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Por Honofre Campos de Souza (Goo), jornalista | publicitário

 

Quando o pessoal da Friends Adventure anunciou a realização da travessia Lapinha/Tabuleiro, na Serra do Cipó, fiquei bastante interessado, pois, além de estar entre amigos que gostam de enfrentar desafios e interagir com a natureza, como jornalista, sabia que seria mais uma rica experiência de vida. Fechei então o pacote com os parceiros da Friends para o trekking de dois dias e, em meio a tantos a fazeres, iniciei os preparativos para a viagem. Foi uma semana, como entre tantas outras, de muito trabalho, porém, de grande expectativa. Fiz o check list básico e parti para as compras, já que pela primeira vez me envolveria em uma caminhada tão longa em ambiente outdoor. Lanterna, máquina fotográfica, chapéu, capa de chuva, barraca, lanches, etc. Tudo meticulosamente calculado para a aventura.

Enfim, chegou a noite de sexta-feira, dia 30 de maio. Um grupo bastante heterogêneo, composto por 15 integrantes, a maioria de Governador Valadares e Vale do Aço (em Conceição do Mato Dentro, encontramos um integrante de Belo Horizonte), se encontra na porta da prefeitura de GV. Dali, partimos de madrugada numa van rumo a Santana do Riacho, pequena cidade situada entre as serras do Cipó e do Espinhaço, que nos daria acesso ao nosso verdadeiro ponto de partida: a pequena Lapinha da Serra.

Chegamos ao amanhecer e acordamos (se é que alguém conseguiu dormir) com um frio de tremer as canelas. Iniciamos o dia com um apetitoso café numa lanchonete de nome curioso: Cutuca Cuia. Em seguida nos reunimos com um parceiro local e desbravador da travessia, Eduardo Half, para instruções a respeito da atividade e de como seria o apoio logístico, feito por cavalo, mula e burro. Os líderes da travessia Ian na frente com os animais guiando o grupo e levando suprimentos pesados (equipamentos e comida).

Logo no início da “peregrinação” pelo exuberante Parque Nacional da Serra do Cipó uma companheira empolgadíssima apresentou-se ao grupo para acompanhar-nos na travessia. Uma simpática cadela vira lata com traços de pastor alemão, aparentemente sem dono, nos seguiu por todo o trajeto, conquistando a simpatia de todos. De cara, enfrentamos uma subida bem “a pique”, por uma trilha de pedras. Apesar do esforço físico empregado nesta parte, uma paradinha pra olhar a vista no horizonte era suficiente pra restaurar o ânimo. O dia estava muito bonito. Apesar do vento frio, o sol brilhava no céu por entre nuvens acima da montanha que fica de frente pra Lapinha. A essa altura, mal imaginávamos o que estava por vir.

Ainda num dos primeiros pontos de subida, momentos de preocupação com os animais. Muita carga nas cangalhas e uma trilha complicada para os eqüinos. Tivemos que parar e dar uma forcinha carregando no braço os balaios até sair deste trecho mais complicado. Daí em diante foi relativamente tranqüilo até o local onde montaríamos o acampamento. Já nessa primeira etapa da travessia ficamos abismados com tanta paisagem bonita. A vegetação típica da Serra do Cipó encanta pela beleza e harmonia. Por toda região, observa-se uma interminável cadeia de montanhas com relevo exuberante. Pelas trilhas, vemos diversos riachos com água transparente, ótima para banho e até mesmo para o consumo. Ali reabastecíamos o líquido e seguíamos em frente.

Após uma parada para descanso, lanche e banho de rio, seguimos a caminhada por mais algumas horas entre belíssimos vales e montanhas. Passamos por lugares interessantes, como, por exemplo, uma pequena capela erguida nas montanhas e uma cruz também no alto de um morro, onde uma fita entrelaçada sinaliza a intensidade dos ventos no local. Ao nos distanciarmos um pouco do grupo, eu o colega da Friends Adventure, Brunno Denadai, acabamos saindo um pouco da rota. Com um pouco de raciocínio e jogo de perna, felizmente conseguimos avistá-los e logo os alcançamos.

Foi ali, num vale, há alguns metros adiante que iniciamos a montagem do acampamento. Era o fim da tarde e o sol começava a se por entre as montanhas, num belo espetáculo. Barracas montadas, partimos para um banho relaxante nas geladas águas de um riacho que passa ao lado do camping. Enquanto isso, Half, Cotó e parte do grupo já agilizava uma fogueira, numa estrutura improvisada com pedras formando uma espécie de fogão, na qual preparamos o jantar: carnes, macarrão instantâneo e arroz.

A noite ali é bem fria, mas cheia de encantos, principalmente quando se olha para o céu em meio à escuridão. A imagem do cosmos nos dá em instantes a devida noção do quão insignificante, e ao mesmo tempo, absolutamente magnífico pode ser o humano. Reflexões à parte, tivemos momentos bastante agradáveis naquele lugar. Certa hora, em volta da fogueira o colega farmacêutico, Roncali Coelho, propôs uma dinâmica de apresentação pessoal para os integrantes a travessia. Foi bacana, pois aproximou ainda mais o grupo, permitindo maior integração e fortalecimento dos laços de amizade. Após muita conversa em torno da fogueira, fui pra barraca dormir e descansar, porque o domingo seria de muito chão e desafios pela frente.

Todos dormiram bem, o suficiente para repor as energias. Aos poucos fomos acordando, tomando café, e nos preparando para o segundo dia de caminhada. Após novas instruções do veterano Half, deixamos o acampamento por volta das 10 da manhã, rumo a Tabuleiro. O pessoal estava bem animado. Conseguimos subir um primeiro morro com tranqüilidade, apesar do sol ter começado o dia bem animado. Na parte alta, encontramos setas e totens de pedra, feitos por outros caminhantes, indicando o caminho para nosso destino. Aos poucos fomos vencendo os obstáculos e admirando aquele cenário cinematográfico. Uma experiência única, na qual testamos o extremo de nossos limites.

Foram aproximadamente 4 horas de caminhada até avistarmos de longe uma das alas do corredor por onde passam as águas que desembocam na cachoeira. Um tanto quanto exaustos, fomos chegando na parte alta, por trás da queda, onde pudemos desfrutar com exclusividade aquele magnífico santuário, formado por lajeados, quedas d’água e poços de água cristalina. Foi um momento muito especial, no qual curtimos bastante a vista do alto dos 273 metros do Tabuleiro. A água fria daquele lugar é revigorante, ajuda a recuperar as forças. Ainda bem, pois ainda tínhamos uma boa “pá de chão” pela frente.

Reunimos então para enfrentar a última etapa da viagem, com ainda cerca de duas horas de caminhada sob sol e terreno irregular. Para encurtar o caminho em duas horas, descemos por um morro bastante íngreme, segurando em ramos, cipós e escorregando com cuidado entre pedras. Ali vivemos um dos momentos mais tensos, quando o colega Roncali escorregou e caiu de mal jeito, escapando por pouco de um grave acidente. Por sorte e muita determinação do companheiro, que mesmo sentindo dores, conseguiu seguir (ainda que mancando) até o final da travessia. Na beira de um enorme barranco, avistamos de longe a queda magistral, onde aproveitamos para fazer algumas fotos.

Seguimos pelo despenhadeiro até uma trilha que dava acesso à estrada para a vila também denominada Tabuleiro. A esta altura já escurecia. Pernas, articulações, pulmões e mente pareciam não mais se entender facilmente. Quando parecíamos próximos ao lugarejo ainda tínhamos alguns morros bem íngremes para subir pela estrada até nosso ponto de chegada, o restaurante Rupestre. Felizmente, aos poucos, todos foram chegando e se reunindo no estabelecimento, onde um belíssimo e apetitoso PF foi servido aos colegas de aventura. Ali também já nos aguardava o motorista da van que nos levaria de volta para casa. Apesar da fadiga, todos traziam em si um ar de alegria, exceto nossa amiga e fiel companheira cadelinha, que nos deixou simplesmente um olhar triste, como se dissesse: Voltem sempre! Eu estarei aqui para caminhar novamente com vocês pela montanha. — at Serra Do Cipó - Mg.

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