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Relato de Viagem RTW / (Volta ao mundo)


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Oi pessoal,

 

Continuando a trip, aqui vai mais uma parte da Oceania, continuamos ainda na paradisíaca Polinésia Francesa, espero que vocês curtam.

 

Depois que deixei minhas coisas no quarto que naquele momento era todo meu, pelo menos até chegar outra pessoa, me troquei e como o dia estava ensolarado e com uma praia daquelas a poucos passos seria pecado eu ficar marcando bobeira. Peguei minhas coisas e fui lagartear na praia que estava quase vazia. Paraíso tem dessas. Cheguei e já caí na água, nadei um pouco na água morna e calma e depois fui para bem próximo da margem, onde sentei e fiquei admirando a paisagem, feliz por estar num lugar daquele de novo.

 

Eu continuei na água com temperatura de chuveiro, sentado entre a areia e uma espécie de reef bastante longo que ficava a poucos metros da praia, formando uma espécie de corredor d´água bem rasa entre a praia e o mar. Era tão raso que dependendo da maré dava até para deitar, foi o que fiz por alguns momentos.

 

Estava lá há alguns minutos e qual não foi minha surpresa quando notei algo achatado e cinzento se aproximando, mais ou menos numa forma de pizza de quase um metro de diâmetro, só que com uma cauda. “Ué, não me lembro de ter pedido pizza, ainda mais cinzenta e com cauda”, pensei. Estaria eu sonhando ou vendo uma miragem ? Estranho, se eu não vi miragem no Egito, por que iria avistar uma justamente ali, na praia ? Tudo bem que a temperatura estava quente não só fora como dentro d´água e o cenário parecia um sonho mas até aí, tudo tem limite. Não demorou e mais uma vez tive aquele mesmo pensamento quando avistei aquele tubarãozinho durante o pôr do sol, dias antes, e que eu batizei de Júnior, o baby shark : “será que tô vendo o que acho que estou vendo ?”

 

Como a água era hiper super translúcida e com o sol da manhã batendo forte, não tive dúvidas : nadando em minha direção havia uma linda raia, a prima do tubarão ! Pelo tamanho deu para perceber que era adulta, tinha por volta de um metro sem contar a cauda e nadava tranquilamente. Nadar é modo de falar porque parece que as raias “voam” na água, “batendo asas”, por assim dizer. Na boa, não achei outra melhor maneira de descrever o momento como surreal. Isso que eu chamo de estar no lugar certo e na hora certa. Dias depois eu iria nadar com várias raias como aquela mas ali, naquele instante, só havia eu e ela dividindo aquele espaço, nada combinado, ensaiado ou provocado, obra do acaso mesmo. Como todo bom cavalheiro que se preze (não espalhe para as garotas, esse negócio de ser cavalheiro não está com nada hoje em dia... rsrs), me levantei sem titubear e deixei a donzela passar bem ao meu lado, majestosa, nadando tranquilamente nem aí pra mim.

 

Melhor assim, vai que se enfezasse e chamasse um dos seus primos ! rsrsrs Nada a ver, raias não oferecem nenhum perigo e seus primos, dependendo da espécie, também não. Tudo bem que acidentes acontecem, vide o que aconteceu com aquele apresentador ozzie meio bobão, o caçador de crocodilos, que conseguiu ser morto por uma raia !!!

 

Ela passou bem perto de mim quase raspando na minha perna e continou sua trajetória naquele corredor de mar. Eu fui caminhando bem ao seu lado, discretamente e com cuidado para não perturbá-la só para ter o prazer de prolongar mais um daqueles momentos que a gente guarda para sempre. É ou não é surreal ?

 

Detalhe, a profundidade ali era muito rasa, tanto é que não passava da altura dos meus tornozelos. E a raia ali, nadando totalmente “tô nem aí”, tranqüilidade total naquela manhã ensolarada no Tahiti.

 

Muito bom mesmo, sem palavras. Quando eu estava rascunhando essa trip, quase fui para Fiji para nadar com raias, só que de outra espécie, a raia-manta, mas por motivos de força maior (para refrescar a memória, um maldito imprevisto no trabalho) acabou que não fui e vim pra cá, um pouquinho mais caro mas também paradisíaco. E agora estava eu ali, parado com cara de bobo (mais ainda...rs) curtindo aquela raia bem de perto mesmo; bota perto nisso.

 

Após mais um show proporcionado pela natureza e que eu tive o prazer de participar, mesmo como coadjuvante (tô ficando bom nisso...), meu dia já tava ganho então curti mais um pouco a praia, totalmente extasiado, e fui dar uma volta. E foi nessa volta que conheci o casal de chilenos gente finíssima (claro, são chilenos !) e mais um francês gente boa, sendo esse da marinha francesa e que estava servindo no Tahiti. Todos muito legais e como o francês marinheiro estava morando em Papeete, a capital do país e que fica na ilha principal, deu altos toques dos lugares. Ele falava um espanhol perfeito em virtude do ano em que morou na cidade do México, o cara era super gente boa também (claro, era francês) e nos contou sobre algumas trilhas, picos, e a localização exata e como chegar lá pros lados de um lugar chamado Teahupoo, lugar esse famoso por quebrar a onda mais perigosa do circuito mundial de surf e que por sinal estava acontecendo naquela época.

 

Como eu disse antes, o mundo tá esquisito mesmo e mais uma prova disto foi que esse campeonato foi vencido por um brasileiro no ano passado. Falem-me de zebras. Eu cheguei a pensar em dar uma esticada para ver se o bicho tava pegando mas preferi ficar em Moorea mesmo. Decisão acertada, não perdi nada porque nesse ano as ondas deixaram um pouco a desejar.

 

Pouco tempo depois se juntou ao bate-papo aquele outro amigo que conheci na acomodação anterior. Ele estava de bobeira e resolveu passar ali, onde rapidamente se integrou ao grupo e ficamos batendo papo.

 

Eu contei sobre o meu encontro furtivo e o pessoal ficou com inveja, uma pena que eles não estavam na área no momento. Pelos olhares invejosos da galera, acho que consegui passar o “momento raia”. rs

 

Conversamos bastante, como os chilenos dali iriam pra Ilha de Páscoa, aproveitei e dividi alguma coisa que eu sabia de lá. Falei da minha trip também e que do Tahiti partiria para Austrália para uma rápida visita, já a caminho da Ásia, e nessa fiquei sabendo que o país dos cangurus, primeiríssimo mundo e que todo mundo sonha em visitar infelizmente possui uns repentes xenófobos também (depois eu explico) e que não está com nada mesmo, (coisa de babaca e que não combina muito com aquele país, pra falar a verdade, não combina com nada. Fica o registro), costuma “fazer doce” para dar visto para os simpáticos hermanos chilenos. Falei pra eles não se importarem, não estavam perdendo muita coisa não e que o país dos cangurus sofria uma certa síndrome de Paris Hilton (dia desses eu explico), coisas de “Ostrália”. Depois dessa, gargalhada geral em 3 idiomas diferentes : português, castelhano e francês.

 

Papo vai papo vem, um dos franceses havia descoberto uma maneira mais em conta de ir nadar com tubarões e raias, algo que ainda continuava nos meus planos. Ele soube de um hotel na região que alugava uns “objetos flututantes não identificados” (não entendi muito bem o que era, mas que era engraçado isso sim) e falou que dava pra alugar e dividir o preço entre duas pessoas. Rapidamente me ofereci para ir junto e ficou combinado de irmos na manhã seguinte ! Fechadasso !!!

 

Os chilenos tinham outros planos então ficou combinado no dia seguinte eu e os agora dois amigos franceses achar o tal hotel, alugar a tal geringonça e cair no mar atrás dos tais tubarões e suas primas.

 

Depois da reunião entre mochileiros de nacionalidades diferentes (adoro esse estilo de viagem e não troco por nada; não só o estilo é legal, mas principalmente as pessoas com quem a gente cruza e os preços que a gente paga) que rolou ali mesmo na sombra do belo gramado em frente a praia, com a certeza de nos reencontrarmos no dia seguinte para dar uma boa olhada mais de perto no que o lindíssimo mar do Tahiti tinha a nos oferecer. Eu já sabia de cor e salteado, mas queria muito mais afinal praqueles lados sempre tem algo que “vale a pena ver de novo”.

 

A tarde passou preguiçosa e ainda deu tempo de dar uma caída no mar e uma caminhada pelas imediações, mas desta vez eu segui para o outro lado da ilha. Como eu gosto de andar, caminhei por várias horas naquela estradinha estreita cercada por coqueiros, alguns deles com uma espécie de “colar” de metal que serve para manter os caranguejos longe dos côcos mas... desde quando caranguejo sobe em coqueiros ? Tô falando que esse mundo tá louco. rsrs

 

Nessa caminhada eu me deparei com um belíssimo atum pendurado na frente de uma casa. Era grande e pesado, não me lembro muito bem quanto mas custava uma grana. Atum é um peixe bonitão também. E grande.

 

Na volta, para evitar problemas com os caninos, acabei andando com um pedaço de pau para me prevenir caso eu cruzasse com um daqueles malditos vira-latas que de vez em quando dá as caras nas ilhas. Ainda bem que não precisei usar mas se precisasse não iria pensar duas vezes. Cruzei com vários cachorros bravos no caminho, a maioria deles estavam presos e quando eu conseguia avistar algum solto à distância, eu simplesmente atravessava a rua mas ainda continuava alerta, se um se metesse a besta ia tomar uma paulada na fuça e parar lá no outro lado do Oceano Pacifico...

 

Cheguei na minha acomodação e o sol já quase havia embora, sentei próximo de outras pessoas que estavam ali também apreciando o show da natureza, peguei o finzinho alaranjado e qual não foi a minha surpresa quando o amigo francês apareceu e se juntou, dizendo que no outro lugar continuava muito parado e que ali pelo menos tinha gente para conversar, trocar dicas e dar risadas. Concordo. Ficamos batendo papo e qual não foi minha outra surpresa quando o “Júnior, o baby shark”, resolveu dar o ar da sua graça ? Eu mostrei para o meu amigo para confirmar se realmente era um tubarãozinho, mas acho que dessa vez não era o Júnior não, esse parecia ser maior para desespero dos cardumes de peixes que nadavam na região, alguns até chegavam a saltar da água !

 

Após mais um show da natureza (repetitivo, né ? mas não tem como evitar, paraíso tem dessas...), confirmei o horário com meu amigo pro dia seguinte e ficou combinado de nos encontrarmos ali mesmo, a fim de irmos tentar localizar o hotel que aluga a geringonça para fazermos o passeio.

 

Dia seguinte, estava conversando com a galera quando esse amigo apareceu no horário combinado. Os chilenos não foram então fomos apenas eu e mais os dois franceses.

 

Caminhamos pela estradinha em direção ao hotel que não ficava tão distante dali, mas era uma caminhada. Aproveitei para melhorar minhas capengas frases em francês para a alegria, surpresa e porque não dizer orgulho dos novos “professores” franceses (coitados, sofreram bastante na minha mão, mas que foi divertido, isso foi !), afinal realmente eu acho o idioma le plus belle langue du monde e eu não canso de falar, além do que pode me ajudar em viagens futuras também. Foram vários os assuntos, a maioria mulher, é claro, e falando nisso acabou que voltou o caso da “dona cara amarrada” que continuava intrigar a todos. Esse novo amigo, o da marinha francesa e que estava morando no Tahiti nos últimos meses e ia embora em outubro, também conhecia a lenda da mulher. Ainda tiramos sarro do coitado do marido que trabalhava junto com ela e tinha que agüentar aquela mulher o dia todo. E a noite também !!! Certamente deve ser mais um daqueles relacionamentos em que as últimas palavras vêm sempre do homem da casa : “SIM SENHORA !”. hehehe

 

Nisso chegamos no tal hotel. Me pareceu ser bem legal, não tinha a opção de overwater bungalow mas tinham uns chalets bem legais. Pelo que o cara da marinha me contou, não era tão caro assim para os padrões tahitianos. Falando em overwater bangalow, ele já havia ficado num deles mas ... COM A IRMÃ !! Aí é sacanagem ! Calma, o cara não é adepto ao incesto, o que aconteceu é que rolou uma promoção, uma espécie de acordo entre a marinha francesa e um desses hotéis, e o cara conseguiu um baita desconto. Como a irmã dele estava nas ilhas para visitá-lo, acabaram se hospedando no tal hotel com overwater bungalow, acho que foi o Intercontinental. Vou falar desse hotel no finzinho do trecho Tahiti, onde nesse hotel luxuoso eu vi uma coisa não muito legal, por sinal.

 

Quando chegamos nesse hotel por onde iríamos alugar a tal geringonça flutuante, foi fácil chegar no lugar de aluguel que ficava numa espécie de barraca na areia da praia, praia essa que alcançamos através de uma entrada lateral que era um tanto escondida, mas como eu estava com pessoas que falavam francês, chegamos lá sem muita dificuldade.

 

Chegando lá, o marinheiro alugou um caiaque na escola de mergulho do lugar e foi para uma ilha ali perto. Como ele tava passando o fim de semana ali e morando nas imediações há mais de seis meses, para ele não era tão novidade assim então fomos eu e o outro amigo, o professor, alugar a tal geringonça e nos mandarmos pro meio do mar em busca dos tubarões e raias.

 

Quando encontramos a barraca, havia duas alegres tahitianas, imaginem vocês de novo, bastante sorridentes, e rapidinho ficou acertado o aluguel. Eles conversaram algumas coisas, riram e eu fiquei só escutando mesmo. Não entendi nada, mas sei que o sotaque é bem diferente. As irmãs francesas que conheci na outra visita já havia me falado isso. Algo normal, o francês canadense também é bem diferente do francês “da França”, digamos assim, me parece que o canadense é uma espécie de francês antigo. Sim, eu sei que isso acontece com outros idiomas também mas o papo aqui é francês, afinal isso aqui é a Polinésia FRANCESA ! rs

 

Meu amigo pagou adiantado e eu aproveitei e paguei pra ele de imediato. Após as apresentações de praxe, guardei algumas coisas numa sacolinha a prova d´agua, deixei algumas coisas na barraca e fomos eu e o professor mar adentro. A geringonça era meio desingonçada (óbvio, era uma geringonça) mas fêz o seu trabalho. Eu confesso que minha natação não é das melhores então me certifiquei que a coisa era segura. Bom senso e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

 

Isso me lembrou um caso de uns integrantes que estavam no grupo com quem eu viajei na favorita África que alugaram um barquinho a vela ou algo do gênero e a coisa afundou. Ainda bem que deu tudo certo mas numa dessas o que seria uma diversão pode terminar em tragédia. E olha que era num lago bem tranqüilo (mas muito grande) lá no simpático e escondido Malawi.

 

Mas não foi o caso, a geringonça era, além de ter um formato meio indecifrável, muito segura. Só que antes de começar a engraçada jornada, aproveitando a dica da garota da barraca ainda esperamos mais um tempo, o que só serviu para aumentar a ansiedade. Como havia um barco cheio de turistas no lugar onde os bichos estariam, isso poderia assustar eles então resolvemos esperar um pouco, mas valeu bastante a pena. E como !

 

Depois que o barco foi embora, lá se foi eu e o professor na direção apontada pela risonha garota da barraca. O outro amigo marinheiro já tinha zarpado rumo a ilha que ficava no lado oposto e até onde eu sei tinha um restaurante bem bom.

 

A praia ali estava movimentada, se é que podemos chamar praias no Tahiti de movimentadas. Paraíso tem dessas. Além dos hóspedes tinham ainda os visitantes que, assim como nós, estavam de olho no passeio e curtindo a beleza do lugar. Havia também uma escola de mergulho mas não vi ninguém saindo para mergulhar, possivelmente por causa do horário pois geralmente essas saídas são mais cedo.

 

O trajeto foi tranqüilo, pela cor da água ficava dificil saber a profundidade, aquilo ali era lindo demais ! Olhando em volta dava para ver a praia e seus coqueiros. Olhando um pouco mais adiante dava para ver aquelas montanhas escarpadas verdejantes. Olhando ao redor, nossa, sem palavras, mar com várias matizes de verde e azul, algumas partes num degradê lindo. Atravessamos um canal profundo também, a correnteza estava fraca e a geringonça era fácil de manobrar.

 

Depois de um certo tempo chegamos no lugar pré-determinado, demos uma volta para saber o melhor lugar de lançar âncora (pois é, a geringonça tinha até âncora) e já dava pra ver que a coisa tava pegando ali. Havia um barco ancorado cheio de locais risonhos e tinham também outro barquinho menor com turistas franceses. Estávamos sobre um banco de areia raso, com água mais ou menos na altura da cintura, recheado de raias, nisso meu amigo soltou um “UAU, olha aquilo”, olhei e lá estavam eles, “tubarões com cara, pinta, jeito, dentes, elegância ao nadar, côr, olhar, beleza e barbatana de tubarão” ! Não sei se estou conseguindo colocar em palavras mas o momento foi mais um daqueles. Meu amigo não se conteve, puxou a câmera fotográfica e começou a disparar fotos pra tudo quanto é lado. Ele me perguntou : “será que é seguro cair na água ?” Como eu já tinha ido ali antes, sabia que não teria problemas, além do mais tinha um pessoal na água o que significa que a chance de ataque estava dividida por mais gente.. rsrs “claro que sim”, respondi, “olha o pessoal tirando onda com eles”. Estavam nada, estavam tirando onda com as primas deles ! Mas aí já era tarde, pulei na água e foi me divertir. Simplesmente inacreditável ! As raias, ao contrário dos tubarões, não eram nada tímidas, nadavam na direção das pessoas e literalmente “as abraçavam” querendo comida na boca para desespero e gritinhos nervosos das garotas ali presentes. Só sei que rolou muita risada também, a garotada tentando fugir das raias e elas não davam uma folga, muito engraçado. A textura da pele na parte debaixo é bem delicada mas na parte de cima, a cinzenta, é áspera.

 

Na minha outra vez havia um nativo que pegava carona com elas, chamando de “minha prancha de bodyboard”. Dessa vez eu vi também, uma jovem francesinha fêz o mesmo e foi parar lá embaixo, bela carona !

 

E havia os tubarões, esses mais elusivos e desconfiados mas ficavam ali, nadando nas cercanias. Às vezes eles sumiam, depois voltavam. O meu amigo saiu do banco de areia e ficou na parte mais profunda, me disse depois que ficou cercado por uns 7 tubarões curiosos, muito bacana mesmo.

 

Depois ele voltou, me emprestou a máscara e o snorkel e lá fui atrás dos tubarões. Como havia mais pessoas dividindo o lugar com a gente, os tubarões ficavam mais afastados mas eu fui tentar me aproximar deles também.

 

Percebi que eram da espécie galha preta (black tip) porque, vejam só, a ponta da barbatana era preta. Existe também o galha branca (white tip). Um doce para quem adivinhar a cor da ponta da barbatana do bicho... rsrs Criativo esses cientistas. Obviamente era de uma espécie que não oferece perigo aos seres humanos.

 

Existe outro tubarão galha branca também, mas esse é o galha branca oceânico e não costuma ser bonzinho não, inclusive é suspeito no envolvimento de vários casos de ataque a náufragos. Eu tenho um fato muito legal sobre esses tubarões galha branca oceânico mas não consegui confirmar. Deixa pra lá.

 

Após o momento National Geographic, de volta as férias...

 

Como sempre acontece em momentos assim, o tempo passou voando. Resolvemos dar uma esticada e ir até uma ilha que ficava mais afastada e que a garota da barraca havia dito que tinham uns lugares bons para snorkel. Após uma certa dificuldade para subir na geringonça flutuante (realmente era difícil) fomos em direção a tal ilha. Estávamos com a cabeça feita e falávamos sem parar, resultado da adrenalina, só podia ser. Como o tempo estava curto, ao chegar lá eu preferi ficar na geringonça mesmo, o lugar era cheio de pedras no fundo e a ilha era bonita, quase desabitada mas não tinha visto a praia ainda. Meu amigo foi dar uma olhada e eu fiquei só curtindo a paisagem de fora mesmo. Nisso ele voltou e insistiu para eu dar uma olhada embaixo então lá fui eu. Fiz um snorkel rápido e vi alguns peixes coloridos (óbvio, isso aqui é o Tahiti). Voltei para a geringonça flutuante (eu falei que era amarela ? ) e após um certo perrengue para trazer a âncora pra cima, tomamos o caminho de volta. Foi cogitado a hipótese de darmos a volta na ilha mas ia ficar muito tarde e o mar ali já era considerado "mar de fora", ie, muito mais agitado e sem a proteção do recifes. As opções eram voltar e passar mais um tempo com as raias e tubarões ou darmos a volta na ilha, que não era tão pequena assim. Prevaleceu a “lei do mínimo”, então a primeira opção venceu “de lavada” (dois a zero), afinal isso aqui são férias !! rsrs.

 

Voltamos para o banco de areia e já havia outras pessoas brincando com as raias. Os tubarões tinham desaparecido, só dando as caras muito de vez em quando. Após lançarmos âncora, eu fui dar uma espiada mais de perto na beira do banco de areia onde a profundidade caía abruptamente e tive mais uma imagem daquelas que ficam guardadas na memória. Ali bem perto havia um tubarão muito bonito mesmo, grande, adulto e com todo aquele jeito de uma entidade quase divina que o tubarão tem. Era a clássica imagem que a gente tem deles só que para melhorar ainda ele estava cercado por um cardume de peixes listrados, era a foto perfeita mesmo. Continuo com ela na minha mente e tenho certeza que vai ficar lá para sempre.

 

Depois dessa e já satisfeito com a manhã que havia sido muito produtiva, já era hora de voltarmos então tomamos o caminho da praia com a cabeça super feita. O amigo francês foi corajoso o suficiente de me deixar na navegação da geringonça e lá fomos nós em direção a praia. Eu poderia falar que estava indo para a barraca errada mas não vou contar senão esse relato vai ficar muito repetitivo se eu falar que sou perdido por natureza... rsrs

 

No caminho para praia ainda deu para parar e esperar passar uma lancha em alta velocidade que estava no canal profundo. Eles passaram a milhão, criando pequenas ondas na água cristalina. Acenaram pra gente, acenamos de volta e continuamos nosso percurso. A água era tão clara que quando estávamos próximos da areia pensei que ia encalhar mas que nada, fomos parar bem na areia mesmo. Quando ensaiamos arrastar a geringonça flutuante até a barraca, a sorridente tahitiana disse que não precisava. Ainda bem porque aquilo era pesado pracas !

 

Pegamos nossas coisas, nos despedimos e a poucos metros encontramos o outro francês, o marinheiro, também devolvendo o caiaque que ele havia alugado. Isso que eu chamo de timing. Se tivéssemos marcados um horário, certamente não daria certo.

 

Voltamos contentes contando as histórias daquela manhã inesquecível e no caminho paramos num trailer para almoçar. O marinheiro já havia almoçado mas aceitou o convite de nos acompanhar pra ficar batendo papo. Eles me deixaram fazer o pedido em francês, afinal eu precisava treinar, mas a francesa gatinha com pinta de hippie me respondeu em inglês. Deu pra ver que ela aproveitou a oportunidade para desenferrujar o inglês para quando os turistas voltarem o mesmo está na ponta de língua, sem trocadilho.

 

Eu não sabia mas atrás do trailer havia uma pequena área com mesinhas criando um ambiente bem legal, de praia mesmo. O almoço foi longo, comi praças e preferi não fazer as contas para saber quanto custou o hambúrguer com fritas mais caro da minha vida. E o melhor também por tudo que havia ocorrido até então !

 

Fizemos um grupo legal (os três mochileiros ?), uma pena que o casal chileno não estava na área. Conversando descobri o que o marinheiro fazia nas ilhas, como era o dia-a-dia dele e chegamos a conclusão : “que lugar chato para servir, heim ?”. Ele era responsável pela navegação de um barco com nome invocado, mas eu esqueci qual era, e na segunda feira ia partir para mais uma incursão em Murorua, depois eu explico.

 

Pessoal, mais ou menos isso; desculpe pelos textos longos. No próximo relato continuamos na Oceania mas terminarei o Tahiti e entrarei na Austrália, mais precisamente a famosa Sydney, para uma rápida visita.

 

Valeu galera, obrigado pela visita e até o próximo relato !

 

Virunga

 

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  • 2 semanas depois...
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Oi pessoal,

 

Vou tentar dar uma adiantada senão o post vai ficar ainda mais atrasado do que já está, mas podem deixar porque como disse antes isso aqui não vai ficar pela metade não. Prometo que antes de eu partir para próxima trip eu termino ! rs Brincadeira, o relato continua firme e forte, chega de papo furado e vamos ao que interessa.

 

Continuando...

 

O almoço foi bem divertido, havia uma área com sombra na parte de trás do trailer-lanchonete e ficamos lá um tempão. Perguntei pro meu amigo militar se ele iria seguir carreira e ele disse que não, preferia trabalhar num escritório nas imediações da Champs Elysees. Realmente, “muuito chato” ! Fiquei sabendo que no caminho de volta para França ele iria dar uma parada rápida na Ásia e... bota rápida nisso ! Entusiasmado com os preços das passagens na região, ele ia fazer uma mega-express-trip em lugares como Austrália, NZelândia, Malásia, Tailândia e Hong Kong, isso tudo no caminho para Europa e num período de mais ou menos uma semana (também não entendi mas, sei lá, gringo sabe como é...rsrs).

 

Falei para cortar alguns lugares mas ele já havia comprado as passagens e iria com um amigo também militar. Tentei explicar que só o tempo dispendido com o deslocamento entre os lugares, o tempo gasto em aeroportos, etc não iria compensar, além do mais ir pra Ásia para visitar a “Ásia enlatada”, lugares como Hong Kong e Kuala Lumpur, na boa, ninguém merece. Como o tempo era bem curto, sugeri Bangkok e mais alguma ilha tailandesa mas ele me confidenciou que no ano que vem iria voltar pra passar mais tempo na região e aí sim poderia dar uma boa olhada nos lugares que realmente valem a pena. Ah bom, agora sim.

 

Conversamos também sobre as incursões dele em arquipélagos mais afastados e ele disse altas histórias com ilhas lindas e desabitadas, mares revoltos e um lugar onde ficaram ancorados e haviam muitos tubarões rodeando o barco, mais de cem !!! Como são lugares onde o homem ainda não chegou, devia ser muito bom mesmo. Infelizmente tiveram outros onde o homem chegou e deixou a sua marca na forma de testes atômicos e outras idiotices que só o ser humano é capaz de fazer. Mururoa, por exemplo.

 

Mas aparentemente nesse pico já estava tudo “limpo”, sem sinais de radiação, “all clear”, segundo palavras do meu novo amigo. Vai nessa...

 

Quando ele falou isso, o amigo professor emendou : “All clear, sei.... Tudo bem que de vez em quando deve aparecer uns peixes com uns três olhos, quatro bocas, quem sabe uma pequena perna no lugar da cauda mas nada para se preocupar afinal estava tudo “all clear”” ! A gargalhada foi geral.

 

Perguntamos pra ele se rolavam pescarias com metralhadora, treinamento de tiro ao alvo com os coitados dos tubarões e coisa do gênero afinal o cara era militar. Surpreso, caiu na risada e respondeu veementemente que não, para alívio de todos os presentes ! rs

 

À noite voltamos a nos reunir para ver se tinha alguma coisa acontecendo na ilha. O casal chileno havia conhecido uns locais e foi convidado para jantar na casa deles. Após o jantar, fomos num restaurante de um hotel bacana assistir a um show típico mas chegamos muito tarde, só deu pra tomar umas cervejas mesmo. Falando em cerveja, vale destacar que a cerveja local HIMANO foi a melhor cerveja que já tomei na vida ! Tinha a opção de pedir em jarra e foi o que eu fiz, apesar de não ter tomado a jarra inteira (eu dividi com o militar, o professor preferiu tomar vinho mesmo, afinal o cara é francês e não ia negar as suas origens...) deu pra matar a vontade de tomar cerveja boa. E como, digo, bebo...

 

No dia seguinte já era hora de partir, levantei cedo, me despedi do amigo de quarto (outro francês que chegou a noite para passar o fim de semana e que também era fluente em espanhol ) e fui fazer o check-out com a madmoseille cara amarrada e que, adivinhem, continuava de cara amarrada. Fiz o check out para alivio dela (acho que a melhor parte do trabalho dela é ver os hospedes indo embora, só pode ser ! rs) e deixei minha mochila separada num canto. O militar iria embora naquele mesmo dia então combinamos de pegar o transporte para a marina juntos no meio da tarde.

 

Mas antes ainda deu tempo de dar uma olhada nos golfinhos que ficam num cativeiro num hotel de luxo, sugestão do amigo militar naquela última manhã ensolarada. Fomos eu e o professor achar o tal hotel que ficava a uma certa distância de onde estávamos mas conversando o tempo passa rápido. O hotel era 5 estrelas, com direito a vários overwater bungalows e todo aquele luxo que a gente lembra quando pensa em hotéis no Tahiti. Realmente era um cenário de filme, a decoração era realmente de muito bom gosto e de certa forma interagia com a beleza do lugar. Nada daquela coisa cafona “Disney para Adultos” que a gente sabe que tem em lugares "da moda" como Dubai e outras “suntuosidades” por aí.

 

Apesar de ser baixa temporada, o hotel estava relativamente cheio. Chegamos na hora do café da manhã e o restaurante mais a piscina estavam bastante movimentados. Tínhamos uma idéia de como chegar no cativeiro devido as dicas do militar mas nada como estar acompanhado por alguém que fala o idioma local, chegando lá foi fácil achar os golfinhos.

 

Fomos primeiro numa espécie de escritório para pedir autorização ou algo que o valha mas o mesmo estava fechado. Sendo assim, depois de pedidas novas coordenadas com uma funcionária tahitiana simpática e sorridente, finalmente chegamos no cativeiro.

 

Apesar de os golfinhos serem muito bem tratados (havia quatro deles), realmente não é uma visão muito legal de se ver porque realmente ali não é o lugar deles. Achei também o lugar um tanto quanto apertado, havia um golfinho separado numa espécie de mini piscina (banheira ?), mais dois num outro lugar também pequeno e um golfinho grandão quase debaixo da ponte que leva a recepção onde os interessados marcam a interação com os golfinhos, os turistas pagam uma grana e passam um tempo nadando com os bichos.

 

O golfinho que estava tranquilamente parado deu pra ver bem de perto e fiquei impressionado com o tamanho do primo do Flipper.

 

Meu amigo trocou algumas palavras com a instrutora e depois fiquei sabendo dos horários. Infelizmente não daria tempo para eu pelo menos assistir porque não gastaria meu suado dinheiro para realizar uma atividade dessas : nadar com golfinhos em cativeiro.

 

Não foi a primeira vez que vi golfinho mas realmente aquele ali foi o maior que já vi, me lembro de ter visto golfinhos rotadores em Noronha a uma certa distância (ok, vocês venceram, confesso que eu acordava cedo para ir ver a pesquisadora gata que batia ponto ali toda manhã, os golfinhos eram só desculpa) e de ter nadado, ou de ter tentado pelo menos, com eles na magnífica costa da ilha de Zanzibar, mas confesso que naquela oportunidade, nas mornas e belíssimas águas do Oceano índico não deu pra ver nada, eles sempre estavam no outro lado e muito distante, além de serem muito rápidos.

 

Mas o cetáceo que estava parado ali à poucos metros de mim realmente era gigante, tinha mais de dois metros fácil. Esse pelo menos tinha bem mais espaço, ficava numa espécie de piscina natural com um bom tamanho, obviamente fechada com cercas para evitar que o bicho escapasse. Mais além, separada por outra cerca, essa “piscina” continuava por centenas de metros cortando a propriedade do hotel e formando na verdade uma praia natural numa uma espécie de canal, realmente muito bonito, difícil dizer se foi feita pelo homem ou pela natureza, acho que houve um pouco da contribuição de ambos.

 

Depois de alguns minutos observando a exuberância do animal que mesmo preso em cativeiro ainda preservava um certo “quê” de selvagem e apesar dele parecer um tanto triste (tudo bem que era bem tratado – a instrutora até que era bonitinha mas mesmo assim...rs) era óbvio que ali definitivamente não era a sua praia (desculpem o trocadilho).

 

Após um bom tempo ali observando os animais, esperei meu amigo terminar de tirar as fotos de praxe e seguimos por uma direção contrária da onde viemos. Não entendi nada mas tava valendo, estava demais explorar um lugar daqueles num lugar paradisíaco. Depois fiquei sabendo que a instrutora falou que no local havia também um santuário de tartarugas mais adiante então fomos procurá-las. Chegando no lugar indicado, uma certa decepção, havia uma gaiola e, se me lembro bem, uma tartaruga com algum tamanho.

 

No caminho de volta meu amigo perguntou para uma camareira (vejam só, bastante risonha) se havia algum bungalow-model (não me lembro se o termo utilizado foi esse mas enfim...) onde seria possível dar uma olhada por dentro. Puxa, nunca tinha ouvido falar dessa possibilidade e gostaria de ver um bungalow desses por dentro porque por fora não precisava nem falar que era demais. São bungalows que o hotel disponibiliza para visitantes pobres e curiosos (não necessariamente nessa mesma ordem) poder dar uma olhada. Fica o toque.

 

Mas como alegria de pobre dura pouco, não havia nenhum disponível para gente dar uma olhadela rápida e como já era hora de eu pegar o caminho da roça, digo, da Austrália, achamos melhor deixar para lá. Além do mais, como a francesa dos meus sonhos não estava no recinto essa visita vai ter que ficar para uma outra oportunidade.

 

Depois, me despedi do meu amigo desejando boa continuação de viagem e agradeci pelas conversas e trocas de experiências. Vida de viajante tem disso. Chegando na minha acomodação, encontrei o militar na praia, peguei minhas tralhas, dei uma última olhada no paraíso e fomos embora pegar o ônibus para a marina.

 

Esperamos o ônibus um bom tempo. Esperamos mais um pouco e...esperamos um pouco mais. Depois dessa espera, continuamos esperando o tal ônibus. “Pôxa, será que esse bendito ônibus não vêm ?”, perguntei pro meu amigo já um tanto nervoso também.

 

Nisso, avistei um ônibus lá na frente e fomos andando até ele. Em vão porque ali me pareceu uma espécie de oficina de ônibus e não havia ninguém, ainda mais sendo domingo. Combinamos de esperar mais um pouco e caso não aparecesse o coletivo iríamos tentar algo que era novidade pra mim : pedir carona !

 

Realmente esse lance de carona nunca foi a minha. Alguns acham aventura ficar 5 horas esperando uma carona para andar, sei lá, 1,5 kms ! Se isso significa aventura e interação com o povo local, que seja. Mas não é a minha praia.

 

Inclusive até já li histórias de pessoas que viajaram bem naquele estilo aventureiro-unha-de-fome-que-vende-o-almoço -para-pagar-a-janta-e-acha-que-está-abafando-por-viajar-no-estilo-mais-“radical, mano”-possível , mas que no final das contas não curtem nada, apesar de sempre quererem demonstrar o contrário, passando perrengues totalmente desnecessários (desculpa os caronistas de plantão mas 5 horas debaixo de neve esperando carona realmente é de lascar, não desejo nem para corinthianos... oops, escapou ! ) só pra dizer que viajaram não sei quantos lugares gastando não sei quantos centavos por dia (tsc tsc tsc). Mas sei lá, cada um cada um.

 

Pra falar que eu nunca peguei carona eu já peguei sim, foi em Noronha e confesso que não entendi quando parou uma picape ao meu lado e me pediu pra subir. Pô, se fosse um monte de mulher eu não iria pensar duas vezes (mas obviamente não tive uma sorte dessas, só em sonho mesmo. Além do mais, não sei se estou com essa bola toda...volto nisso no capitulo Austrália) mas um monte de marmanjo, eu fiquei meio desconfiado.

 

Depois me deu um estalo e pensei :”putz, aqui em Noronha isso é normal”. E lá fui eu de carona, não sei muito bem pra onde afinal eu havia acabado de chegar e estava fazendo um reconhecimento da área caminhando sem destino, do jeito que eu sempre faço.

 

Ali em Moorea achei meio estranho mas, "Pôxa, isso aqui é o Tahiti !", estou numa ilha paradisíaca com um dos povos mais amigáveis do mundo então não tinha o porquê eu recuar. Olhei mais umas setecentas e trinta e duas vezes (não que eu estivesse contando) pra ver se vinha o agora maldito ônibus e como o tempo não pára, lá fomos eu e o militar esticar o dedão na estradinha que circunda a ilha de Moorea.

 

Me achei meio panaca, digo, mais panaca do que o normal (se é que isso é possível... ) mas depois desencanei quando lembrei da possibilidade de perder o vôo que me levaria para “Ostrália” e todas as con$equência$ que adviriam (gostaram do termo ? nem eu...) dali. Sendo assim resolvi não arriscar, ou melhor, resolvi arriscar e tentar a sorte no dedo, mas sempre no bom sentido, é claro.

 

Tudo bem que meu amigo começou a pedir carona e eu, muito de vez em quando, fazia o sinal característico. Pensei que era mais fácil pelo fato de estar numa ilha no Tahiti mas não foi o caso. Depois meu agora companheiro de carona me explicou que o povo ali não tem muito o hábito de dar carona, ainda mais para viajantes, o que não quer dizer que não aconteça. Além do mais, era domingo e estavamos um tanto distantes do destino final. No alto da minha ignorância, não achei que era por motivo de segurança ou algo do tipo, achei que seria mais por falta de hábito mesmo e por timidez, sei lá. A única certeza era que o tempo estava passando voando e nada de carro (ou ônibus) parar pra gente.

 

Ainda tinha esperanças que passasse algum ônibus mas ele não apareceu. A salvação da lavoura veio na forma de um peugeotzinho minúsculo guiado por uma francesa simpática e gente finérrima. O carro era tão pequeno que foi difícil colocar as mochilas e mais dois marmanjos; meu amigo queria ir na parte de trás, praticamente no micro porta-mala que estava uma zorra total e fazia lembrar meu último carro que era uma bagunça só. Falei pra ele “brother, você fala o idioma, eu não. Senta aí na frente e vai conversando com a cherry petite que eu me arranjo aqui !”

 

E lá fomos nós na bela estradinha com vista de praias desertas, coqueiros e mar de cor inconfundível do Tahiti de um lado e muito verde e montanhas escarpadas do outro. Os dois foram conversando e eu só admirando a paisagem. Nisso fiquei sabendo que a teríamos carona até um certo ponto e de lá teríamos que pegar outra. Pra mim tudo bem, o negócio era chegar na marina a tempo de pegar o ferry de volta para a ilha principal. Ainda bem que saímos com uma boa antecedência mas mesmo assim poderia ficar apertado.

 

No meio da conversa entre os dois e que por sinal eu não entendia bulhufas, teve uma hora que meu amigo falou algo como Brésil, para espanto da francesa (ela não era local das ilhas, isso eu percebi de imediato) que olhou pra mim e repetiu com cara de espanto “Brésil ?”, no que respondi de bate e pronto e totalmente sem sotaque (estava ficando bom nisso) : “Oui”. “Pronto”, pensei, “fui descoberto e agora vou ter que ir à pé”.

 

A garota francesa com um leve “quê” de hippie estava considerando a hipótese de se mudar para o “Brésil” (continuei não entendendo bulhufas). O que acontece é que o namorado dela e uma amiga brasuca iam montar um negócio (ou já tinham, algo assim) no Rio de Janeiro... Antes de eu tecer um comentário ela complementou dizendo que era em Búzios (ah bom, agora entendi), eu comentei algo sobre Búzios, Brigitte Bardot, alta roda, preços exorbitantes, visuais bonitos, etc

 

Ela comentou que a amiga persuasiva disse que o lugar era uma espécie de “riviera francesa” brasileira (what ? ou seria Qu'est-ce ?!?!?!?!?!?!!?) e aí eu lancei um olhar um tanto obliquo (seja lá o que isso significa) e como não conheço nenhum dos lugares, não pude opinar. Mas falei que o projeto parecia interessante e pelo jeito dela (que por sinal parecia brasuca), tinha certeza que iria se adaptar rápido e adorar o lugar, o que a deixou mais animada ainda.

 

Como sempre acontece, quando o papo engrenou era hora de descer afinal ela já havia chegado no destino dela, mas nós ainda não. Agradecemos pela carona, nos despedimos e fomos tentar outra carona; que levou um certo tempo para passar. Se em dia de semana não tem muitos carros imagina no fim de semana. Vale destacar que nesse trajeto não cruzamos com nenhum ônibus e olha que era para ilha estar “bombando” por ser um fim de semana prolongado.

 

Ficamos um tempo esperando passar carros até parar um Citroen em forma de besouro com uma motorista beeeeeeem jeitosinha... Adoro essas ilhas !

 

Ela e meu amigo trocaram algumas palavras antes, depois a mina saiu do carro, abriu o porta malas bagunçado, puxou um vaso de plantas pra dar espaço pras mochilas, ajeitamos as coisas e entramos no carro.

 

O carro era uma bagunça só, nada que eu não estivesse acostumado mas o que eu não estava acostumado era a mistura de odores naturais que vinha lá de dentro. No painel do carro havia várias flores de tiare, a planta símbolo do Tahiti, cujo cheiro adocicado se misturava com uma certa erva que é proibida em diversas partes do mundo, provavelmente no Tahiti também. Mas não chegava a incomodar (carona dada não se olha os dentes, digo, não sente os odores ...) pois o cheiro das flores era muito melhor (e mais forte) do que o do cheiro do “cigarro” que a gatinha estava por ventura desfrutando antes de parar para dar carona a dois marmanjos em direção a marina de Moorea, numa tarde ensolarada de domingo.

 

Mais uma vez eu fui admirando a bela paisagem enquanto os dois conversavam no banco da frente. Não sabia se iríamos até a marina ou se também ficaríamos no caminho mas não importava, até o momento estava indo tudo bem. A mina era francesa, riponga e pelo jeito já estava morando por ali há um certo tempo porque sempre acenava para um(a) nativo(a) pelo caminho. Deu pra ver que era muito simpática também e tinha um “quê” independente que me atrai bastante; nenhuma surpresa porque as gringas são assim mesmo. Apesar de ripongas e adjacências não fazerem muito o meu tipo, aquela ali era diferente : bonita, francesa, charmosa (desculpem a redundância) e dirigindo um besouro, digo, um Citroen no paraíso. Ok, nesse caso eu até abriria uma exceção. rs

 

Acordei dos meus devaneios quando meu amigo falou que iríamos pegar mais pessoas quando chegasse lá na frente; pra mim tava bom demais, eu estava era curtindo tudo aquilo ali.

 

Depois de um tempo naquele percurso lindo, paramos na frente de algumas casas e ficamos esperando. Ela desceu, recebeu as boas vindas de um alegre cão labrador e depois de mais algumas pessoas que vinham saindo da casa. Depois de um tempo ela voltou (nós já havíamos saído do carro) e nos explicou que teria mais gente do que ela estava pensando então não caberíamos todos no carro. De boa, já tínhamos andado um bom pedaço e ela falou que a marina estava perto, mais ou menos uns 10 kms. Pediu mil desculpas e tal (nem precisava, quebrou um galhão pra gente nos dando carona), pegamos nossas coisas, nos despedimos e lá se foi ela com o carro cheio e com cheiro engraçado.

 

Meu amigo me explicou “não sei se você entendeu” (claro que não, meu francês não chega a tanto ! Quem me dera...rsrs) que a garota era de Paris (ulalá !), se cansou (???????) e havia se mudado para morar no Tahiti. Realmente tem um pessoal que acaba se mudando de mala e cuia para o Tahiti e não os culpo. Mas por outro lado não creio que seja só arrumar a mala e se mandar, deve ter algo rolo referente a documentação, não tem emprego pra todo mundo e os que têm não devem ser lá essas coisas mas e daí ? Vida simples é a pedida...ainda mais morando num lugar daqueles.

 

Perguntei o que os nativos achavam dessa migração ao contrário e acho que eles não curtem muito não, mas por outro lado o governo francês despeja milhões de euros nas ilhas e como eles precisam de grana (quem não precisa) acabam tendo que engolir. Mas rolam também umas coisas esquisitas com o dinheiro público, como uma autoridade local que usou o dinheiro para comprar alguns yatchs e fazer cruzeiro com turistas e devido a crise econômica mundial isso não deu em nada e o dinheiro foi desperdiçado (e embolsado também). Pois é, lá também tem dessas coisas. Congresso brasileiro (ou não) fazendo escola.

 

Como estávamos mais perto do nosso destino, o movimento de carros aumentou consideravelmente então a próxima carona chegou rápida. Ela veio na forma de uma picape cabine dupla com um monte de locais risonhos e bastante comunicativos. Jogamos nossa bagagem na caçamba, fizemos menção de subir mas o pessoal nos chamou para irmos lá dentro, não é permitido transitar em caçambas no Tahiti.

 

A picape estava cheia, andamos um pouco e o motorista fez um sinal que não entendi mas meu amigo me explicou apontando o cinto de segurança. Ah bom ! Fomos, melhor dizendo, eles foram conversando sobre diversos assuntos, inclusive o campeonato local de surf. Dava pra ver que o sotaque dos nativos eram fortes (assim como eles !). Como quase sempre acontece quando me identifico como brasileiro num país de locais realmente simpáticos, o sorriso veio fácil e rapidamente chegamos na marina a tempo de pegar o ferry.

 

Eles ficaram numa fila da balsa, nos despedimos e fomos comprar o ticket para o ferry que sairia em minutos “Just in time”, pensei. Quando fui comprar meu ticket, meu amigo me ajudou com o idioma e lá fui eu falar com a risonha atendente. Comprei meu ticket, ainda deu tempo de comprar um abacaxi hiper-ultra-super-mega doce que já vinha cortado em fatias dentro de um saquinho plástico, subimos no barco, esperamos um pouquinho e nos mandamos de volta para Papeete.

 

A travessia é curta, por volta de meia hora. Cheguei a avistar um barco ancorado e alguns surfistas numa onda perdida um pouco pra fora do braço de mar que estávamos atravessando, muito doido mesmo. O mar não estava grande, a onda era até normal, nenhum clone de Teahupoo, “a praia dos crânios quebrados” (dia desses eu explico) ou algo do gênero (impossível) mas o lugar era fantástico, bem no meio do nada, e a galera estava se divertindo.

 

No meio do caminho meu amigo me deu um cutucão e apontou para o capitão do ferry que ficava numa cabine com ar condicionado. Olhei em direção ao que o francês estava apontando e lá estava o risonho capitão pilotando o ferry, quer dizer, pilotando é modo de dizer porque ele estava sentado na sua cadeira tocando ukulelê, instrumento típico da região que se parece com um violão, só que de menor tamanho. Figuraça !

 

Rapidinho chegamos na marina em Papeete mas antes ainda deu tempo pro meu amigo mostrar o barco que ele pilotava e que ficava ancorado ali perto. Barco de guerra mesmo, ok, nem tanto mas que botava moral, isso sim ! Não pude perder a oportunidade e perguntei se era com aquele barco que ele ia atrás dos peixes de 3 olhos; “all clear”, nada de radiação; os peixes que comeram algo que não caiu muito bem !! E terminei perguntando se daquele barco ele treinava tiro ao alvo e pescaria armada com os tubarões ...” hehe

 

Chegando na marina, convidei para tomar umas cervejas himano no aeroporto, mas como ela ia ter preparar algumas coisas e acordar cedo para encarar mais longa uma travessia de alguns dias para ir checar umas ilhas mais afastadas, não deu. No caminho para o ponto de ônibus ele me mostrou um yatchgigante que, segundo a lenda, o casal Angelina Jolie e Brad Pitt alugaram para passear na Europa.

 

Fomos até o ponto de ônibus (que eu não sabia, bendito francês ! eu pensava que ia ter que morrer uma grana com taxi), ele cumprimentou uma amiga tahitiana que estava lá e depois ele me disse que ela ficava pirada quando bebia. rsrs Até então não estava muito certo se havia ônibus naquela tarde de domingo, mas estava com sorte tinha ônibus sim e era o típico lê truck ! Ele falou algumas coisas para o casal do ônibus pra me deixar no aeroporto e me disse que era normal naquele tipo de transporte trabalhar marido e esposa juntos. E também sempre havia uma foto dos filhos grudada no painel. E tinha mesmo ! Esse é o típico le truck que eu esperava !

 

Me despedi do amigo, desejei-lhe boa sorte nas aventuras e na vida e me mandei pro aeroporto.

 

Eu ainda estava na dúvida se iria para uma pousada indicada pelos chilenos passar a noite ou se ficaria no aeroporto enquanto meu vôo não partia. Chegando lá, resolvi ficar no aeroporto mesmo apesar da idéia de ir para a pousada ficar martelando na minha cabeça; já era fim de tarde e meu vôo sairia bem cedo. Fiz as contas e resolvi passar a noite no aeroporto, mas antes eu vi onde ficava a tal pousada cuja a dona, segundo os chilenos, era muito bacana e risonha (óbvio, isso aqui é o Tahiti) e prometi que numa outra oportunidade passaria a noite lá, o que é bem provável porque os horários dos vôos de/para o Tahiti não costumam ser muito razoáveis, tanto é que na outra vez que fui pra lá também tive que tirar um cochilo no aeroporto, só que daquela vez foi na chegada.

 

Prevendo a longa noite que teria pela frente, dei uma de Migué e fui ver a possibilidade de adiantar meu vôo e embarcar no próximo avião da mesma companhia que estava de partida para NZelândia, qualquer coisa eu passaria a noite na terra dos kiwis e no dia seguinte tomava meu rumo para a Austrália. O atendente foi simpático e bastante receptivo mas depois de ter alguns minutos digitando nervosamente o teclado do seu computador veio com a má noticia : pelo tipo do meu ticket não era possível alterar aquele vôo. Uma pena, mas pelo menos eu tentei e me dei por satisfeito, não tinha muito o que fazer a não ser esperar meu vôo que partiria bem cedo.

 

Como sempre acontece num m momento desses, o tempo passa muuuito devagar. Longos períodos em aeroporto ninguém merece, mesmo sendo no Tahiti. Dei algumas voltas, comprei uns postais para me livrar das moedas, comi alguma coisa e logicamente tomei algumas cervejas (Himano, of course...) para matar o tempo.

 

Interessante foi ver uma leva de surfistas com seus equipamentos chegando no aeroporto e tomando a direção dos vôos que sairiam para o Hawaii e para Los Angeles. Não entendi muito bem afinal ainda estava no período de espera do campeonato de surf e aqueles caras já estavam indo embora (seriam os brasileiros ?? rs) ! Não tinha ninguém famoso no grupo e certamente ninguém ali pertencia a elite do surf mundial, eram apenas um bando de groommets mesmo, o mais velho acho que era fotógrafo. Imagino a vida desses caras : viagens, surf, praias, gatinhas. Putz, isso que eu chamo de vidão !

 

Como não tinha muito o que fazer, achei um lugar mais ou menos calmo no aeroporto e tentei tirar um cochilo enquanto não chegava a hora de embarcar. Não foi apenas eu que tive essa idéia de pernoitar no aeroporto mas como havia espaço para todos, sem maiores neuras. Só ficar esperto com os pertences que está tudo certo.

 

Galera, mais ou menos isso. Depois eu volto com a rápida parada na chuvosa Auckland, NZelândia, já a caminho da ensolarada Austrália.

 

Valeu pela companhia, até o próximo relato !

 

Virunga

 

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Fala Virunga,

 

Show de bola o seu relato. Estou indo esse ano para Paris e Londres e ainda estou pesquisando os albergues, você recomendaria algum em Londres e Paris.

 

Obrigado e abraços

 

Alex Santos

 

Fala Alex,

 

Bacana saber que está curtindo o relato, continue ligado. Valeu !

 

Em Paris eu fiquei num hostel chamado Caulaincourt (por favor não peça para eu pronunciar esse nome ! rs) em Montmartre, perto da Basílica Sacré-Coeur. Achei um tanto distante (não importa, tudo ali é demais) de certos lugares, mas como eu adoro caminhar, ainda mais numa cidade como Paris, pra mim estava tudo bem. E tem estação do metrô bem perto.

 

Pesquisei bastante e acabou que reservei no site um dia antes de partir, pois estava esperando resposta de outros lugares e elas não chegaram. Até ficaria nele de novo mas na próxima vez vou tentar o MIJE (não obtive resposta e como não ia chegar cedo em Paris, resolvi não arriscar) ou o BVJ, lá pros lados do Latin Quarter. Acho que eles lotam então tem que ficar esperto. Me parece que o BVJ se você chegar cedo pode tentar a sorte. A oferta é grande, quando estava procurando albergues cruzei com vários e tenho certeza que com você foi o mesmo, muitas opções.

 

Em Londres é mamata : Piccadilly Backpackers. Não foi o mais simpático (ou barato) que já fiquei mas a localização é imbatível, acho que nem o Palácio de Buckingham ganha... rs Melhor reservar com antecedência.

 

Pena que o chuveiro não era lá essas coisas, inclusive no outro hostel, também em Londres, em que me hospedei no começo da trip (Meininger, ao lado do Museu Natural e perto da Harrods) tinha o mesmo problema. Li em algum lugar que o povo do hemisfério norte não é muito chegado a banho, de repente tem algo a ver com os chuveiros... rs

 

Outras opções que me pareceram boas foram : YHA Oxford St (localização) e Generator (vibe ?!?!).

 

Mais ou menos isso, espero ter ajudado.

 

Boa sorte, boa viagem e quando chegar coloque teu relato também !

 

Abraços,

 

Virunga

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Oi pessoal,

 

Continuando a terceira parte da trip, passamos a régua no Tahiti e vamos agora para a famosa Sydney, mas antes tem uma breve parada no aeroporto da maior cidade da Nova Zelândia, Auckland. Para não passar em branco (o que seria um pecado), aproveito a parada técnica e vou fazer alguns comentários sobre esse belo país que figura na lista dos meus favoritos.

 

Depois de intermináveis horas no simples e simpático aeroporto de Papeete cujo estacionamento ainda me lembra o do shopping Iguatemi, finalmente chegou a hora de dar au revoir para o paraíso e embarcar rumo à Austrália. Claro que não é muito legal ir embora de um lugar como a Polinésia Francesa mas numa trip como essa não dá tempo pra ficar chorando as pitangas, a grana vai embora mas as lembranças e as experiências ficam para sempre.

 

Além do mais, depois que você pega o jeito de como fazer uma trip volta ao mundo (pra falar a verdade, nem precisa ser viagem volta ao mundo) tem a confirmação de que o mundo é muito mais fascinante e empolgante quando você vivencia e não fica apenas pagando de voyeur, sonhando, imaginando e vendo os lugares em livros, revistas e tevê. Também descobre que o mundo não é tão grande (quantas vezes você já ouviu que o mundo é pequeno ? Pois é, mais ou menos isso ) e nem tão caro como parece. Assim, voltar para lugares marcantes não soa tão impossível, sou a prova viva disso e consegui provar para mim mesmo. Se eu consigo fazer, a maioria das pessoas com algum cérebro consegue.

 

Aproveitando a deixa, volta ao mundo você transforma em realidade com a ajuda da massa cinzenta e não com o bolso, se bem que “há coisas que o dinheiro não compra, para todas as outras existe o parcelamento no cartão”. Yes, you can !

 

Ok, chega de ponderações filosóficas e bora pra Down Under, mate !

 

O dia amanheceu meio nublado e com uma chuva leve, mas quando me acomodei no avião o sol já começava a dar as caras. Foi só quando o comandante da aeronave deu as boas vindas ao bonito Airbus de coloração azul esverdeada querendo lembrar o mar do Tahiti que fiquei sabendo que o vôo iria durar uma hora a mais do que esperava, ao invés das cinco entediantes horas, seriam seis.

 

Como o ticket já estava pago, eu já havia me instalado na sempre apertada poltrona da classe econômica e a possibilidade de pegar carona e atravessar o oceano Pacífico de veleiro era nula, sobrou a alternativa de ir nadando mas lembrei-me que eu nem tinha tomado café da manhã ainda e queria jogar tetris no sistema de entretenimento do avião (estava ficando bom nisso), então resolvi encarar essa uma hora a mais de vôo, além das outras cinco longas horas. Fazer o quê ?

 

Foi nesse vôo que iria acontecer uma coisa interessante : cruzaria a confusa linha do tempo e perderia um dia inteiro no calendário. Além de perder um dia inteiro de vida, quase tão ruim foi perder um dia de férias e pra quem não é funcionário público (afinal eu trabalho. Sem ofensa.) é um trauma. Mas estou me recuperando bem ... rs Na próxima vez eu recupero esse dia viajando no sentido leste, ainda bem que eu não tinha feito nenhuma aposta semelhante aquela do personagem do escritor Julio Verne... Vale frisar que sei que têm funcionários públicos que fazem jus aos salários, mas esses são a minoria e possivelmente os mais mal remunerados.

 

Saí bem cedo numa segunda feira (só assim pra gostar de segundas-feiras, de férias e viajando do Tahiti em direção a Austrália), iria voar seis horas e chegaria na NZelândia já na terça feira antes do almoço !!!!! Muito louco mesmo e tão confuso que nem vou me dar o trabalho de explicar.

 

O vôo foi chato pracas, mas pelo menos não rolou turbulência e nem o tal frango com legumes, ficamos no café da manhã mesmo e estava tudo certo. Menos mal.

 

Para ajudar a aumentar o tédio, nem pela janela eu podia dar uma olhada e curtir a côr do mar lá de cima porque me botaram naquela fileira do meio....humpf. Sem alternativas, o negócio foi ficar jogando tetris ou tentando ver se conseguia dar um jeito de assistir o documentário de surf no sistema de entretenimento, mas estava difícil fazê-lo funcionar e acho que nem o Bill Gates daria um jeito naquele troço... Paciência, fiquei apenas no joguinho mesmo.

 

Falando nisso (lá vem...), bem que as cias aéreas poderiam dar um upgrade no sistema de entretenimento das aeronaves e disponibilizar internet pra todo mundo. Nada de filme chato, músicas ruins (no vôo da TAP tinha uma rádio que tocava fado. Na boa, mas fado é f!#$!), joguinhos chatos (só deixa o tetris) e documentários que não funcionam.

 

Eles poderiam agilizar um mini-teclado ou algo do gênero e pronto, com um aparelhinho para navegação na internet de graça durante o vôo todo nem turbulência o passageiro iria perceber e o tempo ia passar voando (desculpe o trocadilho). Mas tal upgrade no momento nem que a vaca tussa, pelo menos pra quem viaja lá no fundão. Se já estão pensando na possibilidade de voar em pé, de cobrar pra usar o banheiro e já cortaram até a barrinha de cereal, imagina disponibilizar internet de graça diretamente no sistema de entretenimento da aeronave ?

 

Fica a pergunta : qual o próximo a ser cortado ? Tomara que não seja o piloto. E nem as aeromoças gostosas !

 

Mas enfim, depois das tais seis horas de viagem finalmente aterrissamos no aeroporto de Auckland e fomos recebidos pela chuva. Achei o aeroporto um tanto diferente, confesso que não conhecia aquele saguão com painel mostrando letreiros digitais em contagem regressiva para os vôos que partiriam dali, o meu inclusive : 1 hora e 47mins . E contando....

 

Ainda no avião tive que preencher alguns formulários, inclusive o da tal gripe suína, mas com exceção desse último eu nem precisava preencher pois eu não iria passar pela imigração. Assim que deixei o avião entreguei o formulário para uma senhora, andei um pouco e juntamente com outros passageiros tive que passar por toda aquela ladainha de security check.

 

Assim como a Austrália, a NZelândia também é bem neurótica sobre o que entra no país então é melhor viajar do jeito mais simples possível. Como não estava carregando nada que pudesse levantar suspeitas como artesanatos, objetos de madeira, comida, souvenirs, drogas (just kidding, lol !), acabei passando batido. Eles ainda perguntam se o passageiro está levando equipamentos de outdoor, botas de trekking e coisas do gênero. Eu falei que não, mesmo viajando com minha bota-de-trekking-anti-indiano.

 

Quando eu ainda estava me livrando de objetos de metais pra passar pelo detector, um dos agentes me mediu dos pés a cabeça. Seria ele alfaiate ou boiola ? Estaria ele com fome, afinal já disse que cara feia pra mim é fome. Nada disso, o cara não gostou muito da minha bota-de-trekking-anti-indiano e me olhou de cara feia, retribuí o olhar enviesado e ficou por isso mesmo. E outra, estava ali apenas de passagem (nunca me senti tão bem por NÃO FICAR num lugar tão legal como a NZelândia. O clima estava horrível e acho que iria ficar assim por no mínimo mais uns seis meses...) a caminho da Austrália, que fica ali perto.

 

Voltando ao caso da bota de trekking, dias depois ouvi um papo que um cara teve que fazer não sei o que lá com a bota dele quando chegou na Austrália, eu não entendi direito mas parece que teve que se livrar dela ou algo do gênero. O cara caiu na besteira de falar que havia feito trekking no norte da Tailândia, a bota ainda estava um tanto enlameada e só sei que o rapaz dançou. E ficou descalço. Tudo bem que é gringo mas mesmo assim, baita preju. Fica o toque.

 

Depois me dirigi ao saguão de espera junto com outros passageiros também em conexão, o tempo estava tipicamente da NZelândia : frio e chuvoso. Prova de quem nada nem ninguém é perfeito. O país é lindíssimo e já tive o privilégio de conhecer ele praticamente de cabo a rabo mas se você não fôr na época certa, prepare-se para sofrer com o clima.

 

O pessoal antenado e inteligente que acompanha esse relato desde o começo deve se lembrar quando comentei algo sobre a “bela Nova Zelândia e seu clima londrino”. Apesar de saber que o clima londrino é famoso por ser deprimente, nas minhas poucas visitas por lá já peguei frio, mas nunca o famoso “clima londrino”. Pena eu não poder dizer o mesmo da NZelândia e olha que eu conheço bem a terra do Frodo e seus amigos.

 

Falando sobre a NZelândia, anotem aí : tem que constar em qualquer lista de lugares a serem visitados, seja numa volta ao mundo (o que eu aconselho) ou não. Falando em volta ao mundo, esse destino é figurinha fácil em qualquer uma delas, pelo menos naquelas de roteiros mais inteligentes e mais acessíveis. Caçapa cantada, fica o toque.

 

O país é lindíssimo, seguro, quite cheap (eu disse quite), fácil para se locomover, é pequeno, organizado, backpacking friendly e tem um montão de coisas para separar você do seu suado dinheirinho. Algo pra ficar muito esperto porque quando você perceber, bye bye hard-earned money.

 

São craques nisso, se você fôr viajar pelo país todo santo dia tem alguma atividade legal pra se fazer (e gastar) e mesmo se não fôr tão legal assim pode ter certeza que eles dão um jeito de fazer “a mais legal”, “a mais bonita”, “a mais isso”, “a mais aquilo”. A combinação marketing & turismo eles fazem muito bem, aproveitando qualquer pedacinho daquele pequeno país para tornar “a atração do século”. O turismo responde por uma grande fatia na economia do país que possui uma das melhores qualidades de vida do mundo, clima e temperatura à parte... rs

 

Também tem aquelas coisas de gringo : a mão é inversa e eu sempre tento entrar no carro pelo lado do motorista. Num desses micos de viagem, teve uma garota que me deu carona na volta de um Skydiving e quando ela me viu parado no lado do passageiro, digo, motorista, esperando alguém destravar a porta ela me perguntou : “você vai dirigir ?” (sempre achei as gringas engraçadinhas, mas essa foi demais ! rsrs). Ainda bem que como foi depois do salto e com a adrenalina ainda a milhão, eu tinha uma boa excuse !!! rsrs.

 

Ainda nas esquisitices do mundo gringo, lá também é difícil se entender com o chuveiro bem como as distintas torneiras que despejam água em duas temperaturas também distintas: quente pelando e fria congelando. Eu que sempre tomo banho demorado (será por isso que estou sempre atrasado ?) sofro com isso, meu banho acaba durando muito mais tempo do que o normal...e o equivalente a umas três piscinas olímpicas de água desperdiçada... oops.

 

O país também é tão organizado que confunde quem é quite desorganizado como eu (eu disse quite) e tem tanta ovelha que a proporção é mais de 20 ovelhas para cada habitante !!!!! E nem vou falar dos barcos. Ah, e a moeda lá costumava ser chamada de “dollar, thanks”. Dia desses explico.

 

Mas na boa, esquisitices é apenas modo de falar, são também por momentos assim que a gente viaja, né ?

 

Lembrando que além dos kiwis e do Senhor dos Anéis, ali também é a terra da aventura e se bobear todo o santo dia você pode estar se jogando de aviões, pontes, descendo corredeiras, esquiando, surfando, escalando, fazendo trekking, explorando cavernas, vulcões e tudo o mais o que a sua mente aventureira (ou suicida, depende do ponto de vista) quiser fazer e seu bolso suportar. Tudo na mais absoluta facilidade, disponibilidade e o que é mais importante : segurança.

 

Mas como nem tudo é perfeito, tem que colocar o fator clima nessa equação e é aí que a porca torce o rabo. O país é bem outdoor mas de que adianta se o clima não ajuda ? É nessas que entra o planejamento e a época certa pra ir. Fica o toque, planeje bem e have the time of your life na terra do Frodo. Ah, tão importante quanto (essa é para os marmanjos): as kiwis podem ser bem gatinhas também, algumas são meio doidinhas mas merecem desconto. Gringas, sabe como é... rsrs

 

Mas de que diabos estou fazendo propaganda da NZelândia (que eu faço com todo o gosto, por sinal. E sem cobrar nada) se eu não vou ficar lá ?

 

Pois é, devido àqueles imprevistos que surgiram no trabalho e me atrapalharam demais, o país teve que ser excluído dessa trip. Uma pena mas como “I am done with NZealand”, eu não senti tanta falta assim. E olha que eu tinha um roteiro montado cirurgicamente que incluía trekking em geleiras, skydiving também em geleiras (eu já tive o privilégio de fazer os dois antes e queria repetir a experiência) e mais um salto de bungy jumping para colocar na minha lista (esse NÃO seria feito em geleiras). Mas infelizmente não foi possível dessa vez e minha experiência me permite saber que não só na vida, mas também em viagens volta ao mundo, não dá pra fazer tudo o que a gente quer.

 

Além do mais, essas brincadeiras na NZelândia iriam me custar não só os olhos da cara mais também um rim saudável então não foi tão dificil assim tomar a decisão de cortar a “Terra Média” dos elfos, orks, bungy jumping, aventuras diversas e kiwis, não necessariamente nessa ordem, das minhas férias.

 

Como a NZelândia foi descartada e querendo ou não eu teria que passar pela Austrália, resolvi dar uma parada rápida lá, mesmo o país não fazendo parte dos meus favoritos, apesar de achar Sydney bacana. Além do mais, queria fazer uma tal de bridge climb que fiquei fascinado desde que descobri. Depois eu explico.

 

O tempo de espera no aeroporto foi curto, num golpe de sorte acabei encontrando dois computadores com net de graça então aproveitei para mandar um alô pra família e amigos, ainda preocupados com a tal gripe suína que eu não a mínima idéia do que se tratava, deduzi pelo nome mas ficou por isso mesmo. Finalmente chegou a hora de deixar a chuva e embarcar num Boeing 737 lotado em direção ao sol.

 

O vôo foi até bacana mesmo sem opção de entretenimento a bordo para matar o tempo, mas como era um vôo relativamente curto eu nem fiz muita questão. Tentei ouvir música mas pra variar, uma decepção. A Austrália tem altas bandas legais e nenhuma delas deu o ar de sua graça no aparelho de som da cia aérea local. Dureza viajar sem MP3 ou algo do tipo... Mas não foi de todo mal, havia uma rádio própria da companhia aérea que, com alguma sorte, dava pra escutar um programa muito engraçado. A destacar, duas histórias muuuuuuito engraçadas sendo uma sobre segurança em aviões e a outra sobre revistas femininas. Hilário ! Dia desses eu conto.

 

O serviço de bordo foi muito bom e a comida, uma delícia ! Não sei se era carne de canguru (certamente não) ou se foi a fome, mas que a refeição estava boa, isso sim. E antes do pouso ainda teve um toque final em forma de sorvete. Não me lembro de ter tomado sorvete em avião, mandaram muito bem na surpresa.

 

Aí chegou a hora de preencher os chatos formulários e num deles perguntava se o passageiro havia passado pela América do Sul ou África nos últimos seis dias; bando de xenófobos fdp ! Fale-me de discriminação ! Uma pena, não combina com um dos paises com os mais altos IDH (ihh, lá vem de novo... ); um país de imigrantes sofrendo com imigrantes, vai entender. Virou rica, vira a cara pros pobres. Humpf. E nisso fica querendo se fechar como uma ostra, daí o apelido “Ostrália”. Eu acho ela muito chata pra dar visto, dia desses, numa daquelas feiras de intercâmbio, eu falei para uma moça “na lata” sobre isso e ela não gostou muito. Sim, eu sei dos problemas relacionados a imigração mas, convenhamos...

 

Voltando, não vou aqui discorrer sobre a morte da bezerra (deixa pra quando eu escrever um livro) mas ser considerado escória humana, “transmissor” de doenças (sul americanos e africanos, pelo menos na perspectiva das autoridades sanitárias australianas, sendo os próprios descendentes da escória inglesa de ingleses do XVIII e de exterminadores de aborígenes, num país cuja população onde mais de 1 entre 5 habitantes é imigrante ou descendente de imigrantes) é de lascar. Traveling and learning.

 

Infelizmente o mundo está passando por uma fase xenofóbica e a rica Austrália não fica de fora. Nem vou comentar, mais recentemente, dos casos de agressão com direito a chave de fenda na cabeça (??????) aos indianos que estudam em Melbourne. Pobres coitados ex-puxadores de riquixás vindos diretamente das ruas poluídas de Delhi, Mumbai (e de todo o resto) em busca de uma vida melhor ? Não, ricos indianos que pagam A$ 50 mil doletas/ano para estudar medicina; fora os substanciais A$ 20.000,00/ano para se manter no país...

 

Mas enfim, chega de papo xenofóbico, racista, sei lá o quê, isso aqui é relato de férias e não debate demagogo. Se um dia eu escrever um livro sobre viagens, volto nesse assunto com mais profundidade. Além do mais, vai ter mais um caso “interessante” envolvendo eu e mais uma galera africana no aeroporto de Bangkok... Brasileiro sofre ! Mas também se diverte...

 

Só pra encerrar o assunto, vale lembrar que o povo australiano é bastante amigável, leva a vida no estilo “no worries, mate” e não é por causa de uma minoria de idiotas que vai arranhar a simpatia da maioria. Apesar de eu não bicar muito a Austrália (as patricinhas deslumbretes e os pseudo-surfistas-merrequeiros-metidos-a-Kelly-Slater adoram e querem morar lá pra sempre, não os culpo...), é claro que vale a visita. Eu assino embaixo quando falam que a Austrália é o Brasil que deu certo e que fala inglês. Se bem que o melhor dela é estar perto da NZelândia. E das ilhas do Pacifico...

 

Sim, eles têm sotaque diferente mas quem não tem ? Viajando pela Patagônia, tive uma aula sobre isso com uma galera vinda de países que dividem o idioma de Shakespeare e guardei o que aprendi para sempre. Traveling and learning.

 

Segue o jogo, digo, o relato.

 

Finalmente aterrissamos suavemente no aeroporto de Sydney, o que significa que é a hora de encarar toda aquela ladainha de imigração, bagagem, agente mala e com fome, raio-X na bagagem (na chegada ???) e todo o resto.

 

Como só havia nosso vôo chegando naquele meio de tarde, praticamente estava sem fila. Claro que tinha os sempre mal encarados agentes (só pode ser fome...) fazendo pose e com cara de “I´m good. You´re bad”, mas como “bad” pra mim é refrão de música do Michael Jackson, nem dei trela. Já falei, cara feia pra mim é fome. Na próxima vez eu saio do avião com algum biscoito ou, quem sabe, uma bandeja daquele frango com legumes que afligem todos os passageiros (e seus respectivos estômagos...) que viajam por esse mundo afora e dou de presente pra esse povo.

 

Também pensei em cantar o refrão de uma música maneiríssima do Fat Boy Slim que cairia como uma luva pra agentes de imigração, mas achei melhor deixar pra lá, tinha muita trip pela frente ainda.

 

Mas como nem tudo são espinhos, o cara que me atendeu foi bem simpático e nem fêz as perguntas de praxe, mas me perguntou como era o Tahiti. “Superbe!”, pensei, mas a resposta foi dada em inglês mesmo, obviously.

 

Mais uma imigração vencida sem problemas (estava ficando bom nisso) e como eu estava apenas de passagem : “no worries, mate“, o que traduz como os ozzies levam a vida : “sem preocupações, brow”. Tudo a ver : salários altos, vida fácil, qualidade de vida, clima agradável, sete mil praias, segurança, gatas, mergulho, surf, governo assistencialista e altas ondas pra curtir não só no próprio país como na vizinha Indonésia, esse último um ótimo lugar para fazer bom uso do seguro-desemprego enquanto procuram as melhores as melhores ondas (gringos, sabe como é...).

 

Finalmente adentrei no país da banda INXS, com suas praias bonitas mas de nível médio para o padrão brasuca (pelo menos o meu), porém com aquela infra-estrutura que a gente só vê em praia de gringo.

 

Recolhi minha mochila na esteira mas antes da saída ela teve que passar por uma máquina de raio-X. Pois é, não basta preencher formulários, tem que passar pelo raio-X.

 

Só que dessa vez foi rápido e depois de mais um traveling-day de não sei quantas horas e fusos, finalmente cheguei no meu destino. Ou quase, ainda faltava chegar no albergue já reservado com antecedência para evitar perder tempo que era um tanto escasso.

 

A solução veio na forma de um indivíduo com traços orientais e que após uma breve conversa, fechei o transporte para o albergue. Tinha as coordenadas de um shuttle que passava na porta, mas estava cansado e queria chegar logo pra tomar meu banho e tirar a sensação de noite mal dormida e das entediantes horas de avião do corpo, além do mais um pouco de comodidade na vida de mochileiro não mata ninguém.

 

O cara ainda ficou esperando eu trocar dinheiro e pegar as lindas e coloridas cédulas do dólar australiano. Nem tanto pela beleza pois as cédulas australianas são muito bonitas, mas o dinheiro deles têm um “quê” de notas de R$ 100,00 : bonitas, mas nunca dá tempo de apreciá-las porque quanto menos você espera elas vão embora. Algumas mulheres são assim também. rs

 

Fomos eu e mais um grupo de recém-chegados levados para uma van e logo pegamos o rumo da cidade. De volta ao mundo gringo : primeiríssimo mundo, tudo bonito, organizado, limpo. Quase chato.

 

Depois de um pinga-pinga interminável, chegou a minha vez de desembarcar. Peguei minha mochila, paguei o cara e não vi nada de albergue. O cara me mostrou onde era o prédio e lá fui eu na direção apontada. Eu estava bem na região central da cidade só que desta vez fiquei numa parte mais nobre do centro; nas outras visitas eu também fiquei no centro mas numa parte mais ahn...humn...tipo assim...boêmia (eufemismo para red light district).

 

Caminhei uma quadra, atravessei a rua com o coração na boca (e a mochila nas costas) e cheguei no local que seria minha hospedagem nos próximos dias. Entrei, gostei do visual modernoso e entendi o porquê daquele pico ter ganho o prêmio de melhor acomodação econômica da cidade. Me dirigi à recepção, esperei minha vez e fui atendido por uma jovem ozzie toda serelepe. E bonitinha. Ela digitou alguma coisa no computador e achou minha reserva, paguei com cartão de crédito, inclusive o depósito da chave que não era uma chave, mas sim um cartão eletrônico, e ela perguntou em que moeda eu gostaria que fosse feito o lançamento, se em dólar ozzie ou dólar americano, pedi o último e expliquei o porquê, explicação que ela, simpática e ainda serelepe, ouviu com atenção. Recebi as informações básicas e fui achar o elevador, mas não sem antes arrumar um mapa da cidade e pedir pra garota me mostrar onde estávamos nele. O caminho para a Ópera House eu já sabia de cor, mas o resto...

 

Embora eu estivesse cansado da viagem e ainda estar me situando, uma coisa eu tenho que confessar : o mulherio estava bombando, apesar da média de idade me parecer um tanto quanto baixa demais. “Muita calma nessa hora”, pensei. No térreo, além da recepção havia uma agência de viagens e uma galera assistindo TV. No caminho para o elevador dei uma rápida olhada para saber se eles não estavam asistindo nenhum programa Turma da Xuxa australiano ou algo do gênero, após ter me certificado que não, respirei aliviado.

 

Peguei o elevador que pra funcionar tinha que colocar o cartão (não me perguntem, só percebi isso bem depois), cheguei no meu andar e na saída do elevador, outra visão do além : havia uma espécie de mini-palco (ok, exagerei mas não achei outro termo melhor) com um monte de almofadas esparramadas e mais uma moçada assistindo filme. O mulherio continua bombando... “Humn”, pensei, “acho que poderia ficar mais tempo nesse lugar”, pena que meu visto só me permitia ficar 72 horas no país, afinal eu estava apenas em trânsito.

 

Aproveitando a deixa,

 

Particularmente eu não bico muito a política de certos países que ficam fazendo doce para conceder visto. Sei lá, fica claro que eles não querem que a gente visite o país deles e pronto, simples assim. Como sou taurino, já viu, vou de teimoso mesmo (eu prefiro determinado).

 

A gente passa um sufoco danado pra poder juntar grana pra realizar uma trip pro exterior, lutando contra tudo e todo$ (graças a Deus eu sou ateu mas se eu não fosse seria capaz de jurar que Deus é gringo. Dia desses explico mas não vai ser nesse relato pois não quero polemizar assuntos delicados como religião num relato de férias), nadando contra a corrente para poder viajar, brigando com o câmbio sempre desvalorizado para nós (a não ser que você viaje por perto) e ainda ter que lidar com certas “travas” que podem pôr tudo a perder.

 

Não é favor, estou pagando e ainda vai morrer uma baita e suada grana MINHA no país DELES. Por outro lado, sei que não eles não têm nenhuma obrigatoriedade de aceitar o pedido de visto, só dá se quiser (no bom sentido, é claro) e esse lance de visto, imigração, etc é um assunto polêmico. Acho que é por isso que gosto tanto... rsrs Antes que alguém possa pensar bobagem, sou contra a imigração ilegal mas creio que o buraco é mais embaixo (também no bom sentido, é claro).

 

Obviamente que o perrengue maior é pra quem não pertence a panelinha dos países mais abastados. Resto do mundo sofre...mas se diverte.

 

Para alguns países eu até entendo mas para outros, nem tanto. O Itamaraty, MRE, sei lá poderiam dar uma forcinha, rever certos acordos para agilizar o processo mas precisa ser recíproco o que, convenhamos, tá longe de ocorrer com o mundo do jeito que tá.

 

Por outro lado, tenho que confessar que o passaporte brasuca é melhor do que parece, sendo aceito em muitos lugares interessantes sem a necessidade de tirar o visto antecipadamente, o que economiza não apenas tempo, mas aporrinhação (vide abaixo) e grana. Vá com fé !

 

Se já na bastasse todos esses perrengues, ter que lidar com gente com a síndrome-do-porteiro-de-prédio-de-luxo (depois eu explico) também nunca foi a minha, falsidade não é comigo mas vai tratar do jeito que você gostaria a pessoa encarregada de te dar (ou não) o visto de um país para ver o que te acontece.

 

Em função do imprevisto que aconteceu pouco antes das minhas férias e que causaram um enorme transtorno no meu planejamento, acabei ficando enroscado com o roteiro, tempo e grana e nisso a Austrália acabou entrando de gaiata. Além do mais, pra mim, trip volta ao mundo por mais “básica” que seja (se é que se pode chamar uma trip dessas de básica) tem que passar pela Oceania (como é um lugar distante e isoladamente caro pra se chegar, colocando ela numa volta ao mundo fica bem mais razoável, o valor fica “diluído” no preço total do ticket, por assim dizer. Dia desses explico). Vale lembrar que isso é a minha humilde opinião e não significa que seja uma regra, imposição, lei, promessa, crença, condição, aposta ou algo do tipo.

 

Mas para isso ainda teria um empecilho chato de resolver : o maldito visto australiano.

 

Levantei toda aquela papelada inútil (sabe como é, iria lidar com um certo tipo de funcionário (nem preciso explicar qual. Sem ofensa) e que, para ajudar, corria o risco do mesmo sofrer da tal síndrome que explicarei depois, conforme combinado), preenchi os formulários de maneira clara e organizada, separei a grana, consegui uma folga apertada de algumas horas no trabalho e no último minuto deu um estalo e resolvi levar também um outro formulário, mas esse solicitando visto de trânsito.

 

Acordei cedo e fui para a bonita embaixada da Austrália, aqui mesmo em Brasília. Chegando lá, não havia fila e fui logo atendido por um rapaz gente boa, acompanhado por uma mulher com a tal síndrome, mulher essa que tinha pinta de gringa, mas era brasuca.

 

Como eu ainda estava na dúvida entre o visto normal de turismo ou o de trânsito, educadamente expus minha situação e antes mesmo de terminar a tal mulher “lavou as mãos” e nem quis saber em me ajudar, respondendo de forma um tanto quanto ríspida. Como diria o “santo” Arnaldo César Coelho nas transmissões da Globo : “usou força desproporcional”. Por que “santo” ? Ué, pra aguentar o Galvão Bueno pra cima e pra baixo, só sendo “santo” mesmo !

 

“Só pode ser a síndrome-do-porteiro-de-prédio-de-luxo”, pensei. Explico : manja quando uma pessoa chega educadamente para perguntar algo para um porteiro de prédio de luxo e o cara te (des)trata como se ELE fosse o dono da cobertura ? Pois é, mais ou menos assim. O cara ganha um salário-mínimo mais vale-transporte, se tanto, e ainda paga de patrão. Muito comum também com seguranças de condomínio de luxo, seguranças de casas noturnas, vendedores de lojas da moda, chefs ou garçons de restaurantes moderninhos (não que eu freqüente esses locais), brasileiro(a)s que vivem no exterior (mesmo os limpadores de banheiro) cuja maioria fica com um arzinho de superioridade como se fossem alguma coisa e atendentes brasileiros em embaixadas e consulados. Pessoas que por um motivo qualquer se acham por cima da carne seca e, pior ainda, acham que atingiram uma posição de “pudê”. rs

 

É só ele ou ela ficar (ou se achar) numa posição um pouco mais privilegiada (as so speak) que se acha no direito de pisar nas pessoas. Lembrando que assim como no caso daquele tipo de funcionalismo (sem ofensa), nessa situação em específico também não vale generalizar, como eu disse havia um rapaz gente boa, mas a sua chefe...

 

Mas isso faz parte da vida das pessoas que viajam e como a gente precisa do maledito visto, que assim seja. Ou não.

 

Engoli em seco, reformulei a pergunta e depois de muito esforço consegui alguns segundos de atenção com a viúva do Gollum, que rosnou algumas explicações confusas, muito a contragosto. Só sei que depois de escrever uma carta de próprio punho me responsabilizando em caso de ultrapassar o tempo limite no país (mas nem que a Nicole Kidman, que tem cidadania australiana, me pedisse), consegui o visto na hora.

 

Como eu já estava com o formulário do visto de trânsito preenchido, então foi mais simples, nada de utilizar a papelada inútil e o melhor de tudo : de graça.

 

Mas ainda não acabou (rancoroso, eu ? que nada, taurino mesmo).

 

A mulher mudou de tom quando depois percebeu meu ticket com o rascunho da trip e ficou babando. Quando eu vi que ela se interessou, puxei ele de volta, educadamente, e falei : “Com licença, estou saindo de férias e tenho uma volta ao mundo pela frente. Tenha um bom dia de trabalho”. Como já estava com meu visto no passaporte, antes que ela mudasse de idéia me virei e fui embora com um sorriso maldoso nos lábios. Educadamente.

 

Depois do “momento visa”, de volta a chegada ao albergue australiano...

 

Saí do elevador, fiz cara de quem sabia pra que lado ir e fui. Cheguei no meu quarto, passei o cartão e a porta não abriu. Passei de novo, mesma coisa. Passei pela terceira vez e nada. Quando ia passar a quarta, “creck” a porta abriu como em um passe de mágica, mas.”hey, eu não passei o cartão ainda”. Quem abriu a porta foi uma garota de óculos com cara de inteligente, que depois vim saber que era inglesa e estava também numa volta ao mundo, obviamente. Mundo gringo, sabe como é...

 

Cumprimentei-a, agradeci e adentrei no quarto em que ia passar as próximas noites, um tanto diferente do que tinha visto na internet (parecia maior na tela do computador) e mais bagunçado do que porta-malas de carro de francesas que moram no Tahiti ...

 

Vi que só tinha mulher no quarto : “não vai prestar”, pensei comigo mesmo, feliz da vida. E não prestou muito mesmo, mas não pelo motivo que vocês estão imaginando. No próximo relato eu conto.

 

Valeu galera, obrigado pela visita e até o próximo relato onde eu falo o que Sydney, Cidade do Cabo e Rio de Janeiro têm em comum. Você não vai querer perder, vai ?

 

Grande abraço !

 

Virunga

 

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Haha, Ostrália foi foda!

 

Semelhanças entre Sidney, Cabo e Rio? Hummmmm...

 

Aguardando cenas do próximo capítulo!

 

Bjs!!

 

Erikinha

 

Salve Erikinha !

 

Hehe, e olha que eu peguei leve com a "Ostrália" (tô pensando em escrever "Oztrália", a grafia fica engraçada e com mais uma tirada aí). Acho que as patricinhas deslumbretes e os surfistas-merrequeiros-de-plantão-metidos-à-Kelly-Slater não devem ter gostado nada. rs

 

O próximo capítulo vem aí, acho que essa semana sai.

 

Quanto as três cidades, confesso que das três eu vergonhosamente não conheço o Rio, mas vou dar meushh pitacoshh...

 

Bjks

 

Virunga

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Oi pessoal,

 

E aí, vamos continuar nosso rápido passeio em Sydney ?

 

Adentrei no quarto bagunçado que mais parecia que havia acabado de sofrer um bombardeio israelense e fui obrigado a me transformar num personagem de videogame, ainda com a mochila nas costas, pulando ali, dando uma passada atravessada acolá, desviando dos objetos espalhados com cuidado para não pisar numa bagunça qualquer que poderia ser sandálias, garrafas d´água, bolsas, guia de viagens, etc isso tudo para poder chegar na minha cama. Que bagunça ! Já li num relato de uma garota super descolada que tá dando a volta ao mundo que quartos só com mulheres em albergues é muito mais bagunçado do que quartos puramente masculinos. Verídico ou não, era o caso ali.

 

Para ajudar, as janelas ficavam fechadas o dia todo então circulação de ar, nem pensar. Agora entendi porque num outro relato que li o rapaz, também brasileiro, pediu para trocar de quarto nesse mesmo hostel.

 

Mas enfim, como eu não viajo pra ficar dentro de hotel/hostel/pousada/guest house/camping/resort pra mim tava bom demais. Além do mais, só havia mulheres no quarto... Adoro albergues !

 

Troquei algumas palavras com a inglesa dublê de porteira (tá bom, essa foi maldade...) e num golpe de sorte acabei ficando com a cama debaixo. Mais sorte ainda foi saber que a “vizinha de cima” era uma jovem gatinha que viajava com uma baita mala vermelha. Pela atitude, traços, gestos e shape (no bom sentido, é claro...), eu chutaria que era sueca, mas ficou só no chute mesmo pois nem deu tempo de conversar muito, além do mais nossos horários não bateram. Apesar do pouco contato, pra mim ela era a mais simpática do quarto, juntamente com essa inglesa com óculos do Harry Porter que foi embora na manhã seguinte.

 

A inglesa estava numa volta ao mundo mais ou menos parecida com a minha, mas sem a Polinésia Francesa, no roteiro dela havia Índia (coitada...) e Hong Kong, provavelmente com uma esticada pro sudeste asiático, básico pra quem viaja nesse esquema. Numa volta ao mundo existe um itinerário (creio que caminho soa melhor. Humn, lógica talvez ?) que funciona como uma espécie de "espinha dorsal" (as so speak), mas isso se o roteiro incluir a barata Ásia, o que na maioria das vezes acontece. Fica fácil e óbvio de perceber num mapa, pelo menos pra quem simplesmente adora o assunto, como esse que vos escreve. Agora se incluir o continente mais fascinante do mundo (África) e, sei lá, América do Sul, essa "espinha dorsal" fica distorcida (e mais cara) então a coisa muda de figura. Um tanto confuso colocar em poucas linhas mas é mais ou menos isso. Dia desses eu explico.

 

Então, como a garota tinha mais tempo, ela iria ficar na Austrália por uns 5 meses, arrumar trabalho e depois seguir seu caminho. Uma vez ouvi, num hostel em Pucon, de um simpático casal inglês que metade dos ingleses estão na Austrália e vice-versa.

 

Perguntei pra ela na lata como havia sido a Índia e ela, muito educada, respirou fundo e respondeu “ehn...humn...well...difícil, mas com muita coisa pra ver”. “Sei...”, respondi mais pra mim do que pra ela. Falei que ela era educada.

 

Nisso tive uma leve impressão de ter visto de relance um certo glow na minha bota que estava debaixo da cama, mas acho que foi coisa da minha imaginação mesmo (alguém aí se lembra daquela espada do Frodo ? Pois é, mais ou menos isso...).

 

Peguei minhas coisas e fui tomar banho para tirar o avião do corpo, antes de sair para a rua e fazer o reconhecimento da área. O banheiro, que era separado do quarto, era bom e os chuveiros idem. Ainda tinha uma placa dizendo caso o banheiro não estivesse em boas condições de uso era para o usuário entrar em contato com a recepção.

 

Era meio pra fim de tarde e o clima, apesar de bom, pedia um fleece ou algo do tipo. Ainda bem que com a minha fleece mais fina já dava pra me virar bem naquela temperatura porque a minha fleece mais grossa que levei gostou tanto de Nova Iorque que, sem o meu consentimento, numa hora dessas deve estar em algum lugar entre o Central Park e a Estátua da Liberdade. Sorte minha que a previsão para os destinos seguintes era de tempo bom com pouca ou nenhuma nebulosidade, senão eu estaria com problemas. Ficando no sol estava agradável mas na sombra ficava bem frio. Antes de explorar a cidade, dei uma geral nas minhas coisas, me organizei minimamente (que milagre !) e fui dar uma volta. Saindo do quarto, atravessei a área comum do andar onde a galera ficava esparramada assistindo tv (o mulherio continuava bastante decente), peguei o elevador, saí no térreo e tinha mais gente assistindo tv. Realmente esse povo não tem muito o que fazer mas isso é normal quando se viaja por aí, a galera às vezes passa um tempão fazendo isso, deve ser saudades de casa, vai saber. Como meu tempo de viagem é infinitamente mais caro e muito mais curto do que o dos gringos, não iria ficar ali desperdiçando ele na frente da telinha. Gringo pode voltar para Austrália quando bem entender, eu não.

 

Saí pra rua, senti o ventinho frio de outono feliz da vida por estar de volta a um país que se não faz parte dos meus favoritos também não é tão ruim assim e vale uma visita, nem que seja só para dar uma rápida olha no que é que Sydney tem.

 

Já nos primeiros passos descobri que era praticamente vizinho do hostel da rede YHA. Apesar de achar que falta uma certa vibe nos hostels da famosa rede, eles são sempre uma boa alternativa de acomodação mais em conta. Pra ajudar, nele havia um restaurante que foi escolhido como parada para o café da manhã nos dias em que estive na cidade.

 

Como todo visitante que se preze quando chega a cidade, já sabia qual seria meu primeiro destino : Ópera House, aí vou eu !

 

Como eu disse antes, dessa vez fiquei numa região mais nobre no centro da cidade. Era só andar por uma avenida bastante movimentada em linha reta que chegaria na área de Circular Quay, de onde partiam os ferries para diferentes partes da cidade e também uma área badalada onde tem comércio, restaurantes, alguns poucos artistas talentosos de rua (volto neles mais tarde), hotéis, lojas de turistas vendendo tudo quanto é tipo de bugigangas, escritório de turismo onde você pode marcar passeios, comprar tickets, pegar informações e todo um burburinho que atrai não só turistas mas locais também.

 

Descendo a avenida tomando muito cuidado para não ser atropelado, afinal a mão é inglesa (traduzindo : eles dirigem na contramão !) e sempre pinta um carro vindo de uma direção mais improvável possível (além de olhar 132 vezes pra cada lado antes de atravessar as ruas, eu estava quase olhando para cima também...), olhando tudo e todAs (principalmente...) naquela overdose de sensações, visuais, barulho, odores e emoções que a gente tem quando chega num lugar novo e parece que o cérebro vai explodir de tantas sensações tudo-ao-mesmo-tempo-agora.

 

Em suma : “são tantas emoções” (nossa, essa foi péssima !)

 

Fiquei vendo a mistura das construções que definem a Austrália, um país de imigrantes e consequentemente bastante influenciado por culturas diversas. Já que é assim, não tem porque agir como “Oztrália”, não combina com o país de primeiríssimo mundo, mas acho que esqueceram de falar isso para os babacas que mandam no país e alguns locais mais tapados. E olha que eles não são os únicos...

 

Os prédios da avenida dividiam-se em construções modernas e outros de arquitetura vitoriana, realmente uma arquitetura muito bonita e dava para perceber um pouco de Europa na Oceania.

 

Uma coisa que me chamou a atenção foi o grande número de japoneses nas ruas; se Sydney está assim, imagino como estaria Auckland !!! E Tóquio, será que sobrou algum lá ? Putz !

 

Além da quantidade, outra coisa que me saltou aos olhos foi o gosto fashion deles um tanto quanto, como posso dizer, ahn...humn...well...tipo assim.... exagerado demais. Pra cada visita no cabeleiro, eles gastam algumas centenas de doletas para sair com um corte que mescla os estilos de David Beckham com Marcelinho Paraíba. Claro que você não vai sair assim vestindo qualquer coisa. Para vestimenta, a coisa fica mais ou menos entre Falcão e Marilyn Manson, não esquecendo o toque do personal dresser da banda KISS e pronto ! Faz inveja para qualquer consultor de moda influente das não-sei-lá-onde-fashion-weeks da vida.

 

Vestidos assim, acho que se tocasse a música Thriller ali a galera ia sair dançando no meio da rua, daria até para participarem de qualquer regravação do clip, fácil fácil. Aproveitando o gancho, caso role mais um filme da saga Resident Evil, bastaria os produtores levarem a gata Milla Jovovich pra lá e começarem a filmar de imediato, iriam economizar uma grana preta com maquiagem e figurino dos habitantes de Raccon City (ou seria Raccon Sydney ?)

 

Interessante como a gente vê coisas tão distantes do nosso dia-a-dia mas que no dia-a-dia dos outros é refresco (sempre no bom sentido, é claro). Traveling and learning.

 

Gosto duvidoso a parte, já tive o privilégio de conviver com muitos chapinhas mundo afora e aqui dentro também, que por sinal são diferentes (afinal “nossos japoneses são melhores do que o dos outros”) e todos, sem exceção, eram a simpatia em pessoa mesmo com toda a dificuldade de comunicação, como aquele que conheci num albergue em Auckland que andava com uma engenhoca a tiracolo que traduzia até pensamento... Konnichiwa !

 

Me lembro que ficava irado quando, em Bali, nas imediações de Kuta Beach assistia aquele bando de comerciantes locais safados enfiando a faca nos turistas japoneses que, muito educados e sem muita intimidade com o hábito/cultura de barganhar, acabavam pagando preços exorbitantes. Bando de ”FDK” (filhos da Kuta) mesmo !

 

Enfim, de volta ao passeio exploratório...

 

Como numa hora dessas já estava chegando o finzinho de tarde, o movimento nas ruas aumentou consideravelmente e já que eu estava numa área comercial com muitas empresas, bancos, lojas, etc deu pra ver bastante coisa. O mulherio continuava forte, mas agora de uma categoria diferente. Saem as mochileiras e entram as mulheres que trabalham nos escritórios da região. Muitas gatas mesmo, bem vestidas, com um toque europeu e bastante apressadas também. Tive que redobrar meu cuidado ao atravessar as ruas afinal se tinha algo que eu não estava mais prestando atenção era nos semáforos para pedestres...

 

Nessa caminhada acabei trombando com o shopping Queen Victoria Building, que segundo o estilista Pierre Cardin é o mais bonito shopping center do mundo. Como estilista geralmente tem gosto duvidoso, posso falar que dessa vez o cara mandou bem. Se é o mais bonito, há controvérsias, mas que o bonito prédio de estilo vitoriano chama bastante atenção, isso sim.

 

Ele ficava mais ou menos no meio do caminho entre o hostel onde eu estava hospedado e a tal Circular Quay. Havia cruzamento de avenidas que dava medo atravessar, com direito àquelas faixas diagonais com um monte de gente se digladiando para poder passar. Como o semáforo durava suspeitos 5 segundos, já viu a correria, mas caso o pedestre ainda estivesse no meio da rua – e sempre está – obviamente o motorista não vai jogar o carro em cima dele. O motorista espera e acaba provocando uma fila de carros atrás que provoca mais trânsito ainda, uma confusão dos diabos mas que no final dá tudo certo.

 

Uma coisa que acho show de bola em Sydney são as galerias que formam um labirinto subterrâneo que interliga ruas, lojas e estações do metrô. Há uma outra cidade escondida ali e caso você esteja num lugar, um shopping por exemplo, e começar a descer mais escada do que o normal, não se preocupe, vai sair num corredor cheio de lojas, lanchonetes, restaurantes e mais um monte de coisas. É só continuar seguindo que logo você acha uma saída. Agora pra onde é que são elas...

 

Continuei minha caminhada e deparei com uma APPLE STORE padrão : toda envidraçada, bem localizada e cheia de macníacos prontos para te ajudar no que fosse necessário e com um monte de computadores equipados com duas palavrinhas mágicas : INTERNET GRÁTIS.

 

Eu não manjo nada de Mac (e nem de PC também...) mas qualquer computador com um teclado, um monitor e internet ligados eu consigo me virar bem. Se eu não tiver pedindo muito, um mouse também ajuda pracas... Fiz cara de quem manjava horrores sobre o tal Mac, dei uma olhada nas novidades e ainda tive tempo de checar meus emails e mandar outros. Me senti meio desconfortável com a situação mas como não estava sozinho checando emails e navegando na net de graça, então um abraço. Qualquer coisa, diria que estava testando a máquina mas, sei lá, as máquinas estão lá para serem usadas. Mas nada de perder muito tempo na net afinal, convenhamos, “PQP, eu estou em Sydney !”

 

Continuei minha caminhada e cheguei na tal Circular Quay, dali havia dois caminhos a seguir mas estava decidido a ir em direção ao ícone Ópera House, simplesmente maravilhosa vista de qualquer posição.

 

Escolhida a direção, já à noite, a caminhada até ela é bem legal, tem uns restaurantes bacanas com mesas no lado de fora, iluminação especial, comida boa e bem freqüentado. Deviam ser caros mas como eu gosto de “comida para ser comida”, aqueles restaurantes não eram pro meu bico. E provavelmente nem pro meu bolso também.

 

Chegando na ópera, não tem muito o que fazer a não ser relaxar e absorver toda a sua grandiosidade. “PQP, estou na Ópera House”. Depois de algumas horas fazendo absolutamente nada e só curtindo o momento, me lembrei que fazia tempo que não tinha comido nada e resolvi voltar. Fiz o mesmo caminho inverso caminhando devagar e antes de chegar no albergue, arranjei um restaurante de imigrantes turcos que ficou sendo minha base nos próximos dias. Comida muito boa e por um preço acessível, com direito até a lasanha, vai entender...

 

De lá, fui pro albergue, me rendi a TV por alguns momentos e após quase 40 horas no ar, fui dormir. Havia um bar no hostel (sempre tem) mas nem fui checar, não sou muito da night, principalmente depois de quase dois dias sem dormir.

 

No dia seguinte a bagunça continuava forte no quarto (será que ninguém limpa isso aqui não ?), a inglesa com cara de inteligente foi embora em busca de um hostel mais barato e menos zoado e como sempre acontece em albergues, gente chega e gente sai, mas a bagunça fica.

 

Dessa vez eu já não era mais o único homem no quarto, chegou um carinha antipático (eu deduzi que era inglês) e realmente o pessoal com quem dividi o quarto não era muito de papo nem entre eles, com exceção de uma outra inglesa que ainda não havia visto e que tinha um sotaque fortíssimo e absolutamente lindo, pelo menos pra quem curte. Pena que de bonito era só o sotaque mesmo...

 

Ela tinha feito o tal bridge climb e curtido muito. Ela, assim como eu, era uma das raras viajantes que estavam ali apenas de férias e não para passar um longo tempo. Achei um tanto estranho mas estranho mesmo é brasileiro dando a volta ao mundo então acho que estávamos quites... rs

 

Na conversa da inglesa ela contou a via-sacra que foi a viagem dela até ali : de Londres para Hong Kong, depois para o Oeste Australiano encontrar uma amiga, de lá seguiu para o nordeste da Austrália na bem so-so (pelo menos pra mim) Cairns, uma das portas para a barreira de corais, depois ela foi descendo pela costa leste e a última parada era Sydney, ela estava um tanto triste porque na 2ª. feira estaria de volta ao trabalho.

 

Fiquei chocado pelo fato de ela não entender muito de viagens volta ao mundo (dependendo do destino, a esmagadora maioria dos viajantes estão numa trip assim), assunto que ela havia descoberto há bem pouco tempo após ter conversado com outros viajantes que encontrou pelo caminho. Eu ia dar uns toques de como funciona, afinal eu simplesmente adoro o assunto, mas se eu começasse a contar tintim por tintim, coitada da moça, ela ia ter que ouvir por horas (meses ? ), então só dei umas dicas aqui e ali para aguçar a curiosidade. Depois disso, acho que ela saiu da Austrália com um canguru atrás da orelha e acredito que vai se jogar numa dessas num futuro próximo...

 

Hora de explorar mais um pouco de “Sídni”, segundo o sotaque do povo local.

 

Tomei meu banho e fui recomeçar minha exploração pela cidade. Saí do quarto e fiquei chocado de logo cedo ver uma galera, imaginem vocês, assistindo tv ! “Whatcha f...”. Nossa, tudo bem que já vi que assistir TV ali era assunto sério, mas logo de manhã uma galera esparramada assistindo aqueles programas de exercícios físicos e de venda de produtos era de lascar porém, sei lá, gringos, sabe como é...

 

Quando abriu a porta do elevador eu quase caí pra trás : havia uma garota que era simplesmente linda de morrer ! Eu disfarcei (afinal sou brasuca e o mulherio da terrinha brasilis também não deixa nada a desejar), dei um bom dia caprichado, recebi de volta outro acompanhado de um sorriso que aqueceu aquela manhã fria de Sydney (!?!?!?!?!) e...cada um seguiu pro seu lado, elevador cheio, um monte de gente no meio, nem deu pra fazer muita coisa. Simplesmente maravilhosa, linda, cabelos pretos e longos, muito bem vestida, mas de maneira simples e elegante, nada de super produção, não precisava, puro charme e estilo mesmo (seria uma mochileira francesa ?), absolutamente maravilhosa. Não tinha pra ninguém e olha que a concorrência no hostel era grande. Sem querer puxar sardinha para as mulheres brasucas (elas não precisam), a garota até passaria como brasuca também, mas nesse caso especifico cairia naquele lance dos 70% que eu falei alguns relatos atrás...

 

Ainda embasbacado, saí para marcar o lance do bridge climb mas não antes de tomar meu café no restaurante do YHA que era ali ao lado. O dia estava meio frio mas depois o sol engrenou.

 

Fiz mais ou menos o mesmo caminho do dia anterior até chegar no Circular Quay, só que ao invés de ir na direção da Ópera House, peguei o lado oposto e fui caminhar onde Sydney nasceu, uma região chamada The Rocks que fica no lado oposto em direção a famosa ponte que juntamente com a Ópera House formam o cartão postal da bonita cidade. As duas estruturas em si são lindas, combinadas então formam um cenário único.

 

A área é muito bonita, preservada e mostra um pouco como era a arquitetura da época, cheia de prédios históricos da época colonial, um museu a céu aberto.

 

Dali pra ponte foi um pulo, caminhando por ali havia muitas pessoas fazendo seu jogging não tão matinal assim, o que é normal num país com umas das melhores qualidades de vida do mundo. Nada como NÃO ter sido a colônia favorita da matriz : Brasil, Índia e, arrisco a dizer, Bolívia que o digam...

 

Dei uma caminhada pela região e avistei que o tal ônibus sem teto que fica fazendo um city tour na cidade tinha parada ali, óbvio. Nisso me deu um estalo e resolvi pegar ele também para dar uma olhada na cidade e ter uma idéia geral de localização dos lugares onde eu estava a fim de ir. Ia amadurecer a idéia e depois ia ver pra onde o vento apontava, nada de muitos planos senão a coisa fica chata. Exceção seja feita a tal bridge climb, pois desde que eu fiquei sabendo desse passeio queria porque queria fazer e não ia deixar a oportunidade passar, vai saber quando eu voltaria para a bonita “Sídni”...

 

A Austrália é um país jovem, uma ilha ex-colônia penal quase do tamanho do Brasil formado por imigrantes e sua maior contribuição para o mundo foi ser berço de uma das três melhores bandas de rock do mundo, AC/DC, cujo guitarrista, o escocês (há controvérsias, o cara deve ter vindo de outro planeta...) Angus Young é o melhor do mundo. Tá bom, o cara do Metallica tira um som também...rs

 

Tá bom, chega de pegar no pé da “Oztr...”....digo...Austrália, o país também é famoso por abrigar a maior barreira de corais do planeta, possui grandes extensões de deserto com estradas que levam do nada ao lugar nenhum (muita gente já morreu nessa brincadeira), 7.000 praias (sendo que boa parte delas, dependendo da época, são literalmente invadidas por uma certa espécie de água-viva cujo veneno pode matar 60 humanos em menos de 3 minutos), povo hospitaleiro no geral, alguns dos melhores surfistas do mundo, mesmo tendo perdido o posto para os americanos, pelo menos em qualidade mas não quantidade, um povo de bem com a vida boa que têm e que não trocam por nada, grana no bolso, qualidade de vida, um dos melhores lugares para mergulho do mundo (também, com uma barreira de corais daquelas...mas tem lugares muuuuito melhores e mais baratos por aí), uma rica fauna e flora, várias espécies de tubarões, inclusive o famoso grande branco que além de almoçar um ou outro desavisado por aquelas bandas, tem até tours para quem quer vê-los no sul do país, tour capitaneado por Rodney Fox, uma lenda viva que tem uma história impressionante. Ah, e na Austrália tem neve também.

 

E não vamos nos esquecer da cultura e do povo aborígine, nativos considerados o povo mais antigo do mundo (até acho que eles se parecem com os homens das cavernas, fisicamente falando, e que infelizmente muitos se perderam quando foram apresentados ao álcool. Também, são australianos né ? rs), e possuem, dentre outras coisas, uma arte muito rica e bonita. Infelizmente também sofrem para manter sua cultura, o que é bem normal em países cujos nativos foram exterminados. Ou quase.

 

Falando em rica e bonita, a Austrália abriga cidades modernas e bonitas como Melbourne e Sydney, sendo que esta última, segundo pesquisas internacionais, faz parte da lista das três cidades mais bem localizadas do mundo (as outras são Cidade do Cabo e Rio de Janeiro), lembrando que o quesito aqui refere-se às belezas naturais.

 

Já tive a oportunidade de visitar em mais de uma oportunidade duas das cidades concorrentes desta lista (Sydney e Cidade do Cabo), mas obviamente eu sei dos cenários do Rio. Apesar de ser muita pretensão julgar o lugar sem mesmo ter pisado nele, fica evidente que em matéria de encantos da natureza a cidade brasileira ganha das duas, ganharia meio apertada da Cidade do Cabo e daria uma lavada em Sydney. Claro que não posso falar de uma cidade que nunca fui, mas mantenho minha opinião. Vale lembrar que eu não sou patriota, ufanista ou outra idiotice do gênero, mas também não sou cego.

 

Uma pena que por motivos que todos nós brasucas sabemos, uma série de eventos empurra a cidade lá pra baixo e infelizmente ela não recebe tantos turistas como merece e também não é tratada como deve (ela e o país inteiro...) o que, mesmo com a sua fama como cidade maravilhosa, infelizmente a reputação no exterior não é das melhores, mas isso não é apenas o Rio, é o Brasil como um todo. Realmente uma pena. Lembrando que a esmagadora dos gringos que já visitaram o Brasil adoraram, mas acham aqui muito caro. nessas eu sempre falo pra eles: "se é caro para vocês, gringo$, imagina para nós brasucas !". Incrível quanto dinheiro (inclusive as minhas parcas economias) o Brasil perde com turismo por pura burrice mesmo. E tenho certeza que vai ser pra sempre, não tem jeito, quer dizer, ter jeito até tem mas não vai rolar.

 

Pra mim, se um lugar quer receber visitas, seja um país ou uma residência, primeiramente tem que arrumar a casa, vamos ver se até a copa de 2014 (sou contra) as coisas melhoram. Eu duvido.

 

Enfim, de volta ao passeio em “Sídni”...

 

Continuei a minha caminhada e voltei pelo mesmo caminho para poder ir ao outro lado da baía que forma a marinha e visitar a Ópera House, só que de dia. No caminho havia uma aglomeração de turistas e locais e eu fui ver qual era a muvuca : eles estavam assistindo a uma apresentação de um trio aborígine e claro que parei pra ver e curtir um pouco do espetáculo de rua. Eles estavam vestidos à caráter e aproveitavam para pousar para fotos com os turistas em troca de uma grana. Vendiam cd´s também. Um deles estava sentado tocando didgeridoo, instrumento produzido com ajuda de térmites (pra mim é tudo formiga) e que na minha humilde opinião, juntamente com a gaita de foles e se eu estiver de muuuuito bom humor, o berimbau, é um dos três instrumentos que produzem o som mais bonito que existe.

 

Acho o som muito bacana, apesar de ser uma pauleira tocar o instrumento e olha que eu já até consegui arrancar alguns sofridos acordes do didgeridoo depois de ter tido aulas com uma inglesa debochada, boca suja, figuraça e engraçadíssima que eu conheci num hostel lá em São Pedro do Atacama. Vai entender... Tenho planos de comprar um, mas antes preciso aprender a tocar senão ele vai virar enfeite de parede.

 

Uma coisa que eu achei comédia foi quando um dos artistas aborígines convidaram os turistas a chegarem mais perto : “podem se aproximar gente, nós não vamos comer vocês a não ser que se pareçam com um canguru !”... hehehe

 

Fiquei assistindo a performance por um tempo e depois segui em direção à Ópera House, no caminho havia mais uma banda aborígine tocando mas ali era um pouco mais comercial, havia até um cara com pinta de empresário tentando vender o CD da banda. Parei pra assistir mais um pouco e continuei minha caminhada.

 

Chegando na Ópera House, pura curtição de novo. Ela é bonita de qualquer lugar que se olhe e mais uma vez fiquei feliz em estar bem perto de outro ícone mundial durante essa viagem : Torre Eiffel, Big Ben, Estátua da Liberdade, cenário de descanso de tela de computador numa ilha no meio do Pacífico e agora na Ópera House. E tudo isso numa trip só. Tudo bem que a conta ia chegar mas se eu deixasse para visitar esses lugares em viagens diferentes acho que nunca conseguiria, muita coi$a envolvida ne$$a equação. Botando tudo numa trip só o preço fica muito mais acessível e até um assalariado pode pagar, basta querer. Além do mais, volta ao mundo não é questão apenas de grana (vai uma grana sim, mas dá pra encarar), é mais uma questão de atitude mesmo. Dia desses eu explico.

 

Pessoal, esse post ficou muito longo (de novo...oops), sendo assim acho melhor deixar a outra metade do passeio pro próximo relato, vocês não vão querer perder o resto da trip em Sydney e como foi o tal bridge climb, cuja guia cismou com meu sorriso, e olha que eu nem tô com essa bola toda, vai entender.

 

Obrigado pela companhia, grande abraço.

 

Virunga

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