia gasto até o momento e vi que estava no preço, seja lá qual foi o resultado da minha calculadora cerebral. Agradeci a mulher que seguiu seu caminho, agora com o jeepney vazio, e eu segui o meu com o rapaz que foi pilotando a moto antiga comigo no “puxadinho” ao lado. Vira daqui, acelera de lá, engasga acolá e fomos em direção oposta à cidade. Até o momento ainda não tinha visto o mar mas sabia que ele estava por perto, dava pra sentir a brisa e ver o movimento da folhagem exuberante das imediações. A cidade estava em clima de festa (ou fim de festa), me pareceu que ia ter (ou já havia ocorrido, não sei) uma gincana ou algo assim, aquelas do tipo que ocorrem em pátio de igrejas, onde o padre se esbalda de comer. Na alta estação deve rolar isso direto, como já havia acabado só havia mesmo o que restou da decoração. Só sei que o cara foi acelerando e a cidade ficava cada vez mais pra trás. “Nossa, que fim de mundo”, pensei. Só esperava não ficar muito distante (mais ainda) da civilização porque até turista sabe que se ficar muito longe de tudo a pessoa fica a mercê dos altos preços cobrados por coisas como comida, bebida, acomodação, etc e vai passar aperto para poder encarar a facada. Estava pensando também se a grana que eu tinha comigo daria para os dias que ia ficar ali bem como para pagar o passeio e as taxas que estavam por vir. Pobre, já viu, sempre fazendo contas... Só faltava eu chegar ali e os Butandings já tiverem levantado acampamento e ter ido pra não sei aonde, pra quem são considerados verdadeiros nômades dos mares isso não seria muito difícil. Preferi nem cogitar essa hipótese, se eles tivessem zarpado eu iria atrás a nado mesmo sabendo quem é que manda é a mãe natureza e é ela quem dá as cartas, sempre. Mas uma forcinha ali iria cair muito bem. E um pouco de sorte também. Nos distanciamos um pouco da cidade, cruzamos uma pequena ponte onde havia uma molecada saltando na água ali embaixo (opa, acho que era um braço de mar. Menos mal...), acho que andamos uns três ou quatro quilômetros e fomos parar num resort/pousada que me pareceu bem ajeitado. O garoto tava meio perdido mas como era apenas uma estradinha de mão dupla, acho que não era o caso (olha quem fala... ). Paguei o preço combinado, peguei minha mochila e num repente de sabedoria (de vez em quando eu dou uma dentro, mas sempre no bom sentido, é claro) eu pedi para ele esperar porque queria ver se tinha quarto disponível. Eu me dirigi ao que parecia a recepção e fui atendido, vejam só, por mais uma simpática filipina. Me identifiquei e perguntei sobre as acomodações disponíveis e quando ela falou o preço, a resposta de sempre (mas dessa vez foi de boa, afinal era mulher e bastante simpática) e sem ter a mínima idéia de quanto valia aquilo eu soltei : “O quê, tudo isso ? Muito caro !” Ela me explicou que os quartos mais em conta estavam ocupados e os que sobraram, um pouco mais anabolizados no quesito conforto com direito a ar condicionado e outros que tais, eram os mais caros. Claro que não era nenhum fim do mundo (desculpem o trocadilho) pelo lugar que me pareceu ser bem legal e se fôssemos comparar com as porcaria$ que a gente vê pelo Brasil e que alguns (muitos) trouxa$ aceitam pagar, o preço ainda estava palatável mas eu não precisava daquilo tudo. Além do mais meu bolso sofrido de mochileiro brasuca merecia uma folga afinal não sou gringo, expatriado e nem funcionário público, se bem que nesse último grupo não são todos que tiram uma boa grana, só os que não merecem. É sempre assim. Será que se eu tivesse chegado antes eu teria mais sorte ? Lembro de ter visto, na entrada da cidade, um ônibus com uma galera gringa, de repente foram eles que chegaram antes e pegaram os quartos com preços mais acessíveis mas eu não ia pagar pra ver. Literalmente. Agradeci a moça e fui falar com o chofer de triciclo que estava ansioso para ir embora. Comentei à respeito de outro lugar que eu tinha visto não sei onde e que sabia que ficava nas imediações (mentira, sabia que ficava por ali mas nas imediações, com o meu GPS interno inexistente, seria demais), ele por sorte conhecia o lugar e me deixou lá, mas pediu uma grana a mais.. Não costumo ser tão mão aberta assim, ainda mais quando viajo (melhor nem chegar perto quando rolam certas negociações, os tuk-tuks da região da Khao San Road em Bangkok que o diga, tanto é que acreditem ou não eles nem me oferecem mais seus serviços. E olha que eu costumo ser bem sussu), mas como eu disse o lugar era legal, o povo mais ainda e os preços, mesmo eu apanhando do câmbio, me pareceu justo. Como não sou gringo eu não ia fazer escarcéu por causa de uma quiçás duas moedas que não pagam nem uma latinha de refrigerante, né ? Alguns minutos depois chegamos no que seria minha acomodação nos dias seguintes e eu gostei de cara, nem pedi pro cara ficar esperando caso não tivesse vagas. Era aquele e pronto. Era um “resort” mas não desses cheios de frufru, longe disso. A garota que me atendeu era simplesmente a filipina mais simpática do mundo e competia com a Benedicta (vide relato sobre o Tahiti) como a funcionária que trabalha com turismo mais show de bola em simpatia, simplicidade, gentileza, eficiência e sorriso verdadeiro do mundo. Se algum dia eu montar um negócio que trabalhe com viajantes essas moças vão ser devidamente “importadas”, custem o que custar. Infelizmente eu esqueci o nome da garota mas como eu pretendo voltar pras Filipinas outras vezes, na próxima vez eu memorizo. O lugar não era luxuoso mas estava longe de ser meia-boca, tinha funcionários simpáticos, preço bom, ficava de frente a praia, um baita jardim e com bangalôs bastante aconchegantes. O que mais eu poderia querer ? Bem, pra ficar melhor só faltaram as suecas, francesas, brasucas e a lista continua mas por ser bem fim de temporada mesmo, só tinha eu e uma ou outra família filipina. Sniff. Fiz meu check-in, conversei com a senhora que devia ser a gerente ou a dona do estabelecimento, peguei minha chave e a moça simpática que era uma espécie de faz-tudo me levou até o meu bangalô, no meio do jardim e a poucos passos do mar que ficava a poucos passos dali. Ê vidinha mais ou menos. Dando uma olhada melhor eu vi que havia alguns equipamentos de snorkeling para alugar e caso quisesse algo mais sério (mergulho com cilindro, por exemplo) não ia ser dificil conseguir mas isso ficou para uma outra vez numa outra ilha afinal o que não falta nas Filipinas é lugar legal para mergulhar. Inclusive com direito a um tipo bem específico de tubarão que fica sempre nas profundezas mas nas Filipinas ele costuma sair cedo para "esticar as barbatanas" e durante essa natação matinal ele fica a "apenas" 30 metros profundidade, o que pra uma espécie que gosta de ir fundo (no bom sentido, é claro) já é uma boa profundidade para os mergulhadores poderem dar uma olhada no bicho. A denomição “resort” em certos lugares do mundo pode ser diferente do que os turistas no geral estão acostumados. Em Fiji é assim também, praticamente todas as acomodações espalhadas pelas ilhotas tem “resort” no nome mas elas variam de qualidade, luxo, tamanho, preço, etc. Quer saber ? Pra mim aquilo ali estava bom demais e eu nem estava aí se tinha wi-fi, internet, ar condicionado, tv a cabo, isso e aquilo. Desnecessário dizer o que eu acho de certos seres que ficam reclamando de tudo, né ? “ah, o café da manhã era irrisório”, “não tinha net grátis”, “o computador não era tinha tela plana e era muito lerdo”, o “wi-fi não tinha ou não funcionava”, “antena parabólica nem pensar” e a ladainha vai longe. Falam de pobre mas emergente é muito pior. Emergido então, melhor nem comentar. Após devidamente instalado me lembrei que nem tinha almoçado ainda porém conversando com a tiazinha à respeito do que fazer para poder marcar minha trip com os Butandings, percebi que meu estômago teria que ser deixado para depois porque em pouco tempo o centro ia fechar e, sabe como é, poderia dar naquele lema que norteia o funcionalismo público : “hoje, só amanhã”. Como eu queria dormir já com o passeio marcado, peguei as coordenadas de como chegava no local e lá fui eu até o escritório de turismo. Fui serpenteando a estreita estradinha cercada de verde pra todos os lados. Num lado, casas simples, alguns “resorts”, pequeno comércio e hotéis de frente ao mar e de outro, campos, muita vegetação, algumas choupanas, fazendinhas e vários coqueiros. Imagino o impacto na vida de seus habitantes que um simples e sonolento vilarejo de pescadores deve ter tido quando virou a capital mundial dos Butandings. Hoje em dia os bichos são protegidos por lei e é bom saber que em certos lugares alguns seres pensantes finalmente entenderam que um animal vivo pode trazer muito mais retorno do que morto. Aqueles que antigamente pescavam o gigante gentil hoje em dia fazem parte dos seus maiores protetores e espero que a moda pegue mundo afora. É só tomar cuidado com o discurso dos gringos que destroem o que é deles e depois vão vorazmente atrás do que é dos outros. Proteção no que é dos outros é refresco, quero ver quando é no seu próprio. Andando calmamente pela estrada e cumprimentando um ou outro local que cruzava meu caminho finalmente cheguei no escritório de turismo que estava prestes à fechar. Após uma pequena confusão para saber com quem eu teria que tratar (eu disse que as Filipinas são um tanto quanto naive quando o assunto é turismo), finalmente fui atendido por uma mulher que me passou como funcionava as coisas por ali e me mostrou uma pequena tv onde passava um vídeo falando sobre a atividade e sobre o Butanding propriamente dito. Rapidamente eu me inteirei do assunto mas ainda precisava me encaixar em algum grupo, algo que não chegou a ser tão problemático porque mesmo no fim da estação ainda havia alguns retardatários como eu. Uma mulher filipina chegou em mim perguntando minha situação, ela estava com um cara que no dia seguinte eu descobri que era um francês que morava em Manila há 17 anos. Conversei com a mulher, me certifiquei se ela não era de uma agência querendo fazer negócio com algum turista desavisado e depois que os pontos foram devidamente colocados nos seus respectivos ”is”, fizemos um grupo, paguei diretamente para o escritório de turismo (é assim que eu gosto e que faço negócio), nada de terceiros (se eu dependesse de terceiros/intermediários vocês acham que eu viajaria volta ao mundo ?) e combinamos para o dia seguinte bem cedo nos encontrarmos lá mesmo naquele lugar, que era de onde saiam as “bancas”. Depois eu explico. Após tudo acertado voltei correndo para minha acomodação porque meu estômago já estava reclamando. Cheguei, pedi um prato bacana e enquanto o mesmo não chegava fiquei tomando uma cerveja filipina enquanto curtia o pôr do sol. “PQP, não é que estou mesmo nas Filipinas !?!?!” O almoço/janta levou algum tempo e depois da digestão fui ler para matar o tempo. Antes que o sono me pegasse, resolvi sair e dar uma olhada na noite. Caminhei pela estradinha mas aí eu percebi que não ia dar muito certo, lugar deserto, não havia nada, alguns latidos aqui e ali, eu com minha pequena lanterna para usar entre uma luz fraca e outra mais ainda e que de tempos em tempos virava um breu total. Apesar de eu não ter medo de escuro não pude evitar e tive que lembrar daquela música do IRON MAIDEN e a coisa ficou mais ou menos assim : I am a man who walks alone And when I'm walking a dark road At night or strolling through the park When the light begins to change I sometimes feel a little strange A little anxious when it's dark Fear of the dark, fear of the dark I have a constant fear that something´s always near Fear of the dark, fear of the dark I have a phobia that someone's always there Essa música tá entalada, na próxima vez que eu fôr pra Fiji vou cantar ela no karaokê, encima do palco e pra um bando de gringaiada porra-louca (e altas brotas também...) e de nativos gente finíssima que jogam volley de praia todo fim de tarde com a galera. Só espero que eles não se unam e me expulse da ilha à nado. (NR: Prefiro a morte do que falar em público, imagina então "tirar um som" ? Quero só ver, melhor não chegar perto... rs ) Depois do “momento Iron”, minha caminhada continuou rumo a lugar nenhum e após ouvir os latidos cada vez mais perto de um monte de cachorros na noite resolvi voltar. Se tem uma coisa que não gosto são de cachorros vira-latas, acho que já comentei alguma coisa quando estava no Tahiti. No breu então, pior ainda. Dei meia-volta, realmente não ia chegar a lugar nenhum e a cidadezinha estava um tanto distante pra ir à pé e a noite. Nada a ver com falta de segurança, assalto ou algo do tipo (não estava no Brasil), o dia tinha sido cheio e como tinha que acordar beeeem cedo na manhã seguinte (algo que odeio), achei melhor tomar o caminho da cama mesmo. Ainda bem que estava com minha lanterna porque em alguns pontos não dava pra ver nada. Depois, já perto de onde eu estava hospedado e com luzes pelo caminho, percebi que tinham dois moleques atrás de mim. Depois que eu dei um fora homérico quando tentei adivinhar a idade de duas gatinhas americanas quando estávamos fazendo o Caminho Inca, resolvi parar com esse papo de adivinhação de idade mas aqueles garotos ali deviam ter algo entre treze e dezesseis anos, se tanto. Um deles acelerou o passo e puxou conversa e veio com aquele papo de sempre e quem viaja sabe de cor : da onde é, de onde veio, pra onde vai, etc. Nisso eu percebi que o outro deles ficou um pouco mais atrás mas tudo bem, não eram corinthianos ou algo do tipo e não me senti ameaçado um minuto sequer. Depois ele também se aproximou e conversamos um pouco enquanto caminhávamos. Passado um curto perído de tempo depois percebi que eles tinham trejeitos um tanto quanto ahn...humn...well...como posso dizer ? Ah, vocês entenderam. Putz, uns moleques tão jovens e cheio de gatinhas por aí mas, sei lá, cada um é cada um. Como diria o Ozônio, se ele pudesse falar, é claro : “cada um que cuide do seu buraco”. Mas sempre no bom sentido, é claro. Para encurtar a história, aqueles moleques eram “100% puff” ! Como estava chegando no meu resort e els não eram nenhuma ameaça, eu estava tranqüilo, respondia o que me era perguntado, não dei muita trela e fiquei de boa enquanto pensava “PQP, cada uma que me acontece...”. Já quase no portão o papo começou a ficar um tanto quanto esquisito demais pro meu gosto e me deu uma vontade de parar com aquele papo ali mesmo e falar : “Escuta aqui ô pirralhos, vocês estão pensando que eu sou o quê, gaúcho ? Quem sabe são paulino (putz, se meu irmão ler isso ele me mata...rs), galã da globo, tenista ou vampiro vegetariano ? Aproveitando o gancho, um quizz bem off-topic aqui : alguém aí sabe se aquela garota da saga Crepúsculo, a Bella, prefere ser chupada por um vampiro ou comida por um lobisomem ? Tudo no bom sentido, é claro. Voltando... Mas vamos ver pelo lado positivo no caso dos pivetes, vai que eu estivesse com minhas botas anti-indiano ? Daria uma bicuda daquelas naqueles moleques que eles iriam parar pra lá de Borneo. Mas como eu não bato em criança, mulher e nem híbrido (dependendo do caso, não foi o caso ali mas se continuasse, seria), rapidamente eu desconversei, acelerei o passo e fui para minha acomodação, mas não sem antes despistar os esquisitinhos. Cada uma que só vendo. E eram bem jovens mesmo, será que me acharam com pinta de Michael Jackson, lobo-mau, bicho-papão ou quem sabe padre, afinal até onde eu sei esses sujeitos adoram comer criancinhas indefesas... Cheguei são e salvo na minha acomodação mas antes de ir para o meu chalet, falei com a tiazinha que estava marcando bobeira ali e me informei sobre o café da manhã, queria saber se aquela hora da manhã a cozinha estaria aberta. Ela falou pra não se preocupar porque qualquer coisa ela mesma faria meu café. Agradeci, dei boa noite e com a consciência pesada fui dormir afinal não precisava se incomodar mas já que o povo é receptivo assim assim com os visitantes, que assim seja. Me preparei para dormir, acertei meu alarme mas antes de me deitar ainda lembrei do caso dos, digamos assim, “garotos afetados” : “realmente tem pai que é cego !!!!” Galera, valeu pela companhia e vou adiantando que é melhor preparar a nadadeira (pé-de-pato para os menos iniciados) e o snorkel que no próximo relato a gente vai tentar encontrar esses tais Butandings (que raios é isso ?) e saber se eles estão na área ou não ! Agora se a gente vai achar, aí só esperando o relato pra ver. Fingers crossed ! Abraços e até lá. Virunga Citar
Membros VIRUNGA Postado Dezembro 16, 2009 Autor Membros Postado Dezembro 16, 2009 Muito bom os relatos... Você planejou tudo antes da viagem? Tipo reservou todos hotéis, voos, etc antes ou foi no decorrer da viagem? Flw! Tudo não mas uma boa parte. Além dos vôos (trip RTW curta e relativamente complexa não dá pra sair sem reservá-los senão corria o risco de ficar preso em um destino), eu tinha reserva de acomodação na Europa, States e Oz sendo que a da primeira parada, Paris, eu reservei horas antes de ir para o aeroporto, ainda no Brasil. Os outros lugares eu cheguei e resolvi tudo lá mesmo. Vlw ! Citar
Membros artur_rc Postado Dezembro 18, 2009 Membros Postado Dezembro 18, 2009 Alguém aí atrás já perguntou mas eu vou repetir Que "bota anti-indiano" é essa?? Citar
Colaboradores Thalita Figueiredo Postado Dezembro 26, 2009 Colaboradores Postado Dezembro 26, 2009 Salve Virunga! Rapaz que relato hein?! Tô lendo faz dias! srs E agora, assim como os demais que estão acompanhando de perto sua RTW, fico no aguardo de suas aventuras! É interessante você mencionar que seu objetivo é mostrar que é muito possível uma brasuca assim como eu, acriana do pé rachado poder com muito planejamento financeiro conseguir um dia uma trip RTW! Valeu, você tá conseguindo me convencer... srs Espero que ao final desta trip, você nos mostre a tabela das contas, e como deve ter coisas a contabilizar nessa viagem!! Abraços e Feliz 2010! Citar
Membros VIRUNGA Postado Dezembro 27, 2009 Autor Membros Postado Dezembro 27, 2009 Alguém aí atrás já perguntou mas eu vou repetir Que "bota anti-indiano" é essa?? Fala amigo, Ué, dei uma fuçada “aí atrás” e não vi ninguém perguntando, será que sumiu ? Enfim, costumo viajar com uma bota de trekking reforçada à prova de tudo que me acompanha pra cima e pra baixo, acho que é a “última da sua espécie”, tirei a sorte grande e comprei o último par nas vésperas das minhas férias do ano passado. Como se não bastasse, ela também é “anti-indiano”. Nunca precisei usar essa “função”, digamos assim, mas se precisar vou utilizar sem pensar duas vezes. Valeu pela visita. Abs Virunga Citar
Membros VIRUNGA Postado Dezembro 27, 2009 Autor Membros Postado Dezembro 27, 2009 Salve Virunga! Rapaz que relato hein?! Tô lendo faz dias! srs E agora, assim como os demais que estão acompanhando de perto sua RTW, fico no aguardo de suas aventuras! É interessante você mencionar que seu objetivo é mostrar que é muito possível uma brasuca assim como eu, acriana do pé rachado poder com muito planejamento financeiro conseguir um dia uma trip RTW! Valeu, você tá conseguindo me convencer... rsrs Espero que ao final desta trip, você nos mostre a tabela das contas, e como deve ter coisas a contabilizar nessa viagem!!Abraços e Feliz 2010! Salve Thalita, tudo bem ? Nem me fale que você levou dias pra ler o relato, tô até com vergonha... Realmente meu poder de síntese beira o inexistente mas como eu disse antes é só começar a escrever que a viagem volta toda e aí acabo escrevendo ainda mais. Então, o objetivo é esse mesmo, mostrar que é mais do que possível um brasuca “gente como a gente” conseguir realizar uma trip RTW. Quando você pegar o jeito (e vai, basta querer) torna-se algo tão possível e realizável que chega a ser ridículo afinal de complicada já basta a vida, né ? Trabalhoso, sim. Dificil, nem tanto. Custoso ? Humn, depende. Tirando a parte das pa$$agen$ que precisa "segurar o boi pelo chifre" os outros preços é você que faz mas sempre de olho no gasto médio das coisas, não adianta meter o pé na jaca na Europa (o que convenhamos, não precisa muito afinal pra quem não é gringo nem expatriado o euro e a libra mordem o bolso sem dó nem piedade) e ficar sem dinheiro para os outros continentes. E também não adianta viajar pra África se não tem condição de pagar por um safari. Dia desses eu explico. Agora quanto a tabela de contas você me pegou. Posso ficar devendo para a próxima trip ? Se eu conseguir uns dias a mais de férias com meu chefe, acho que sai no primeiro semestre do ano que vem, ou seja, tá logo aí. Fico feliz em saber que estou conseguindo te convencer e confesso que a idéia principal é essa mesmo. Espero que mais pessoas também pensem assim mesmo sabendo que a “prova dos nove” que é a planilha de custos eu não tenho. Oops. E olha que eu adoro ver a planilha dos outros colegas de fórum, mesmo quando os valores previstos são um tanto quanto fora da realidade. (E.T.: Isso não vale para as planilhas feitas pelas garotas, as delas são muito mais precisas, parabéns meninas !). Falando em contas, essa semana eu tentei recuperar as faturas do cartão de crédito mas não consegui, meu banco só mostra as do último semestre. Lá pro final do relato eu pretendo fazer uma espécie de “wrap-up” da trip, frisando o fato de ter sido uma RTW curta, o que muita gente acha desperdício. Desperdício pra mim é não viajar RTW quando se tem a chance. E se não tiver, o negócio é correr atrás e fazer acontecer. Pra não ficar totalmente sem resposta (já vou avisando que tudo está sujeito a alteração), creio que se a pessoa juntar, em média, uns 500 reais por mês, segundo minhas contas, em um ano de economia ela já tem algo como 2/3 ou mais de uma RTW bastante razoável paga dependendo do estilo de viagem, duração, câmbio (eu acompanho três moedas), destinos, época, atividades extras, fre$cura$ (se a pessoa fôr muito fresca é melhor ficar em casa assistindo Faustão ou comprar uma revista de viagem, só não vale reclamar da vida depois). Sim, eu sei que é uma grana mas se você reparar bem não fica muito mais caro do que um intercâmbio de um mês ou uma trip pela Europa. Lembra que eu falei dos 3 tipos de se fazer uma viagem RTW ? Pois é, meio por aí. Caso ela não consiga juntar isso por mês (um sufoco danado, eu sei !), sem problemas, transforma em R$ 250,00 para dois anos e sobra tempo para pesquisar mais. Eu só não botaria muita fé nesse dólar afinal no Brasil se as coisas estão bem é porque tem algo errado, economicamente falando. E não tem nenhuma fórmula mágica, puro planejamento mesmo, o "mundo das RTW´s" tem tanta coisa que se eu fôr falar tudo vai ficar umas 100 páginas. Isso só de introdução ! Ok, já escrevi demais (de novo !). Fique de olho que apesar da trip está próxima do fim ainda tem coisa vindo por aí. Grande beijo e valeu pela visita. Boas festas à todos ! Virunga Citar
Colaboradores Thalita Figueiredo Postado Janeiro 2, 2010 Colaboradores Postado Janeiro 2, 2010 Virungaaaaa! Please não simplifique seu relato!! Eu levo dias pq sou lesa mesmo....hauauhau! Mas qnt mais detalhes, melhor para gente embarcar na sua trip!! Abraços!! Citar
Membros VIRUNGA Postado Janeiro 5, 2010 Autor Membros Postado Janeiro 5, 2010 Virungaaaaa! Please não simplifique seu relato!! Eu levo dias pq sou lesa mesmo....hauauhau! Mas qnt mais detalhes, melhor para gente embarcar na sua trip!!Abraços!! Thalittaaaaa ! rsrs Tá certo então, já que a galera está viajando junto (essa é a intenção mesmo, assim quem sabe eles tomam coragem e se jogam numa dessas. Dessas não, numa muito melhor !!), vou continuar colocando “alguns” detalhes dos lugares e da trip em si. Valeu !! Beijos, Virunga Citar
Membros VIRUNGA Postado Janeiro 19, 2010 Autor Membros Postado Janeiro 19, 2010 Fala moçada, Demorei mas voltei. E aí, prontos para vasculhar o mar das Filipinas em busca do “Mr Big” ? Não ? Nem eu, mas como sou taurino e não desisto nunca vou assim mesmo então bora pra ver se o nosso amigo gigante aparece ou é só lenda. Acordei bem cedo (pra mim, um sufoco danado desde a época do primário, no século passado) e já estava com minhas coisas preparadas desde a noite anterior mas antes de sair fui tomar meu café da manhã. Pois é, pra quem ficou anos a fio indo trabalhar em jejum tendo como primeira refeição (bem tarde) o almoço até que não foi problema comer logo cedo. Isso que dá viajar metade da África durante meses com um bando de gringo(a)s com estômago de avestruz logo pela manhã. Enfim, após o reforçado café parti na caminhada em direção ao escritório de turismo onde iria me encontrar com o grupo e depois sair mar afora para tentar achar o bicho. Pouco antes de chegar no lugar combinado percebi que já havia um vuco-vuco logo cedo. “Nossa! Onde é que estava todo esse povo ?”, perguntei pra mim mesmo porque até então o lugar me pareceu bem sossegado afinal a estação praticamente já havia terminado. Apressei o passo e tão logo cheguei no escritório encontrei a mulher com quem havia combinado no dia anterior. Nos cumprimentamos e ela perguntou se eu já tinha equipamento e mediante minha negativa ela me indicou um lugar para alugar o kit completo, que ficava logo ali na frente. Falei com o atendente, fingi que conhecia os procedimentos para alugar o equipamento, escolhi o que queria, experimentei antes algumas peças (não tem nada pior do que máscara entrando água), paguei e um abraço. Será que agora que iria cair na água ? Not yet. A mulher me esperou pacientemente e depois me guiou serpenteando por um caminho em direção à uma espécie de quiosque com teto de palha que ficava bem na frente de um hotel bacana, onde estava o resto do grupo tomando café da manhã. Fomos apresentados e o papo rolou solto. Quase todos os continentes estavam representados ali, havia um americano, um ozzie, um sul-americano teimoso (adivinha quem ?), um sul-africano e só depois chegou a tropa européia representada por um francês – o mesmo que estava na tarde anterior com a mulher da agência - e seus pais, um senhor e uma senhora de cabelos brancos que moravam em algum lugar da Normândia. Putz, deve ser muito bacana dividir momentos assim com os velhos. Pai e mãe só tem um então tem mais é que curtir mesmo afinal nunca sabemos até quando eles estarão por aí. Representando a Ásia ficou a tiazinha dona da agência que arrumou tudo para os gringos. Só ficou faltando um cucaracha e um pingüim (ou quem sabe um urso polar), aí sim todos os continentes estariam representados mas enfim... A mulher perguntou se eu já tinha comido (sempre no bom sentido, é claro) e falei que sim (idem). Ela saiu para ver se os franceses estavam prontos e fiquei conversando com o resto do grupo. Tanto o sul-africano como o americano falavam muito bem o português; o americano, de Nova Iorque, era fluente em espanhol meio aportuguesado bastante fácil de entender e o sul-africano já tinha morado um tempo no Brasil. Todos eram funcionários de uma empresa de consultoria chamada Mckinley Consulting, tinham terminado um projeto e já estavam de malas prontas para voltar pra casa, pelo menos enquanto não começasse um novo projeto em alguma outra parte do mundo. Pra quem quiser mandar um currículo acho que a empresa era essa. Só não esqueçam de me avisar se conseguiram uma vaga pois quem sabe eu tente também. rs Estavam terminando a temporada nas Filipinas e iam ficar ali só para o fim de semana, no dia seguinte bem cedo iriam voltar para Manila e na semana seguinte, casa. O ozzie não conversava muito e ficava mais na dele (esquisito, seria falta de cerveja ou ressaca mesmo ?) mas também era gente boa. G´day and wake up, mate ! Engraçado essa galera que a gente encontra em viagens assim, no ano passado conheci um grupo legal de americanos que trabalhavam para a Fundação Clinton (anota aí pra mandar currículo também. E depois me avisem o resultado) e um deles era diretor de Hospital em Addis Ababa (capital da histórica Etiópia, para quem cabulou essa aula) e já tinha trabalhado em lugares como Arábia Saudita, Índia (coitado...), etc e à noite, ao redor da fogueira para afugentar os bichos e aquecer a fria noite africana, ele sempre aparecia com cada história que até Maomé e Shiva duvidariam. As histórias da Arábia Saudita então... Como às vezes o papo rolava em português (aproveitei para ver se eles entendiam mesmo o idioma de Camões e não é que entendiam mesmo ?), englishpanish (o americano), portunenglish (o sul-africano) e portunhol (preciso falar quem ?); aí que o ozzie passava de mudo para calado. Mas na maioria das vezes o papo rolava in english mesmo. O sul-africano ficou todo entusiasmado quando soube que eu já tinha tido o privilégio de ter visitado o país dele mais de uma vez e que sem dúvida é um dos meus favoritos. Como todos aqueles que gostam de viajar, de uma maneira geral viagens não tem tempo ruim e fica difícil apontar um favorito, mas para mim o continente africano e as ilhas do pacífico não têm pra ninguém, e olha que está um comichão danado (no bom sentido, é claro) para NÃO tentar encaixar essas regiões numa próxima trip RTW. Falo em RTW não só pela magia da trip em si mas também pelo custo-benefício. Comentei com ele que para (não) variar eu já tenho até uma desenhada passando pela África e com alguns custos estimados (o Krueger NP está pe$ando bastante, e nem vou comentar a Copa do Mundo, mas essa eu não iria porque tiro férias antes e a grana também não daria), só que daí para tirar os planos da cabeça, passar para uma planilha e segurar a bronca na hora da inevitável mordida no bolso, fazer acontecer tem muito chão. E numa RTW tem que tomar bastante cuidado porque não adianta gastar tudo num lugar só e ficar chupando dedo no outro. Manjam aquela história do cobertor curto ? Então, mais ou menos isso só que nesse caso é orçamento curto mesmo e para quem não é gringo, expatriado e nem ganha como tais, arrumar uma grana para fazer uma trip assim é uma luta danada, mas vale a pena. Falando em Krueger, o cara me disse que uma vez alugou um carro com uma ex-namorada brasuca e rodaram bastante no parque, que é maior do que o Estado de Israel. Conversamos também sobre Moçambique que pelo que eu sei é do balacobaco e ele disse que era sim, inclusive o que iríamos fazer em poucos instantes não era tão novidade para esse sul-africano porque Moçambique também é parada obrigatória dos tubarões-baleias. Falei com ele sobre a praia onde esses animais aparecem (acompanho esses gigantes já há um bom tempo) e ele falou que era aquela mesmo e lá ainda tinha direito a baleias e raias-mantas, mas acho que o mar deve ser mais agitado por aquelas bandas. Mergulho na África deve ser o bicho mesmo (desculpem o trocadilho) afinal aquele continente é fascinante e selvagem até debaixo d´água. Aproveitando a brecha, incrível como as operadoras de mergulho ou de turismo no Brasil metem a faca nos pacotes, a maioria tem preços surreais mas se tem quem pague, quem sou eu pra falar algo ? Seria como o mercado das drogas, enquanto tiver otário para comprar vai ter gente pra vender, não importa como. No caso das drogas tem que ser muito otário mesmo agora no caso das viagens, não creio. Pode ser mais uma coisa de grana sobrando mesmo, sei lá. E mais, falem o que quiser mas mergulho no Brasil acho que não é tão bom assim para cobrarem tanto, ou é ? Apesar de ter um ou outro lugar melhorzinho por aí (yes, we have mantarays), afinal temos 8.000 km de costa, mergulhar para ver pedra e uns peixinhos aqui e ali é fod@ (eu quero ver pelágicos !), mas não sou especialista no assunto. Isso quando consegue ver porque a visibilidade não me parece também lá essas coisas, mas isso não é exclusividade nossa e ali naquela praia a visibilidade estava bem baixa também. E não são apenas operadoras de mergulho não, tem gente pagando sete ou oito mil doletas em pacotes para a Ásia visando fortalecer o espírito, obter auto-conhecimento, fazer uma viagem-interior, entoar um mantra, buscar o equilíbrio físico-mental-psíquico-apotéotico-patético-místico-esotérico-escambau-psicodélico-espiritual, fazer peregrinação, sei lá, minha vã ignorância patológica não me permite entender. Pelo amor de Ganesh, isso que eu chamo de desapego...desapego ao dinheiro. Mas por uma coisa nobre, tudo isso em nome do “enriquecimento humano”. Enriquecimento humano entenda-se como enriquecimento de donos de agência$, guia$ e operadora$ de turismo, só se fôr, porque devem estar enriquecendo muito mesmo afinal tem até fila de espera. Imagino as dasluzetes, os patricinhos e as mauricinhas lidando com a higiene indiana, tem que ter espírito mesmo mas qualquer coisa estou alugando minha bota. Mas enfim, viagens caras no estilo groselha-profética-transcendental-ayurvédica-zuzo-bem à parte, cada um com seu cada qual. Viva a diferença ! Por outro lado, não tem gente que gasta entre U$ 4.000,00ish e 5.000,00ish para uma volta ao mundo viajando por países tão díspares entre si em 4 continentes diferentes ? Dia desses eu explico mas acho que se espremer um pouco e sem passar tanto perrengue dá para viajar em 5, colocando o mais fascinante continente na brincadeira : a África. E não estou falando de Egito e/ou Marrocos porque segundo a minha teimosa geografia taurina tais países não são África (já disse que o médico disse para não contrariar...) então porque outro$ não podem gastar quase 10 mil doletas para encontrar a razão do ser ou, no “idioma” deles, buscar a purificação e elevação espiritual ? PQP, that´s fucking laughable !!! Enquanto isso numa praia distante nas Filipinas... Como o assunto passou para mergulho sem esquecer do cage-diving e sardine run (o sul-africano conhecia mas acho que nunca teve o privilégio de participar) e viagens no geral, percebi que o cara de Nova Iorque, que tinha um rosto um tanto familiar, possuía uma câmera de um modelo point and shot dentro de uma caixa estanque que eu achei legal e pedi para dar uma olhada. Eles me mostraram algumas fotos e um vídeo do mergulho feito no dia anterior e tinha uma seqüência bacana de uma cobra marinha venenosa que me lembrou de uma que eu vi em Fiji e que apareceu do nada perto de um deck de madeira a uns 100/200 metros numa praia próxima a um reefpass onde, de acordo com os locais, rolava uns tubarões grandes e sarados que garantiam seu almoço aproveitando a abundante vida marinha na correnteza causada no meio do passe. Agora se é verdade, me desculpem, mas eu não fui verificar in locco para saber. E isso tudo na frente de um hostel com piscina, sandflies sanguinárias, comida ruim e muita mulher boa. Lugar esse onde eu cometi a maior gafe idiomática da minha vida. Nem adianta perguntar... Perguntei se ele tinha comprado aquela caixa-estanque na loja BH em Nova Iorque e o americano com cara familiar respondeu que sim e depois explicou para os seus amigos sobre a loja, que por sinal tem de tudo mesmo e por um preço que até assalariados em volta ao mundo podem pagar. Fica a dica. Perguntaram sobre a minha viagem e eu dei uma geral. Quando perceberam que eu já tinha dado uns rolês por aí, começaram a me fazer umas perguntas mais específicas de lugares, o que fazer, como chegar, o melhor, o pior, preços, tickets, roubadas, suecas (oops, escapou...) etc. Expliquei sobre a minha RTW “kinda” baixo custo, inclusive cantei a bola para eles, que eram mergulhadores, que em algum lugar não muito longe dali era um point legal para avistar raias mantas, provavelmente trazidas para ali pelo mesmo motivo que atraem os Butandings : plâncton, a base da cadeia alimentar marinha. O maior peixe do mundo se alimenta do menor microorganismo vivo do mundo (o cérebro do Lula não vale). Falem-me de mãe-natureza. Chegou uma hora que um deles falou algo como “cara, você conhece muito, depois você me passa seu email pra gente trocar idéias porque vou querer saber mais”. Sei lá, nem manjo tanto assim mas dou minhas cacetadas aqui e ali. E devido aos imprevistos pré-férias que atrapalharam meu planejamento acabou que essa trip nem foi tão baixo custo assim mas estou trabalhando para que a próxima seja. Traveling and learning. Mas mesmo com todos os arrasos acho que ela custou menos que um ticket RTW, o que já é uma baita economia porque pagar vários milhares de dólares apenas na parte aérea (a mordida mais alta numa rtw) sem ter a renda e/ou as facilidades de um gringo ou expatriado...na boa, nem corinthiano petista (desculpem o pleonasmo) merece. Já falei pra vocês que gringo e expatriado um pouquinho mais antenado conseguem dar uma volta ao mundo com a “bagatela” (para eles) de dois salários mínimos ? Tenho minhas dúvidas se vale a pena (dia desse eu explico o porquê) pois fazer uma volta ao mundo apenas por fazer não acho legal. Quanto a nós, simples mortais brasucas, com dois salários mínimos não pagamos nem as taxas aeroportuárias mas nem vou entrar no mérito afinal isso aqui é um provocativo post de viagem e não de economia. O quê, alguém aí desanimou, foi um banho de água fria ? Moçada, relaxa !!! Todo mundo sabe que com exceção da morte nessa vida tem jeito pra tudo, até para brasuca assalariado fazer trips RTW. Sou a prova viva disso então podem deixar que dia desses eu explico tintim por tintim como funciona a coisa. Realmente esse assunto RTW dá bastante pano pra manga mas tem que tirar o sonho da cabeça e/ou do papel e transformar em realidade senão não adianta. Quem topa ? Galera, vou cortar esse post em dois para não ficar muito longo (mais ainda) e não cansar vocês (idem), mas essa semana ainda eu volto com a outra parte e eu vou tentar colocar umas imagens para ilustrar o relato, acho que vai ficar legal. Grande abraço, valeu pela visita e fiquem ligados. Virunga Citar
Colaboradores Thalita Figueiredo Postado Fevereiro 1, 2010 Colaboradores Postado Fevereiro 1, 2010 E aí Virungaaa! Tô aki again! srs Acompanhando de pertinho essa trip! Esse relato tá bãooo mesmo, até indicações para novo emprego vc tá falando aí! Tô mesmo querendo ampliar meus horizontes...kk Abraços e até mais! Waintingggg Citar
Posts Recomendados
Participe da conversa
Você pode postar agora e se cadastrar mais tarde. Se você tem uma conta, faça o login para postar com sua conta.