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De carona - de SP para Parque Nacional do Itatiaia - 6 dias


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Na real esse é um relato pessoal e subjetivo que provavelmente não ajudará ninguém, só vou contar minha experiência pra não esquecer, rs.

 

 

Decidi essa viagem de última hora pois percebi que algumas folgas no trabalho, feriado prolongado e final de semana davam uma boa combinação para uma viagem curta. Após pesquisar os lugares próximos de SP capital, encontrei o Parque Nacional do Itatiaia- RJ na divisa com o estado de São Paulo.

Decidi ficar apenas na parte baixa do parque, devido à minha dificuldade de mobilidade (sem carro), além de que as cachoeiras estão localizadas ali.

Saí de casa umas 4h30 do dia 18 de junho para pegar um ônibus no terminal Tietê às 6h. Esse ônibus me levaria até Arujá, uma cidade próxima e ao lado da Rodovia Dutra. O motorista me deixou num posto de gasolina, aproximadamente 7h30 da manhã, e então começou a aventura...

Eu já havia feito uma plaquinha com o escrito “RJ” no dia anterior, falei com alguns caminhoneiros no posto de gasolina porém nenhum iria para o Rio de Janeiro, por conseguinte, decidi ficar na beira da estrada com a bendita plaquinha.

Andei um pouco e acredito que tenha se passado uns 15 minutos até eu alcançar uma Kombi que estava parada no acostamento, com o pisca ligado.

Perguntei pra onde estavam indo, e o motorista disse que iria para Taubaté realizar alguns serviços de montagens. Pedi carona e consegui, ufa... XX, super gente boa, gritava pra caramba (rs), contou da filha e da sua aventura de ter saído do nordeste pra vir pra SP sem conhecer ninguém, sem lenço e sem documento.

Devo ter chegado em Taubaté umas 9h30, e fiquei num ponto bem x da estrada, meio afastado da cidade. Empunhei a plaquinha e me preparei pra esperar a carona. Passado uns 2 minutos, um caminhão parou mais a frente, no acostamento. Fui correndo para que ele não desistisse da carona e subi de uma forma bem desajeitada!

O nome desse carona é Adriano, faz esse trajeto todos os dias e vive no Rio (quando possível). Conversamos bastante no caminho, até paramos pra tomar um café e o Adriano pagou um pão-de-queijo pra mim.

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Ele me deixou em Itatiaia, em frente a uma passarela, umas 11h30. Agradeci e passei meu número, caso rolasse mais alguma carona (ele disse que me levaria pra Brasília pro Encontro de culturas da Chapada).

Cruzei a passarela e andei umas 5 quadras rumo ao parque, até que eu consegui mais uma carona, na rua principal mesmo... O senhor que me deu carona trabalhava num hotel do parque e, após eu pagar a taxa de ingresso do parque, ele me deixou na entrada do camping.

No momento em que eu estava descendo do carro dele e pondo minha mochila nas costas, um outro carro parou ao meu lado e uma senhora se ofereceu pra me levar até o camping Aldeia dos Pássaros, lá embaixo.

Nossa, que descida do caramba! Aliás, um detalhe: aquele parque e só subida (e descida)! Que exercício para as pernas!

Enfim, conversei com essa senhora, Eliana, no pequeno trajeto e ela me disse que tem uma propriedade lá, ao lado do camping, e me convidou para tomar um chá e conhecer o filho dela, já que ele conhecia as trilhas por ali e poderia ir comigo.

Fui para o camping Aldeia dos Pássaros, montei minha barraca e fiquei um pouco no riacho atrás do local, li um pouco do meu livro e entrei na água. Aproximadamente umas 13h eu decidi tentar conhecer alguma cachoeira e aproveitar que o dia estava lindo. Subi, subi, subi e subi mais um pouco (devo ter andando uns 5 km) até conseguir uma carona com um casal até o museu. Lá era bem próximo do lago Azul e eu passei um tempinho por ali...

Eu soube que um ônibus desceria pelo parque às 17h, porém decidi voltar mais cedo porque o tempo ficou meio fechado. Eu levei uns 40 minutos descendo do museu até o camping, tranquilo. Tomei banho, tive problemas com lagartixas, cozinhei algo pra comer e começou a chover, umas 18h. Depois disso, fui dormir...

No dia seguinte, acordei bem cedo e fui para as cachoeiras mais distantes (Maromba, véu da Noiva e Itaporani). Consegui duas caronas pra subir e, chegando lá fiz amizade com um guardaparques chamado Alex, que tirou várias fotos minhas nas cachus. A água estava geladíssima, mas eu entrei no Véu da Noiva e na Itaporani.

10492048_10201256740579283_632493650742426852_n.jpg Itaporani

 

10552572_10201334897013145_105031884751466893_n.jpg véu da noiva

 

Na volta, consegui uma carona com um pessoal que estava no camping tb, então foi bem fácil. No momento em que eu saí desse carro, um rapaz veio falar comigo: era o filho da Eliana, a senhora que me deu carona no acampamento, que disse que iriam me ajudar e me convidou pra fazer uma trilha ali perto. Neste dia mesmo, passamos um tempo conversando nas pedras do riacho, eu , ele (Giovanni) e uma amiga dele, Marcela. Depois, nada mais aconteceu, fui dormir bem cedo.

Terceiro dia, 20 de junho, acordei cedo, fui para as pedras e encontrei o Giovanni por ali logo cedo, que me convidou para tomar um chá na casa dele. Colhemos as ervas para o chá e entramos para conversar com a mãe dele. Eliana foi uma grande dançarina e conhece quase o mundo todo, até conversamos um pouco em francês. Foi incrível!

O dia estava bem feio e chuvoso, então Eliana me convidou para conhecer Penedo, a cidade mais próxima dali. Passamos um dia bem agradável, almoçamos num restaurante barato por ali, comprei um licor de pimenta (delícia!) e voltamos para o parque ao anoitecer...

No dia 21, eu fui acordada pelo Giovanni, que bateu na minha barraca me convidando para tomar café na casa dele. Fui, logo em seguida nos preparamos pra fazer uma trilha secreta beirando o riacho.

Acho que andamos por aproximadamente 40 minutos, até que decidimos parar numa pedra pra comer umas frutas. Ficamos lá por uns 15 minutos, até que surgiu uma galeeera! Levei um susto no primeiro momento, mas depois descobri que eram estudantes de engenharia florestal e estavam fazendo umas coletas na região para uns projetos no parque. Eles sentaram com a gente e comeram algumas coisas antes de cruzarem o rio. Eles realmente eram muito legais e combinamos de nos encontrar à noite para beber o meu licor de pimenta.

À noite, Giovanni e eu fomos ao alojamento desse pessoal e passamos um tempo bem agradável por ali. Eles me convidaram para participar da coleta do dia seguinte e eu decidi adiar a minha partida por mais um dia, para poder participar dessa expedição.

No dia seguinte, foram me buscar na entrada do camping 7h30, fomos ao alojamento e terminamos de organizar tudo para a trilha. Esse foi um dia muito interessante pois eu aprendi muita coisa sobre as plantas e as técnicas usadas na floresta. A galera subia em árvores de 20 metros, usávamos perneiras, cruzamos o rio várias vezes, etc. Foi realmente incrível!

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Nos despedimos à noite, quando o motorista da UFRRJ foi busca-los no alojamento e eu fui para o camping. Nessa noite eu tive medo à noite, pois eu era a única pessoa no camping e consegui queimar uma lâmpada que apagou todas as outras. Ou seja: sozinha, no escuro, na floresta, com barulhos estranhos.

No dia seguinte eu fui embora, peguei o ônibus das 7h45, que me deixou na mesma passarela pela qual eu cheguei. Atravessei a passarela e fui a um posto de gasolina do lado do pedágio. Um caminhão parou, perguntei para onde o motorista ia... Ele respondeu que estava indo para o Paraná e passaria por São Paulo. Pedi uma carona, consegui! Seu nome era Donizete, muito firmeza também, me deixou na marginal Tietê e até saiu da rota por um momento para me deixar em segurança na calçada.

 

 

 

Enfim, como eu escrevi antes, esse foi mais um relato pessoal e subjetivo que provavelmente não ajudará ninguém. Talvez o único proveito que se tira disso é o de que é possível viajar de carona, e que provavelmente assim se conhecerá pessoas incríveis. Muito eu ouvi para não fazer essa viagem, por ser mulher e sozinha nas estradas e na floresta, por isso espero que esse relato incentive as mulheres a viajarem sim, a se libertarem.

Quando você abre sua janela para o mundo, ele mostra quão lindo é e quanta coisa boa há. Gratidão!

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