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17.03.2014 – San Pedro do Atacama

 

O trajeto Uyuni x San Pedro do Atacama é bem tranquilo e agradável, com paisagens bonitas e estradas muito boas.

 

Não entendemos muito o tempo que isso leva, pois sempre que perguntávamos na fronteira ou para os guias bolivianos, diziam que levava de 3 a 4 horas...No entanto, levamos cerca de 40 minutos, rs.

 

Chegando já bem próximo a San Pedro, temos que parar e passar pela Aduana chilena, uma parada bem chatinha, já que você está maluco para conhecer um lugar novo, um país diferente...

 

O lance é bem organizado e rígido, então se você está pensando em esconder aquele pisco boliviano ou um pacote de folhas de coca, ESQUEÇA!

 

Logo que chegamos, o motorista manda todo mundo descer e ficar um tempão, no SOL DO DESERTO DO ATACAMA, numa fila maldita. Me queimei mais nessa fila do que no deserto de sal, então se proteja, use um bom protetor solar, pois o Sol do Atacama queima muito!

 

Eles pedem pra você deixar as mochilas grandes no carro, não se preocupe, pode confiar. Após alguns bons minutos (quase uma hora) na fila, você passa por um detector de metais, seus documentos são conferidos, você é revistado e sua mochila pequena, casaco, etc., passa pelo “raio x”. Após esse trâmite, você fica esperando do lado de fora e é um momento até legal dessa história toda. Sua mochila grande (e de todo mundo) é colocada enfileirada no chão e vem um cara com um cão farejador...É incrível ver o bichinho cafungando tudo e mandando o policial abrir essa ou aquela mochila. Por isso, evite levar alguns produtos para o Chile, mesmo o pisco boliviano e folhas de coca são expressamente proibidos no país, assim como os de origem animal ou vegetal.

 

Ao final, a Miriam, lógico, pediu para fazer carinho no cachorro...Ela tem esse dom também, e isso foi um “problema” em San Pedro, que É LOTADA DE CACHORROS! Tanto que é conhecida como San “Perro” do Atacama...

 

Confesso que ficamos um pouco apreensivos com esse lance de fungação do cachorro, pois levamos UMA FARMÁCIA INTEIRA para essa viagem! Ficamos até com vergonha quando fomos comprar, toda hora justificando que iríamos viajar, que faríamos trilha, que Macchu Picchu é longe, rs...Mas deu tudo certo, o bichano nem cheirou nossa mochila, queria pesquisar melhor a tralha de uns holandeses aí HAHAHhahahaha.

 

O caminho é curto desde a Aduana até SPA, quando fomos deixados próximo à rodoviária. Apesar de chegarmos de paraquedas, nem se compara à nossa chegada em Sucre ou Uyuni. Foi incrivelmente agradável botar a mochila nas costas e sair andando sem saber pra onde numa espécie de cidade do velho oeste.

 

Existe uma magia qualquer em SPA, as pessoas são muito simpáticas e educadas, o clima de deserto e tranquilidade faz com que você se esqueça de tudo, dos seus problemas do cotidiano, das coisas feias do mundo lá fora...Amamos esta cidade cravada no deserto.

 

Logo de cara, abordamos um senhor na esquina, que em nossa memória se parecia com um xerife, risos, e ele foi uma simpatia. Esforçou-se para indicar a direção correta dos lugares, nos deu algumas dicas e falou pausadamente com a preocupação de ser entendido por dois forasteiros de algum lugar do mundo.

 

Partimos em direção ao Hostel Florida, uma indicação daqui do fórum.

 

Aqui cabe um adendo. Sempre que viajamos por um tempo mais longo, colocamos no roteiro alguns dias de folga da própria viagem, explico: Viajar com o orçamento apertado e de mochila nas costas cansa! Você passa diversos apertos, tem que tomar decisões rápidas, mudar os planos em cima da hora, contornar as adversidades, trocar, contar dinheiro o tempo todo, enfim, nem sempre é fácil e vocês sabem disso, rs. Então, logo na montagem do roteiro, destacamos alguns lugares que consideramos mais tranquilos ou que gostaríamos de conhecer de um outro jeito, mais como os nativos, comprando pão na padaria e batendo papo na praça, sabe? E aproveitamos para relaxar, botar o caderninho da trip em dia, planejar os próximos dias, adoramos isso...E desta vez as paradas escolhidas foram San Pedro do Atacama, no Chile e Copacabana, na Bolívia, quando afrouxamos um pouco mais a mão para ficarmos em lugares melhores, comer naquele restaurante que todo mundo indica, comprar uns presentes.

 

Chegamos no Hostel La Florida e logo de cara curtimos o lugar. Tem um clima de pousada de praia bem legal, com redes na área comum e quartos variados, de galera a casal. O banheiro é coletivo, mas limpo e com água quente de verdade, lembrando um vestiário de academia.

 

O pessoal que conhecemos por lá também rendeu boas conversas, como o casal de holandeses com mais de 60 anos que estavam viajando há um tempão ou a chinesa que andava com um celular que falava espanhol ::mmm: .

 

SPA só tem um problema: É um lugar caro demais.

 

Saímos para conhecer a cidade, fazer pesquisa sobre os passeios e achar um lugar para lavar nossas roupas e tirar o sal de Uyuni.

 

Rodamos por lá, tiramos umas fotos legais, tomamos um sorvete que derrete em menos de 3 segundos, a Miriam correu atrás dos cachorros, os cachorros correram atrás da Miriam, enfim, foi um dia agradável.

 

À noite fomos comer pizza na “Pizzeria El Charrua”, que fica na calle Tocopilla, nº 442. A pizza é muito boa e barata, com ótimo atendimento e um ambiente aconchegante. Vale a pena conhecer.

 

Após a pizza, tivemos nosso momento “namorados”, caminhando de mãos dadas pelas ruas pouco iluminadas de San Pedro, com suas construções rústicas e cheiro de adobe. Topamos um músico que cantava música (boa) brasileira e tinha o sonho de conhecer o Brasil, disse que fazia esse trabalho para juntar dinheiro e ir para as terras tupiniquins. Mais à frente, ficamos observando uma roda de gringos conversando em, no mínimo, quatro línguas diferentes, conhecemos mais alguns cachorros e fomos dormir no friozinho do deserto...

 

O dia seguinte seria para fechar os passeios e planejar os próximos dias.

 

Fomos a um mundo de agências e os preços eram quase os mesmos, então fechamos na que fomos melhor atendidos, de novo, e valeu muito a pena.

 

A ideia era fazer, no mínimo, três passeios em SPA, mas, caímos na realidade e percebemos que daria para fazer somente um, infelizmente. Isso porque tudo estava MUITO CARO, mas muito caro mesmo. Percebemos que os turistas, em sua grande maioria, eram europeus, pois eles costumam tirar férias nesta época do ano Março/Abril, então não sabemos se isso influenciou, mas os preços dos passeios pareciam tabelados e estavam muito mais caros do que havíamos pesquisado. Outro motivo foi que faríamos a Salkantay, no Peru, e, além de ser bem cara essa trilha, leva tempo também, do qual estávamos já contabilizando...

 

Pois bem, após muito pesar e quase chorar por ter que decidir somente UM PASSEIO, resolvemos fazer o Vale de La Luna e Vale de La Muerte, pois consideramos passeios clássicos desse lugar e queríamos algo mais tranquilo. NÃO NOS ARREPENDEMOS NEM UM POUCO!

 

Aqui rolou um pequeno estresse. Saímos de Uyuni e esquecemos de adiantar nosso relógio em 1 hora. Como sabíamos que quase todos os passeios em SPA começam às 16h, eram, no nosso relógio, 15h e estávamos lá tomando sorvete na praça. Quando caminhávamos com a tranquilidade de um gafanhoto, reparei que as ruas estavam ficando vazias e começou a encostar vans...Pensei: "Pow, estranho isso, será que eles chegam tão cedo assim?". Perguntamos as horas numa vendinha qualquer e SURPRESA! Eram 15h50 e nosso passeio saía às 16h (!).

 

Corre! Corre! Gritava a Miriam. Voamos ao nosso hostel, colocamos nossas botas e arrumamos as mochilas de ataque com a agilidade de um suricato!

 

Como a Miriam tem um GPS afixado no cérebro, lembrava certinho do lugar de encontro e foi correndo na frente. Eu corria, corria, corria e não saia do lugar! Foi horrível! Não senti isso nem na altitude e agora não conseguia sequer andar rápido. Eu gritei: DÁ-LHE CHICA! VAI NA FRENTE! Ela sumiu feito o Papa-Léguas, deixando aquele rastro de poeira que eu engoli de café da tarde...

 

Chegamos na agência e ainda deu tempo de comprar uma água e um boné, risos.

 

O nosso guia foi um show à parte. Edigardo, era o nome do figura e só por ele já valeria a grana do passeio. O cara era muito animado, falava português e contava histórias de quando morou em São Paulo, foi bem legal.

 

O motorista da van era um pirado, fazia as curvas como se estivéssemos numa daquelas motos de corrida, sabe? Parava na beirinha dos penhascos só pra rir da nossa cara, HAHAhahhaha...Foi bem divertido.

 

Pra variar, nossa tchurminha era animada! Tinha um casal de suecos, duas meninas da Noruega, uma colombiana, uns chilenos e uns argentinos. De novo, só eu e a Miriam de brasileiros :D

 

Demos muita risada com o sueco, esses gringos são divertidos, pode acreditar. Ele disse que havia conhecido poucos brasileiros, mas que topou com umas meninas do Brasil que dançavam até com o apito do micro-ondas HAHAHhahaha.

 

Uma das norueguesas estava aprendendo português e iria passar uma temporada aqui no Brasil, então aproveitamos para ensinar o VERDADEIRO português a ela e explicar que no Brasil falamos um pouco (muito) diferente da galera de Portugal.

 

Se você curte passeios mais agitados, radicais, talvez não goste tanto do Vale de La Luna, talvez o sandboard seja uma opção melhor. Mas se você gosta de tirar fotos, fazer trilhas/caminhadas, conhecer um pouco da história dos lugares, certamente será um roteiro interessante.

 

As paisagens são impressionantes, pra variar, e a experiência de caminhar pelo deserto do Atacama é muito legal.

 

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Mas o ponto alto é o final do dia. Todos sentam na beira de um penhasco e fica esperando o Sol se pôr no meio do deserto...É um silêncio agradável, uma sensação de bem estar que poucas vezes senti na vida, uma paz.

 

Depois, nosso guia chama a galera da van, abre um pisco bem gelado, pega umas pequenices para beliscar, liga um som e aí é só CURTIR!

 

Uma galera começou a dançar, os gringos a ficar doido, até a Miriam SAMBOU! Ela que nem sabe o que é um pandeiro, mexeu os quadris tal qual uma barra de aço e começou a levantar poeira com sapatadas no chão árido! Eu fiquei imóvel, sem entender o que estava acontecendo e a galera vibrava! Os gringos tiravam fotos, filmavam, ela virou a globeleza do deserto! ::lol4:: dei muita risada, como é fácil enganar esses gringos! Se jogassem uma bola pra mim, que sou grosso no futebol, daria uma bica pra bem longe e todos aplaudiriam gritando que sou o novo Neymar!

 

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Já alegres, o pisco nos fez enxergar serpentes, coiotes, raposas e toda a diversidade da fauna chilena. Entramos na van e a galera estava animada, trocamos e-mail com as norueguesas, oferecemos nossa casa ao guia, poxa, como podemos criar amizade em tão pouco tempo? Coisas de mochileiro...

 

DICA: Leve muito protetor solar, pelo menos 2 litros de água e um bom casaco para o final do dia.

 

Voltamos ao nosso hostel, saímos para mais uma noite romântica e dormimos o sono dos cansados.

 

Na manhã seguinte, saímos para comprar as passagens para Arica, pegar as roupas na lavanderia e comprar uns suprimentos extras, pois estávamos nos despedindo de San Pedro, um lugar incrível, que vale cada peso chileno caro que é cobrado.

 

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DICA: Compre as passagens de ônibus, independente do seu próximo destino, direto na rodoviária, que fica bem perto do centro, dá para ir à pé e fica muito mais barato do que fechar em agências ou no hostel.

 

DICA 2: Se você quiser economizar no almoço, indico a “Cocineria Tchiuchi”, que fica na calle Toconao. Eles servem um frango assado delicioso com batatas e você escolhe o tamanho que quer, sendo que ¼ de pollo dá para um bom almoço e fica muito barato. Se seu hostel não oferece café da manhã (geralmente em SPA não oferece), compre uns pães, iogurte, frios, suco de caixinha em uma venda qualquer, sente num banco da praça e desfrute de um café gostoso e barato. Para aguentar o calor do deserto, tome um sorvete inesquecível na Heladeria Babalu, eles têm sabores inusitados que valem os pesos investidos, fica na Caracoles, em duas localizações, nº 160 e 419.

 

Considerações sobre San Pedro do Atacama: Vale a pena gastar um pouco mais e ficar mais dias nesta cidade. As opções de passeios, restaurantes, paisagens, são inúmeras e você certamente irá querer estender sua visita. Infelizmente estávamos com a grana contada (você gasta 200 dólares fácil em um dia) e decidimos cortar os passeios e manter o planejamento de apenas duas noites, o que foi essencial para o final da trip, devido aos futuros perrengues que ainda nem imaginávamos que iríamos passar. Mas se puder, fique e aproveite SPA, não irá se arrepender.

 

Próxima parada: Estrada, estrada e estrada rumo a Arequipa.

 

Notas

Trocamos 150 USD a 567 CHL

Hostel La Florida: 40.000 CHL (duas noites)

Pizza (duas pessoas): 6.500 CHL

Água (1 litro): 1.400 CHL

Vale de La Luna e La Muerte: 20.000 CHL

Lavanderia (5 kg): 6.000 CHL

Sorvete (Babalu): 1.500 CHL

Boné: 2.500 CHL

Lenços para nariz e álcool gel: 2.280 CHL

Empanadas: 4.500 CHL

Coca-cola (600 ml): 900 CHL

Passagem SPA x Arica: 18.000 CHL (semi cama)

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20.03.2014 – Trajeto Arica x Tacna x Arequipa

 

Antes de sair de San Pedro, ainda na rodoviária, um australiano nos abordou. Mais um australiano maluco na nossa Vida!

 

O cara estava com um visual de mendigo, calça de moletom rasgada, chinelos detonados, um fleece cheio de furos cheirando à sardinha frita, luvas cortadas nos dedos, enfim, parecia figurino.

 

Começou a falar com aquele inglês estranho de australiano e dizendo para ficarmos de olho nas nossas coisas, pra segurar as mochilas na frente, pra colocar a carteira na cueca e confiar em ninguém. Ele estava com cara de gente com mania de perseguição, sabe? Olhos esbugalhados, gagueira, tiques, deu medo do figura. Aí ficou repetindo que a rodoviária de Tacna é um antro do terror, que te assaltam, te estupram, roubam seus MM´s...

 

Nisso, chegaram as norueguesas do passeio do Vale de La Luna, lembram? Ficamos felizes com o reencontro e trabalhamos em equipe para entender o australiano, que continuava a falar sobre os perigos de Tacna.

 

Conversamos mais um pouco e nos despedimos, pois os destinos eram outros. Elas iriam a Iquique (que ficamos curiosos para conhecer) e o australiano não me lembro, acho que para um hospício ou coisa do gênero.

 

O trajeto de SPA a Arica foi bem tranquilo, cerca de 9 horas de viagem, o ônibus era semi cama e deu para descansar. No entanto, não sei se é sempre assim ou se foi por causa do horário do nosso ônibus (19h30), mas temos que fazer uma parada em Calama, com troca de ônibus.

 

Ficamos esperando cerca de meia hora nessa “rodoviária”, que na verdade é uma rua sem saída com cones delimitando o espaço dos ônibus e um guichê para a compra das passagens. Ficamos morgando lá por um tempo e chegou nosso busão.

 

Logo que entramos e seguimos pros nossos lugares, aqueles panorâmicos que ficam lá em cima, com vista para a estrada, sentimos um cheiro azedo...Tinha uma senhora sentada no banco ao lado que estava cheirando a macaco morto a pontapés! Jesus Cristo! Era um fedor estranho que empesteava toda a fronteira entre o Chile e o Peru ::xiu::

 

Já tasquei um dramim e a Miriam tapou as narinas com três camadas de cachecóis. Comecei a esmagar balinhas de frutas para ver se soltava um aroma natural, cheirava álcool gel como quem ganhou um perfume novo. Já estávamos pensando no pior, pouco mais de 8 horas dentro desse sarcófago...

 

Aí, vimos uma luz no fim do túnel. Uma senhora, toda arrumada e MUITO CHEIROSA, entrou e sentou AO LADO DO GAMBÁ! E ainda brigou com a peste dizendo que o lugar dela era na janela, ficando entre a carniça e nós, o que tapou, quase que completamente, o mal cheiro vindo do sudoeste. Alegria.

 

Chegando em Arica, existem duas opções para atravessar a fronteira: de micro-ônibus ou de táxi.

 

Havíamos pesquisado aqui no fórum que era mais negócio ir de táxi, então fomos ver como isso funciona.

 

Aqui rola um certo receio...Você chega em Arica lá pelas tantas da madruga, quase amanhecendo, e tem que atravessar uma pista, ainda com tudo escuro, até uma espécie de terminal de ônibus.

 

Aí foi um sufoco.

 

Mesmo se quiséssemos ir de micro, eles só saem mais tarde, ferrando um pouco com o seu roteiro, já que certamente você quer chegar logo em Arequipa.

Então fomos lá para perto do táxi e um cara me puxou pelo braço, disse que teríamos que pagar a taxa do terminal. Cara, essa galera cobra taxa de tudo, e olha que nem te oferecem serviços, já que o banheiro também é pago, não tem onde se sentar, se chover F***, enfim...Aí fui pegar minhas “monedas” de pesos chilenos e...CADÊ?! Tínhamos gastado as últimas moedinhas no banheiro da rodoviária e estávamos sem um chileno qualquer no bolso! Voltamos desesperados à rodoviária, já que sem pagar a taxa não tem como entrar nessa porcaria de terminal e TODAS as casas de câmbio estavam fechadas! Nessas horas não tem ninguém trocando dinheiro e você fica andando pra lá e pra cá.

 

Voltamos lá no terminal para tentar negociar e acabei achando EXATAMENTE o valor da taxa: 1.200 CHL para nós dois e ficamos SEM DINHEIRO PARA PAGAR O TÁXI.

 

Aí foi aquele chororô...A Miriam piscava os olhinhos azuis dela e dizia em espanhol: “Ô moço, será que o senhor tem como nos levar até Tacna? A gente paga em dólar...snif...”. E eles eram irredutíveis! Ninguém queria aceitar dólar, mesmo oferecendo mais do que estavam cobrando, não sei o motivo, mas ninguém aceitou.

Ficamos lá vendo a galera ir e voltar, ir e voltar. Estávamos desanimados, com fome e frio esperando uma alma caridosa que aceitasse nossos dólares ou trocasse o dinheiro.

 

Avistamos um casal de mochileiros lá de longe e fomos correndo pedir ajuda. Eram argentinos que estavam fazendo trilhas pela América do Sul do inteira. O cara era bem simpático, a menina muito fechada, mas resolveram tentar nos ajudar. Foram falar com um dos taxistas, dizendo que fecharíamos um carro inteiro com ele, já que estávamos em quatro e seria mais fácil achar outros três (sim, os carros vão lotados).

 

No final deu tudo certo e o taxista acabou aceitando nossos dólares, meio a contragosto, mas decidiu ajudar dois brasileiros perdidos em Arica.

 

DICA: Guarde, pelo menos, 2.500 pesos chilenos para este trajeto, pois só com taxa de terminal, banheiro e o táxi, você gastará cerca de 2.000 CHL. Se sobrar, compre uma guloseimas para a viagem.

 

Preocupação: Esses taxistas têm algum esquema com a galera da fronteira, são táxis especiais que podem transitar entre os dois países (Chile e Peru) e eles fazem um serviço à parte, pegando nossos passaportes para tirar cópia, preencher uns papéis e juntar a documentação de imigração. Ficamos extremamente preocupados, pois não entregamos nossos passaportes nem sob ameaça de morte, mas não teve jeito, o cara teve que pegá-los e os levou para dentro de uma casinha. Sinistro isso. Ficamos lá de plantão em frente à casinha e rezando pra tudo dar certo, o que aconteceu.

 

Outra vantagem de ir com esses táxis especiais, é que quando chegamos na fronteira, o cara sai correndo com a papelada toda e a gente corta fila na cara dura, HAHAHhahahaha. A galera dos micros ou ônibus grandes, devem esperar numa fila enorme para mostrar o documento e tals, o que demora bastante.

 

Atravessando a fronteira, passamos por mais uma Aduana, essa mais organizada, mas tranquila, você mostra o passaporte, eles carimbam, passa as mochilas pelo raio “x” e está liberado.

 

O taxista te espera do lado de fora e nos leva até a rodoviária de Tacna, a famosa rodô da morte, segundo o australiano mendigo. Descemos lá e foi super tranquilo, nada de mais, lugar normal, inclusive MUITO melhor que a rodoviária de Potosi ou Sucre, por exemplo.

 

Como já era mais tarde, conseguimos, finalmente, trocar dinheiro. Nos abastecemos de Soles e fomos comprar as passagens rumo a Arequipa.

 

O dinheiro no Peru é fácil de controlar, porque é quase a mesma cotação do real, então se você calcular 40 soles como sendo 40 reais, estará tudo certo.

 

Aqui tivemos a ajuda de um cambista de passagens que foi muito útil. O cara nos abordou e logo sacou que éramos brasileiros, ficou conversando e perguntou para onde iríamos. Então foi com a gente mostrar as melhores agências e acabou conseguindo fechar duas passagens pra mesma hora em que chegamos, o que foi muito bom, nem ficamos esperando na rodoviária. Ainda correu conosco para fora do terminal e trocamos dinheiro numa tenda estranha com caras que pareciam agiotas, mas que foi a melhor cotação de todo o Peru (!).

 

Ao final, cobrou justos 5 soles pelo serviço, valeu muito a pena.

 

De Tacna até Arequipa são 6 horas de viagem, que consideramos agradável até, visto que já havíamos passado aperto na Bolívia. No trajeto o ônibus para duas vezes, com direito a revista de bagagem e passagem pelo raio “x”, mas tudo tranquilo.

 

Chegamos em Arequipa um pouco cansados da viagem, mas ansiosos pelos próximos capítulos...

 

Próxima parada: O dia da marmota em Arequipa e a greve dos mineiros.

 

Notas

Taxa terminal de Arica: 600 CHL

Banheiro (rodoviária de Arica): 500 CHL

Táxi Especial Arica x Tacna: 6.000 CHL (já com o choro por ter pago em dólares)

Passagem Tacna x Arequipa: 40 soles

Taxa do terminal de Tacna: 2 soles

Propina ao cambista de passagem: 5 soles

  • Membros
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Ahhh, que massa! Me divertindo muito aqui, rindo e sonhando com o dia da minha viagem! Se tudo der certo dessa vez (e dará) eu parto em janeiro, meu roteiro é muito parecido com o seu.

 

Seu relato tá muito bom, muito detalhado..

 

E venhamos e convenhamos, mochilão sem perrengue não é mochilão né?

  • Colaboradores
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Nogy, realmente SPA é uma cidade muito cara mas fala a verdade, que lugar é aquele? Só de ver suas fotos já me dá um aperto no coração e vontade de voltar correndo pra San Pedro. Acho que aquele pôr do Sol no Valle de La Luna é o mais bonito que já vi na vida. Ô mochilão que deixa saudades viu!

 

Fantástico relato, parceiro. Grande abraço!

  • Membros
Postado

Daniella, nós também ficamos sonhando com esta trip por muito tempo, tivemos que adiá-la por um ano, mas valeu a pena cada dia que esperamos...

 

Pois é Guto, SPA realmente deixa saudades, muitas saudades...

 

Poxa Rafaela, muito obrigado pelo elogio, é sempre bom retribuir, o mochileiros.com nos ajuda desde que resolvemos botar as mochilas nas costas pela primeira vez e partir rumo ao desconhecido.

  • Colaboradores
Postado

Cara seu relato ta muito bom.

 

Relativo a chegada em Arica, li em alguns relatos que existem alguns onibus que partem de San Pedro as 23:00 , e vc foi mais cedo porque não havia outro horário.?

Chegando em Arica , fica muito longe o terminal de Táxis da rodoviária da chegada dos onibus?

 

Que companhia de onibus vc foi de San pedro- Arica ? Tacna para Arequipa ?

 

Vlw e desculpa pelas inúmeras dúvidas. ::otemo::

 

Rafael

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