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Mil Perrengues: Bolívia, Chile e Peru


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Fala Rafael,

 

Só encontramos passagens de SPA x Arica para esse horário, 19h30. Tanto que queríamos ir direto, mas teve uma parada em Calama. A dica é dar um pulo na rodoviária logo no primeiro dia em que chegar a SPA e ver os horários disponíveis para se programar, porque a cada dia eles colocam horários diferentes... A empresa de ônibus foi a "FRONTERA DEL NORTE", simples mas confortável, não atrasou e dormimos o trajeto todo.

 

Em Arica, não se preocupe, o terminal de táxis especiais e micros é bem perto, você só tem que atravessar a rua. ::otemo::

 

Abraço.

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20.03.2103 – O Dia da Marmota em Arequipa

 

Quem já assistiu ao filme “Feitiço do Tempo”, sabe do que se trata este título. Para quem nunca ouviu falar, é a história de um repórter que é enviado a uma cidadezinha para cobrir uma festa local, “O Dia da Marmota”. No entanto, algo mágico acontece e todos os dias começam a se repetir, dia após dia, um dia exatamente igual ao outro, para sempre... Já imaginou? Pois é, nós passamos pelo Dia da Marmota, mas isso é história para daqui a pouco.

 

 

Chegamos em Arequipa próximo à hora do almoço. Logo de cara, um taxista veio oferecer seus serviços e como estávamos muito cansados, topamos, e valeu a pena.

 

O taxista foi muito gente fina, foi conversando conosco todo o trajeto até o Wild Rover, nos dando dicas, dizendo os lugares mais seguros para sair à noite, indicando restaurantes, enfim, foi legal essa espécie de táxi tour.

 

Deixados em frente ao Wild Rover de Arequipa, já curtimos a faixada do lugar, estilo casarão antigo, numa rua de paralelepípedos e cercado por lanchonetes, bares, mercearias, lugar muito bem localizado e agradável.

 

Não havíamos feito reserva, pois não sabíamos ao certo o dia em que chegaríamos, mas deu tudo certo, havia vaga e não pensamos duas vezes, fechamos um quarto para quatro pessoas, mas acabou que ninguém se hospedou e ficamos sozinhos, o que até foi legal, pois estávamos precisando de uns dias de folga, o cansaço da viagem e a falta de alimentação estava pegando.

 

Logo que entramos, os staffs do WR já nos mostraram tudo e nos ajudaram com as mochilas, atendimento excelente. Vale ressaltar que neste WR tem PISCINA (!).

 

Então, se você curte bater um papo à beira da piscina, tomando uma breja e curtindo o Sol de Arequipa, este é o lugar perfeito, só não vá fazer como uns gringos que mofavam naquela água e permaneciam 24 horas, todos os dias, bêbados... Poxa vida, nem conheceram a cidade, nem fizer qualquer passeio, nem souberam como Arequipa é bonita e agradável... Aproveite a piscina, mas aproveite a trip também.

 

Nem pensamos muito e já saímos para desbravar Arequipa. Pegamos um mapa e fomos curtir o centro da cidade, a praça de armas (linda demais), os lugares escondidos e ladeiras charmosas.

 

Nisso, vimos uma igreja muito estilosa e percebemos que funcionava um museu ali dentro, então resolvemos entrar para conferir.

 

O lugar é conhecido como “Museu Religioso” e paga-se 5 soles para entrar, com direito a um guia e tudo. Claro que, ao final, o guia pede uma contribuição, mas você paga o quanto achar que valeu seu trabalho, é uma gorjeta pelo tour.

 

Só eu e a Miriam estávamos no local e tivemos um tratamento VIP. A guia nos mostrou tudo com calma e ia explicando sobre a arte arequipenha e como funcionavam os muitos mosteiros da região.

 

Após visitar toda a parte inferior, subimos e tivemos uma vista maravilhosa, com os vulcões El Misti e Chachani ao fundo, foi incrível!

 

Ao sair do museu já estava escurecendo e resolvemos dar um rolê pela praça e sentir a noite de Arequipa, o que rendeu boas fotos com um céu roxo inacreditável.

Quebrados, voltamos ao nosso QG, tomamos um banho e fomos curtir o bar do Wild Rover... Nem preciso comentar né...

 

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21.03.2014

 

Havíamos planejado para o próximo dia um roteiro mais cult, digamos, pois nos interessamos pela cultura andina e queríamos passar um dia inteiro mergulhados nisso tudo.

 

Saímos e fomos primeiro conhecer o museu de Santa Catalina, parada obrigatória para quem curte monastérios. O lugar é incrível, uma mini cidade, leva-se o dia todo para conhecer cada canto do lugar, mas vale a pena, foi uma ótima experiência.

 

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DICA: Caso queira conhecer o monastério de Santa Catalina, vá na parte da manhã, pois o lugar é enorme. Mas, antes de adentrar à cidade dentro da cidade, tome um café da manhã caprichado no Crepisimo. O lugar é espetacular, servem crepes, cafés, chocolates e outras tentações num casarão francês antigo e estilizado. Fica bem próximo ao monastério, na Calle Santa Catalina, nº 208 - centro histórico.

Após o almoço, seguimos em direção ao Museu Andino, onde está exposta a múmia mais bem conservada do mundo, a Juanita, de aproximadamente 500 anos. Ela foi encontrada em 1995, totalmente conservada, por uma expedição ao monte Apu Ampato, próximo a Chivay, a mais de 6.000 metros de altitude.

 

Infelizmente, a múmia Juanita não estava em exposição, pois foi levada aos Estados Unidos, juntamente com o grupo de pesquisa peruano, para realização de estudos e conservação, inclusive com a utilização de exames de imagem para avaliar as condições em que a menina foi deixada em oferenda aos deuses Incas.

 

Mas... A PRIMA DA JUANITA ESTAVA LÁ (!) HAHAhahahhaha...

 

Sarita é o nome dela.

 

A Sarita não é tão bem conservada quanto a Juanita, mas deu para ter uma boa ideia de como é... Chega a impressionar, as unhas, o cabelo, as roupas, tudo perfeito, como se estivesse morrido ontem. A visita também vale pela história do povo andino e a cultura Inca, passam um documentário antes da visitação e depois um guia te acompanha explicando tudo, muito legal.

 

Nessas horas você lembra dos bancos duros das escolas e como o ensino está defasado, mil horas de aula de história e geografia não equivalem a essa experiência de 40 minutos.

 

Ao final do dia estávamos pregados e doidos para comer alguma coisa, descansar e partir rumo a Cusco. No entanto, descobrimos que estava rolando uma greve dos mineiros (muito comum, aliás) e que talvez tivéssemos problema na estrada. Então corremos para o hostel arrumar nossas coisas com o intuito de chegarmos cedo ao “Terraporto” (achamos isso curioso, um aeroporto, só que terrestre, hahahaha) e quem sabe evitar o pior, já que as passagens já tinham sido compradas logo em nossa chegada a Arequipa.

 

DICA: Se o seu roteiro for como o nosso (ou parecido) e você for fazer o trajeto Arequipa x Cusco, recomendamos a empresa de ônibus TEPSA. Nem chegamos a viajar com eles, mas vimos os carros e são bem confortáveis e novos, o que vale a pena, pois a viagem é longa. A seriedade e honestidade da empresa também nos salvou de um perrengue ainda maior, que irei detalhar a seguir.

 

Não sei se foi a correria ou algo que comi, mas no final do dia estava péssimo. Primeiro com dor de estômago e náuseas, depois com muita fome, a ponto de baixar a pressão e sentir que minhas reservas de glicose estavam baixas.

 

Chegamos no Terraporto e nos deparamos com um mundo de mochileiros. Eram dezenas, de verdade, todos preocupados e brigando nos guichês das empresas de ônibus. A greve havia entrado num estado crítico e a coisa estava feia por lá. Após uma confusão com os policiais que estavam querendo acabar com a greve, explodiram umas dinamites e BUM! TODAS AS ESTRADAS QUE LIGAM AREQUIPA A CUSCO ESTAVAM FECHADAS!

 

O pior não foi isso, o pior foi descobrir que havia mais de 15 mil mineiros bloqueando tudo quanto é estrada ao redor de Arequipa, resultado: Ficamos ilhados na cidade.

 

Aí que a TEPSA ganhou ponto com a gente. Fomos ao balcão da empresa e disseram que não iriam arriscar tentar atravessar o bloqueio, pois estava muito perigoso, rumores de morte e explosões de dinamite. Pediram, então, que voltássemos no outro dia, pela manhã, para ver se as coisas estavam mais calmas e as estradas liberadas.

 

Nessa, um grupo grande de mochileiros seguiu para uma outra empresa que dizia saber de um caminho alternativo, uma espécie de atalho que não passaria pelo bloqueio e estavam fechando um ônibus para aquela noite mesmo, cobrando um absurdo, claro, num ônibus velho e abarrotado de gente. Desconfiados que somos, perguntamos para uns, para outros, e ninguém sabia dizer se este atalho realmente existia ou era trambicagem da agência.

 

Não arriscamos e decidimos voltar no outro dia para ver no que dava.

 

O problema é que não tinha mais vaga no Wild Rover e nem em qualquer hostel de Arequipa! Claro, imagina um mundo de gente presa na cidade, sem poder seguir viagem e mais um mundo de gente chegando, via San Pedro e outras cidades menores...

 

Já estávamos preocupados, pois o Terraporto seria fechado e não teria como dormirmos por lá. O WR e demais hostels que conhecíamos, todos sem vaga e sem previsão de vagar uma caminha sequer. Então pegamos um táxi e pedimos uma força para o cara achar algum lugar para passarmos a noite.

 

Como de costume, demos muita sorte com este taxista, cara gente fina, rodou a cidade em busca de um hostel, hotel, quarto, qualquer coisa. No fim, conseguimos um quarto de casal num hostel que mais parecia um hotel, lugar ajeitado e com preço camarada, perto do Terraporto. Dormimos com fome e preocupados com o dia seguinte, pois não tínhamos nem ideia de como seria...

 

22.03.2014

 

Pela manhã, decidimos ir ao centro para ter mais informações sobre a greve e ver se arrumávamos vaga no WR, pois não estávamos confiantes sobre a liberação das estradas.

 

O que realmente achamos estranho nessa história toda, é que ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo, eles não se preocupavam muito com a situação, posso ter tido uma impressão errada, mas nem na TV se ouvia falar sobre a greve ou a real situação das estradas... Os policiais, as pessoas nas ruas, os comerciantes, ninguém sabia de nada, achamos isso estranho e preocupante.

 

Chegamos no WR com aquela sensação de estar voltando pra casa. Os staffs de lá, ao contrário da galera nas ruas, pelo menos tentava informações com as empresas de transporte e pela internet. Foi quando ouvimos a bomba: Sem previsão de término da greve, pelo contrário, a situação só piorava.

 

Ficamos sabendo que uma senhora havia falecido no ônibus que iríamos viajar, ela teve um ataque cardíaco e não conseguiu ser levada ao hospital, os bloqueios estavam cada vez maiores...

 

Outros confrontos ocorreram e o clima estava tenso. As pessoas não tinham como usar o banheiro do ônibus, pois estavam todos quebrados àquela altura, com dois dias de paralização. Começaram a surgir focos de contaminação, pois, sem banheiro, as pessoas estavam utilizando a rua e os arbustos ao redor, o que foi confirmado depois por umas brasileiras que passaram pelo terror.

 

Finalmente conseguimos um quarto no WR e ligamos na TEPSA, que nos informou que não havia previsão para os ônibus voltarem a circular e que outras estradas estavam fechadas, ninguém sai, ninguém entra em Arequipa.

 

Aqui vale um comentário: Lembra da empresa que disse que estava fazendo um caminho alternativo? Pois bem, esse caminho não existe! Muita gente acreditou e se ferrou de verdade, ficaram quase dois dias parados na estrada e ainda tiveram que retornar a Arequipa... Então, siga seus instintos mochileiro! E não acredite quando a esmola for demais...

 

Tivemos que tomar uma decisão rápida e muito difícil, que mudaria boa parte do nosso roteiro.

 

A única forma de sairmos de Arequipa era de avião, o problema é que não havia mais passagens, todos estavam saindo voando de lá, literalmente, por medo ou por desespero de não conseguir concluir a viagem, perder o voo de volta pra casa, enfim, era uma galera comprando passagem aérea e acabando, aos poucos, com as possibilidades.

 

A ideia era a seguinte: Precisávamos sair logo de Arequipa para dar tempo de fazer a Salkantay, já que a trilha leva 5 dias e nosso roteiro estava apertado. Outro problema era o dinheiro, a trilha já é cara, cerca de 200 dólares por pessoa, e as passagens aéreas que nos levariam a Cusco e a tão sonhada Salkantay, estava muito mais do que isso, lembra da lei da oferta e da procura? Chegaram a cobrar 500 dólares ::ahhhh:: por um trajeto que dura meia hora, um absurdo.

 

Com tudo isso na cabeça, corremos ao Terraporto, novamente, para pedir nosso dinheiro de volta na TEPSA. Atendimento espetacular da empresa, devolveram tudo certinho, em dinheiro, na hora e sem dificuldade.

 

Pegamos um táxi e não pensamos duas vezes, vamos achar uma passagem para sair daqui e, se não der para fazer a Salkantay, pelo menos chegaríamos a tempo de ir a Machu Picchu.

 

No caminho, a Miriam lembrou que tinha algumas milhas de uma empresa aérea que faz voos nacionais no Peru (benditas viagens a trabalho) e perguntamos ao taxista (de novo) se ele sabia se esta empresa tinha escritório na cidade, TINHA!

 

Voamos por terra mesmo até um shopping que não me lembro o nome (pudera) e achamos o escritório. As milhas não podiam ser usadas buáááááá´, pois só tinham passagem de PRIMEIRA CLASSE... buáááááá :cry:

 

Aí foi a hora da verdade, Daniel Larusso... Me lembrei do senhor Miyagi e tivemos que tomar uma decisão rápida e certeira: Desistir da Salkantay e partir para Cusco, deixando o dia da marmota para trás, ou arriscar ficar mais um dia e pagar pra ver se a greve acabaria... Decidimos abandonar Arequipa.

 

Curiosamente, as passagens custaram um pouco mais do que gastaríamos para fazer a Salkantay e, sem tempo, nem dinheiro, deixamos a trilha para uma próxima, com muita dor no coração, pois perdemos horas planejando e nos preparando para aquele momento, noites em claro conversando sobre como seria cada dia da caminhada... Mas passou, mochileiro que é mochileiro liga a chave do foda-se e parte pra outra!

 

Só um detalhe, não conseguimos passagem para o mesmo dia, então parecia o filme “Feitiço do Tempo”. De novo o Wild Rover, de novo as brasileiras de Fortaleza, de novo a cerveja, de novo o crepe, de novo os escorregões nas calçadas, de novo a paisagem, de novo o sorvete, de novo tudo. Foi triste demais ver um lugar tão legal e charmoso como Arequipa sendo povoada por um monte de mochileiro desanimado, andando pra lá e pra cá, sem nada para fazer e preocupado com os próximos dias.

Conhecemos, neste dia, um argentino (o primeiro de muitos) que havia acabado de chegar de Lima, de avião, porque as estradas ainda estavam fechadas. Ele pagou uma nota nesse voo e ainda teria que pagar outra bala para sair de Arequipa, o Hermano não acreditava no que estava acontecendo... E mal sabia o argentino que ainda passaríamos por aperto pior, todos juntos, em Cusco...

 

As brasileiras de Fortaleza ainda acreditavam na liberação das estradas e se deram mal, não liberou nada e tiveram que procurar passagem aérea feito achar o Wally na 25 de Março.

 

Os dias pareciam todos iguais e nesta noite nem festa teve no Wild Rover, foi deprimente ver o hostel naquele estado, chegou num ponto que todos que já haviam dormido lá uma noite pelo menos, tinha lugar garantido, aqueles que foram com a empresa mentirosa do atalho, voltaram e não tinham onde ficar, o WR acolheu a galera e foram se ajeitando no chão, na recepção, na área da piscina...O bar, vazio. A música, baixinha. Só celulares e tablets e notes e computadores conectados desesperadamente em sites de venda de passagens.

 

Nosso voo estava marcado para a manhã do dia seguinte, bem cedo. Então resolvemos que iríamos dormir no aeroporto naquela noite, porque o WR estava muito lotado e o clima péssimo, além de economizarmos uma diária, pois já estávamos ficando preocupados com dinheiro, vivíamos uma incerteza de dar agonia.

 

O problema é que nem tudo correu como planejado, mas isso fica para um próximo post...

 

NOTAS

Táxi Terraporto x Wild Rover: 10 soles

Táxi até o Centro Comercial (shopping): 6 soles

Táxi Wild Rover x Centro novo: 4 soles

Museu religioso: 10 soles

Entrada monastério Santa Catalina: 35 soles

Entrada Museu Andino: 20 soles

Ligação para o Brasil: 7 soles

Café/Água: 10 soles

Almoço no KFC (duas pessoas): 24,30 soles

Almoço restaurante italiano (duas pessoas): 25 soles

Janta caprichada (crepisimo): 50 soles

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23.03.2014 – A noite do Terror em Arequipa

 

Pois bem, havíamos planejado dormir no aeroporto de Arequipa para economizar uma grana com a diária do hostel e não correr o risco de perder o avião, já que sairia muito cedo e o percurso do WR até lá é um pouco longo.

 

Ficamos sentados na recepção do hostel batendo papo com a galera que chegava, informando a situação para os perdidos, tentando ter informações sobre as estradas com um fiozinho de esperança que ainda restava...

 

Quando foi umas 22h, pedimos um táxi e fomos ao aeroporto para aquela noite de sono, mas não deu muito certo.

 

Logo que chegamos, achamos estranho que estava tudo meio escuro e com pouca gente. O taxista nos deixou e cascou dali. Fomos entrando e os policiais nos empurrando, risos, não entendemos nada, achamos que era por causa das mochilas, sei lá, mas os caras estavam nervosos e falando muito. Nisso, vimos mais dois mochileiros, um cara da argentina e uma chilena, que também estavam sendo empurrados pra fora.

 

Aí, meio que aos gritos, disseram que o aeroporto FECHA! Como assim? Nunca vi aeroporto fechar! E os voos noturnos? Nos explicaram que somente quem tem passagem comprada para os horários de madrugada são autorizados a permanecer, o restante tem que sair por risco de TERREMOTO (!). Ôpa, mas peraí, risco por risco quem vai pegar o avião também corre, e os funcionários? E as mulheres? E as crianças? E os animais domésticos? Começamos desesperadamente tentar argumentar, mais não adiantou, nos enxotaram do aeroporto HAHAHhahahaha.

 

Aí, ficamos eu, a Miriam, o argentino e a chilena na rua (estacionamento) da amargura... Demos uma olhada uns para os outros com aquela cara de “Vamos dormir por aqui no estacionamento, tem uns bancos ali e...” Ei ! CHICOS! DÁ-LE! DÁ-LE! Que em português seria: Ei Cambada! Cai fora! Vamo! Vamo! :evil:

 

Já batendo o desespero, pois estávamos no meio do nada, lá pelas 23h, sem ter ideia da distância correta para a civilização, no escuro e com guardas nos xingando, um taxista (sempre eles!) nos abordou. Ele era o único do lugar todo. Disse que nos ajudaria a arrumar um lugar, que conhece uns caras, que não iríamos conseguir vaga em hotel ali perto por causa da alta dos voos e etc., etc., etc.

 

Bom, quais as opções? Sair vagando com mochilas pesadas, ao esmo, no escuro e sem pessoas por perto num lugar desconhecido ou utilizar nossas últimas fichas de confiança naquele taxista? Optamos pela segunda.

 

Ele nos levou a seu carro. Carro? Eu disse carro? HHAHAHHAhahahaha. Era uma caixinha de tic-tac aquele negócio. Não cabia nem um PUG naquele porta-malas, mas não teve jeito, fomos lá brincar de espreme limão.

 

O casal (eles eram noivos, eu acho) estava com uma tralha do tamanho do El Mist, pois estavam voltando de uma trilha, com mochilas grandes, mochilas pequenas, botas soltas penduradas, barracas, malas e mais um tanto de sacolinhas plásticas.

 

Lembra daquelas brincadeiras do programa do Gugu ou do Sérgio Malandro em que botam 10, 15, 17 pessoas dentro de um fusca? Pois é, NÃO ERA FUSCA CARAJO! ERA UM TIC-TAC, BOLUDO!

 

Então, 5 x 1 tic-tac = um gorila dentro de uma caneca!

 

A divisão foi: Eu e o maldito taxista na frente, com as mochilas grandes no colo cobrindo a visão, a Miriam com o casal sul-americano lá atrás, com as tralhas todas, a chilena em meio colo do argentino, as botas penduradas em ganchos e segurando as portas para não abrir com a pressão...tisc...

 

Aí o carro não pegou HSHSHAAHAHSHSHHA. Demos aquela força, sabe como é e o tic-tac começou a rodar. O taxista pegou o celular com toda a pompa e disse: “Alguém tem crédito?” HAHAHHAHa! Pow cara, a gente nem é daqui! Você acha que temos crédito da Movistar? Ele começou a ligar a cobrar pra um monte de gente e falava muito rápido, com gírias e palavrões, pensamos que era armação, porque aquilo não se parecia com táxi. Ficamos preocupados porque havíamos lido sobre táxis falsos e assaltos planejados, foi na Bolívia, mas bandido existe em todo lugar né.

 

De repente, após rodar um monte, o cara perguntou como iríamos pagar a corrida. Poxa vida, nem pensamos nisso! Estávamos sem dinheiro peruano, só dólares, DE NOVO! Vocês não aprendem não?! Hahahaha... Pois é, a Miriam tentou a tática de “Ô moço, será que o senhor não poderia aceitar uns dólares, por favor...” Mas não colou dessa vez :cry:

 

O cara ficou meio puto (não sei o que eles têm contra o dólar) e disse que iria parar para a gente trocar o dinheiro, GLUP!

 

Andou mais um tanto em umas ruas escuras e desertas até que encostou. Disse que havia um CASSINO ali perto e que eles trocavam dólares. Olhou para trás e perguntou quem iria com ele. Eu estava travado com as nossas mochilas no colo e a minha porta não abria do lado de dentro. O casal disse que ainda tinha alguns peruanos. A Miriam, corajosa como sempre, disse que iria com o taxista. Caraca, até hoje não acreditamos no que fizemos, nós sempre evitamos situações como estas, mas às vezes tudo acontece tão rápido que, quando se percebe, já está lá.

 

Eu disse para a Miriam ficar e pedi pro taxista abrir minha porta. A Miriam ficou preocupada com nossas mochilas e começou a fazer sinais que eu não entendia, risos, mas que era para eu cuidar das coisas no carro e ficar de olho nela, porque o cassino ficava do outro lado da avenida, na esquina.

 

Meio a contragosto, deixei ela ir (até hoje me dá um frio na espinha quando penso nisso). Então sai ela com o taxista desconhecido rumo a um cassino clandestino trocar dólares... Cara, você é maluco?!

 

Mas gritei pra ela não entrar no lugar e só perguntar na porta (acho que nem ouviu), fazendo sinal pra mim de longe, já que conseguia ver a entrada do cassino. Eles foram e eu de olho como um atirador de elite.

 

O argentino começou a falar umas coisas com aquele sotaque cheio de “xo” no meio e eu não entendia direito, ele perguntou se a Miriam era minha prometida? Quê? Não sou indiano não meu amigo! Depois descobri que prometida, na argentina, significa "noiva" e ele pensou isso porque lá se usa aliança de casado na mão direita, e de noivo, na esquerda...

 

A chilena quase chorando, mostrou uns caras que estavam nos olhando desde que chegamos e eu pensei que era uma armadilha, que o taxista havia saído para que os caras nos assaltassem e depois ele voltaria e diria que não sabia de nada. Aí já pensei que foi melhor a Miriam ter ido, pois os caras (3) eram muito mal encarados, com jaquetas grossas e capuz, aí você fica pensando besteira, olhando para os matos ao redor e as casinhas nos morros... Cara, que desespero.

 

Eu comecei a pirar. Consegui pegar meu canivete e o deixei aberto no bolso da calça, não para reagir ao possível assalto, mas para uma emergência, nunca se sabe.

 

E naquela tensão toda, percebi que a Miriam estava voltando, sã e salva, graças a Deus!

 

Os caras que estavam nos olhando, sumiram. Todos dentro do carro, respirei aliviado, raciocinando porque havíamos nos metido naquela situação e prometi a mim mesmo que nunca mais iria desgrudar da Miriam em qualquer situação que fosse, dane-se as nossas mochilas, dane-se nosso dinheiro.

 

No fim das contas, nem o cassino trocou o dinheiro e não conseguimos sacar no caixa eletrônico. O taxista percebeu nossa situação e resolveu ajudar assim mesmo. Disse que conhecia um lugar no centro – eu pensava: Toca pro centro da cidade, por favor! – e que poderíamos dividir um quarto, mas que talvez só tivesse duas camas.

 

Naquela situação, dormir no chão era o de menos. Topamos e ele nos levou a um lugar macabro.

 

Era um hotel tipo aquele do filme “Temos Vagas”, manja? Ao entrar, estranhamos que estava vazio, pois não tinha vaga em nenhum lugar da cidade e ali com quartos sobrando...

 

Na recepção, um senhor corcunda com olhos fundos veio nos atender. Falava baixo e com sotaque estranho, as unhas eram compridas e pretas por baixo, ele usava um gorro cinza que cobria as orelhas e um par de botas militares... Vocês conseguem imaginar a cena? A chilena sentou no sofá da recepção com aquela cara que sabia que iria morrer :cry:

 

No fim, o taxista aceitou nossos dólares (o que nos fez desconfiar mais ainda) e saiu dizendo que não poderia nos levar ao aeroporto no outro dia, pois teríamos que sair muito cedo, lá pelas 5h da manhã.

 

Bom, pra completar a tensão, o senhor do mal nos disse que havia conseguido quartos separados. PRONTO! Pensamos que era para nos separar e ficarmos mais vulneráveis, mas não teve jeito, cada um foi para seu quarto, rezando...

 

Nós ficamos no segundo andar e eles no terceiro. Entramos, trancamos a porta, deixei meu canivete no jeito e a luz do abajur acesa. Falei pra Miriam tomar um relaxante muscular e descansar, eu ficaria de olho porque não estava com sono.

 

E quem disse que alguém conseguiu dormir?

 

No meio da madrugada, chegou um casal no quarto ao lado. Eles começaram a brigar, o cara dava socos na parede que tremia nossa porta. Ela chorava e começou a gritar, o cara ficou nervoso, mandando ela calar a boca e ligou o chuveiro, então pensei que iria acontecer algo ruim, que ele havia ligado o chuveiro para abafar o som... E ninguém do hotel veio ver o que estava acontecendo.

 

Outro cara parou na porta do nosso quarto (dava para ver sua sombra) e ficou falando no celular e catarrando no corredor... Que noite! Ouvimos gritos, pessoas fazendo coisas, choro de criança e passos, muitos passos...

 

Liguei a TV, acendi a luz do quarto e fiquei pescando até as 5h.

 

Quando o despertador tocou (nem precisava) levantamos e descemos logo para sair daquele lugar, mas sem antes ver uma cena bizarra. Um cara gigante, sei lá, deveria ter mais de dois metros, com rastafári e calças camufladas, subiu gritando em uma língua estranha. Uma mulher assustada subiu atrás carregando uns brinquedos velhos e uma criança chorava se arrastando no chão... Nem parei pra tentar entender, eles subiram e bateram a porta do quarto, BLAM!

 

O senhor do mal já havia pedido um táxi para nós e, depois da noite do terror, o senhorzinho já parecia simpático, risos.

 

Subimos no táxi e parecia o final daqueles filmes de suspense, todos se olhando sem falar uma palavra.

 

Chegando no aeroporto pela segunda vez em menos de 8 horas, dessa vez correu tudo bem. Fomos ao guichê da Avianca e já despachamos nossas mochilas.

 

O casal ainda precisava esperar o voo deles que estava marcado para mais tarde e nos despedimos como se fossemos velhos amigos... O cara até me deu um beijo no rosto! Tudo bem, argentino faz isso mesmo, mas só com pessoas queridas e acabei ficando lisonjeado com o gesto. Nessas horas você entende o companheirismo de estranhos que se veem em uma situação de perigo e se safam.

 

Esperamos um pouco e fomos para nosso PRIMEIRO VOO DE PRIMEIRA CLASSE! Já que estava tudo ferrado mesmo, vamos curtir esse lance de primeira classe pô!

 

Começa que nos chamam primeiro e você se sente importante hahahaha. Depois, chegamos em nossas poltronas... Cara, era maior que nosso sofá! Dava para cruzar as pernas tranquilamente, o encosto realmente reclinava, como os de ônibus! E nem sentamos direito e já nos deram água e suco! Estávamos curtindo a coisa toda, risos, ainda mais depois da noite macabra.

 

Havia telas de LCD com filme, música, jogos... Fones de ouvido, lugar para pendurar seu terno (queria pendurar meu corta vento, mas a Miriam não deixou).

 

Nessa, aquele argentino do WR entra e senta na nossa frente! Poxa, que coincidência. Conversamos um pouco e já combinamos de rachar um táxi do aeroporto de Cusco até o centro... Nem sabíamos o que nos aguardava em Cusco...

 

Liguei o monitor, coloquei tranquilamente os fones, escolhi uma série para assistir e quando dou o play... CHEGAMOS! P****! Nem deu para curtir a primeira classe! HAHSHSHAHAHAHA, o voo durou menos de 20 minutos! Gastamos uma fortuna, cortamos a Salkantay por isso e nem conseguimos assistir um episódio de Breaking Bad dublado em espanhol!

 

Já em solo cusquenho, pegamos nossas malas e saímos, eu, Miriam e o argentino que não lembro o nome (nunca lembro).

 

Botamos os pés pra fora do aeroporto, mas ainda no estacionamento, e ouvimos uma BOMBA! :shock: Foi um corre corre e uma gritaria, policiais batendo os cassetetes nos escudos e fumaça na rua! O argentino olhou pra mim e disse: “Se parece com una cancha de futbol...” e começou a cantar aqueles cantos da torcida do River Plate... Mas isso é coisa para o próximo post.

 

NOTAS:

Táxi + Hotel macabro + Táxi: 55 soles

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24.03.2014 – Cusco

 

Ficamos ali parados no estacionamento do aeroporto para tentarmos entender o que estava acontecendo. Perguntamos para alguns taxistas que ainda estavam dentro do aeroporto e eles nos informaram que estava acontecendo o “PARO”, ou seja, TUDO PARADO! Literalmente. Os motoristas de ônibus estavam em greve e fazendo manifestações na cidade, resultado: Um caos na cidade!

 

De repente começamos a sermos enxotados do aeroporto. Uns policiais disseram que não podíamos ficar ali dentro e foram nos mostrando “gentilmente” a saída.

 

Chegamos no portão e estava uma confusão, uns querendo entrar, outros querendo sair.

 

Pisamos na rua e outras bombas explodiram! Os policiais saíram correndo atrás de uns malucos e uma galera tentou entrar no aeroporto para se proteger, ficamos no meio da confusão tentando não levar um golpe de cassetete nas costas HAHAHAHhahaha.

 

Conseguimos escapar e ficamos ilhados num posto de gasolina. Lá estavam uns taxistas também, porque os manifestantes não deixavam eles saírem. O argentino falou que iria dar um jeito e foi lá com a lábia dos Hermanos (nessas horas eles são bem parecidos com os brasileiros, querem sempre “dar um jeitinho”) tentar convencer um bendito dum taxista a nos levar, ao menos, próximo do centro, pois o aeroporto fica bem longe do centro histórico de Cusco.

 

E não é que o cara conseguiu! Entramos correndinho no táxi e ficamos animados! Por pouco tempo...

 

O táxi andou nem meio metro e parou. Estavam fechando as passagens com ônibus atravessados. Outros táxis voltavam de marcha a ré fazendo sinal para não prosseguirmos porque estavam depredando os carros e botando fogo nas ruas!

 

Aí o cara parou, olhou com aquela cara de dó e disse que não seguiria...

 

Então o único jeito era ir caminhando. Caminhando com as mochilas pesadas, sob um Sol desgraçado e desviando de bombas e pedras. Do aeroporto até o centro histórico de Cusco são, mais ou menos, 40 minutos... De carro né!

 

Na sola da bota levou quase 3 HORAS!

 

Respiramos fundo e fomos lá, cantando a música do River Plate HAHAHAHAHa...

 

No começo até que foi tranquilo, mas não sabíamos ao certo como ir caminhando, pois havíamos planejado ir de táxi, então o argentino sacou um mapa do bolso e começamos a tentar seguir em direção ao centro. Ele iria ficar no Locki e nós no Wild Rover.

 

Andamos um tanto e topamos uns policiais, eles nos indicaram o caminho, mas alertaram que estava perigoso, ainda mais para turistas. O argentino deu risada e disse “tranquilo, ‘xo’ no somos turistas, somos mochileros”... Quanta confiança meu Deus!

 

Logo avistamos uma avenida enorme, tudo vazio. Parecia aqueles filmes em que a galera se perde no meio da noite, num bairro perigoso e dá merda no final, sabe?

Andamos, andamos, andamos... De repente ouvimos uma gritaria e um táxi descia a rua “no pau” com os PNEUS EM CHAMAS! :shock: O cara pulou lá de dentro e o carro só parou na esquina, ficou lá pegando fogo, todo pixado e com os vidros quebrados! Bizarro...

 

Então percebemos que o bicho estava pegando ali. Mais a frente outro taxi foi parado pela galera do PARO, estava cheio de turistas e o taxista ficou tentando negociar, mas não teve jeito, furaram o pneu do carro e começaram a quebrar as lanternas, a galera saiu chorando e com medo, o taxista desesperado não tinha o que fazer, apenas sentar na guia e olhar...

 

Aí percebemos o quanto realmente estava perigoso. Sempre nos olhavam e ficavam falando algo em espanhol que não entendia. O argentino então teve uma ideia: “Vamos prestar aprender o grito de guerra deles e, quando essa galera chegar perto, levantamos o braço e gritamos juntos!” – tudo isso em espanhol né – Topamos! E não é que deu certo! Era alguma coisa como “O PARO! O PARO! Chega de alguma coisa! E mais não sei o que!” HAHAHAHhahahaha, ::lol3:: mas deu pra enganar.

 

O hilário é que o argentino sabia o que gritava, nós nem fazíamos ideia, mas soltávamos o pulmão! A galera adorava, teve uns que vieram falar com a gente, perguntar de onde éramos e tal. Sei lá, pode ter sido uma espécie de camuflagem e não sabemos se foi isso que evitou algo pior, mas que deu certo deu.

 

Passamos ainda por algumas bombas, umas pedras voaram por sobre nossas cabeças, mas “tranquilo”, como dizia o argentina gente boa.

 

A Miriam estava com dor na lombar, pois a mochila estava muito pesada, tínhamos roupas húmidas lá dentro e não tivemos tempo de arrumar direito a cargueira antes de partir, não distribuindo o peso corretamente.

 

Meu rosto estava muito queimado do Sol e meus ombros destruídos, já que carregávamos, também, as mochilas de ataque na frente.

 

Como numa miragem, avistamos a estátua de Pacha Cucha (não sei escrever) lá de longe, já estávamos no limite... O Sol castigava, as bombas deixaram um zumbido nos ouvidos, o suor escorria pelas costas sobrecarregadas pelas mochilas, os ombros já dormentes e os pés pediam socorro...

 

Após 2 horas e meia de caminhada (ainda vão vender essa “trilha” aos turistas), chegamos ao centro histórico de Cusco, mas o caminho ainda não havia terminado. O Wild Rover fica no centro, mas é uma caminhadinha pelas ladeiras até lá. O pobre do argentino ficaria no Locki, muito mais longe!

 

O cara ainda nos guiou até a porta do WR, pois estava com o mapa. Eu falo que argentino é gente boa e ninguém acredita! Então demos aquele abraço ao estilo “BROTHERS IN ARMS” e combinamos uma cerveja para outro dia, que nunca aconteceu...

 

Tocamos o sino do WR exaustos, quase desmaiando... Abriram e tomaram um susto! Não sabíamos o quanto estávamos destruídos. Nos atenderam rapidinho e nem quisemos escolher muito o quarto, acho que só tinha de casal e fechamos sem pestanejar. Deixamos nossas mochilas no guarda volumes porque ainda estavam liberando nosso quarto e o gerente foi gente finíssima ao nos deixar tomar banho e tirar um cochilo no outro quarto... Essa galera do WR parece sua família... ::Ksimno::

 

Contamos nossa história na recepção e ninguém acreditou que fomos andando do aeroporto até lá, ficaram impressionados, ainda mais com a Miriam, magrinha desse jeito e carregando uma mochila cargueira por 3 horas no meio da confusão, fiquei orgulhoso... Ela superou seus limites várias vezes nessa TRIP.

 

Antes do cochilo demos uma passada no bar do WR e um canadense já puxou papo. Conversamos um pouco ali, comemos aquele hambúrguer delicioso do WR e fomos descansar, pois ainda queríamos desbravar a cidade dos Incas...

 

DICA: É muito fácil fazer amizade no Wild Rover. Se você estiver pensando se deve ou não fazer essa trip sozinho (a), desencana e vai logo! Nunca ficará a sós, pode confiar.

 

Acordamos do merecido cochilo, tomamos um banho e já saímos.

 

Andamos por toda a Cusco, por entre as ladeiras e casarões antigos, suas lojinhas simpáticas e ruas estreitas com aquelas pedras enormes e escorregadias.

 

Sentamos num banco qualquer para sentir a brisa batendo e termos um momento de sossego...OLA QUE TAL! CHAVEIRO DE LHAMA? LUSTRAR A BOTA? SUCO? CAMISETA? INCA COLA? PETELECO NA ORELHA? P****! NÃO QUERO NADA MALUCO! Minha mãe do céu! Como esse povo é persistente!

 

Sério, se tem algo que realmente irrita naquele lugar são os vendedores. São dezenas que parecem milhares. Eles saem das sombras para te vender qualquer coisa, de adesivo a fio de cabelo da Pacha Mama...

 

Após ficar rouco de tanto falar “No, gracias”, voltamos ao WR para arrumar umas coisas e sairmos à noite, pois mochileiro não cansa jamais.

 

Por enquanto é isso [...]

 

NOTAS

Lanche no WR (duas pessoas): 25 soles

KFC (duas pessoas): 34 soles

Água: 3 soles

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  • Membros

Isso que é viagem, hein Nogy. Quanta lembrança em meio a tantos perrengues. Até me lembrei de uma vez que fiquei no meio da confusão entre os tanques e cavalaria da polícia de Santiago e alguns manifestantes violentos na capital chilena após um jogo da seleção deles. Era pedra, pedaço de concreto, pau, porrete, esguicho de água e o pessoal tentando quebrar minha câmera para não filmar.

 

Mais uma vez, parabéns pelo relato. Ansioso para ver o fim.

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  • Colaboradores

muito bom seu relato ::otemo:: Esse argentino ai é comédia ::lol3::

 

puts esses vendedores em cusco são um saco né? Teve uma mulher que veio oferecer umas bijouterias, disse que não queria nada e vazei. Dei a volta na praça e quando passei pelo mesmo local veio ela de novo oferecer as mesmas coisas :?:o:(

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